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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Existe, além do símbolo, além da palavra, algo real, verdadeiro, sagrado?

Talvez valesse a pena perder um pouco de tempo tentando descobrir se a vida tem algum sentido. Não a vida que levamos, pois a vida moderna tem muito pouco significado. Conferimos à vida um sentido intelectual, um significado teórico, cerebral, teológico ou (se nos for permitido usar esse termo) místico; tentamos — como fazem alguns escritores em meio ao desespero de sua existência amargurada — extrair-lhe um significado profundo, inventando uma razão séria, relevante, lógica. E, a mim me parece, que valeria muito a pena, se pudéssemos descobrir por nós mesmos, não racional ou emocionalmente, mas realmente, efetivamente, se existe na vida algo verdadeiramente sagrado. Não as elucubrações mentais que imprimiram um senso de santidade à vida, mas se tal coisa, em verdade, existe. Porque, segundo observamos tanto nas páginas da história como no dia-a-dia, nessa busca, nessa vida que levamos — de negócios, competição, desespero, solidão, ansiedade, destruição, derivado de guerras, de ódios — a vida em si tem muito pouco sentido. Podemos viver setenta anos, despendendo quarenta ou cincoenta dentro de um escritório, às volta com a rotina, o tédio e a solidão, disso tudo que tem muito pouco sentido. Compreendendo isso, tanto no Oriente como aqui, no Ocidente, passamos a dar significado e valor a um símbolo, a uma idéia, a um Deus — que constituem, obviamente, invenções da mente. Propagaram no Oriente que a vida é uma só: não mate; que Deus está presente em todo ser humano: não destrua. Mas, no instante seguinte destroem-se mutuamente por meio de palavras, de atos, de negociatas, de forma que essa idéia de que a vida é única, essa idéia de sacralidade da vida, significa muito pouco.

Também no Ocidente, vendo-se a vida como ela realmente é — a brutalidade, a agressividade, a impiedosa competição da vida cotidiana — passou-se a dar significado a um símbolo. Esses símbolos, sobre os quais se alicerçam todas as religiões, são considerados muito sagrados. Isto é, teólogos, padres, santos que tiveram suas próprias experiências, deram significados à vida e nós nos aferramos a esses significados devido ao nosso desespero, a nossa solidão, a nossa rotina diária, de tão pouco sentido. E se pudéssemos pôr de lado todos os símbolos, todas as imagens, idéias e crenças que construímos ao longo dos séculos e os quais conferimos um senso de sacralidade, se pudéssemos, realmente, nos descondicionar de todas essas estranhas invenções, então teríamos, talvez, condições de perguntar-nos, efetivamente, se existe algo verdadeiro, santificado ou sagrado. Porque é isso que o homem tem procurado no meio de todo esse torvelinho, desespero, senso de culpa e morte. O homem, sob as mais variadas formas, sempre perseguiu essa sensação de que deve existir algo além do transitório, além do fluxo do tempo. Poderíamos dedicar algum tempo a essa probabilidade, tentando descobrir por nós mesmos se tal coisa existe? Não, porém, aquilo que você deseja — Deus, uma idéia ou um símbolo. Podemos, realmente, nos livrar de tudo isso e depois descobrir?

A palavra é apenas um meio de comunicação; a palavra não é a coisa real. A palavra, o símbolo, não é realidade e, quando caímos nas malhas da palavra, fica muito difícil desembaraçar-nos dos símbolos, dos verbetes, das idéias que na verdade impedem a percepção. Embora precisamos servir-nos da palavra, a palavra não é o fato. De forma que, se estivermos conscientes, prevenidos, de que a palavra não é o fato, teremos condições de começar a penetrar, em profundidade, nessa questão. Isto é, o homem, devido a sua solidão e ao seu desespero, sacralizou uma idéia, uma imagem moldada pela mão ou pela mente. Essa imagem veio a tornar-se extraordinariamente importante para cristãos, hindus, budistas, além de outros, que imprimiram a essa imagem o senso de sacralidade. Podemos pô-la de lado — não verbalmente, não teoricamente, mas afastá-la realmente — ver completamente a futilidade de tal procedimento? Estamos, então, em condições de começar a indagar. Mas não há ninguém para responder, porque qualquer pergunta fundamental que façamos a nós mesmos não pode, realmente, ser respondida por ninguém e muito menos por nós mesmos. O que podemos fazer é colocar a questão e deixá-la cozinhar em fogo brando, ferver — e entrar em ebulição. E precisamos ter a capacidade de persegui-la até o fim. O que indagamos é isto: se existe, além do símbolo, além da palavra, algo real, verdadeiro, absolutamente sagrado em si mesmo.

Krishnamurti - Londres, 30 de setembro de 1967

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill