RICHARD MAURICE BUCKE
... Eu me achava num estado de tranqüilo aprazimento, quase passivo, sem realmente pensar, mas deixando que as idéias, imagens e emoções fluíssem por si mesmas, por assim dizer, através da minha mente. Súbito, sem aviso de espécie alguma, vi-me envolto numa nuvem cor de chamas. Por um instante pensei em fogo, numa imensa conflagração em algum lugar, perto dali, na grande cidade; mas em seguida percebi que o fogo estava dentro de mim. Acudiu-me de pronto um sentido de exultação, de imensa alegria, acompanhado ou imediatamente seguido de uma iluminação intelectual, impossível de descrever. Entre outras coisas, não somente vim a acreditar, senão vi que o universo não se compõe de matéria morta mas, pelo contrário, de uma Presença viva; tomei-me cônscio, em mim mesmo, da vida eterna. Não era a convicção de que eu possuiria a vida eterna, mas a consciência de que já a possuía; vi que todos os homens são imortais; que a ordem cósmica é de tal natureza que, sem qualquer dúvida, todas as coisas trabalham juntas pelo bem de cada um e de todos; que o princípio fundamental do mundo, de todos os mundos, é o que chamamos amor, e que a felicidade de cada um e de todos, afinal de contas, é absolutamente certa. A visão durou uns poucos segundos e desapareceu; mas sua lembrança e o sentido da realidade do que ensinou permaneceu durante o quarto de século que transcorreu depois disso. Conheci que era verdadeiro o que a visão mostrava. Eu atingira uma perspectiva da qual via que ela só podia ser verdadeira. Essa perspectiva, essa convicção, posso dizer essa consciência, nunca, nem mesmo durante os períodos da mais profunda depressão, se perdeu.
Citação extraída de um texto que precedeu o livro clássico de Bucke, Cosmic Consciousness, Filadéltla, 1961. Também se encontra na obra de William James, As Variedades da Experiência Reigiosa, Editora Cultrix, São Paulo, 1991, pp. 249-250.
... Eu me achava num estado de tranqüilo aprazimento, quase passivo, sem realmente pensar, mas deixando que as idéias, imagens e emoções fluíssem por si mesmas, por assim dizer, através da minha mente. Súbito, sem aviso de espécie alguma, vi-me envolto numa nuvem cor de chamas. Por um instante pensei em fogo, numa imensa conflagração em algum lugar, perto dali, na grande cidade; mas em seguida percebi que o fogo estava dentro de mim. Acudiu-me de pronto um sentido de exultação, de imensa alegria, acompanhado ou imediatamente seguido de uma iluminação intelectual, impossível de descrever. Entre outras coisas, não somente vim a acreditar, senão vi que o universo não se compõe de matéria morta mas, pelo contrário, de uma Presença viva; tomei-me cônscio, em mim mesmo, da vida eterna. Não era a convicção de que eu possuiria a vida eterna, mas a consciência de que já a possuía; vi que todos os homens são imortais; que a ordem cósmica é de tal natureza que, sem qualquer dúvida, todas as coisas trabalham juntas pelo bem de cada um e de todos; que o princípio fundamental do mundo, de todos os mundos, é o que chamamos amor, e que a felicidade de cada um e de todos, afinal de contas, é absolutamente certa. A visão durou uns poucos segundos e desapareceu; mas sua lembrança e o sentido da realidade do que ensinou permaneceu durante o quarto de século que transcorreu depois disso. Conheci que era verdadeiro o que a visão mostrava. Eu atingira uma perspectiva da qual via que ela só podia ser verdadeira. Essa perspectiva, essa convicção, posso dizer essa consciência, nunca, nem mesmo durante os períodos da mais profunda depressão, se perdeu.
Citação extraída de um texto que precedeu o livro clássico de Bucke, Cosmic Consciousness, Filadéltla, 1961. Também se encontra na obra de William James, As Variedades da Experiência Reigiosa, Editora Cultrix, São Paulo, 1991, pp. 249-250.