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quarta-feira, 1 de abril de 2015

A agonia dos irredentos homens de experiência mais profunda

Vai pela humanidade dos nossos dias um anseio universal de libertação. 

Essa ânsia redentora é provocada por uma consciência profunda de irredenção. Parece que a função peculiar da inteligência é fazer sentir ao homem que nenhum conforto material, por mais refinado e potencializado, pode libertar o homem desse doloroso senso de inquietude e insatisfação que caracteriza, sobretudo, o cidadão da Era Atômica. Quanto mais o homem se afasta, pelo poder da inteligência, do seu centro humano, invadindo os espaços externos, tanto mais ele sente, consciente ou inconscientemente, a necessidade de voltar a si mesmo, pela conquista do espaço interno, pelo descobrimento do seu verdadeiro Eu. O progressivo centrifuguismo produzido pelo ego intelectual exige um correspondente centripetismo, que só o Eu espiritual pode realizar. Quanto mais liberto o homem se julga pelo conforto material, que a ciência lhe proporciona, tanto mais escravizado se sente pela falta de consciência do seu verdadeiro destino. E essa consciência de irredenção desperta na alma humana um crescente anseio de redenção. 

A fim de diminuir essa consciência de vácuo e insatisfação, procura o homem profano toda espécie de satisfações — mas... satisfações não dão satisfação. Bens de fortuna, prazeres sensuais, poder político, ciência, arte, diversões sociais — pode tudo isto atuar como lenitivo temporário, narcótico e anestésico artificial, mas a raiz do mal continua, por mais que os sintomas da doença sejam camuflados, de tempos em tempos. 

Por isto, os mais sensatos dentre nós procuram ir além desse charlatanismo barato de cura de sintomas mórbidos e tentam sanar o mal pela raiz. O globo está coberto de sociedades iniciáticas, místicas, esotéricas, espiritualistas, que prometem a seus adeptos definitiva quietação metafísica e plena integração do indivíduo nos mistérios do Cosmos. As classes mais simples e os crentes unilaterais, por outro lado, se contentam com a prática de cerimônias rituais e sacramentais, sob a direção de seus respectivos chefes. 

O homem da Era Atômica que passou por duas guerras de extermínio não pode mais crer na força da nossa cultura e civilização, como muitos otimistas do século 19 ainda acreditavam. O homem de hoje perdeu a fé na ciência e técnica como fator de libertação. 

Ciência, técnica, política, progresso, civilização, humanismo, ritualismo, nacionalismo, e outras pretensas panaceias de antanho, sofreram tamanho colapso; está provado que nada disto pode nos libertar, porque tudo isto falhou e afagou a humanidade num mar de sangue e de ódio. 

Nunca se sentiu o homem tão frustrado e céptico de si mesmo como em nossos dias. Não pode o lúcifer do nosso ego redimir-nos dos resultados do nosso egoísmo. E a perspectiva de uma nova guerra mundial, com armas nucleares, apaga na alma do homem moderno a derradeira dentelha de otimismo e de confiança em si mesmo. 

A humanidade anseia pela redenção. 

Donde virá o redentor?

De fora? Através de dogmas, ritos, teologias? Mas esses provocaram as guerras!

De dentro? Através da inteligência humana? Mas foi precisamente esta que nos desgraçou, criando engenhos bélicos de destruição universal. 

Não nos resta senão ultrapassarmos ritualismos e cienticismos e descobrirmos em nós mesmos o "ponto de Arquimedes" em que apoiar  a alavanca redentora. Esse fulcro não pode ser o nosso ego, mas tem de ser algo mais profundo e sólido. 

O homem pensante e sinceramente espiritual se contenta cada vez menos com magia mental e técnicas rituais. Crê tão pouco em alo-redenção ritual como em ego-redenção mental, mas sabe que há uma auto-redenção espiritual, como aparece na Carta Magma do Sermão da Montanha.

(...) Acontece, porém,  que a humanidade-elite do século vinte não quer crer de olhos fechados, mas saber de olhos abertos. Os melhores dentre nós são praticamente "inconvertíveis"; não voltarão atrás, esperando libertação por ritos externos, nem confiam na magia mental de certas técnicas científicas. 

E continua a agonia dos irredentos...

Nem mesmo a perspectiva de uma futura encarnação, em melhores condições, tranquiliza o homem de experiência mais profunda. Ele quer saber como possa ser liberto aqui e agora. Não crê que a morte lhe possa dar o que a vida não lhe deu. Uma voz íntima lhe diz que nem o nascer nem o morrer nem o simples viver ou sobreviver o podem redimir, mas que é necessário uma vivência mais profunda e uma experiência mais alta do que esses fatores lhe possam garantir. Numa intensa vivência experiencial estaria a sua redenção — mas como conseguir essa vivência?... Onde está a chave do mistério, fora dele ou dentro dele?... Pode o homem ser liberto ab extra — ou deve ele redimir-se a intra?... Existe no homem algum elemento redentor?(...)

(...) A redenção vem de dentro do próprio homem, mas não desse homem-ego, que é precisamente o autor da escravidão, e sim do homem Eu, do "Espírito de Deus que habita o homem", no dizer do apóstolo Paulo. O homem-Cristo redime o homem-Satan, se este lhe abrir as portas. Se o "grão de trigo" do homem-ego morrer, então a vida do homem-Eu latente, nessa semente "produzirá muito fruto". Do contrário, "ficará estéril".(...)

(...) O ego é um objeto que o homem tem — o Eu é o próprio sujeito que o homem é. O que eu sou isto me redime daquilo que eu tenho. O meu ser é luz — "vós sois a luz do mundo" — o meu ter é treva — "a luz brilha nas trevas, e as trevas não a prenderam"; as trevas do meu ego humano não conseguem extinguir a luz do meu Eu divino — e é este Eu Divino em mim que me redime de todas as irredenções do ego humano.(...)

Huberto Rohden em, A Grande Libertação, editora Alvorada 


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill