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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Na negação do que não é amor, existe amor

O que é o amor? Não estamos discutindo teorias sobre o que o amor deveria ser. Estamos observando o que chamamos de amor: “Amo a minha mulher.” Não sei o que é que você ama; e duvido que você ame algo. Sabe o que significa amar? Será que o amor é prazer? O amor é ciúme? Um homem ambicioso é capaz de amar? – ele pode dormir com a mulher, gerar alguns filhos. E um homem que esteja lutando para se tornar importante na política, ou no mundo dos negócios, ou no mundo da religião (onde deseja se tornar um santo, deseja ser sem desejo), tudo isso faz parte da ambição, da agressão, do desejo. O homem competitivo é capaz de amar? E vocês todos são competitivos, não é verdade? – melhor emprego, melhor posição, melhor casa, ideias mais nobres, imagens mais perfeitas de si mesmos; vocês conhecem bem as situações por que passam. Isso é amor? Você é capaz de amar ao passar por toda essa tirania, quando pode dominar sua mulher ou seu marido, ou os seus filhos? Quando você está buscando o poder, há possibilidade de amar?

Portanto, na negação do que não é amor, existe amor. Entendem senhores? Precisam negar tudo que não seja amor, o que significa não ter ambição, não ser competitivo, não ser agressivo, não ser violento nem na fala, nem em ato, nem em pensamento. Quando você nega o que não é amor, então sabe o que é amor.(1)

Quando as coisas da mente não enchem seu coração, então existe amor; e só o amor pode transformar a loucura e a insanidade atuais no mundo – nunca sistemas, nunca teorias, nem da esquerda nem da direita. Você só ama realmente quando não possui, quando não é invejoso, não é ávido, quando é respeitoso, quando tem misericórdia e compaixão, quando tem consideração por sua mulher, seus filhos, seu vizinho, seus infelizes empregados.

Não se pode pensar sobre o amor, o amor não pode ser cultivado, o amor não pode ser praticado. A prática do amor, a prática da fraternidade, ainda está dentro do campo da mente, portanto, não é amor. Quando tudo isso tiver cessado, então o amor surgirá, e você saberá o que é amar.(2)

Pergunta: É possível um homem e uma mulher viverem juntos, ter sexo e filhos, sem toda a confusão, amargura e conflito inerentes a tal relação? É possível haver liberdade em ambos os lados? Não quero dizer com liberdade que o marido ou a esposa deveriam ter constantemente casos com outras pessoas. As pessoas em geral ficam juntas e casam por que se apaixonam, e nisso existe desejo, escolha, prazer, possessividade e tremendo esforço. A própria natureza deste estado apaixonado está desde o início cheia das sementes do conflito.

Krishnamurti: É isso? Precisa ser? Duvido muito disso. Você não pode se apaixonar e não ter uma relação possessiva? Amo alguém e ela me ama e nos casamos – isso tudo é perfeitamente honesto e simples, não há absolutamente conflito nisso. (Quando digo que nos casamos, quero dizer apenas que decidimos viver juntos – não se prenda em palavras.) A pessoa não pode ter isso sem a outra coisa, sem a cauda por assim dizer, necessariamente em seguida? Não podem duas pessoas estar amando e ambas serem tão inteligentes e tão sensíveis que exista liberdade e ausência de um centro que trabalha para o conflito? O conflito não está no sentimento de amar. O sentimento de estar amando é totalmente sem conflito. Não há perda de energia em estar amando. A perda de energia está na cauda, em tudo que vem em seguida – ciúme, possessividade, suspeita, dúvida, o medo de perder aquele amor, a demando constante por reafirmação e segurança. Certamente deve ser possível funcionar numa relação sexual com alguém que você ama sem o pesadelo que em geral se segue. Claro que é possível.(3)

Sabe, de fato não temos amor – essa é uma coisa terrível de se perceber. De fato não temos amor; temos sentimento; temos emocionalismo, sensualidade, sexualidade, temos lembranças de alguma coisa que pensamos que era amor. Mas de fato, brutalmente, não temos amor. Porque ter amor significa não ter violência, nem medo, nem competição, nem ambição. Se você teve amor, nunca dirá, "Esta é minha família." Você pode ter uma família e lhe dar o melhor que pode; mas ela não será "sua família" que está em oposição ao mundo. Se você ama, se existe amor, existe paz. Se você amasse, educaria seu filho não para ser nacionalista, não para ter apenas uma profissão técnica e tratar apenas de seus pequenos assuntos; você não teria nacionalidade. Não haveria divisões de religião, se você amasse. Mas como essas coisas de fato existem – não teoricamente, mas brutalmente – este mundo hediondo, mostra que você não tem amor. Mesmo o amor da mãe por seu filho não é amor. Se a mãe realmente amasse seu filho, você acha que o mundo seria assim? Ela cuidaria que ele tivesse o alimento correto, a educação correta, que fosse sensível, que apreciasse a beleza, que não fosse ambicioso, ganancioso, invejoso. Então a mãe, conquanto ela possa pensar que ama seu filho, não ama. Então não temos esse amor.(4)

A necessidade de segurança nas relações gera inevitavelmente o sofrimento e o medo. Essa busca de segurança, atrai a insegurança. Já encontrastes alguma vez segurança em alguma de vossas relações? Já? A maioria de nós quer a segurança de amar e ser amado, mas existirá amor quando cada um está a buscar a própria segurança, seu caminho próprio? Nós não somos amados porque não sabemos amar.

Que é o amor? Esta palavra está tão carregada e corrompida, que quase não tenho vontade de empregá-la. Todo o mundo fala de amor - toda a revista e jornal e todo missionário discorre interminavelmente sobre o amor. Amo a minha pátria, amo o prazer, amo a minha esposa, amo a Deus. O amor é uma idéia? Se é, pode então ser cultivado, nutrido, conservado com carinho, moldado, torcido de todas as maneiras possíveis. Quando dizeis que amais a Deus, que significa isso ? Significa que amais uma projeção de vossa própria imaginação, uma projeção de vós mesmo, revestida de certas formas de respeitabilidade, conforme o que pensais ser nobre e sagrado; o dizer "Amo a Deus" é puro contra-senso. Quando adorais a Deus, estais adorando a vós mesmo; e isso não é amor.

Incapazes, que somos, de compreender essa coisa humana chamada amor, fugimos para as abstrações. O amor pode ser a solução final de todas as dificuldades, problemas e aflições humanas. Assim, como iremos descobrir o que é o amor? Pela simples definição? A igreja o tem definido de uma maneira, a sociedade de outra, e há também desvios e perversões de toda a espécie. A adoração de uma certa pessoa, o amor carnal, a troca de emoções, o companheirismo - será isso o que se entende por amor? Essa foi sempre a norma, o padrão, que se tornou tão pessoal, sensual, limitado, que as religiões declararam que o amor é muito mais do que isso. Naquilo que denominam "amor humano", vêem elas que existe prazer, competição, ciúme, desejo de possuir, de conservar, de controlar, de influir no pensar de outrem e, sabendo da complexidade dessas coisas, dizem as religiões que deve haver outra espécie de amor - divino, belo, imaculado, incorruptível.

(...) Pode o amor ser dividido em sagrado e profano, humano e divino, ou só há amor? O amor é para um só e não para muitos? Se digo "Amo-te", isso exclui o amor do outro? O amor é pessoal ou impessoal? Moral ou imoral? Familial ou não familial? Se amais a humanidade, podeis amar o indivíduo? O amor é sentimento? Emoção ? O Amor é prazer e desejo ? Todas essas perguntas indicam - não é verdade? - que temos idéias a respeito do amor, idéias sobre o que ele deve ou não deve ser, um padrão, um código criado pela cultura em que vivemos.

Assim, para examinarmos a questão do amor - o que é o amor - devemos primeiramente libertar-nos das incrustações dos séculos, lançar fora todos os ideais e ideologias sobre o que ele deve ou não deve ser. Dividir qualquer coisa em o que deveria ser e o que é, é a maneira mais ilusória de enfrentar a vida.

Ora, como iremos saber o que é essa chama que denominamos amor - não a maneira de expressá-lo a outrem, porém o que ele próprio significa? Em primeiro lugar rejeitarei tudo o que a igreja, a sociedade, meus pais e amigos, todas as pessoas e todos os livros disseram a seu respeito, porque desejo descobrir por mim mesmo o que ele é. Eis um problema imenso, que interessa a toda humanidade; há milhares de maneiras de defini-lo e eu próprio me vejo todo enredado neste ou naquele padrão, conforme a coisa que, no momento, me dá gosto ou prazer. Por conseguinte, para compreender o amor, não devo em primeiro lugar libertar-me de minhas inclinações e preconceitos?(5)

(1) Krishnamurti. Mind in Meditation, pp 10-11
(2) Krishnamurti. The First and Last Freedom, p 234
(3) Krishnamurti Foudation Trust Bulletin 3, 1969 Krishnamurti Foudation Trust Bulletin 4, 1969
(4) Krishnamurti. The Collected Works, Vol. XV Varanasi 5th Public Talk 28th November 1964
(5) Krishnamurti - Liberte-se do passado - Editora Cultrix
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill