1° Fator: Atenção Ativa — tipo especial de
vigilância intensa, embora relaxada, que pode ser descrita
como uma atitude
“Fala, que estou escutando”, como autorização total ou aceitação total de
minhas tendências, como vigilância ativa e precaução dirigida ao próprio surgimento do pensamento e das emoções. Trata-se de uma autorização-atenção ardente ao que é Agora, observando dentro e fora com olhos iguais. Levada
a efeito corretamente, essa atenção ativa redunda em:
2° Fator: Cessação — suspensão do pensamento, da conceituação, da
objetivação, da tagarelice mental. A “cessação”,
com efeito, é a suspensão do primeiro modo de conhecer, do conhecimento dualístico
e do mapa simbólico, que
finalmente distorce a Realidade. Em resumo,
esta é uma cessação do Dualismo
Primário. Uma suspensão do espaço,
do tempo, da forma e do dualismo
e, nessa condição, prevalece um
Silêncio mental completo. Isto é permanecer com o que é.
A condição de “permanecer” é o “estado
das coisas tais quais são”, o Silêncio, a Imobilidade, a
que chamaremos (segundo Huang Pó) “sentar num Bodhimandala”, ou seja, sentar num lugar
em que a imaginação pode irromper a qualquer
instante. Se a “cessação” for limpa e completa, reverterá em:
3° Fator: Percepção Passiva — visão especial
que é ver em nada. “Ver em nada
— é a verdadeira e a eterna visão.” Repetindo, essa percepção, essa visão,
não é um olhar para um simples
espaço em branco ou vácuo,
mas um olhar para nada de objetivo -
a pura percepção intemporal sem
o dualismo primário de
sujeito e objeto e, por isso, completa em si mesma, sem nada que lhe seja exterior nem objetivo. Porque nada está fora dela, ela opera sem esforço de espécie alguma, de um jeito completamente espontâneo, sem referência ao passado
ou ao futuro. Opera acima do espaço e do tempo no Agora absoluto, apontando para nada além de
si mesmo e não vendo
nada além de si mesmo. Em outras palavras, é
o segundo modo de conhecer, de conhecer tudo sem separação
de coisa nenhuma.
E um instante dessa percepção pura é a própria Mente. Quer o compreendamos, quer não, é sempre já o caso.
Ken Wilber