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quarta-feira, 4 de abril de 2018

Desconhecemos a real afeição

Desconhecemos a real afeição

PERGUNTA: Porque será que neste país parecemos sentir tão pouco respeito pelos outros?

KRISHNAMURTI: Não sei em que país existe respeito aos semelhantes. Na Índia, as mesmas pessoas que nos cumprimentam com profundas inclinações e nos oferendam grinaldas e flores, maltratam os vizinhos, os criados e os animais. Isso é respeito? Aqui, como na Europa, há respeito ao homem possuidor de automóvel caro e palacete; há respeito para com os considerados superiores e desprezo aos demais. Mas é este o problema? Todos queremos sentir-nos iguais aos que estão mais alto, não é verdade? Queremos ombrear com os famosos, os ricos, os poderosos. Quanto mais industrializada uma civilização, tanto mais prevalece a ideia de que os pobres podem tornar-se ricos, de que o homem que vive numa cabana pode chegar a presidente, e, desse modo, naturalmente, não há respeito a ninguém; e, acredito, se pudermos compreender o problema da igualdade, estaremos aptos a compreender a natureza do respeito.

Ora, existe igualdade? Embora todos os governos, quer da esquerda, quer da direita, salientem que todos somos iguais, somos de fato iguais? Tendes uma cabeça melhor, uma capacidade maior, sois mais prendado do que eu; sabeis pintar e eu não sei; sabeis inventar; eu sou um simples operário. Pode jamais existir igualdade? Poderá haver igualdade de oportunidade: nós dois podemos ter a possibilidade de comprar um carro; isso, porém, é igualdade? O problema, por certo, não se refere a como promover a igualdade, economicamente, mas ao descobrimento de se a mente pode ficar livre dessa noção de superior e de inferior, dessa tendência a venerar o homem que tem muito e a desprezar o que tem pouco. Acho que o problema é este. Respeitamos os que estão em condições de ajudar-nos, de dar-nos alguma coisa, e desprezamos os que não podem fazê-lo. Acatamos o patrão, o homem que pode proporcionar-nos um emprego melhor, uma missão política; ou respeitamos o sacerdote, outra espécie de patrão, no chamado mundo espiritual. Estamos, pois, sempre respeitando e desprezando; e não pode a mente libertar-se desse estado de desprezo e de falso respeito?

Observai bem a vossa própria mente, e descobrireis não existir respeito enquanto prevalece o sentimento de superioridade e inferioridade. E o que quer que façam os governos com o fim de igualar-nos, nunca haverá igualdade, desde que todos nós temos capacidades diversas, diferentes aptidões; mas o que pode haver é um sentimento muito diferente, um sentimento de amor, talvez, no qual não existe o desprezo, o julgamento, a noção de superior e inferior, o que dá e o que recebe. Senhores, isto não são meras palavras; não estou descrevendo um estado desejável, visto que o que é desejável faz surgir o problema: “Como chegarei lá?” — o qual, por sua vez, só conduz a atitudes superficiais. Uma vez, porém, percebais a vossa própria atitude e conheçais as atividades da vossa mente, nascerá, então, talvez, um sentimento distinto, um sentimento de afeição; e não é isso que tem importância?

O mais importante não é saber porque umas pessoas têm respeito e outras não, mas, sim, o despertar aquele sentimento, aquela afeição, aquele amor (ou como quer que o chameis) em que cessa totalmente a noção de “alto” e “baixo”. E isso não é uma Utopia, não é um estado que se alcança com luta, um exercício que se deve praticar todos os dias, até chegar à meta final. Acredito, o importante é que “escutemos” a revelação desse estado, absorvendo-a como quem contempla um belo quadro, ou como quem ouve o canto de um pássaro; e se sabemos escutar verdadeiramente, o próprio escutar, a própria percepção realiza algo radical. Mas no momento em que a mente interfere com seus inumeráveis problemas, surge o conflito entre o que deveria ser e o que é; introduzimos então ideais e a imitação desses ideais, e desse modo nunca descobrimos por nós mesmos aquele estado em que não existe o desejo de ser mais, e não existe, por conseguinte, o desprezo. Enquanto vós e eu andarmos em busca de satisfação, não haverá respeito, não haverá amor. Enquanto a mente tiver o desejo de satisfazer-se com alguma coisa, haverá ambição; e é porque quase todos nós somos ambiciosos, em diferentes direções, em níveis diferentes, que esse sentimento, não de igualdade, mas de afeição, de amor, se torna impossível.

Não falo de algo sobre-humano; mas penso que, se pudermos realmente compreender a ambição, o desejo de nos tornarmos mais, de satisfazer-nos, de realizar, de brilhar, se pudermos “viver com ele”, conhecer por nós mesmos todo o seu alcance, olhá-lo como nos olhamos a um espelho, ver exatamente o que somos, sem condenação — se pudermos fazer tal coisa, que é o começo do autoconhecimento, da sabedoria, haverá então a possibilidade de nascer essa afeição.

Krishnamurti em, Percepção Criadora,
4 de julho de 1953
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill