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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Um descondicionamento necessário

Em outras palavras, para atingir os limites da consciência cósmica, é necessário reviver os grandes conflitos da vida, reagir a eles, mantê-los no campo da consciência. Não se trata portanto, como se poderia acreditar, de obter estados transitórios ou fugazes de "paz interior", o que seria uma espécie de fuga aos nossos conflitos deixando-os sem solução; isto redundaria consequentemente ou na impossibilidade de se chegar ao estado de consciência cósmica, ou em se chegar cedo demais a isso e de não poder mais voltar. Não se trata, também, de se fazer acreditar que exista uma vida sem conflito; sendo o conflito próprio da energia, é, por consequência, próprio do homem. Trata-se, em Psicanálise, de aprender a vê-lo, a tomar uma certa distãncia para administrá-lo. Uma vez que a paz interior é uma resultante deste poder administrativo do ego é este poder por sua vez o início da experiência cósmica. A Psicanálise constitui, assim, uma das vias iniciais da experiência transpessoal. Tanto no plano teórico quanto no prático, Pasicanálise e Psicoterapia Transpessoal não poderão nunca — ou pelo menos não deveriam — se separar. Sem o preparao psicanalitico, a experiência transpessoal corre o risco de não se dar; sem a experiência transpessoal, numerosas psicanálises correm o risco de se tornarem intermináveis. 

Aspectos epistemológicos: Finalmente, no plano epsitemológico, trabalhos como o que acabo de apresentar, mostram-nos que é possível aceder a uma visão da realidade do vazio, da energia, do átomo, da célula e dos universos, sem o intermédio da ciência; existe, em nós mesmos, um poder de percepção direta desta realidade além do pensmento.

"Quando penso, não existo": O "Penso, logo existo" de Descartes se transforma em "Quando penso, não existo", ou ainda, "Para existir, tenho que parar de pensar". Isto não invalida, absolutamente, o pensamento científico; ao contrário, as linhas que acabamos de escrever, confirmam mais uma vez o que eu já afirmava no meu livro a Esfinge: É possível uma abordagem científica da experiência mística. Mas o que a experiência cósmica nos mostra é que a ciência não é a única via de acesso ao conhecimento. Ela coloca também em relevo a relatividade do conhecimento objetivo; não há nada de objetivo; tudo é subjetivo, mesmo a ciência, uma vez que é feita na escala de nossos cinco sentidos e, por conseguinte, de um nível muito limitado de consciência. A experiência cósmica consiste, justamente, no alargamento do campo da consciência. 

(...)

Morte e renascimento: Assim, a "noite", a morte do ego, as crises pelas quais passa a maioria dos grandes místicos são, na realidade, fases regressivas necessárias; é preciso que haja uma morte do ego para chegar a um renascimento numa outra dimensão, fora do tempo e do espaço; esta dimensão se encontra, acabamos de vê-lo, antes do nível energético. 

Pierre Weil em, As Fronteiras da Regressão - Editora Vozes

Relato de Derrame de Lucidez, por Karlfried Graf Durckheim

KARLFRIED GRAF DURCKHEIM

Experiência do SER (o período de Munique)

Com o fim do período militar iniciaram-se meus estudos. A atração pessoal exercida por Max Weber fez-me escolher inicialmente a economia política. Depois de algum tempo, uma mudança de cabeça orientou-me em direção à filosofia. A fenomenologia ocupava naquela época um lugar de destaque com os cursos de Alexandre Pfänder, aluno de Husserl. O primeiro curso tratava sobre a obra de Bergson A Evolução Criadora.

Os encontros que realizei durante os primeiros anos de estudos tiveram grande importância. Sobretudo aquele, decisivo, com minha futura esposa, Enja von Hattingberg. Graças a ela, entrei bastante cedo em contato com a psicanálise. Além disso, ela me aproximou de todo um círculo de amigos. Minha esposa era ligada, entre outros, à poetisa Elisabeth Schmidt-Pauly, a Rainer Maria Rilke, Richard Wilhelm, Wilhelm Otto, Ludwig Klages, Else Lasker-Schüler, Ferdinand Weinhandl, Otto Zopf. Entre todos eles, o desastre de 1918 havia despertado algo de novo. Reconheci depressa, eu também, que naqueles anos do pós-guerra minha preocupação era o problema de um homem novo, O impacto de um determinado acontecimento fez-me reconhecer nesta questão não apenas uma necessidade geral de nosso tempo, mas também a obrigação de fazer dela o centro de minha vida. Este acontecimento, para mim capital, foi também o primeiro encontro de meus vinte e quatro anos com Lao Tsé.

Isto se passou no ateliê do pintor Willi Geiger. Minha futura esposa, que era sua amiga, abriu ao acaso o Tao Te King, e começou a ler o décimo primeiro aforismo:

Trinta raios sustentam o eixo de uma roda
Mas é o vazio que há nele que cria a natureza da roda.
Os vasos são feitos de argila
Mas é o vazio que há neles que faz a natureza do vaso.

E aquilo foi inesperado. Enquanto o escutava, fui atingido por uma revelação súbita. O véu se rasgou: eu fora despertado. Eu havia experimentado aquilo. Todo o resto era e não obstante não era mais, era este mundo e ao mesmo tempo transparente para um outro. Eu mesmo também era e não era a um só tempo. Eu estava preenchido, capturado. Não obstante, completamente presente. Feliz e como que vazio de sentimentos, muito distante e todavia profundamente imerso nas coisas. Eu havia experimentado aquilo de um modo evidente, como o impacto de um raio, e claro, como um dia de sol; aquilo, que era totalmente incompreensível. A vida continuava, a vida de antes, e no entanto já náo era a mesma. Havia a espera dolorosa de mais “Ser”, uma promessa profundamente sentida. E ao mesmo tempo forças crescendo até o infinito e a aspiração no sentido de um compromisso – com o quê?

Esse estado excepcional durou o dia inteiro e uma parte da noite. Ele me marcou definitivamente. Eu vivenciara aquilo que através dos séculos testemunharam muitos homens, que em um momento qualquer de suas vidas tiveram essa experiência. Ela os atingiu como um relâmpago. Ela os ligou para
sempre à corrente da verdadeira vida. Ou antes, ela lhes tornou perceptível a fonte de uma grande felicidade e ao mesmo tempo de sofrimento que experimentamos quando essa corrente é interrompida. Mas é também uma experiência inseparável de um compromisso com a via interior. Repetida depois por várias vezes, embora com menos força, ela continua a servir de ponto de referência para indicar, para mim e para outros, a direção acertada de conhecimento e de trabalho.

Tudo o que encontrei desde então orienta-se na direção de um pé lo preciso. Que Mestre Eckhart tenha mais tarde entrado em minha vida não tem nada de surpreendente. Não me separei mais de seus tratados e de seus sermões. Seu conteúdo é uma espécie de eco multiplicado do grande apelo que ressoava dentro de mim. Ainda hoje, é suficiente uma única frase de Mestre Eckhart para que eu me sinta novamente penetrado por uma grande corrente. Eu percebo o mesmo tom, ainda que através de outros registros, em Rilke, em Nietzsche e sobretudo na primeira leitura dos escritos budistas. A doutrina de que a natureza do Buda está presente em cada homem, pareceu-me imediatamente evidente. Já naquele momento uma questão me preocupava: Mestre Eckhart, Lao Tsé, o Buda, a grande experiência que os havia atingido não era fundamentalmente a mesma?

Karlfried Graf Dürkheim, Pratique de I’experience,spiritueIle,
Éd. du Rocher, Monaco, s/d.

Extraído do Livro: Antologia do Êxtase - Editora Palas Athena
Para baixar arquivo deste livro em PDF, clique aqui

Relato de Derrame de Lucidez, por Denise Desjardins

DENISE DESJARDINS
Sétimo dia

Respiro profundamente com todo o meu fôlego. Meu diafragma se abre, se dilata cada vez mais. Aum ao expirar, tat ao inspirar completamente,1 em seguida um tempo de intervalo. Respirando assim, parece-me, com o aum, criar a manifestação, que com o tat retorna a mim e torna-se novamente o não-manifesto, o vazio. Depois é uma passagem de um vazio a um outro vazio, e eu mergulho no interior desse centro, um pouco à direita do peito. E um abismo não delimitado, a tranqüilidade do fundo dos mares, uma noite que nada vem interromper, sem começo e sem fim.

Não há palavras para descrever esta grandeza sem medida, onde não existe mais nem tu nem eu, mas uma ampla plenitude, em mim, que não é mais eu, que não está nem no exterior nem no interior.

Esta respiração continua. Com o aum, sinto-me devolver toda dificuldade, todo pensamento, como a maré que quando se retira varre tudo o que está sobre a praia, conduzindo o mais ao longe. Assim me abandonam meu desespero, Iryamani, meu filho, minha mãe e meu pai.

Tudo se desvanece e se apaga como fantasmas irreais, inúteis e incômodos, sombras sem consistência levadas pelo aum de minha respiração.

Somente permanece este maravilhoso vazio tecido de plenitude. Meu corpo também está fluido, leve, aéreo; apenas fumaça sem densidade, uma sombra que se desloca como uma nuvem no ar. Ele pode-se movimentar sem movimento, em todos os sentidos, levantar-se sem esforço, sem dificuldade. Eu o percebo fora de mim, dentro desta perspectiva informal. Ele é inconsistente, desencarnado. Em que ele me concerne? Ele não tem nada de mim, de eu. Aboliu-se a distinção entre o que está em mim e fora de mim.
Apenas uma ampla vacuidade onde se desloca um fantasma de corpo evanescente, irreal, que se apaga e desaparece.

O Nada que contém todas as coisas.
O Vazio que é plenitude.
Somente É.



Denise Desjardins, De Naissance em naissance - Témoignage sur une vie antérieure, La Table Ronde, Paris, 1977.
______________
1. É o inverso da Respiração que Shariputra realizava habitualmente.

Relato de Derrame de Lucidez, por Sigmund Freud

SIGMUND FREUD
Comentário de uma carta de Romain Rolland

... Existem certos homens que não contam com a admiração de seus contemporâneos, embora a grandeza deles repouse em atributos e realizações completamente estranhos aos objetivos e aos ideais da multidão. Facilmente, poder-se-ia ficar inclinado a supor que, no final das contas, apenas uma minoria aprecia esses grandes homens, ao passo que a maioria pouco se importa com eles. Contudo, devido não só às discrepâncias existentes entre os pensamentos das pessoas e as suas ações, como também à diversidade de seus impulsos plenos de desejo, as coisas provavelmente não são tão simples assim.

Um desses seres excepcionais refere-se a si mesmo como meu amigo nas cartas que me remete. Enviei-lhe o meu pequeno livro que trata a religião como sendo uma ilusão, e ele me respondeu que concordava inteiramente com esse meu juízo, lamentando, porém, que eu não tivesse apreciado corretamente a verdadeira fonte da religiosidade. Esta, diz ele, consiste num sentimento peculiar, que ele mesmo jamais deixou de ter presente em si, que encontra confirmado por muitos outros e que pode imaginar atuante em milhões de pessoas. Trata-se de um sentimento que ele gostaria de designar como uma sensação de “eternidade”, um sentimento de algo ilimitado, sem fronteiras - “oceânico”, por assim dizer. Esse sentimento, acrescenta, configura um fato puramente subjetivo, não um artigo de fé; não traz consigo qualquer garantia de imortalidade pessoal, mas constitui a fonte da energia religiosa de que se apoderam as diversas igrejas e sistemas religiosos, é por eles veiculado para canais específicos e, indubitavelmente, também por eles exaurido. Acredita ele que uma pessoa, embora rejeite toda crença e toda ilusão, pode corretamente chamar-se a si mesma de religiosa com fundamento apenas nesse sentimento oceânico.

As opiniões expressas por esse amigo que tanto respeito, e que outrora já louvara a magia da ilusão num poema, causaram-me não pequena dificuldade. Não consigo descobrir em mim esse sentimento “oceânico”. Não é fácil lidar cientificamente com sentimentos. Pode-se tentar descrever os seus sinais fisiológicos. Onde isso não é possível – e temo que também o sentimento oceânico desafie esse tipo de caracterização –, nada resta senão cair no conteúdo ideacional que, de forma mais imediata, está associado ao sentimento. Se compreendi corretamente o meu amigo, ele quer significar, com esse sentimento, a mesma coisa que o consolo oferecido por um dramaturgo original e um tanto excêntrico ao seu herói que enfrenta uma morte auto infligida: “Não podemos pular para fora deste mundo”. Isso equivale a dizer que se trata do sentimento de um vínculo indissolúvel, de ser uno com o mundo externo como um todo. Posso observar que, para mim, isto parece, antes, algo da natureza de uma percepção intelectual, que na verdade pode vir acompanhada de um tom de sentimento, embora apenas da forma como este se acharia presente em qualquer outro ato de pensamento de igual alcance. Segundo minha própria experiência, não consegui convencer-me da natureza primária desse sentimento; isso, porém, não me dá o direito de negar que ele de fato ocorra em outras pessoas. A única questão consiste em verificar se está sendo corretamente interpretado e se deve ser encarado como a fons et origo de toda a necessidade de religião.

Nada tenho a sugerir que possa exercer influência decisiva na solução desse problema. A idéia de os homens receberem uma indicação de sua vinculação com o mundo que o cerca por meio de um sentimento imediato que, desde o início, é dirigido para esse fim, soa de modo tão estranho e se ajusta tão mal ao contexto de nossa psicologia, que se torna justificável a tentativa de descobrir uma explicação psicanalítica – isto é, genética – para esse sentimento.

... Não consigo pensar em nenhuma necessidade da infância tão intensa quanto a da proteção de um pai. Dessa maneira, o papel desempenhado pelosentimento oceânico, que poderia buscar algo como a restauração do narcisismo ilimitado, é deslocado de um lugar em primeiro plano. A origem da atitude religiosa pode ser remontada, em linhas muito claras, até o sentimento de desamparo infantil. Pode haver algo mais por trás disso, mas, presentemente ainda está envolto em obscuridade.

Posso imaginar que o sentimento oceânico se tenha vinculado à religião posteriormente. A “unidade com o universo”, que constitui seu conteúdo ideacional, soa como uma primeira tentativa de consolação religiosa, como se configurasse uma outra maneira de rejeitar o perigo que o ego reconhece a ameaçá-lo a partir do mundo externo. Permitam-me admitir mais uma vez que para mim émuito difícil trabalhar com essas quantidades quase intangíveis. Outro amigo meu, cuja insaciável vontade de saber o levou a realizar as experiências mais inusitadas, acabando por lhe dar um conhecimento enciclopédico, assegurou-me que, através das práticas de ioga, pelo afastamento do mundo, pela fixação da atenção nas funções corporais e por métodos peculiares de respiração, uma pessoa pode de fato evocar em si mesma novas sensaçoes e cenestesias, consideradas estas como regressóes a estados primordiais da mente que há muito tempo foram recobertos. Ele vê nesses estados uma base, por assim dizer fisiológica, de grande parte da sabedoria do misticismo. Não seria difícil descobrir aqui vinculações com certo número de obscuras modificações da vida mental, tais como os transes e os êxtases. Contudo, sou levado a exclamar, como nas palavras do mergulhador de Schiller:

...Es freue e sich,
Wer da atmet im rosigten Licht!
[Regozije-se aquele que aqui em cima respira, na rósea luz! Schiller, Der Taucher.]

Sigmund Freud, O Mal-Estar na Civilização in Freud, coleção Os Pensadores, Abril Cultural, São Paulo, 1978, pp. 131-132, 137-138.

Relato de Derrame de Lucidez, por Fritjof Capra

FRITJOF CAPRA

Há cinco anos experimentei algo de muito belo, que me levou a percorrer o caminho que acabaria por resultar neste livro. Eu estava sentado na praia, ao cair de uma tarde de verão, e observava o movimento das ondas, sentindo ao mesmo tempo o ritmo de minha própria respiração. Nesse momento, de súbito, apercebi-me intensamente do ambiente que me cercava: este se me afigurava como se participasse de uma gigantesca dança cósmica. Como físico, eu sabia que a areia, as rochas, a água e o ar a meu redor eram feitos de moléculas e átomos em vibração e que tais moléculas e átomos, por seu turno, consistiam em partículas que interagiam entre si através da criação e da destruição de outras partículas. Sabia também que a atmosfera da Terra era permanentemente bombardeada por chuvas de “raios cósmicos”, partículas de alta energia e que sofriam múltiplas colisões à medida que penetravam na atmosfera. Tudo isso me era familiar em razão de minha pesquisa em Física de alta energia; até aquele momento, porém, tudo isso me chegara apenas através de gráficos, diagramas e teorias matemáticas. Sentado na praia, senti que minhas experiências anteriores adquiriam vida. Assim, “vi” cascatas de energia cósmica, provenientes do espaço exterior, cascatas nas quais, em pulsações rítmicas, partículas eram criadas e destruídas. “Vi” os átomos dos elementos – bem como aqueles pertencentes a meu próprio corpo – participarem desta dança cósmica de energia. Senti o seu ritmo e “ouvi” o seu som. Nesse momento compreendi que se tratava da Dança de Shiva, o Senhor dos dançarmos, adorado pelos hindus.

Esse momento foi seguido por inúmeras outras experiências semelhantes que me auxiliaram, gradativamente, a compreender que começa a emergir – da Física moderna, em harmonia com a anliga sabedoria oriental – uma nova e consistente visão de mundo.

Fritjof Capra, O Tao da Física, Editora Cultrix, São Paulo, 1988, pp. 13-14.

Relato de Derrame de Lucidez, por Richard Maurice Bucke

RICHARD MAURICE BUCKE

... Eu me achava num estado de tranqüilo aprazimento, quase passivo, sem realmente pensar, mas deixando que as idéias, imagens e emoções fluíssem por si mesmas, por assim dizer, através da minha mente. Súbito, sem aviso de espécie alguma, vi-me envolto numa nuvem cor de chamas. Por um instante pensei em fogo, numa imensa conflagração em algum lugar, perto dali, na grande cidade; mas em seguida percebi que o fogo estava dentro de mim. Acudiu-me de pronto um sentido de exultação, de imensa alegria, acompanhado ou imediatamente seguido de uma iluminação intelectual, impossível de descrever. Entre outras coisas, não somente vim a acreditar, senão vi que o universo não se compõe de matéria morta mas, pelo contrário, de uma Presença viva; tomei-me cônscio, em mim mesmo, da vida eterna. Não era a convicção de que eu possuiria a vida eterna, mas a consciência de que já a possuía; vi que todos os homens são imortais; que a ordem cósmica é de tal natureza que, sem qualquer dúvida, todas as coisas trabalham juntas pelo bem de cada um e de todos; que o princípio fundamental do mundo, de todos os mundos, é o que chamamos amor, e que a felicidade de cada um e de todos, afinal de contas, é absolutamente certa. A visão durou uns poucos segundos e desapareceu; mas sua lembrança e o sentido da realidade do que ensinou permaneceu durante o quarto de século que transcorreu depois disso. Conheci que era verdadeiro o que a visão mostrava. Eu atingira uma perspectiva da qual via que ela só podia ser verdadeira. Essa perspectiva, essa convicção, posso dizer essa consciência, nunca, nem mesmo durante os períodos da mais profunda depressão, se perdeu.

Citação extraída de um texto que precedeu o livro clássico de Bucke, Cosmic Consciousness, Filadéltla, 1961. Também se encontra na obra de William James, As Variedades da Experiência Reigiosa, Editora Cultrix, São Paulo, 1991, pp. 249-250.

Testemunhos de Despertar Espiritual, de Derrame de Lucidez

TESTEMUNHOS ANÔNIMOS
CITADOS POR AIMÉE ANDRÉ

Algumas pessoas experimentaram e perceberam em sua carne, em plena consciência, sem drogas ou demência, um estalo, um raio de luz inesperado.

Lembro-me de duas mulheres que, há algum tempo, contaram-me o fato. Uma era protestante, a outra, krishnamurtiana. Poderia eu, sem reservas, contá-lo também?

Não se trata absolutamente de desnudar uma alma, mas simplesmente de relatar a visita de Deus.


Diante de um ser amado, que sofria sem esperança, a primeira gritou, cem aquela violência dos que amam a Deus mas não o sabem: “Pai, se tu existes, este é o momento de Te manifestares. Cura minha mãe”.

E eis qual foi a experiência – o mundo era o mundo, tornado transparente. Todos os seres e todas as coisas eram feitos de matéria translúcida e viva, luminosa. Um Ser sem estrutura corporal tangível habitava a matéria da qual somos tecidos. Este Ser era Amor com uma tal evidência, que as lágrimas escorriam por seu rosto extasiado.

A fé dos primeiros anos, desaparecida por algum tempo, retornava, visível, na percepão da presença de um Ser inefável que não podia ser nomeado.

Nos dias que se seguiram, um novo tratamento curou a doente... A amiga que me contou esta experiência retomou iniediatamente o caminho da Igreja, e consagrou sua vida ao serviço de Deus.

A outra mulher jamais freqüentara um templo... Sua experiência foi espontânea, indescritível, sem qualquer pedido especial, e aconteceu em um ônibus. Ela acabara de passar pelo cobrador e de pagar a tarifa. Sentou-se normalmente e, de súbito, o mundo asalou diante de sua consciência.

As palavras que ela empregou quando me relatou a história eram, com pouca diferença, as mesmas que haviam sido utilizadas pela mulher anterior:

Mundo de transparência
Matéria e Presença
Vibrações luminosas
Amor que se propaga
Certeza, Evidência
O Mundo é o corpo de Deus
Cada um é Seu átomo, infinito e precioso.

Em nenhum momento ela perdeu o sentido das coisas. Conseguiu descer do ônihus a tempo, à sua parada. De pé na calçada, encostada a um plátano, ela soluçava de alegria, inundada por suas lágrimas, resistindo ao desejo de ajoelhar-se, beijar a calçada ou o menor dos seixos habitados pelo Espírito, animados pelo Pai, Energia e Presença e doce e Absoluto.

Aimée André, Approche d’une vie intérieure, D 3, Genebra, 1982.

Extraído do Livro: Antologia do Êxtase - Editora Palas Athena
Para baixar arquivo deste livro em PDF, clique aqui

sábado, 16 de junho de 2012

Derrame de "Lucidez", no filme "Energia Pura"

Preste muita atenção no testemunho do professor e também na fala do policial que recebeu o "chute psíquico" e que desperta para a insanidade de seu modo de viver...


Derrame de "Lucidez", no filme "Contato"







terça-feira, 12 de junho de 2012

Derrame de "Lucidez", no filme "Buraco Branco no Tempo"

O filme baseado no livro "O buraco branco no tempo", no qual o físico Peter Russel, numa linguagem acessível, mostra porque a atual crise da humanidade é, na verdade, uma crise de percepção, e chama a atenção para o ritmo vertiginoso da atual evolução tecnológica. Podemos, neste momento, estar à beira de um decisivo salto de compreensão a respeito do tempo e de nós mesmos.

As idéias deste livro inquietante vão além de muitas compreensões padronizadas que temos a respeito da vida. Elas nos levam a pensar sobre o tempo de uma forma diferente e nos faz exercitar uma nova maneira de nos percebermos, como espécie, dentro do contexto da evolução e do Cosmos.



Derrame de "Lucidez", no filme "Fernão Capelo Gaivota"



É possível viver com total Lucidez?

Derrame de Lucidez ou transtorno bipolar?

Percebam, caros fratersnos despertos confrades, o porque de insistirmos tanto quanto a importância de desenvolver uma escuta e olhar onìrico, noético, poético para compreender isso que aqui falamos e que a limitação das palavras, impede a livre expressão e comunicação. Colocamos aqui só um desses vídos mas incentivamos a escuta de todos os demais vídeos desse trabalho abaixo.

Derrame de "Lucidez", na poesia de Clarice Lispector



A Lucidez Perigosa — Clarice Lispector

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.

Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade
- essa clareza de realidade
é um risco.

Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.

Derrame de "Lucidez", no filme "Rede de Intrigas"

Depoimento do "Despertar", por Jill Taylor





Depoimento do "Despertar", por Jim Carrey


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill