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terça-feira, 19 de junho de 2012

A mente religiosa está livre da crença

A mente religiosa é completamente diferente da mente que acredita em religião. A mente religiosa está psicologicamente livre da cultura social; e está, também, livre de qualquer tipo de credo, de qualquer tipo de reinvidicação baseada na experiência ou auto-expressão. E o homem, através das idades, criou por meio de crenças, um conceito que tem o nome de Deus. Para o homem, a crença nesse conceito que chamamos de Deus tem sido útil,  porque ele considera a vida uma coisa triste, uma sucessão de batalhas, de conflitos, de miséria, entremeada por um ocasional clarão de luz, de beleza, de alegria. 

A crença em um conceito, em uma fórmula, em uma idéia, tornou-se necessária porque a vida tem muito pouco sentido. A rotina diária, o trabalho, a família, o sexo, a solidão, a responsabilidade, a luta pela auto-expressão, tudo isso tem muito pouco significado — e, no fim disso tudo, segue-se a morte. De forma que o homem tem de acreditar, como uma necessidade imperiosa. 

De acordo com as condições climatérias, com a capacidade intelectual dos inventores dessas idéias e fórmulas, o conceito de Deus, de Salvador, de Mestre ganhou forma, e o homem tem procurado, por esse meio, chegar a um estado de bem-aventurança, de veracidade, tem procurado chegar à realidade de um estado mental que não deve, jamais, ser perturbado. De forma que estabeleceu uma meta e rumou em direção a ela. Os autores dessas idéias ou conceitos traçaram ou um sistema ou um caminho que dve ser perseguido para se chegar a essa realidade suprema. E o homem tem torturado sua mente — através da disciplina, controle, autonegação, abstinência, austeridade — inventando uma série de métodos a fim de atingir essa realidade. Na àsia existem muitos caminhos que conduzem a essa realidade (pelo menos é o que se diz), dependendo do temperamento e das circunstâncias, e esses caminhos são seguidos visando essa realidade que não pode ser avaliada nem pelo homem, nem pelo pensamento. No Ocidente, só existe um Salvador; somente através Dele deve-se chegar a esse algo supremo. Todos os sistemas do Oriente e do Ocidente implicam constante controle, constante deformação da mente, para que esta se conforme a um padrão estabelecido pelos padres, pelos livros sagrados, por todas essas coisas desafortunadas que constituem a própria raiz da violência. Sua violência não reside apenas na negação da carne, mas também na negação de toda forma de desejo, de beleza, e no controle e na conformidade a um certo padrão estabelecido. 

Eles realizaram alguns tipos de milagres — mas milagre é a coisa mais fácil de fazer, tanto no Ocidente como no oriente. E aqueles que realizaram esses milagres foram ungidos como santos; bateram todos os recordes por terem se adaptado, integralmente, ao molde que sua vida diária expressa. Possuem muito pouca humildade, pois humildade é coisa que não deve transparecer — vestir uma tanga ou um hábito grosseiro não é, absolutamente, sinal de humildade. Como qualquer virtude, a humildade deve estar presente a cada momento; não pode ser calculada, determinada e traçada como um padrão a ser obedecido. Mas foi o que o homem, através das idades, fez. O percursor, o primeiro homem que conheceu, experimentalmente, algo chamado realidade, lançou as bases de um sistema, de um método, de um caminho — que todo o mundo seguiu. Então, os discípulos, por intermédio de uma propaganda astuta, de meios ardilosos para capturar a mente humana, fundaram uma igreja, e criaram dogmas e rituais. E o homem caiu na armadilha: qualquer homem que deseje descobrir aquilo que a mente está sempre procurando, precisa sofrer algum tipo de distorção, algum tipo de repressão, algum tipo de tortura para chegar à beleza suprema. 

De forma que, intelectualmente, compreendemos o absurdo de tudo isso; intelectualmente, verbalmente, compreendemos o absurdo de pertencer a qualquer religião; compreendemos a idiotice de qualquer ideologia. Intelectualmente a mente pode achar que tudo isso é tolice e rejeitar tais conceitos. Mas por dentro, bem lá no fundo, haverá sempre uma busca que transcende os dogmas, os rituais, os credos, os salvadores, todos os sistemas que, obviamente, não passam de invenção do homem. Compreendemos que seus salvadores, seus deuses são invenções e podemos descartá-los , com relativa facilidade — coisa que o homem moderno já está fazendo (não sei por que empregar o termo moderno — o homem, geração após geração, sempre foi o que é hoje. Porém, as circunstancias atuais são de tal natureza, que o levaram a negar, totalmente, a autoridade do padre, a crença, o dogma; para ele, Deus está morto e morreu faz tempo). E, não existindo fé e Deus, não resta outro conceito senão o de verdadeiro conforto material, da satisfação física e do desenvolvimento social. O homem vive para o presente, abjurando, integralmente, a concepção religiosa. 

Começamos por rejeitar os deuses exteriores, com seus padres, próprios de qualquer religião constituída. devemos rejeitá-los cabalmente, porque não têm o menor valor. Foram eles que fomentaram guerras, que separaram os homens — pouco importa que religião seja, judaica, hindu, cristã ou maometana — eles destruíram o ser humano, separaram os homens, têm sido uma das principais causas de dissensão e de violência. Diante disso tudo, opomo-nos à religião, rejeitamo-la como algo imaturo, infantil. Intelectualmente podemos fazê-lo com muita facilidade. Vivendo neste mundo, observando os métodos de exploração adotados pelas igrejas, pelos templos, não podemos senão renegá-los. É muito mais difícil, porém, em nível psicológico, livrar-nos da ansiedade interior, da necessidade de crer. Todos nós queremos encontrar algo que não tenha sido jamais tocado pelo homem, jamais conspurcado pelo pensamento, que não tenha sido jamais contaminado por qualquer sociedade humana, intelectual ou cultural, algo que a razão não possa destruir. Todos nós desejamos isso, ardentemente, pois esta vida é sinônimo de luta, de trabalho, de miséria e de rotina. Podemos ter capacidade de expressar-nos através da palavra, da pintura, da música, da escultura, mas mesmo isso pode tornar-se vazio. A vida tal qual hoje se apresenta é muito vazia e tentamos preenchê-la com música, literatura, com passatempos, distrações, com idéias e conhecimentos; quando, porém, nos aprofundamos um pouco mais, vemos o quanto estamos vazios, quão chã é toda a existência, embora tenhamos títulos, propriedades e competência. 

A vida está vazia e, diante desta realidade, queremos preenchê-la. Sentimos uma ânsia, uma ânsia de caminhos e de meios, almejando, não somente preencher esse vazio, como descobrir algo que se situe além do homem. Alguns apelam para as drogas psicodélicas — LSD ou outra das muitas drogas psicodélicas que propiciam uma "expansão de consciência" — e nesse estado chegamos a experimentar certas reações pelo fato de uma certa sensibilidade ser conferida ao cérebro. Mas essas reações são químicas. Resultam de agentes externos estranhos. Tomamos as drogas cheios de expectativas e depois, internamente, passamos por certas experiências assim como temos certas crenças. Passamos por essas experiências de acordo com essas crenças — os processos são similares. Ambos produzem uma experiência e o homem, no entanto, vê-se, novamente, perdido em suas crenças — perdido na droga infundida pela crença, ou na crença infundida pela droga. Cai, inevitavelmente, na malha de seus pensamentos. Constatamos e rejeitamos tudo isso, isto é, libertamo-nos, completamente de qualquer credo, o que não significa que nos tornamos agnósticos, cínicos ou amargurados. Pelo contrário, passamos a compreender a natureza da crença e o motivo pelo qual ela é extraordinariamente importante. É importante porque temos medo. Basicamente é esta a razão. Devido ao medo — não somente o medo do desgaste diário da vida, o medo da não-realização, de não chegar lá psiquicamente, de não conquistar o poder, posição, prestígio, fama. Tudo isso suscita um verdadeiro pavor, que toleramos — e foi justamente devido a esse grande medo interior que a crença se tornou tão importante.  Face à completa vacuidade da vida, ainda nos resta a crença. Embora não aceitamos a autoridade exterior dos credos — dos credos inventados pelos padres de todo o mundo —, criamos nossa própria crença, de forma a chegar a descobrir essa coisa extraordinária que o homem tem reiteradamente procurado. 

E então encetamos a busca. A natureza, a estrutura da busca é muito clara. Por que, afinal, buscamos? Essencialmente por egoísmo — egoísmo iluminado, seja dito, mas egoísmo. Raciocinamos assim: "A vida é tão aparatosa, vazia, tola e chata, que deve existir algo mais. Vou a esse templo, a essa igreja, a esse..." depois abandonamos tudo e começamos a buscar em profundidade, se bem que buscar, de qualquer forma, torna-se um obstáculo psicológico. Acho que isso deve ser entendido de uma maneira clara e simples. Podemos, de forma objetiva, descartar a autoridade de qualquer influência externa que afirme conduzir à verdade absoluta — e o fazemos.  Mas é necessário descartar, descartar todas as buscas, porque entendemos a natureza da busca. Por que perguntamos "o que estamos buscando?" Se analisarmos o que estamos buscando, o que queremos, não está subentendida a idéia de ir ao encalço de algo que você já conhece, que você já perdeu e que está tentando recuperar? Essa é uma das implicações da busca. Na busca, o processo de reconhecimento está implícito — isto é, quando encontramos o que estamos procurando, seja o que for, precisamos ser capazes de reconhecê-lo. De outra forma, a busca não tem sentido. Por favor, prestem atenção. Procuramos algo na esperança de encontrar e, ao encontrá-lo, precisamos ser capazes de reconhecê-lo; porém, o reconhecimento equivale a um esforço da memória; existe, portanto, a implicação de um conhecimento prévio, de um vislumbre anterior. Ou, como somos tão condicionados pela imensa propaganda de todas as religiões organizadas, nos hipnotizamos a nós mesmos, criando um estado propício. De forma que, quando procuramos, já trazemos no bojo um conceito, uma idéia do que procuramos e quando a encontramos, significa que já a conhecíamos, pois, de outra forma, não a reconheceríamos. É por isso que essa busca não é absolutamente verdadeira.   

Precisamos, portanto, atingir esse estado mental que se encontra realmente livre de todas as buscas, de todas as crenças — sem nos tornarmos cínicos e sem estagnar. Porque tendemos a pensar que, se não procuramos, brigamos, lutamos, tropeçamos constantemente, definharemos. E não sei porque não definharíamos — como se não estivéssemos definhando agora. Definhamos mesmo, assim como morremos, como envelhecemos e como nosso organismo físico chega ao fim. Nossa vida é um processo de definhamento porque nela, na vida cotidiana, imitamos, copiamos, acompanhamos, obedecemos, nos conformamos — coisas que constituem forma de definhamento. De maneira que uma mente desvinculada de qualquer tipo de crença, mesmo de uma crença autocriada, uma mente que nada busca — embora isso seja um pouco mais difícil, está tremendamente viva. A verdade é algo que desponta só de vez m quando. Como a beleza, a virtude — é algo que não tem continuidade. O que tem continuidade é produto do tempo e tempo é pensamento.


Vendo o que o homem fez consigo mesmo, como se torturou, como se brutalizou — tornando-se mecanicista, perdendo-se em algum tipo de distração, seja literária ou outra — vendo a orientação que deu à sua vida, perguntamos a nós mesmos se precisávamos passar por tudo isso. Você entende a pergunta? O homem precisava passar por todo esse processo, etapa por etapa — descartando a crença (se você está mesmo alerta) refutando qualquer tipo de busca, descartando a tortura da mente, descartando a indulgência? Vendo o que o homem fez a si próprio para chegar ao que ele chama de realidade, perguntamos — por favor, perguntem a si mesmos, não a mim —, existe alguma forma, ou existe um estado de explosão que descarte tudo isso de uma só vez? Porque o tempo não é o meio.

Busca implica tempo — talvez dez ou mais anos ou, eventualmente, como se crê em toda a Ásia, todo o processo de reencarnação para chegar a isso. Mas tudo requer tempo — o descarte gradual desses conflitos, desses problemas, o tornar-se mais sábio, mais astuto, atingir pouco a pouco a sabedoria,  descondicionando progressivamente a mente. Isso requer tempo. E, obviamente, o tempo não é o caminho, nem a crença, nem as práticas artificiais impostas por um sistema, por um guru, um professor, um filósofo, ou um padre — tudo isso é tão infantil!!!... Então, seria possível não passar por nada disso e mesmo assim chegar a essa coisa extraordinária? — porque ela não pode ser convidada. Por favor, procurem entender esta questão que é muito simples; essa coisa extraordinária não pode ser convidada, não pode ser procurada, pelo fato de nossa mente ser demasiadamente estúpida, demasiadamente mesquinha, nossas emoções demasiadamente vulgares, nossa forma de vida demasiadamente confusa para tal enormidade, para que esse algo imenso seja convidado a entrar nessa pequena casa, nesse minúsculo aposento asseado mas insignificante. Não podemos convidá-la. para convidá-la, temos que conhecê-la e não podemos conhecê-la (pouco importa quem afirme o contrário) porque, no momento que dizemos "eu conheço", deixamos de encontrar. Do momento que dizemos "encontramos", deixamos de encontrar. Se dizemos que a experimentamos, jamais o fizemos. Estas todas são formas ardilosas de explorar o próximo — e o próximo é seu amigo ou seu inimigo. 


Observando tudo isso — não teoricamente, mas na sua vida cotidiana, em suas atividades diárias, quando você escreve, quando você fala, quando você sai para dar uma volta de carro ou uma caminhada, a sós, pelo parque — observando isso tudo a uma só vez, você não precisa de livros para saber; vendo tudo isso de um só golpe, em um único olhar, você poderá entender tudo.   E só poderá entender tudo isso realmente, em sua totalidade quando se conhecer a si mesmo, conhecer a si mesmo como você é, muito simplesmente, como resultado da humanidade como um todo; você pode ser tanto hindu, como maometano, cristão ou o que quer que seja. Aí está. Quando você se conhecer como você realmente é, entenderá então toda a estrutura do afã humano, suas desilusões, suas hipocrisias, sua brutalidade, sua busca.

E nos perguntamos se é possível chegar a essa coisa extraordinária sem convidar, sem esperar, sem procurar, sem analisar, para que ela simplesmente se concretize, para que ela simplesmente aconteça. Assim como a brisa fresca entra quando você deixa a janela aberta — você não pode convidar essa brisa a entrar, mas precisa deixar a janela aberta. O que não significa que permaneçamos em estado de expectativa — esta é uma outra forma de ilusão;  assim como não significa que precisemos nos expor para recebê-la — isso, repetimos, é mais uma forma de pensamento.

Mas, se nos perguntamos a nós mesmos, sem buscar, sem acreditar, nessa mesma pergunta está a resposta. Nós, no entanto, não perguntamos. Queremos que nos digam. Queremos que tudo nos seja afirmado, confirmado. Na verdade, bem lá no fundo, jamais nos livraremos de todas as formas internas ou externas de autoridade. É uma das coisas mais curiosas que existe na estrutura de nossa psique: todos nós queremos que nos digam as coisas — somos o resultado do que nos disseram. O que nos disseram equivale à propaganda de milhares de anos. Nisso consiste a autoridade dos livros antigos, do líder ou do orador atual. Mas, se no âmago de nosso ser rejeitamos  toda a autoridade, isso significa que não temos medo. Porém, assim como acontece com o prazer, jamais entramos em contato direto com o medo. Não entramos realmente em contato com o medo como entramos em contato com uma porta, com uma árvore, um rosto ou uma mão que toquemos, porque só entramos em contato com o medo através da imagem do medo criada por nós mesmos. Só conhecemos o prazer através de semiprazeres. Nunca entramos diretamente com nada disso. Não sei se você já observou quando toca uma árvore — como você faz quando anda pelos parques — se está realmente tocando a árvore ou se, embora esteja tocando, existe uma tela entre você e a árvore?

Assim também, para entrar diretamente em contato com o medo não deve haver nenhuma imagem, ou em outras palavras, não deve, na verdade, existir nenhuma lembrança de medos passados. Somente, então, você entrará em real contato com o medo presente. Não havendo, pois, lembrança de medos passados, você terá energia para enfrentar o medo imediato e uma tremenda força para encarar o presente. Dissipamos essa energia vital — que todos possuímos — através dessa imagem, dessa fórmula, dessa autoridade e o mesmo acontece com a busca do prazer. A busca do prazer é muito importante para nós. O maior dos prazeres está — ou deveria estar — em Deus — a coisa mais assustadora que poderíamos jamais conceber — mas nós imaginamos essa possibilidade, o supremo, de forma que jamais o atingiremos. Repetindo, é como se já considerássemos um prazer como um prazer passado; você não entra, jamais, em contato com a experiência verdadeira, com um estado real. É sempre a lembrança de ontem que encobre e lança véu sobre o presente.


Então, diante de tudo isso, é possível não mover uma palha, não fazer o menor esforço, não buscar, é possível ser totalmente negativo, vazio, inativo? Porque toda ação resulta de uma idéia. Se você observou suas ações, notou que elas se concretizam em função de uma idéia preliminar, de um conceito prévio, de uma lembrança anterior. Existe um hiato entre a idéia e a ação, um intervalo, mesmo que pequeno, mesmo que mínimo e, devido a esse hiato, nasce o conflito. Pode, acaso, a mente estar tão absolutamente quieta, tão isenta de pensamentos, de temores e, por conseguinte, extraordinariamente, intensamente viva?

Você conhece a palavra paixão, palavra que tão comumente significa sofrimento. Os cristão a têm usado para simbolizar um certo tipo de sofrimento. Nós não estamos, de modo nenhum, empregando a palavra paixão nesse sentido. Neste estado absoluto de negação reside a mais elevada forma de paixão. Essa paixão implica um total auto-abandono. Para que esse auto-abandono se concretize, é preciso haver uma tremenda austeridade, austeridade que nada tem a ver com a rigidez das pessoas que agonizam na mão dos padres, dos santos que se torturam a si próprios, que se tornam austeros por terem embrutecido suas mentes. Austeridade é, realmente, uma extraordinária simplicidade — não na indumentária, não no alimento, mas interiormente. Essa austeridade, essa paixão reveste a mais elevada forma de negação total. E, então, quem sabe, se você for agraciado — não se trata de sorte, a coisa acontece inesperadamente —, a mente não será capaz de lutar.  Então você fará o que quiser, pois só existirá amor.

Sem essa mente religiosa, não pode ser criada uma verdadeira sociedade. Precisamos criar uma nova sociedade, na qual essa terrível atividade egoísta tenha muito pouco espaço. Somente por intermédio de tal mente religiosa poderá haver paz, tanto externa como internamente.
Krishnamurti - Paris, 30 de abril de 1967      
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill