No mundo inteiro a mente do homem está sendo moldada e controlada — pelas religiões, em nome de Deus, em nome da paz, da vida eterna, etc.; e também pelos governos, mediante incessante propaganda e compulsões econômicas; e pela ocupação pela conta bancária, pela educação, etc. E, assim, vocês se veem afinal transformados em simples máquinas, embora não tão boas, a certos respeitos, como os computadores eletrônicos. Vocês estão repletos de conhecimento: é o que a educação faz por vocês. Estamos nos tornando cada vez mais mecanizados... Vocês estão "padronizados" para a vida, e só pouquíssimos conseguem se salvar dessa horrorosa condição sem se refugiarem em alguma religião extravagante ou crença fanática.
Eis a vida — isto é o ambiente em que vivemos. nela pode se encontrar uma esperança ocasional, um breve deleite; mas atrás de tudo se esconde o medo, o desespero, a morte. E de que maneira nos encontramos com esta vida? O que é a mente que se encontra com a vida? Compreendem a pergunta? Nossa mente aceita essas coisas como inevitáveis; ajusta-se a esse padrão e, lenta, porém seguramente, ela se deteriora. O problema real, por conseguinte, consiste em como DESPEDAÇAR tudo isso — não no mundo exterior, pois tal não é possível: não se pode deter o processo histórico. Não é possível impedir os políticos de fazerem guerras. Provavelmente teremos guerras — espero que não, mas provavelmente as haverá. Não talvez aqui ou ali, mas em algum desgraçado país longínquo. Não se pode por fim a isso. Mas podemos — penso eu — destruir dentro de nós mesmos todos os absurdos que a sociedade nos inculcou; e essa destruição É CRIAÇÃO. O que é criador é sempre destrutivo. Não me refiro à criação de um novo padrão, uma nova sociedade, uma nova ordem, um novo Deus ou uma nova Igreja. O que estou dizendo é que o estado criador é destruição. Ele não cria uma norma de conduta, um modo de vida. A mente criadora não tem padrão. A cada momento ela destrói o que criou. E só essa mente pode enfrentar os problemas do mundo; não a mente astuta, não a mente ilustrada, não a mente que pensa na pátria; não aquela que pensa de forma fragmentária.
Eis a vida — isto é o ambiente em que vivemos. nela pode se encontrar uma esperança ocasional, um breve deleite; mas atrás de tudo se esconde o medo, o desespero, a morte. E de que maneira nos encontramos com esta vida? O que é a mente que se encontra com a vida? Compreendem a pergunta? Nossa mente aceita essas coisas como inevitáveis; ajusta-se a esse padrão e, lenta, porém seguramente, ela se deteriora. O problema real, por conseguinte, consiste em como DESPEDAÇAR tudo isso — não no mundo exterior, pois tal não é possível: não se pode deter o processo histórico. Não é possível impedir os políticos de fazerem guerras. Provavelmente teremos guerras — espero que não, mas provavelmente as haverá. Não talvez aqui ou ali, mas em algum desgraçado país longínquo. Não se pode por fim a isso. Mas podemos — penso eu — destruir dentro de nós mesmos todos os absurdos que a sociedade nos inculcou; e essa destruição É CRIAÇÃO. O que é criador é sempre destrutivo. Não me refiro à criação de um novo padrão, uma nova sociedade, uma nova ordem, um novo Deus ou uma nova Igreja. O que estou dizendo é que o estado criador é destruição. Ele não cria uma norma de conduta, um modo de vida. A mente criadora não tem padrão. A cada momento ela destrói o que criou. E só essa mente pode enfrentar os problemas do mundo; não a mente astuta, não a mente ilustrada, não a mente que pensa na pátria; não aquela que pensa de forma fragmentária.
O que deve nos interessar, pois, é DESTROÇAR A MENTE, para que algo novo possa ocorrer. E é disto que vamos tratar em todas estas reuniões: como promover uma revolução na mente. Há necessidade dessa revolução; torna-se necessária a TOTAL DESTRUIÇÃO de todos os dias passados, pois, do contrário, não teremos a possibilidade de nos encontrarmos com o novo. E a vida é sempre nova, tal como o amor. O amor não tem ontem ou amanhã; é sempre novo. Mas a mente que conheceu a saciedade, a satisfação, trata de conservar esse amor na memória, para adorá-lo, ou coloca a fotografia sobre o piano ou a lareira, como símbolo do amor.
Assim, se estão dispostos, e se também é intenção de vocês, examinaremos a questão de como transformar a mente embotada, cansada, assustada, a mente dominada pela tristeza, que tantas lutas conheceu, tantos desesperos, tantos prazeres, a mente já tão envelhecida sem nunca ter conhecido juventude. Se o desejarem, examinaremos esta questão. Eu pelo menos vou examiná-la, quer desejem, quer não. A porta está aberta e vocês são livres para entrar e sair. Este auditório não é uma prisão; portanto, se isso não lhes agradar, será melhor não ouvi-lo; porque o que se ouve sem se desejar ouvir, se torna desespero, veneno. Já sabem, pois, logo de início, qual é a intenção deste orador: que não deixaremos uma só pedra por virar, que todos os recessos secretos da mente serão explorados, abertos e SEU CONTEÚDO DESTRUÍDO, e que essa destruição resultará em algo novo, ALGO DE TODO DIFERENTE de qualquer coisa criada pela mente.
Para isso se requer seriedade, empenho. Teremos de proceder com vagar, cautelosa, porém INFLEXIVELMENTE. E, talvez, no final de tudo — ou exatamente no começo, porquanto não há começo nem fim no PROCESSO DESTRUTIVO — possamos encontrar o imensurável, abrir repentinamente a porta da visão, a janela da mente, para recebermos aquilo a que se não pode dar nome. Essa coisa EXISTE, além do tempo, além do espaço, além de toda medida; ela não pode ser descrita nem expressa em palavras. Sem o seu descobrimento, a vida é COMPLETAMENTE VAZIA, SUPERFICIAL, ESTÚPIDA E FÚTIL.
Krishnamurti em, O PASSO DECISIVO
Krishnamurti em, O PASSO DECISIVO