Para quem está
nos primeiros passos do processo de autoconhecimento, antes de tudo,
certifique-se de que realmente seja o seu momento; veja se está pronto para
esse caminho iniciático; veja se está realmente cansado de buscar em valores
finitos, aquilo que somente o Infinito pode lhe assegurar; se está realmente
esgotado do sistema... Porque, se ainda estiver depositando suas fichas,
criando expectativas em atividades como relacionamentos, situação financeira,
em posses e propriedades, em sucesso, poder, prestígio, reconhecimento, em
segurança... É melhor sair correndo dessa estrada de entrada estreita... É
melhor sair correndo porque o autoconhecimento aponta tão somente para a
verdade, a qual está no reconhecimento de sua real natureza e todos que se
encontram em sua volta, com raras exceções, não vão querer ver você abrindo os
olhos para a Verdade que escancaras com toda forma de mentira, segredo e
umbigóides conveniências; isso porque, de certo modo, todos estão comprometidos
com um colecionar de confortáveis ilusões; são prisioneiros de mentiras
convenientes; estão sobre os domínios da mente adquirida, a qual é a essência
do sistema padronizante; e eles vão fazer de tudo para que seus olhos não se
direcionem com propriedade para a jornada do autoconhecimento, pois isso lhe
tornaria perigoso para eles.
Então, se
ainda estiver muito mesclado, muito... Se as dependências emocionais ainda se
mostram muito fortes, corre-se o risco de surtar a ponto de quase enlouquecer;
isso porque, como já é de conhecimento no terreno da espiritualidade antiga, “Não
dá para servir a dois senhores”... Não tem como!
Se for
percebido que ainda não se encontra pronto para esse processo de
autoconhecimento, não problema algum... Existem várias escolas iniciática compatíveis
para vários estágios de percepção. Certifique-se com algum deles que se encaixa
mais com as suas atuais necessidades, uma vez que sempre é possível aprender
algumas letras básicas do tão necessário Bê-á-bá emocional. O autoconhecimento
requer um exaustivo e honesto trabalho de base emocional e, não raro, muitos
são os que acabam inclusive usando o autoconhecimento para dar sustentação ao
processo corruptor da mente adquirida, para procrastinar situações que
necessitam de emergenciais reparações. Fugir desse exaustivo trabalho é um
certeiro convite ao retorno ou ampliação de padrões comportamentais que progressivamente
nos afastam do Elemental.
É preciso
estar bem certo de que se chegou ao ponto de saturação capaz de nos prontificar
a fazer frente à necessária abertura de questões que durante muitos anos
insistimos em mantê-las hermeticamente fechadas sobre uma vida de fachada. Por
que o autoconhecimento escancara tudo; não deixa uma só portinha sequer
fechada... levanta a portinhola de todo sótão; abre a porta de todos os porões;
joga pra fora do armário todas as roupas marcadas pela imensidão de nossos
desejos e que já não nos servem mais.
O
autoconhecimento não é democrático, ou melhor, egocrático. Ele não foi feito
para acariciar as desconfortáveis zonas de conforto da mente adquirida; ele vem
para lançar ao chão a mente adquirida e torna-la servidora de confiança de uma
Consciência Amorosa Integrativa, destituindo-lhe seus antigos poderes e mando.
O autoconhecimento retrata bem o espírito de uma frase dos ensinamentos do
Cristo: “Eu não vim para trazer a paz, mas sim, a espada”; o autoconhecimento
vem para cortar tudo que é falso... É um deitar machado nas profundas raízes da
mente adquirida.
Quando se
entra na jornada do autoconhecimento, não há mais como compactuar dos
interesses umbigóides da mente adquirida. Dentro dos ditames da mente adquirida
é só ilusão, é só percepção invertida. Nós estamos invertidos, está tudo invertido...
Há uma carta do Tarô que é o homem invertido... É preciso inverter o nosso atual
estado de ser, porque se o mesmo não for invertido... Tudo se mostra cada vez
mais difícil.
Então, para
adentrar com toda seriedade e paixão necessária no caminho do autoconhecimento,
tem que se estar pronto; tem que já ter percebido a falência de todas as
historinhas que nos contaram e que nos prometiam por felicidade, por liberdade,
por bem-estar e unidade. Foram muitas as historinhas que nos contaram e ninguém
pode ser responsabilizado por elas, uma vez que todos são também vítimas de
adultos adulterados adulterantes; todos foram também iludidos do mesmo modo.
Estar pronto
para a jornada do autoconhecimento é estar pronto para a dádiva de uma graça
que nos faz perceber a desgraça na qual estávamos inseridos... Acobertando a
Graça que somos.
Então, o
autoconhecimento não é uma espécie de diversão; ele não deixa pedra sobre
pedra. É preciso ter caminhado por um bom tempo no deserto do irreal; é preciso
estar farto do falso e ter a coragem de afirmar para si mesmo, ter a coragem de
abrir mão do que for necessário para seguir mais leve em direção à verdade. O
que for falso vai ficar pelo caminho.
Então, você
está pronto pra isso?
Se não está,
ainda é tempo de sair correndo...
Outsider