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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Antologia do Êxtase

UM TESTEMUNHO PESSOAL
 
Cerca de vinte anos atrás, uma experiência inusitada provocou uma reviravolta em minha vida, consagrada à pesquisa científica e ao ensino da psicologia na universidade.

Não fosse tal experiência, sem dúvida, jamais teria adquirido a convicção, a compreensão ou a coragem suficientes para colocar em risco minha reputação científica publicando esta antologia, da qual uma das vantagens será mostrar a todos aqueles que passaram pela mesma experiência, e anseiam por comunicá-la, que eles não estão sozinhos no mundo.

Além disso, pensamos ter reunido aqui provas consideráveis de que se trata de um estado de excepcional riqueza, tanto do ponto de vista do conhecimento e da sabedoria, como do despertar de um amor ilimitado, oculto e guardado em cada um de nós, sem qualquer exceção. Esta coletânea contém as provas da existência, em nós mesmos, de um potencial de experiência direta do real, sem a mediação de nossas funções mentais propriamente ditas, isto é, para além do pensamento, da memória ou do intelecto.

Numa noite de Natal, estava eu reunido com amigos, participando alegremente daquela comemoração. Enquanto dançava com uma amiga, dei-me conta, subitamente, de que o meu ritmo e o dela formavam uma estranha e indissolúvel unidade. Jamais havia vivido algo tão harmonioso; tal harmonia, por sua vez, proporcionava-me uma felicidade indescritível.
 
Pouco tempo depois, sentado diante dela, percebi, de repente, que seu rosto estava envolto por uma luminosidade azulada; um azul semelhante ao que se desprende nas soldaduras feitas com acetileno.

A mistura do azul com a tonalidade natural de seu rosto conferia uma coloração acinzentada à sua figura, o que aumentava ainda mais o caráter estranho e inusitado da experiência; nesse exato momento, pensei que estava sob os efeitos de uma alucinação esquizofrênica e que deveria ser internado imediatamente. Entrei em pânico. Entretanto, como vinha praticando ioga há muitos anos, compreendi rapidamente que estava começando a perceber a aura de minha amiga; tal compreensão me tranqüilizou, possibilitando, assim, o prosseguimento da experiência.

A coloração cinzenta era ainda mais acentuada ao redor de seu olho direito. Eu “soube”, então, por uma via intuitiva, que seu olho estava enfermo; mais tarde, ela o confirmou, contando que deveria submeter-se a uma cirurgia oftalmológica. Eu me tornara clarividente...

De súbito, uma luz dourada e fascinante surgiu em um dos cantos da sala; assemelhava-se a uma cortina de luz, uma verdadeira visão do gênero descrito na Bíblia. Ela possuía um caráter sagrado e emanava qualquer coisa que me transmitia o sentimento muito claro de uma presença invisível a meus olhos físicos, porém perceptível “diretamente”, se é que posso me exprimir assim. O sentimento de algo sagrado se intensificou; entrei num estado de arrebatamento, espanto e elevação espiritual extrema.

Depois, ví partículas luminosas e cintilantes no ar, que logo identifiquei como sendo a manifestação da microestrutura subatômica. Um sentimento de poder ilimitado tomou conta de mim, e reconheci que podia penetrar, com os olhos do espírito, nos nós da madeira de pinho do chalé onde me encontrava.
Um detalhe que me parece importante: primeiro, todas essas visões eram recebidas à margem de meu campo visual, isto é, era preciso que olhasse “de lado” os “objetos” ou luzes em questão; e segundo, embora-me fossem externas, dei-me conta de que não poderia afirmar o caráter de tais percepções: se era externo ou interno. Elas não estavam, de fato, nem dentro, nem fora: tratava-se de uma outra dimensão espacial.

Olhando de novo para minha amiga, enxerguei cinco cabeças humanas cortadas, localizadas aproximadamente no nível de seu abdômen; identifiquei-as como sendo de mongóis ou caucásios. Minha amiga me contou que sua mãe era caucasiana. Porém, quando olhei novamente para seu rosto, tive a nítida impressão de enxergar a Mãe – de Auroville, que trabalhara com Sri Aurobindo – e de que o local onde me encontrava tinha qualquer coisa a ver com seu ashram ou comunidade. Dez anos mais tarde, fiquei sabendo que Michael Murphy, o fundador de Esalem – em CarmeI, na Califórnia, onde eu estava naquela ocasião – participara efetivamente em Auroville, na qual se inspirou para criar Esalem... Eu me perguntava sobre o significado daquela visão das cabeças cortadas. Além de nunca ter visto nada semelhante, minha tradição cultural não tinha vínculo algum com a dos mongóis. A resposta chegou um ano mais tarde, na índia, num templo de Kali. Reconheci, subitamente, aquelas cabeças cortadas: elas formam o colar de Kali e simbolizam o desapego. Com efeito, descobri bem mais tarde a relação com sua raiz no mental, isto é, na cabeça. Cortar a cabeça significa se separar da influência da dualidade sujeito-objeto e da tendência do sujeito a apegar-se aos objetos, idéias ou pessoas que lhe proporcionam prazer, e a rejeitar as causas de sofrimento.

Lembro-me agora que, à época dessa visão, eu me encontrava particularmente desapegado e aberto aos outros.

Porém foi apenas quando conheci Kanjur Rinpoche e Tulku Pemala, dois lamas tibetanos, em Darjeeling, ao norte da Índia, que me dei conta de que os “mongóis” eram tibetanos. Quando relatei a experiência a Tulku Pemala, ele me indagou: “Quantas eram as cabeças cortadas?” Depois, acrescentou: “O senhor teve uma visão parcial de uma realidade muito mais ampla...”

Como nesta vida eu jamais tivera contato com esse tipo de simbolismo, reconheci pela primeira vez, em mim mesmo, a existência dos arquétipos descritos por C.G. Jung como sendo imagens representativas de potenciais energéticos, parte integrante do inconsciente coletivo. Eu me pergunto, hoje, se não se tratava de meu inconsciente individual e de uma memória arcáica pessoal; eu não fora preparado para ter visões orientais. De origem judia e cristã, fui criado na Alsácia... Mais tarde, sob a influência de uma iniciação recebida de Muktananda, tive uma outra experiência, a da elevação da energia primordial da kundalini, prática sobre a qual o leitor encontrará uma breve exposição teórica no capítulo referente às experiências hinduístas. Durante várias horas, vi unidades luminosas elevando-se ao longo de meu corpo; tratava-se de uma luz inteligente, e eu estava consciente de que ela “trabalhava” um bloqueio no nível do centro energético da garganta. Uma vez mais, tal como na experiência de Esalem, fui inundado por uma alegria imensa e por uma irresistível disposição para auxiliar os outros a passarem por esse tipo de experiência. Um amor imenso por toda a humanidade tomou conta de mim; permaneci nesse estado de graça por vários dias.

Desculpo-me junto ao leitor por começar com um testemunho tão pessoal, mas desejava falar diretamente ao seu coração.

Alguns poderão censurar-nos por publicar experiências íntimas, cujo caráter é sagrado. Sem dúvida alguma, o inconveniente maior deve-se ao fato de que esta leitura pode-se constituir num obstáculo àqueles que já estão ou querem ingressar num caminhar, o conhecimento do conteúdo da experiência transpessoal pode criar disposições no espírito das pessoas, bem como preconceitos capazes de impedir a experiência real, entravá-la seriamente ou, ainda, deformá-la. Pode acontecer, também, a intervenção do mental que “reconhece” a experiência, o que bloquearia o seu prosseguimento.
 
Mas por outro lado, a ignorância e o ceticismo com respeito àvida mística são tais que somente os testemunhos e investigações científicas – dos quais fornecemos apenas um resumo em seguida a esta apresentação – permitirão convencer os mais reticentes; sobretudo tendo em vista que estes poderão perceber, por conta própria, as semelhanças entre os testemunhos. E como se um astronauta, a caminho da Lua, contasse que a Terra é azul e tal informação, como de fato ocorreu, fosse confirmada por outros cosmonautas e também por fotos. A comparação dos testemunhos entre si e o registro fisiológico dos indivíduos em estado transpessoal são quase igualmente convincentes.
 
Eis porque decidimos ir além do primeiro argumento. De qualquer modo, a maior parte destes textos já foram publicados. O inédito é a reunião deles em um só volume.

Pierre Weil - Antologia do Êxtase - Editora Palas Athenas
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill