TESTEMUNHOS ANÔNIMOS
CITADOS POR AIMÉE ANDRÉ
CITADOS POR AIMÉE ANDRÉ
Algumas pessoas experimentaram e perceberam em sua carne, em plena consciência, sem drogas ou demência, um estalo, um raio de luz inesperado.
Lembro-me de duas mulheres que, há algum tempo, contaram-me o fato. Uma era protestante, a outra, krishnamurtiana. Poderia eu, sem reservas, contá-lo também?
Não se trata absolutamente de desnudar uma alma, mas simplesmente de relatar a visita de Deus.
Diante de um ser amado, que sofria sem esperança, a primeira gritou, cem aquela violência dos que amam a Deus mas não o sabem: “Pai, se tu existes, este é o momento de Te manifestares. Cura minha mãe”.
E eis qual foi a experiência – o mundo era o mundo, tornado transparente. Todos os seres e todas as coisas eram feitos de matéria translúcida e viva, luminosa. Um Ser sem estrutura corporal tangível habitava a matéria da qual somos tecidos. Este Ser era Amor com uma tal evidência, que as lágrimas escorriam por seu rosto extasiado.
A fé dos primeiros anos, desaparecida por algum tempo, retornava, visível, na percepão da presença de um Ser inefável que não podia ser nomeado.
Nos dias que se seguiram, um novo tratamento curou a doente... A amiga que me contou esta experiência retomou iniediatamente o caminho da Igreja, e consagrou sua vida ao serviço de Deus.
A outra mulher jamais freqüentara um templo... Sua experiência foi espontânea, indescritível, sem qualquer pedido especial, e aconteceu em um ônibus. Ela acabara de passar pelo cobrador e de pagar a tarifa. Sentou-se normalmente e, de súbito, o mundo asalou diante de sua consciência.
As palavras que ela empregou quando me relatou a história eram, com pouca diferença, as mesmas que haviam sido utilizadas pela mulher anterior:
Mundo de transparência
Matéria e Presença
Vibrações luminosas
Amor que se propaga
Certeza, Evidência
O Mundo é o corpo de Deus
Cada um é Seu átomo, infinito e precioso.
Em nenhum momento ela perdeu o sentido das coisas. Conseguiu descer do ônihus a tempo, à sua parada. De pé na calçada, encostada a um plátano, ela soluçava de alegria, inundada por suas lágrimas, resistindo ao desejo de ajoelhar-se, beijar a calçada ou o menor dos seixos habitados pelo Espírito, animados pelo Pai, Energia e Presença e doce e Absoluto.
Aimée André, Approche d’une vie intérieure, D 3, Genebra, 1982.
Extraído do Livro: Antologia do Êxtase - Editora Palas Athena
Para baixar arquivo deste livro em PDF, clique aqui