Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

Mostrando postagens com marcador autonomia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador autonomia. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Deixando de se apropriar para encontrar propriedade em si


Áudio da reunião de estudos on-line realizada pelo Paltalk, em 07/08/2012. 
Para saber como participar acesse:
* * * 

Muitas vezes, no intuito de ensinar, alguns instrutores vendem ensinamentos de outros - sejam esses ensinamentos adquiridos através de livros, palestras, cursos etc.- como se fossem seus. Ou seja, reproduzem a experiência alheia, comportando-se como o autêntico experimentador. Abriu mão da própria experiência, apropriou-se de um conhecimento de segunda mão e passa a ensiná-lo. Nesse plágio, os ensinamentos passam de mente em mente, como se viessem do último instrutor. Isso não passa de viagens imaginárias. Só uma mente inocente e silenciosa é capaz de absorver e expressar o inimaginável. Como estudantes e inquiridores de nós mesmos, precisamos estar cônscios dessas manobras mentais na busca da auto-afirmação e da segurança psicológica. Pois, essas coisas impedem a reta percepção e o correto pensar.(1)

Somos o resultado de uma formidável propaganda religiosa, política, comercial, etc... resultado da propaganda, propaganda do Gita, da Bíblia, do Alcorão ou das teorias de Marx e de Lenin. Eis o que somos, sem nada de original, nada de verdadeiro: entes humanos de "segunda mão". Isso é um fato: é a nossa vida.(2) 

Atualmente, vocês não são indivíduos, e sim meras máquinas de imitar, produto de um certo meio cultural, um certo sistema educativo. São o corpo coletivo, não são um indivíduo, sendo isto muito óbvio. Todos vocês são hinduístas ou cristãos, isto ou aquilo, com certos dogmas, crenças, o que significa que são produto da massa. Por conseguinte, não são indivíduos. Vocês precisam estar totalmente descontentes, para poderem descobrir. Mas a sociedade não deseja lhes ver descontentes, porque teriam então vitalidade, começariam inquirir, a investigar, a descobrir e, consequentemente, se tornariam perigosos para ela.(3)

Uma das coisas mais estranhas é a facilidade com que nos deixamos influenciar. Desde pequenos somos educados como católicos, protestantes, americanos, etc. Somos o resultado de uma propaganda incessantemente repetida, e que continuamos a repetir. Somos entes humanos de "segunda mão". Por conseguinte, guardem-se de serem influenciados por este orador, já que se trata da vida de vocês, e não da vida dele.(4)

Aceita-se a palavra, a explicação, porque ela conforta; a crença conforta quando há sofrimento ou um estado de ansiedade. As explicações dadas por filósofos, psicólogos, sacerdotes, gurus, professores - é nessas coisas que as pessoas se baseiam para viver; o que significa que se vive uma vida de segunda mão e estão satisfeitas... Lê-se muito sobre o que outras pessoas pensaram, vê-se pela televisão o que está acontecendo. É sempre outrem, alguém lá fora, que diz o que se deve fazer. Com isso, a mente atrofia-se e está-se sempre vivendo uma vida de segunda mão.(5)

Nenhum livro, seja o Gita ou o Upanishads, nenhum professor ou filósofo pode lhes ensinar o que vocês são. O que os professores e filósofos podem lhes ensinar é o que eles pensam que vocês são ou deveriam ser, ou seja, a opinião deles. Por séculos e séculos vocês aceitaram a autoridade de outros, de seu guru, de sua tradição, as coisas ditas por outrem, e eis a razão por que carecem de energia, eis a razão por que estão embotados, insensibilizados e são entes humanos de segunda mão.(6

No momento, somos meros gramofones repetidores, eventualmente trocando gravações quando pressionados mas, em geral, tocando as mesmas melodias para todas as ocasiões. E é esse repetir constante, esse perpetuar da tradição, a origem do problema com todas as suas complexidades. Parecemos incapazes de escapar da conformidade, embora saibamos substituir a atual conformidade por uma outra, ou até mesmo sejamos capazes de tentar mudar o modelo atual. Trata-se de um processo constante de repetição, de imitação... e a repetição, seguramente, não irá solucionar os problemas humanos... por meio do autoconhecimento, é possível livrar-se desse eterno repetir.(7)

Permanecemos presos nas rotinas do embotamento, porque pensar com muita seriedade significa estar descontente, o que é muito doloroso; e a maioria de nós não deseja atrair tristezas. Desejamos fugir da tristeza, e por isso toda a nossa estrutura de pensamento é confusão, distração... Ser sensível significa dor; mas precisamos ser dolorosamente sensíveis, para compreender. Entretanto, procuramos nos manter do lado de fora da dor, e, evitando-a, reduzimo-nos a simples máquinas de imitação.(8)

Para a maioria dos velhos, e para as pessoas internamente deficientes e vazias, a tradição importa muitíssimo. Já observaram isso entre seus amigos, entre seus pais, seus professores? Já o terão observado em si mesmos? Logo que aparece o medo, o medo interior, vocês procuram cobri-lo com a respeitabilidade, seguindo uma tradição; e desse modo perdem a iniciativa própria. Porque não têm iniciativa e estão apenas seguindo os outros, a tradição torna-se muito importante - a tradição do que as pessoas dizem, a tradição que nos foi legada do passado, a tradição que não tem vitalidade, que é sem alma, porque é mera repetição desprovida de sentido.

Quando alguém está com medo, sempre tem a tendência a imitar. Já notaram? Pessoas que têm medo imitam outras; apegam-se à tradição, aos pais, às esposas, aos irmãos, aos maridos. E a imitação destrói a iniciativa própria.(9)

Temos exemplos, disciplinas, técnicas maravilhosas e, no entanto, os nossos corações estão vazios, porque repletos das coisas da mente. E quando vazios os nossos corações, as nossas soluções para tantos problemas são também vazias. Só a mente capaz de atenção completa sabe amar, porque esta atenção é ausência do "eu".(10)

É muito estranha esta nossa adoração dos exemplos, modelos, dos ídolos. Não queremos o que é puro, verdadeiro em si mesmo; queremos intérpretes, exemplos, mestres, gurus, para, por seu intermédio, alcançarmos alguma coisa - e tudo isso é puro absurdo, um meio de explorar a outros. Se cada um de nós fosse capaz de pensar claramente desde o começo, ou de se reeducar para pensar claramente, todos esses exemplos, mestres, gurus, sistemas, se tornariam completamente desnecessários, como realmente são.(11)

Uma palestra gravada em fita pode ser apagada e a fita utilizada novamente; mas, infelizmente, o que está gravado na "fita" do cérebro, nela vem sendo impresso há tanto tempo que se tornou dificílimo apaga-lo, para começar coisa nova. Vivemos a repetir e a repetir o mesmo padrão, as mesmas idéias e os mesmos hábitos físicos, e por essa razão nunca estamos receptivos para o que é novo.(12)

Não citem ninguém. Viver das idéias de outros é uma das coisas mais terríveis que se podem fazer. Idéias não são a verdade.(13)

Por estarmos, na maioria, condicionados por influências sociais, econômicas, religiosas, etc., somos copistas, imitadores, e por isso não ligamos importância ao que é novo, chamamo-lo revolucionário (…) Mas se pudermos examiná-lo, se o observarmos com inteira isenção de preconceitos, de limitações, então talvez seja possível nos compreender mutuamente e comungar uns com os outros. Só há comunhão quando não existe barreira alguma.(14)

Visto que a nossa mente está, em geral, narcotizada pelas idéias de outras pessoas e pelos livros, e visto que está constantemente a repetir o que outro disse, nos tornamos repetidores e não pensadores. Se citam o Bhagavad-Gita, ou a Bíblia, ou os livros sagrados chineses, por certo não fazem mais do que repetir. Não acham? E o que repetem não é a Verdade. É uma mentira, pois a Verdade não pode ser repetida. Uma mentira pode ser ampliada, encarecida e repetida, mas a Verdade não pode; e enquanto repetem a Verdade, deixa ela de ser a Verdade, e por isso são destituídos de importância os livros sagrados, uma vez que através do autoconhecimento, através de si mesmos, podem descobrir o eterno.(15)

Ignorância não significa a falta de conhecimentos técnicos, a falta de leitura de muitos livros filosóficos: ignorância é a falta de conhecimento próprio. Ainda que uma pessoa tenha lido muitos livros filosóficos e sagrados e seja capaz de citá-los, essas citações, que representam uma acumulação de palavras e experiências alheias, não libertam a mente da ignorância.(16)

A imitação jamais pode atingir a beleza, por ser contrária a vida. Toda imitação é mecânica; pertence ao mundo, da ortodoxia, da tradição, e da limitação, - ao mundo da corrupção.(17)

Só quando a mente é capaz de se livrar de todas as influências, todas interferências, de estar completamente só... existe criatividade. No mundo, cada vez mais a técnica está sendo desenvolvida – técnica de como influenciar as pessoas pela propaganda, por compulsão, pela imitação, por exemplos, pela idolatria, pela adoração do herói. Há livros inúmeros sobre como fazer uma coisa, como pensar eficientemente, como construir uma casa, como montar máquinas, e de forma que gradualmente perdemos a iniciativa, a iniciativa de pensar de forma original algo por nós mesmos. Em nossa educação, em nosso relacionamento com governo, por vários meios, somos influenciados ao conformismo e a imitação. E quando permitimos a influência que nos convença a uma atitude particular ou ação, naturalmente nós criamos resistência com outras influências. E neste processo de criar uma resistência à outra influência, nós não cedemos a isso negativamente? A mente não deve estar permanentemente em revolta a fim de entender as influências que estão sempre colidindo, interferindo, controlando, amoldando? Não é isso uma das causas da mente medíocre que é sempre medrosa e, está num estado de confusão, quer ordem, quer coerência, quer uma fórmula, uma forma que possa ser guiada, possa ser controlada, e, mas estas fórmulas, estas várias influências criam contradições no indivíduo, cria confusão no indivíduo. Qualquer escolha entre as influências é seguramente ainda um estado de mediocridade... Não deve ter a mente à capacidade, não de imitar, não de se acomodar e ser sem medo? Tal mente não deve estar só e, portanto ser criativa? Essa criatividade não é sua nem minha, é anônima!(18)

O seguir a autoridade gera temor; e o temor gera a mediocridade da mente superficial. Somos criados com base nessa idéia de que o exemplo, o herói, o santo, o guia, o guru, é necessário; e nos tornamos, assim, seguidores, sem iniciativa própria, discos de gramofone, a repetir o mesmo velho padrão. Quando nos limitamos a seguir, perdemos todo o sentimento de individualidade, a plenitude da compreensão individual, e isso, muito evidentemente, não resolve os nossos problemas... E quando submetidos à tirania do exemplo, nossa mente está apenas a se ajustar a um padrão. O padrão pode ser amplo ou estreito, mas é sempre padrão, molde, e a mente que segue um padrão é, sem dúvida, muito superficial.(19)

Alguém já se perguntou: "Posso ser uma luz para mim mesmo - não a luz de outrem, a luz de Jesus ou de Buda? Pode-se ser a luz para si mesmo? Isso quer dizer que não há sombra, pois ser uma luz para si mesmo significa que esta não é apagada por nenhum meio artificial, por circunstâncias, por tristeza, por acidente. Pode-se ser isso para si mesmo? Sim, mas só quando a mente não é desafiada porque está completamente desperta. A maioria de nós, entretanto, necessita de desafios, porque a maioria de nós está adormecida - adormecida porque fomos adormecidos por todos os filósofos, por todos os santos, por todos os deuses, sacerdotes e políticos. Adormece-se uma pessoa e ela não sabe que está adormecida: pensa que isso é normal. Um homem que quer ser a luz para si mesmo tem que se libertar disso tudo. Pode-se ser a luz para si mesmo somente quando não há "eu". Então, essa luz é a luz eterna, perene, imensurável.(20)

O que se necessita no mundo, não são meros imitadores, nem meros guias, com seguidores cada vez mais numerosos. O que se necessita atualmente são indivíduos, como vocês e eu, dispostos a pensar continuadamente em todos esses problemas, não de maneira superficial ou fortuita, porém profundamente, a fim de que a mente seja livre, para criar, para pensar, para amar.(21)

Observa-se que a maioria de nós funciona, vive e atua no campo dos padrões, dos conceitos e fórmulas, dos ideais, etc. Nossa vida se tornou mecânica, "imitativa" e um terreno de cultura da contradição entre o que é e o que pensamos que deveria ser

Em nossa vida há conflito e desperdício de energia, energia de que necessitamos, em grande abundância, para resolvermos cabalmente os nossos problemas. Considere o enorme desperdício de energia que há no falar incessante a respeito de nada, no distrair-se continuamente com leituras; e, exteriormente, quanto desperdício de energia na produção de armamentos, viagens à lua, etc. etc.!

Cada ente humano tem problemas enormes e complexos, que cada um deve resolver sozinho, pois a solução dada por outrem não tem significação nem valor algum. Cada um tem de resolver os seus problemas e, para tal, necessita de energia que está desperdiçando em tantas atividades inúteis, vãs, estéreis; essa energia é necessária para resolver os problemas do amor, viver e da morte... Em geral, somos entes sem originalidade; vivemos do que nos dizem, somos guiados por nossas inclinações ou tendências, impelidos ou forçados pelas circunstâncias, pelo ambiente, a aceitar uma maneira condicionada de viver. Nada de original, de inédito, de claro! Sendo como somos, o resultado de influências de toda ordem, não há em nós nada de novo, coisa nenhuma por nós mesmos descoberta. O descobrimento é um processo vivo, constante; não temos de descobrir, para guardar o que descobrimos e ficar vivendo de acordo com isso.(22)

Cada um de nós tem de ser ao mesmo tempo instrutor e seguidor, isto é, tem de aprender, não dos livros, nem de outra pessoa, porém, pela compreensão de seu próprio processo pensante. E, para compreendê-lo profundamente, descobrir a verdade respectiva, temos de rejeitar toda espécie de autoridade e de concordância ou discordância; porque, quando estamos examinando alguma coisa, não pode haver opiniões a seu respeito, baseadas na concordância ou na discordância. Estamos tratando de fatos, e não de opiniões, que só levam a debates dialéticos, sem valor nenhum. Temos de compreender como é que pensamos e qual é a natureza do pensar... Compreendendo o pensamento, talvez compreendamos a natureza do tempo e alcançaremos aquele estado de amor e de beleza. Porque, sem o amor e a beleza, não existe verdade... Temos que descobrir por nós mesmos, porque, então, o descobrimento será autêntico, real. Há uma enorme diferença entre aprender e acumular conhecimentos. É relativamente fácil acumular conhecimento;... Temos de aprender sem a preocupação de acumular.(23) 

(1) Krishnamurti
(2) Viagem por um mar desconhecido
(3) Da solidão à Plenitude Humana
(4) Fora da Violência
(5) Perguntas e Respostas
(6) O Novo Ente Humano
(7) Sobre Relacionamentos
(8) Da Insatisfação à Felicidade
(9) O Verdadeiro Objetivo da Vida
(10) Da solidão à Plenitude Humana
(11) Da solidão à Plenitude Humana
(12) Krishnamurti
(13) Fora da Violência
(14) Que Estamos Buscando?, pág. 115-116
(15) Uma Nova Maneira de Viver
(16) A arte da libertação
(17) O Senhor do Dia de Amanhã
(18) O Livro da Vida
(19) Da solidão à Plenitude Humana
(20) Perguntas e Respostas
(21) Novos Roteiros em Educação
(22) A Essência da Maturidade
(22) A Essência da Maturidade

Você nada sabe, apenas conhece livros

As pessoas estão sendo treinadas como atores; em todo este vasto mundo você encontrará todas as pessoas representando papéis. Todo mundo é educado para encenar... Belos nomes – etiquetas, boas maneiras – mas por trás, escondido, está uma psicologia sutil para fazê-lo esquecer a sua originalidade e absorver algum papel que os interesses ocultos querem que você seja.(1) 

O homem tem sido perturbado. Todos, de seus pais a seus professores, a escola, a faculdade, a universidade, sua religião, seus pregadores, seus vizinhos, todos estão tentando fazer de você uma outra pessoa, alguém que você não pode ser. Você pode somente se tornar você mesmo, e se não o fizer, se tornará apenas um idiota... As pessoas que estão no poder, as pessoas que são eruditas, e isso é outro tipo de poder, as pessoas que são ricas, e isso é outro tipo de poder, nenhuma delas gostaria que cada um fosse centrado em si mesmo. Porque um homem centrado em si mesmo não pode ser explorado, não pode ser escravizado, não pode ser humilhado, não pode ser forçado a desenvolver um sentimento de culpa cancerígeno. Essas são as razões pelas quais à humanidade não foi permitido crescer... Condene o homem que estiver tentando levantar-se sobre os próprios pés, e aprecie o homem que for apenas um imitador. Naturalmente, sua semente interior, sua potencialidade, jamais terá uma chance de crescer.(2) 

Há algo de imensa importância sobre a verdade: A menos que você a encontre, ela jamais se torna a verdade para você. Se ela é verdade de uma outra pessoa e você a emprestou, nesse próprio empréstimo, ela não mais é verdadeira - tornou-se mentira.(3)

É tão barato se tornar culto! Escrituras, bibliotecas e universidades estão aí; é tão fácil se tornar culto! E quando você se torna culto você fica num espaço muito sensível, pois o ego gostaria de acreditar que aquele é seu conhecimento - não somente instrução, mas sua sabedoria. O ego gostaria de transformar conhecimento em sabedoria. Você começará a acreditar que sabe.

Você nada sabe, apenas conhece livros e o que está escrito neles. Talvez esses livros foram escritos por pessoas como você. Noventa e nove por cento dos livros foram escritos por outras pessoas livrescas. Na verdade, se você ler dez livros, sua mente se tornará tão repleta de lixo que você desejará despejá-lo no décimo-primeiro livro. O que mais você vai fazer com isso? Você precisa descarregar.(4) 

Não se inspire em mim; caso contrário você nunca se tornará uma fonte de inspiração. Você será apenas uma cópia carbono, você não terá a sua autêntica e original face. Você será um hipócrita: você dirá uma coisa e fará outra. Você mostrará a sua face em situações diferentes com máscaras diferentes, e aos poucos você se esquecerá qual é a sua face verdadeira; são tantas máscaras...(5)

Os verdadeiros grandes mestres têm sido apenas amigos, uma mão que ajuda, dedos apontando para a lua; eles nunca criaram uma escravidão.(6)

(1) Osho - Beyond Psychology
(2) Osho - A Nova - Pág. 8
(3) Osho - Palavras de um homem silencioso - Ed. gente
(4) Osho - Palavras de um homem silencioso - Ed. gente
(5) Osho - Beyond Psychology
(6) Osho - Beyond Psychology

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A Libertação da autoridade

A pergunta sobre se há Deus, verdade, ou realidade — ou como se queira chamá-lo — jamais será respondida pelos livros, pelos sacerdotes, filósofos ou salvadores. Ninguém e nada pode responder a essa pergunta, porém, somente vós mesmo, e essa é a razão por que deveis conhecer-vos. Só há falta de madureza na total ignorância de si mesmo. A compreensão de si próprio é o começo da sabedoria.
E, que é vós mesmo, o vós individual? Penso que há uma diferença entre o ente humano e o indivíduo. O indivíduo é a entidade local, o habitante de qualquer país, pertencente a determinada cultura, uma dada sociedade, uma certa religião. O ente humano não é uma entidade local. Ele está em toda parte. Se o indivíduo só atua num certo canto, isolado do vasto campo da vida, sua ação está totalmente desligada do todo. Portanto, é necessário ter em mente que estamos falando do todo e não da parte, porque no maior está contido o menor, mas o menor não contém o maior. O indivíduo é aquela insignificante entidade condicionada, aflita, frustrada, satisfeita com seus pequeninos deuses e tradições; já o ente humano está interessado no bem-estar geral, no sofrimento geral e na total confusão em que se acha o mundo.
Nós, entes humanos, somos os mesmos que éramos há milhões de anos — enormemente ávidos, invejosos, agressivos, ciumentos, ansiosos e desesperados, com ocasionais lampejos de alegria e afeição. Somos uma estranha mistura de ódio, medo e ternura; somos a um tempo a violência e a paz. Têm-se feito progressos, exteriormente, do carro de boi ao avião a jato, porém, psicologicamente, o indivíduo não mudou em nada, e a estrutura da sociedade, em todo o mundo, foi criada por indivíduos. A estrutura social, exterior, é o resultado da estrutura psicológica, interior, das relações humanas, pois o indivíduo é o resultado da experiência, dos conhecimentos e da conduta do homem, englobadamente. Cada um de nós é o depósito de todo o passado. O indivíduo é o ente humano que representa toda a humanidade. Toda a história humana está escrita em nós.
Observai o que realmente está ocorrendo dentro e fora de vós mesmo, na cultura de competição em que viveis, com seu desejo de poder, posição, prestígio, nome, sucesso etc.; observai as realizações de que tanto vos orgulhais, todo esse campo que chamais viver e no qual há conflito em todas as formas de relação, suscitando ódio, antagonismo, brutalidade e guerras intermináveis. Esse campo, essa vida, é tudo o que conhecemos, e como somos incapazes de compreender a enorme batalha da existência, naturalmente lhe temos medo e dela tentamos fugir pelas mais sutis e variadas maneiras. Temos também medo ao desconhecido — temor da morte, temor do que reside além do amanhã. Assim, temos medo ao conhecido e medo ao desconhecido. Tal é a nossa vida diária; nela, não há esperança alguma e, por conseguinte, qualquer espécie de filosofia, qualquer espécie de teologia representa meramente uma fuga à realidade — do que é. Todas as formas exteriores de mudança, produzidas pelas guerras, revoluções, reformas; pelas leis e ideologias, falharam completamente, pois não mudaram a natureza básica do homem e, portanto, da sociedade. Como seres humanos, vivendo neste mundo monstruoso, perguntemos a nós mesmos: "Pode esta sociedade, baseada na competição, na brutalidade e no medo, terminar? — terminar, não como um conceito intelectual, como uma esperança, porém como um fato real, de modo que a mente se torne vigorosa, nova, inocente, capaz de criar um mundo totalmente diferente?" Creio que isso só ocorrerá se cada um de nós reconhecer o fato central de que, como indivíduos, como entes humanos — seja qual for a parte do universo em que vivamos, não importando a que cultura pertençamos — somos inteiramente responsáveis por toda a situação do mundo.
Somos, cada um de nós, responsáveis por todas as guerras, geradas pela agressividade de nossas vidas, pelo nosso nacionalismo, egoísmo, nossos deuses, preconceitos, ideais — pois tudo isso está a dividir-nos. E só quando percebemos, não intelectualmente, porém realmente, tão realmente como reconhecemos que estamos com fome ou que sentimos dor, bem como quando vós e eu percebemos que somos os responsáveis por todo este caos, por todas as aflições existentes no mundo inteiro, porque para isso contribuímos em nossa vida diária e porque fazemos parte desta monstruosa sociedade, com suas guerras, divisões, sua fealdade, brutalidade e avidez — só então poderemos agir.
Mas, que pode fazer um ente humano, que podeis vós e que posso eu fazer para criar uma sociedade completamente diferente? Estamos fazendo a nós mesmos uma pergunta muito séria. É necessário fazer alguma coisa? Que podemos fazer? Alguém no-lo dirá? Muita gente no-lo tem dito. Os chamados guias espirituais, que supõem compreender essas coisas melhor do que nós, no-lo disseram, tentando modificar-nos e moldar-nos em novos padrões, e isso não nos levou muito longe; homens sofisticados e eruditos no-lo têm dito, e também eles não nos levaram mais longe. Disseram-nos que todos os caminhos levam à verdade; vós tendes o vosso caminho, como hinduísta, outros o tem como cristão, e outros, ainda, o têm como muçulmano; mas, todos esses caminhos vão encontrar-se diante da mesma porta. Isso, quando o consideramos bem, é um evidente absurdo. A verdade não tem caminho, e essa é sua beleza; ela é viva. Uma coisa morta tem um caminho a ela conducente, porque é estática, mas, quando perceberdes que a verdade é algo que vive, que se move, que não tem pouso, que não tem templo, mesquita ou igreja, e que a ela nenhuma religião, nenhum instrutor, nenhum filósofo pode levar-vos — vereis, então, também, que essa coisa viva é o que realmente sois — vossa irascibilidade, vossa brutalidade, vossa violência, vosso desespero, a agonia e o sofrimento em que viveis. Na compreensão de tudo isso se encontra a verdade. E só o compreendereis se souberdes como olhar tais coisas de vossa vida. Mas não se pode olhá-las através de uma ideologia, de uma cortina de palavras, através de esperanças e temores.
Como vedes, não podeis depender de ninguém. Não há guia, não há instrutor, não há autoridade. Só existe vós, vossas relações com outros e com o mundo, e nada mais. Quando se percebe esse fato, ou ele produz um grande desespero, causador de pessimismo e amargura; ou, enfrentando o fato de que vós e ninguém mais sois o responsável pelo mundo e por vós mesmo, pelo que pensais, pelo que sentis, pela maneira como agis, desaparece de todo a autocompaixão. Normalmente, gostamos de culpar os outros, o que é uma forma de autocompaixão.
Poderemos, então, vós e eu, promover em nós mesmos — sem dependermos de nenhuma influência exterior, de nenhuma persuasão, sem nenhum medo de punição — poderemos promover em nossa própria essência uma revolução total, uma mutação psicológica, para que não sejamos mais brutais, violentos, competidores, ansiosos, medrosos, ávidos, invejosos — enfim, todas as manifestações de nossa natureza que formaram a sociedade corrompida em que vivemos nossa vida de cada dia?
Importa compreender desde já que não estou formulando nenhuma filosofia ou estrutura de idéias ou conceitos teológicos. Todas as ideologias se me afiguram totalmente absurdas. O importante não é uma filosofia da vida, porém que observemos o que realmente está ocorrendo em nossa vida diária, interior e exteriormente. Se observardes muito atentamente o que se está passando, se o examinardes, vereis que tudo se baseia num conceito intelectual. Mas o intelecto não constitui o campo total da existência; ele é um fragmento, e todo fragmento, por mais engenhosamente ajustado, por mais antigo e tradicional que seja, continua a ser uma parte insignificante da existência, e nós temos de interessar-nos pela totalidade da vida. Quando consideramos o que está ocorrendo no mundo, começamos a compreender que não há processo exterior nem processo interior; há só um processo unitário, um movimento integral, total, sendo que o movimento interior se expressa exteriormente, e o movimento exterior, por sua vez, reage ao interior. Ser capaz de olhar esse fato — eis o que é necessário, só isso; porque, se sabemos olhar, tudo se torna claríssimo. O ato de olhar não requer nenhuma filosofia, nenhum instrutor. Ninguém precisa ensinar-vos como olhar. Olhais, simplesmente.
Assim, vendo todo esse quadro, vendo-o não verbalmente porém realmente, podeis transformar-vos, natural e espontaneamente? Esse é que é o verdadeiro problema. Será possível promover uma revolução completa na psique?
Eu gostaria de saber qual é a vossa reação a uma pergunta dessas. Direis, porventura: "Não desejo mudar" — e a maioria das pessoas não o deseja, principalmente aqueles que se acham em relativa segurança, social e economicamente, ou que conservam crenças dogmáticas e se satisfazem em aceitar a si próprios e às coisas tais como são ou em forma ligeiramente modificada. Tais pessoas não nos interessam. Ou talvez digais, mais sutilmente: "Ora, isso é dificílimo, está fora do meu alcance". Nesse caso, já fechastes o caminho, já cessastes de investigar e será completamente inútil prosseguir. Ou, ainda, direis: "Percebo a necessidade de uma transformação interior, fundamental, em mim mesmo, mas como empreendê-la? Peço-vos me mostreis o caminho, me ajudeis a alcançá-la". Se assim falardes, então o que vos interessa não é a transformação em si, não estais realmente interessado numa revolução fundamental: estais, meramente, a buscar um método, um sistema capaz de efetuar a mudança.
Se fôssemos tão sem juízo que vos déssemos um sistema, e vós tão sem juízo que o seguísseis, estaríeis meramente a copiar, a imitar, a ajustar-vos, a aceitar, e, fazendo tal coisa, teríeis estabelecido em vós mesmo a autoridade de outrem, do que resultaria conflito entre vós e essa autoridade. Pensais que deveis fazer tal e tal coisa porque vo-la mandaram fazer e, no entanto, sois incapaz de fazê-la. Tendes vossas peculiares inclinações, tendências e pressões, que colidem com o sistema que julgais dever seguir e,' por conseguinte, existe uma contradição. Levareis, assim, uma vida dupla, entre a ideologia do sistema e a realidade de vossa existência diária. No esforço para ajustar-vos à ideologia, recalcais a vós mesmo e, no entanto, o que é realmente verdadeiro não é a ideologia, porém aquilo que sois. Se tentardes estudar-vos de acordo com outrem, permanecereis sempre um ente humano sem originalidade.
O homem que diz: "Desejo mudar, dizei-me como consegui-lo" — parece muito atento, muito sério, mas não o é. Deseja uma autoridade que ele espera estabelecerá a ordem nele próprio. Mas, pode algum dia a autoridade promover a ordem interior? A ordem imposta de fora gera sempre, necessariamente, a desordem. Podeis perceber essa verdade intelectualmente, mas sereis capaz de aplicá-la de maneira que vossa mente não mais projete qualquer autoridade — a autoridade de um livro, de um instrutor, da esposa ou do marido, dos pais, de um amigo, ou da sociedade? Como sempre funcionamos segundo o padrão de uma fórmula, essa fórmula torna-se em ideologia e autoridade; mas, assim que perceberdes realmente que- a pergunta "como mudar?" cria uma nova autoridade, tereis acabado com a autoridade para sempre.
Repitamo-lo claramente: Veio que tenho de mudar completamente, desde as raízes de meu ser; não posso mais depender de nenhuma tradição, porque foi a tradição que criou essa colossal indolência, aceitação e obediência; não posso contar com outrem para me ajudar a mudar, com nenhum instrutor, nenhum deus, nenhuma crença, nenhum sistema, nenhuma pressão ou influência externa. Que sucede então?
Em primeiro lugar, podeis rejeitar toda autoridade? Se podeis, isso significa que já não tendes medo. E então que acontece? Quando rejeitais algo falso que trazeis convosco há gerações, quando largais uma carga de qualquer espécie, que acontece? Aumentais vossa energia, não? Ficais com mais capacidade, mais ímpeto, maior intensidade e vitalidade. Se não sentis isso, nesse caso não largastes a carga, não vos livrastes do peso morto da autoridade.
Mas, uma vez vos tenhais livrado dessa carga e tenhais aquela energia em que não há medo de espécie alguma — medo de errar, de agir incorretamente — essa própria energia não é então mutação? Necessitamos de grande abundância de energia, e a dissipamos com o medo; mas, quando existe a energia que vem depois de nos livrarmos de todas as formas do medo, essa própria energia produz a revolução interior, radical. Nada tendes que fazer nesse sentido.
Ficais então a sós com vós mesmo, e esse é o estado real que convém ao homem que considera a sério estas coisas. E como já não contais com a ajuda de nenhuma pessoa ou coisa, estais livre para fazer descobertas. Quando há liberdade, há energia; quando há liberdade, ela não pode fazer nada errado. A liberdade difere inteiramente da revolta. Não há agir correta ou incorretamente, quando há liberdade. Sois livre e, desse centro, agis. Por conseguinte, não há medo, e a mente sem medo é capaz de infinito amor. E o amor pode fazer o que quer.
O que agora vamos fazer, por conseguinte, é aprender a conhecer-nos, não de acordo comigo ou de acordo com um certo analista ou filósofo; porque, se o fazemos de acordo com outras pessoas, aprendemos a conhecer essas pessoas e não a nós mesmos. Vamos aprender o que somos realmente.
Tendo percebido que não podemos depender de nenhuma autoridade exterior para promover a revolução total na estrutura de nossa própria psique, apresenta-se a dificuldade infinitamente maior de rejeitarmos nossa própria autoridade interior, a autoridade de nossas próprias e insignificantes experiências e opiniões acumuladas, conhecimentos, idéias e ideais. Digamos que tivestes ontem uma experiência que vos ensinou algo, e isso que ela ensinou se torna uma nova autoridade, e vossa autoridade de ontem é tão destrutiva quanto a autoridade de um milhar de anos. A compreensão de nós mesmos não requer nenhuma autoridade, nem a do dia anterior nem a de há mil anos, porque somos entidades vivas, sempre em movimento, sempre a fluir e jamais se detendo. Se olhamos a nós mesmos com a autoridade morta de ontem, nunca compreenderemos o movimento vivo e a beleza e natureza desse movimento.
Livrar-se de toda autoridade, seja própria, seja de outrem, é morrer para todas as coisas de ontem — para que a mente seja sempre fresca, sempre juvenil, inocente, cheia de vigor e de paixão. Só nesse estado é que se aprende e observa. Para tanto, requer-se grande capacidade de percebimento, de real percebimento do que se está passando no interior de vós mesmo, sem corrigirdes o que vedes, nem dizerdes o que deveria ou não deveria ser. Porque, tão logo corrigis, estais estabelecendo outra autoridade, um censor.
Vamos, pois, investigar juntos a nós mesmos; ninguém ficará explicando enquanto ides lendo, concordando ou discordando do explicador ao mesmo tempo que ides seguindo as palavras do texto, porém vamos fazer juntos uma viagem, uma viagem de exploração dos mais secretos recessos de nossa mente. Para empreender essa viagem, precisamos estar livres; não podemos transportar uma carga de opiniões, preconceitos e conclusões — todos os trastes imprestáveis que juntamos no decurso dos últimos dois mil anos ou mais. Esquecei-vos de tudo o que sabeis a respeito de vós mesmo. Esquecei-vos de tudo o que pensastes a vosso respeito; vamos iniciar a marcha como se nada soubéssemos.
A noite passada choveu torrencialmente e agora o céu está começando a limpar-se; é um dia novo, fresco. Encontremo-nos com este dia novo como se fosse nosso único dia. Iniciemos juntos a jornada, deixando para trás todas as lembranças de ontem, e comecemos a compreender-nos pela primeira vez.
Krishnamurti
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill