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domingo, 29 de novembro de 2015

Sobre a necessidade de esforço e entrega

Na primeira fase da prática espiritual — e por primeira eu não quero dizer uma parte pequena — o esforço é indispensável. Também a entrega, naturalmente, mas a entrega não é uma coisa que é feita em um dia. A mente tem suas ideias e se apega a elas; o vital humano resiste à entrega, pois o que ele chama de entrega, nos estágios iniciais, é uma espécie duvidosa de dar-se que inclui uma exigência; a consciência física é como uma pedra e o que ela chama de entrega frequentemente não é mais do que inércia. É só o psíquico que sabe como entregar-se, e o psíquico está normalmente muito velado no começo. Quando o psíquico desperta, ele pode trazer uma entrega repentina e verdadeira do ser todo, pois a dificuldade do resto é rapidamente superada e desaparece. Mas até lá, o esforço é indispensável. Ou pelo menos ele é necessário até que a Força venha afluindo do alto e entre no ser e assuma a prática espiritual, faça-a por ele cada vez mais, e deixe ao esforço pessoal uma parte cada vez menor — mas mesmo neste caso, se não o esforço, pelo menos a aspiração e a vigilância são necessárias, até que a posse da mente, da vontade, da vida e do corpo pelo Poder divino seja completa.

Por outro lado, existem algumas pessoas que desde o começo partem de uma vontade genuína e dinâmica para uma entrega total. São aqueles que são governados pelo psíquico ou que são governados por uma vontade mental clara e iluminada que, uma vez tendo aceito a entrega como a lei da prática espiritual, não vai tolerar nenhum fingimento com relação a ela, insistindo sobre as outras partes do ser para que sigam sua direção. Aqui ainda há esforço; mas ele é tão pronto e espontâneo e tem tanto o sentido de uma Força maior atrás dele, que o praticante dificilmente sente que está fazendo algum esforço. No caso contrário, quando existe na mente ou no vital uma disposição para conservar sua vontade independente, uma relutância em abandonar seu movimento autônomo (idiorritmia), tem que haver luta e esforço até que seja quebrada a parede entre o instrumento na frente e a Divindade atrás ou acima. Nenhuma regra que se aplique indistintamente a todo mundo pode ser estabelecida — as variações da natureza humana são grandes demais para serem abrangidas por uma única regra absoluta.

Existe um estado em que o praticante é consciente da Força divina trabalhando nele, ou pelo menos de seus resultados, e não obstrui a descida ou a ação dela por suas próprias atividades mentais, sua inquietude vital ou obscuridade e inércias físicas. Isto é abertura ao Divino. A entrega é a melhor maneira de abrir-se; mas a aspiração e a quietude podem fazer isso até certo ponto, enquanto não houver entrega. Entrega significa consagrar tudo de si ao Divino, oferecer tudo que se é e que se tem, não insistir em suas ideias, desejos, hábitos, etc., mas permitir que a Verdade divina os substitua em toda parte pelo conhecimento, vontade e ação dela.

Mantenha-se sempre em contato com a Força divina. A melhor coisa para você é fazer isso simplesmente e permitir que ela faça seu próprio trabalho; sempre que necessário, ela se apoderará das energias inferiores e as purificará; outras vezes, o esvaziará delas e o encherá consigo mesma. Mas se você deixar sua mente tomar a direção e discutir e decidir o que deve ser feito, você perderá o contato com a Força divina, e as energias inferiores começarão a agir por si mesmas, e todas conduzirão à confusão e a um movimento errado.

O ser psíquico só pode abrir-se plenamente quando o praticante tiver se livrado da mistura de motivos vitais (físicas-emocionais-sensoriais) com sua prática espiritual e for capaz de uma oferenda de si simples e sincera à Força. Se houver alguma espécie de tendência egoísta ou uma insinceridade de motivo, se o autoconhecimento for feito sob uma pressão de exigências vitais, ou parcial ou totalmente para satisfazer uma ambição espiritual ou qualquer outra, algum orgulho, vaidade ou busca de poder, posição ou influência sobre os outros, ou ainda com qualquer impulso para a satisfação de algum desejo vital com a ajuda da força espiritual, então o psíquico não pode abrir-se, ou abre-se apenas parcialmente ou apenas uma ou outra vez e fecha-se de novo porque é velado pelas atividades vitais; o fogo psíquico extingue-se na sufocante fumaça vital. Do mesmo modo, se a mente assume a parte dirigente no autoconhecimento e empurra a alma interior para o fundo, ou se a força devocional ou outros movimentos da prática espiritual tomam uma força vital em vez de psíquica, ocorre a mesma inabilidade. A pureza, a sinceridade simples e a capacidade de uma auto-oferenda sem egoísmo e sem mistura, sem pretensões ou exigências, são as condições para uma inteira abertura do ser psíquico.

Sri Aurobindo em, A Consciência que vê, Volume 2

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A confiança é a chave que abre o terceiro olho

Por que você não quer olhar para si mesmo? O que lhe aconteceu? A menos que você esteja pronto para se defrontar consigo mesmo, você não pode se tornar um discípulo, porque um mestre não pode fazer nada se você não estiver pronto para se defrontar consigo mesmo. Ele somente pode ajudá-lo a encarar a si mesmo.

(...) Você se torna um discípulo no dia em que se esquece do que é bem e do que é mau; do que é aceito e do que não é aceito. Você somente se torna um discípulo no dia em que estiver pronto para expor todo o seu ser a si mesmo.

O mestre é apenas uma parteira. Ele o ajuda a passar por um novo nascimento, o ajuda a renascer. E o que é o relacionamento entre o mestre e o discípulo? Um discípulo tem de confiar; ele não pode duvidar. Se ele duvidar, ele não poderá se expor. Quando você duvida de alguém, você se encolhe; você não consegue se expandir. Quando duvida... Surge um estranho, então, você se fecha — você não pode ficar aberto, porque você não sabe o que aquele estranho vai fazer com você. Você não pode ficar vulnerável diante dele; você tem de se proteger, tem de criar uma armadura.

Com um mestre, é preciso abandonar a armadura completamente — esse tanto é imperativo. Até mesmo com um amante, você pode levar sua armadura um pouquinho — diante de um amado, você pode ficar não tão aberto. Mas, com um mestre, a abertura tem de ser total — caso contrário, nada acontecerá. Mesmo que você oculte apenas uma pequena parte de si, o relacionamento não existirá. A confiança total é necessária. Só então os segredos podem ser revelados; só então as chaves podem ser-lhe ofertadas. Mas, se você está se escondendo, isso significa que você está lutando contra o mestre. E, nesse caso, nada pode ser feito.

Com o mestre, a luta não é a chave, a entrega é a chave. Mas a entrega desapareceu do mundo completamente. Muitas coisas contribuíram para isso.

Por três ou quatro séculos, ensinaram o homem a ser individualista, egoísta; ensinaram o homem a não se entregar, mas a lutar; a não obedecer, mas a rebelar-se; o homem foi ensinado a não confiar, mas a duvidar.

Houve razões para isso. É porque a ciência cresce através da dúvida. A ciência é profundo ceticismo. Ela funciona não através da confiança: ela funciona através da lógica, do argumento, da dúvida. Quanto mais você duvida, mais científico você se torna. A ciência operou milagres e esses milagres são bem visíveis. A religião operou milagres maiores, mas esses milagres não são visíveis. Até mesmo quando um Buda está presente, o que você pode sentir? O que você pode ver? Ele não é visível — visivelmente, ele é só um corpo. Visivelmente, ele é tão normal quanto você; visivelmente, ele ficará velho e morrerá um dia. Invisivelmente, ele é imortal. Mas você não tem olhos para ver aquilo que é invisível, você não tem capacidade para sentir o mais profundo, o desconhecido. Eis porque somente olhos confiantes, pouco a pouco, começam a sentir e tornam-se sensíveis. Quando você confia, isso significa fechar estes dois olhos. Eis porque a confiança é cega, exatamente como o amor é cego — mas a confiança é até mais cega do que o amor. 

Quando você fecha estes dois olhos, o que acontece? Uma transformação interna acontece. Quando você fecha estes olhos que olham para fora, o que acontece com a energia que passa pelos olhos? Essa energia começa a amover-se para dentro. Ela não pode fluir dos olhos para os objetos; então, ela começa a voltar, ela vira um retorno. A energia tem de se mover, a energia não pode ficar estática — se você fecha uma saída, ela começa a descobrir uma outra. Quando os dois olhos estão fechados, a energia que estava se movendo através desses dois olhos, começa a retornar — há uma conversão. E essa energia alcança o terceiro olho. O terceiro olho não é uma coisa física: ele é exatamente aquela energia, que se move através dos olhos em direção aos objetos exteriores, agora retornando em direção à fonte. Essa energia se torna o terceiro olho, a terceira forma de se ver o mundo. Somente através desse terceiro olho um Buda é visto; somente através desse terceiro olho um Jesus é percebido. Se você não tem esse terceiro olho, Jesus estará presente, mas você não o verá... — muitos o perderam.

OSHO
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill