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sábado, 27 de junho de 2015

O vazio da existência e a resistência ao vazio

Um dos maiores desafios no processo de autoconhecimento e transformação pessoal é saber lidar com o vazio existencial que emerge, especialmente, em momentos de crise. Um dia acordamos e ele simplesmente está lá, instalado em nós. Não sabemos nem queremos saber de onde veio nem por quê nem pra quê, mas sabemos que queremos que ele desapareça o mais rápido possível. E para isso estamos dispostos a pagar qualquer preço, fazer qualquer loucura, consumir qualquer besteira, desatinar qualquer absurdo usando as 3 táticas clássicas - anestesiar, escapar ou entupir o vazio com todo tipo de lixo.

Ignorado nas mídias sociais, inexistente no "show business", negado no mundo corporativo e incompreendido pela maioria, o vazio e seus afluentes esvaziantes foram amaldiçoados pela nossa cultura liquefeita e hiperacelerada que tanto valoriza a superfície, o banal, o instantâneo, o virtual e o fake. Segundo esta visão distorcida da realidade, se permitir estar no vazio é um crime a ser punido, uma doença a ser curada, um estado a ser evitado. Porém, o mais curioso deste processo é constatar que não importa o que façamos, nem a potência da droga que consumimos, o maldito vazio teima em escapar pelas frestas invisíveis da psique e sempre retorna sorrateiro para nos mostrar que há algo errado neste pantomima.

Não sei quando começou este processo de domesticação e negação do vazio, mas suspeito que começou no dia em que deixamos de nos aceitar como seres humanos que, as vezes, em meio à complexidade escaldante da vida, se estraçalham por aí, se perdem sem rumo na vida, desentendem o que lhes está acontecendo, colapsam, choram e sofrem suas dores e tremores variados, com seus percalços descalços, com seus medos bobos e imaturidades constantes. Sim, ser humano é um caos, as vezes criativo, as vezes dramático e quase sempre os dois juntos, e o vazio, sim, o vazio existencial está justamente aí para nos ajudar, para nos alertar, para nos mostrar que está na hora de sair da psicomatrix de mentiras e ilusões, que precisamos respirar, caminhar, dar um abraço, rir, sorrir, tomar sol e não fazer nada para resgatar o fio da meada de nós mesmos esquecido lá no fundo do poço da alma debaixo da montanha de lixo emocional que acumulamos desde sempre.

O vazio é um estado-portal que tem o poder de nos reconectar a n ós mesmos; é entre, através e além dele que podemos resgatar nosso caminho perdido, nossa vontade adormecida, nossos sonhos soterrados e nossa criatividade embotada. O vazio é um canal de resgate, de reencontro de reparo e reconexão. Estar, aceitar, ficar e sustentar o vazio pode ser, no começo, desesperador, angustiante, ansiolítico e enlouquecedor, mas negá-lo, fugi-lo ou entupi-lo sistematicamente é a mais vil das traições, a traição a nós mesmos, ao nosso melhor futuro e ao fluxo natural de verdades que desliza silenciosamente em nós esbanjando beleza e sabedoria.

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill