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terça-feira, 18 de junho de 2013

Os verdadeiros revolucionários

Precisamos, sociologicamente, de uma revolução radical e fundamental. Precisamos de uma transformação total. Ora, uma técnica, que representa um método, uma maneira, operará a transformação? Ou é necessário que haja indivíduos — você e eu — que compreendam o problema e estejam, em si mesmos, num estado de revolução? Em tais condições, é revolucionária a influência desses indivíduos na sociedade, porquanto não estão meramente aprendendo uma técnica de revolução, mas eles próprios, revolucionados. Estou sendo claro?

(...) Não é mais importante, mais essencial, que você esteja revolucionado, em vez de apenas procurar uma técnica revolucionária? Mas, por que você não está revolucionado? Por que não há em você o novo processo da vida? Por que não há em você uma nova maneira de considerar a vida, uma chama, um tremendo descontentamento? Por que? Um homem que está completamente insatisfeito, não só com certas coisas, mas inerentemente insatisfeito, não necessita de técnica alguma para ser revolucionário. Ele mesmo é uma revolução, uma ameaça à sociedade, e o chamamos revolucionário. Mas, por que você não é um homem assim? Para mim, o que importa não é a técnica, mas, sim, fazer de você um revolucionário, ajudá-lo a despertar, para perceber a importância da completa transformação. E quando você estiver transformado, poderá então agir, porque haverá aquele constante fluir de seiva nova, que é, afinal de contas, revolução.

Consequentemente, para mim, a importância da revolução interior, da transformação psicológica, é muito maior do que a da revolução exterior. A revolução exterior é mera modificação, que significa continuidade modificada, mas a revolução interior não tem pouso de descanso, não tem parada, está em constante renovação. E é disto que necessitamos no momento atual: um povo completamente descontente e capaz, portanto, de discernir a verdade das coisas. O homem complacente, o homem que se satisfaz com dinheiro, com posições, com uma ideia, é incapaz de perceber a verdade. Só o homem que está descontente, o homem que investiga, que pergunta, que duvida, que observa, só esse homem descobre a verdade; ele é uma revolução em si mesmo e, portanto, nas suas relações. E, consequentemente, aquilo que constitui o seu mundo — ou seja as suas relações com o outro — ele começa a transformar. E influencia, desse modo, o mundo compreendido na esfera de suas relações. Assim sendo, se você meramente procura uma técnica, ou indaga qual é a minha técnica para a nova revolução, isso me parece fora de propósito, ou melhor, parece indicar que você não percebe a importância de estar revolucionado em si mesmo; e, para você ser uma revolução em si mesmo, é necessário que desperte para o ambiente, para o meio em que vive.

Senhores, toda sociedade nova, toda civilização nova, deve ser começada por você. Como foi que começou o cristianismo, o budismo, e todo movimento significativo? Pela iniciativa de uns verdadeiramente inflamados pela ideia e pelo sentimento. Tinham eles os corações abertos a uma vida nova. Constituíam um núcleo, não tinham crença numa determinada coisa, mas tinham em si próprios a experiência da realidade — a realidade daquilo que viam. E o que nos cabe fazer, a você e a mim, é, se posso sugeri-lo, vermos as coisas por nós mesmos e não através de uma técnica. Senhor, você pode ler um poema de amor, mas se você não houver sentido, como experiência, o que é o amor, por mais que você tenha lido, por melhor que tenha aprendido a técnica , não conhecerá o perfume do amor. E como não possuímos esse amor, andamos em busca da técnica. Estamos exaustos e famintos, e estamos, por isso, superficialmente, à procura de uma técnica. Um homem faminto não procura técnica alguma. O que lhe interessa é o alimento e ele não fica à porta do restaurante a aspirar o cheiro da comida. Assim, pois, a quando você pede uma técnica, denota isso que você não tem fome. " "como" não é importante, mas a razão por que  você pede esse "como" é muito importante.

Nessas condições, só pode haver revolução, só pode haver a contínua renovação interior, quando você compreender a si mesmo. Você só pode se compreender na vida de relação, e não no isolamento. Visto que nada pode existir no isolamento, a compreensão de si mesmo, o conhecimento de si mesmo, em qualquer nível que seja, só pode ser aprendido na vida de relação. E como a vida de relação é dolorosa e está em movimento constante, desejamos dela fugir e encontrar a realidade fora das relações. Não existe realidade alguma fora da vida de relação. Quando compreendo a vida a vida de relação, esta mesma compreensão é realidade. Por conseguinte, é necessário nos mantermos extraordinariamente vigilantes, despertos, vigilantes a todo momento, abertos a todo desafio e a toda sugestão ou alusão. Mas tal coisa existe um certo alertamento da mente e do coração, mas nós, em geral, vivemos a dormir, vivemos desiludidos e, embora jovens, já temos um pé no túmulo. Por que só pensamos com propósitos de sucesso, com propósitos de ganho, nunca vivemos verdadeiramente; só nos preocupa o fim a que visamos; e porque só andamos a demandar um fim, somos gente sem vida. Por isso, nunca somos revolucionários. Se você estiver interessado diretamente na vida e no vier, e não na ideia relativa ao viver, não poderá então deixar de ser uma revolução em si mesmo.  Você mesmo será uma revolução, porque estará enfrentando a vida diretamente, e não por detrás de cortinas de palavras, de preconceitos, intenções e fins. E o homem que enfrenta a vida diretamente é aquele que se acha num estado de descontentamento; e você precisa estar nesse estado de descontentamento, para encontrar a realidade. E a realidade é que liberta, que nos faz livres; é a realidade que liberta a mente de suas ilusões e criações. Mas achar a realidade, estar aberto, significa estar descontente. Você não pode procurar a realidade, ela tem de vir até você; mas, só pode vir quando a sua mente estiver de todo insatisfeita e pronta para recebê-la. Mas, em geral, temos medo de ficar descontentes, pois sabe Deus onde esse descontentamento nos levaria. Por essa razão nosso descontentamento é circundado de segurança, de proteção, de ações sempre cuidadosamente planejadas. E um tal estado mental é incapaz de compreender a verdade. A verdade não é estática, porquanto a verdade está fora do tempo, e a mente não pode acompanhar a verdade, porque a mente é produto do tempo; e aquilo que depende do tempo não pode conhecer, como experiência, o que é o eterno. A verdade se manifesta ao homem que se acha naquele estado de descontentamento, mas não anda em busca de um fim; porquanto, todo aquele que busca um fim está em busca de satisfação; e satisfação, aprazimento, não é a verdade.

Krishnamurti — 16 de janeiro de 1949 — O que te fará feliz? 

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill