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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Sem escuta não há visão intuitiva

K: Nós estamos falando a respeito da visão intuitiva, ou seja, que a visão intuitiva não tem tempo. A visão intuitiva não é o produto do tempo, sendo o tempo a memória, etc. Existe então a visão intuitiva; essa visão intuitiva, por estar livre do tempo, atua sobre a memória, age sobre o pensamento. Ou seja, a visão intuitiva torna o pensamento racional, mas não o pensamento que está baseado na memória. Então, que diabo é esse pensamento?

Não. Espere um minuto. Não creio absolutamente que o pensamento apareça. Dissemos que a visão intuitiva passa a existir quando não existe o tempo. O pensamento — que está baseado na memória, na experiência e no conhecimento — é o movimento do tempo no aspecto da transformação. Estamos nos referindo ao tempo psicológico e não ao tempo cronológico. Estamos dizendo que ficar livre do tempo implica a visão intuitiva. A visão intuitiva, por estar livre do tempo, não possui pensamento.

DB: Dissemos que ela poderá usar o pensamento.

K: Espere, não tenho certeza. Vá devagar. Ela poderá usar o pensamento para dar explicações, mas ela age. Antes, a ação estava baseada no pensamento. Agora, quando existe visão intuitiva, há somente ação. Por que queremos o pensamento? Porque a visão intuitiva é racional, a ação é racional. A ação se torna irracional quando ela está atuando a partir do pensamento. Portanto, a visão intuitiva não usa o pensamento.

DB: Bem, temos que tornar isso claro porque numa certa área a visão intuitiva tem que usar o pensamento... Se, por exemplo, você quisesse construir alguma coisa, usaria o pensamento referente à sua execução que está disponível.

K: Isso, porém, não é visão intuitiva.

DB: Mas mesmo assim, talvez você tenha que ter visão intuitiva nessa área.

K: Uma visão intuitiva parcial. Os cientistas, os pintores, os arquitetos, os médicos, os artistas e outros têm uma visão intuitiva parcial. Estamos falando, porém, de "X" e de "Y", que estão procurando a base; estão se tornando racionais, e estamos dizendo que a visão intuitiva não possui tempo, e portanto não possui pensamentos, e essa visão intuitiva é ação. Como essa visão intuitiva é racional, a ação é racional. Desculpe-me, não estou fazendo de mim um exemplo; estou falando com toda humildade. Aquele menino, aquele rapaz dissolveu em 1929 a Ordem da Estrela. Não houve pensamento. As pessoas disseram: "Faça isso", "Não faça aquilo", "Mantenha-a", "Não a mantenha". Ele teve uma visão intuitiva; dissolveu-a. Acabou! Por que precisamos do pensamento?

DB: Mas depois você usou algum pensamento, quando dissolveu a Ordem, para dizer quando fazê-lo e como fazê-lo.

K: Essa palavra é usada por mera conveniência, para a comunicação com outras pessoas.

DB: Ainda assim, foi necessário algum pensamento. 

K: A decisão age.

DB: Não estava me referindo à decisão. A ação original não exigiu o pensamento; somente a que veio depois.

K: Isso não é nada. É como levar uma almofada daqui para ali.

DB: Sim, eu entendo. A fonte original de ação então não envolve o pensamento.

K: Isso é tudo que eu queria dizer.

DB: Mas de certo modo ela se infiltra no ...

K: ... é como uma onda.

I: Todos os pensamentos não passam por uma transformação nesse processo?

K: Sim, naturalmente. Como a visão intuitiva não possui tempo, conseqüentemente o próprio cérebro passou por uma mudança.

DB: Sim, mas poderíamos falar sobre o que você quer dizer com isso?

K: Isso quer dizer que todas as respostas humanas devem ser percebidas pela visão intuitiva ou devem penetrá-la? Eu lhe direi o que quero dizer com isso. Sou ciumento. Existe uma visão intuitiva que cobrirá todo o campo do ciúme e desse modo acabará com ele? Que acabará com a inveja, a ganância, e com tudo que está envolvido no ciúme? Entende? As pessoas irracionais caminham passo a passo — livram-se do ciúme, livram-se do apego, livram-se da raiva, livram-se disso, daquilo, e daquilo outro, o que representa um processo constante de transformação — certo? Mas a visão intuitiva, que é totalmente racional, extermina tudo isso.

DB: Exatamente.

K: Isso é um fato? Um fato, no sentido de que "X" e "Y" nunca mais serão ciumentos; nunca!

DB: Temos de discutir isso, porque não está claro como você poderia garanti-lo.

K: Oh, sim, eu o garantirei com certeza!

DB: Se isso puder alcançar aqueles que são capazes de escutar...

K: O que significa que para encontrarmos a base, a primeira coisa que temos de fazer é escutar.

DB: Entenda, os cientistas nem sempre podem escutar. Até Einstein e Bohr não foram capazes, num certo ponto, de escutarem um ao outro. Cada um estava apegado à sua visão particular.

K: Eles colocaram sua irracionalidade em funcionamento.

8 de abril de 1980, Ojai, Califórnia
Krishnamurti em, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO

O pensamento como servidor de confiança sem poder de mando

K: (...)Pensamento acarreta irracionalidade.

DB: Sim, mas o que é pensamento? Como sabemos que estamos pensando? O que você quer dizer quando se refere a pensamento?

K: Pensamento é o movimento da memória, que é experiência e conhecimento armazenados no cérebro.

DB: Suponha que queiramos ter a racionalidade que inclui o pensamento racional. Pensamento racional é somente memória?

K: Espere um minuto. Sejamos cuidadosos. Se formos completamente racionais, existirá uma visão intuitiva total. Essa visão intuitiva usa o pensamento, e portanto ela é racional.

DB: Pensamento, então, não é apenas memória?

K: Não, não.

DB: Bem, eu quero dizer que, como ele está sendo usado pela visão intuitiva...

K: Não, a visão intuitiva é que usa o pensamento.

DB: Sim, mas o que o pensamento faz não é apenas devido à memória.

K: Espere um instante.

DB: Externamente, o pensamento corre sozinho, ele corre autonomamente como uma máquina, e não é racional.

K: Exatamente.

DB: Porém, quando o pensamento é o instrumento da visão intuitiva...

K: Então pensamento não é memória.

DB: Não está baseado na memória.

K: Não, não está baseado na memória.

DB: A memória é usada, mas ele não está baseado na memória.

K: Então o quê? O pensamento, por ser limitado, divisível, incompleto, nunca poderá ser racional...

DB: Sem a visão intuitiva.

K: Exatamente. Contudo, como vamos ter a visão intuitiva que é totalmente racional? Não estou me referindo à racionalidade do pensamento.

DB: Eu a chamaria de racionalidade da percepção.

K: Sim, a racionalidade da percepção.

DB: O pensamento torna-se então o instrumento disso, de modo que ele tem a mesma ordem.

K: Como, porém, posso ter essa visão intuitiva? Essa é a próxima pergunta, não é? O que devo fazer, ou não fazer, para ter essa visão intuitiva instantânea, que não pertence ao tempo, que não pertence à memória, que não possui nenhuma causa, que não está baseada na recompensa ou no castigo? Ela é livre com relação a isso tudo. Portanto, como a mente tem essa visão intuitiva? Quando eu digo, eu possuo a visão intuitiva, isso está errado. Obviamente. Então como é possível que uma mente, que tenha sido irracional, e que tenha se tornado um pouco racional, tenha essa visão intuitiva? Essa visão intuitiva toma-se possível se a sua mente estiver liberta do tempo.

Krishnamurti em, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

É possível que a mente habite ou viva em grande profundidade?

Achyut: Senhor, que profundidade podemos atingir?

Krishnamurti: Poderíamos fazer a pergunta de outra forma? A maior parte de nossas vidas é muito superficial, e é possível viver em grande profundidade e agir superficialmente? É possível que a mente habite ou viva em grande profundidade? Não sei não se não estamos perguntando e mesma coisa. Vivemos superficialmente, e a maioria de nós está satisfeita com isso.

Pupul: Nós não estamos satisfeitos. Porém, não sabemos como nos aprofundar.

K: A maioria de nós suporta a vida. Agora, como a mente pode penetrar em profundidades maiores? Estamos discutindo a profundidade em termos de avaliação? A profundidade envolve uma avaliação, mas quero deixar bem claro que não estamos usando a palavra no sentindo de meditação, ou no sentido de tempo, mas como algo mais profundo. O sentido dessas palavras está ligado ao tempo, mas tiraremos dela todo o sentido de tempo e de medição. Estamos perguntando se a mente que, em geral, vive na superfície, pode descer a uma grande profundidade. Essa é a pergunta. Eu afirmo que ela precisa de uma reserva de energia, de um impulso, e pergunto: como deve ser desenvolvida essa energia?

Pupul: Eu não conheço outra dimensão. É preciso uma reserva de energia que dê um impulso. Como a energia deve ser desenvolvida, ou está pergunta está errada?

K: Vamos esquecer a palavra "energia", por enquanto. Eu levo uma vida muito superficial, e vejo a beleza, intelectual ou verbal, de uma vida, de uma mente que tenha penetrado em si mesma de um modo realmente profundo. Agora, eu digo a mim mesmo que eu percebo a beleza disso, que eu vejo a qualidade disso, e pergunto: Como isso pode ser conseguido? Falemos a respeito, em vez de falar sobre a energia e tudo o mais. Como isso deve ser feito? O pensamento pode ser aprofundar? O pensamento pode se tornar profundo?

Por favor, senhores, ouçam. Eu levo uma vida superficial. Quero levar outro tipo de vida, com profundidade. Eu entendo a profundidade, não com o sentido de avaliação ou de tempo para me aprofundar, mas entendo-a como algo incompreensível, como algo que não se pode entender, e quero entender e viver assim. Agora, digam-me o que devo fazer? Eu não sei. Estou perguntando se o pensamento, que é tempo, que é o passado, pode chegar a essa profundidade?

Apenas ouçam o que eu estou dizendo. Eu vejo muito claramente que qualquer profundidade mensurável ainda constitui um tipo de avaliação. Eu vejo esse aprofundamento como se ele dependesse do tempo; pode levar anos e, portanto, eu o vejo intelectualmente, raciocinando; vejo que a profundidade significa uma qualidade atemporal, incomensurável, um infinito cujo fundo não pode ser alcançado. Não se trata, para mim, de um conceito verbal. Eu apenas o coloquei em palavras para vocês. portanto, ele se transforma num conceito.

Maurice Frydman: O senhor está me perguntando ou eu estou fazendo a pergunta para mim mesmo?

K: Eu estou fazendo a pergunta para mim mesmo e, portanto, pedindo a vocês que façam a mesma coisa. Vejo que a minha vida é uma vida superficial. Isso é óbvio. Portanto, eu digo a mim mesmo: o pensamento pode chegar a essa profundidade, já que ele é o único instrumento que tenho?

Questionador: Nesse caso, nós não podemos usar esse instrumento.

Radha Burnier: Como alguém chega a essa profundidade sem usar esse instrumento?

K: Eu levo uma vida muito superficial, e quero descobrir por mim mesmo se há alguma profundidade que não seja mensurável, e constato que o pensamento não pode alcançá-la, porque o pensamento é um tipo de medida, o pensamento é tempo, o pensamento é a resposta do passado; portanto, o pensamento provavelmente não pode entendê-la. Então, o que isso causará? Se o pensamento não pode entendê-la e este é o único instrumento que o homem tem, então, o que ele deve fazer? O pensamento, na sua atividade, na sua função, criou este mundo superficial no qual vivo, do qual faço parte. Isso é óbvio. Ora, é possível para a mente, sem o uso do pensamento, compreender algo que seja incompreensível?

Krishnamurti em, Diálogos sobre a Visão Intuitiva
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill