Pergunta: Todo o mundo da natureza é uma competição de sobrevivência. Não é inato aos humanos lutar pela mesma razão? E não estamos lutando contra nossa natureza básica em busca de mudança?
Krishnamurti: Não mude. É muito simples. Se você quer permanecer como é, continue, ninguém vai impedi-lo. As religiões tentaram civilizar o homem. Mas elas não tiveram sucesso. Ao contrário. Algumas religiões, como o cristianismo, mataram mais pessoas do que qualquer um na terra. Certo? Não sei se você notou isso. Eles tiveram duas guerras apavorantes, e mataram milhões. Não só Stalin e Mao-Tse-Tung, estas guerras destruíram. Certo? E se continuamos neste caminho, não querendo mudar, tudo bem. Mas a questão é: a natureza luta para conseguir luz, como na floresta, por exemplo. E isso é uma luta. Certo? O grande, o mais forte mata o mais fraco na natureza. O tigre mata o veado, o leão mata alguma outra coisa, isto continua, é parte da natureza. E o interrogante diz, se é parte da natureza, por que deveríamos mudar de fato? Porque isto é intrínseco. Por que dizemos que é extrínseco? Por quê? Dizemos que lá está tudo bem e, portanto, está tudo bem conosco também; e então por que se importar em mudar. É parte de nós, parte da natureza, parte de nossa existência, intrinsecamente é isto que somos. E se é isso, que é instinto, que é inato em nós, o que se questiona muito profundamente, então não posso mudar nada. Mas por que deveríamos aceitar que isso é inato em nós? É minha indolência que diz, “Por Deus, deixe isto para lá”. É minha sensação de exaustão? Ou espera-se que sejamos como seres humanos, um pouco mais inteligentes, um pouco mais razoáveis, um pouco mais sensatos, e espera-se que usemos nossa sensatez, nossa inteligência, nossa experiência para viver diferentemente? Certo? Viver diferentemente. Talvez essa diferença possa ser total; e não apenas permanecer como uma pessoa medíocre que está agora sendo encorajada por seres humanos a permanecer medíocre, através de sua educação e todo o resto.
Krishnamurti - Ojai 6th Public Talk 21st July 1955