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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Krishnamurti - Deus não é a palavra que você usa

Interrogante: O senhor nunca menciona Deus. Ele não tem lugar nos seus ensinamentos?
Krishnamurti: Você fala muito a respeito de Deus, não fala? Seus livros estão cheios Dele. Você constrói igrejas, templos, faz sacrifícios, pratica rituais, celebra cerimônias e tem uma porção de idéias a respeito de Deus, não tem? Você repete a palavra, mas seus atos não são divinos, são? Embora você venere aquilo que chama de Deus, seu comportamento, suas idéias, sua existência não são divinos, são? Embora você repita a palavra Deus, você explora os outros, não explora? Você tem seus deuses — hindus, maometanos, cristãos e todos os demais. Você constrói templos e quanto mais rico fica, mais templos constrói (risos). Não riam, vocês fariam o mesmo — só que ainda estão tentando ficar ricos — essa é a verdade.
De forma que você está familiarizado com Deus, pelo menos com a palavra Deus ou uma outra palavra qualquer, mas Deus não é a palavra que você usa. O fato de você usá-la não significa que você conheça Deus; você apenas conhece a palavra. Eu não uso essa palavra pela simples razão de que você a conhece. O que você conhece não é o real. E, além disso, para encontrar a realidade, todas as murmurações verbais da mente devem cessar, não devem? Você constrói imagens de Deus, mas essas imagens não são Deus, claro. Como você pode conhecer Deus? Obviamente, não através de uma imagem, não através de um templo. Para hospedar Deus, o não-conhecido, a mente precisa ser o não-conhecido. Se você parte no encalço de Deus, então você já conhece Deus, você conhece o objetivo. Você sabe o que está perseguindo, não é mesmo? Se você busca a Deus, você deve saber o que é deus, do contrário não o estaria buscando, não é mesmo? Você o busca ou de acordo com seus livros, ou de acordo com seus sentimentos e seus sentimentos não passam de resposta da memória. Portanto, aquilo que você busca já está criado ou por intermédio da memória ou da tradição e aquilo que é criado não é eterno — é produto da mente. Se não existissem livros, se não existissem gurus, se não existissem fórmulas para serem repetidas, você só conheceria a tristeza e a alegria, não é? — tristeza constante e raros momentos de alegria. E então você gostaria de saber por que sofre. Você não poderia se amparar em Deus — mas, provavelmente, enfrentaria outras formas de proteção, e logo inventaria deuses como uma saída. Mas se você quer realmente entender todo o processo do sofrimento, como um novo homem, como um outro homem, indagando e não fugindo, então você se libertará da tristeza, e então descobrirá o que é a realidade, o que é Deus. Porém, um homem infeliz não pode encontrar Deus ou a realidade; a realidade só pode ser encontrada quando cessa o sofrimento, quando reina a alegria, não como um contraste, não como um oposto, mas como um estado de existir no qual não existem opostos.
De forma que o não-conhecido, aquilo que não é criado pela mente, não pode ser formulado pela mente. O não-conhecido não pode ser pensado. A partir do momento que você pensa a respeito do não-conhecido, o não-conhecido já se transformou em conhecido. Claro que você não pode pensar a respeito do não-conhecido, pode? Você só pode pensar a respeito do conhecido. O pensamento se move do conhecido para o conhecido; e o conhecido não é a realidade, é?  Portanto, quando você pensa e medita, quando você se concentra e pensa em Deus, você somente pensa a respeito do que é conhecido e o que é conhecido faz parte do tempo; está emaranhado na rede do tempo e, por conseguinte, não é o real. A realidade só se concretiza quando a mente se liberta das malhas do tempo. Quando a mente deixa de criar, nasce a criação. Isto é, a mente precisa estar absolutamente quieta, mas não devido a uma quietude induzida, hipnotizada, que representa apenas um resultado. Tentar chegar à quietude para experienciar a realidade é uma outra forma de fuga. Só existe silêncio quando cessam todos os problemas. Como é calmo o lago quando cessa a brisa, assim a mente se torna naturalmente quieta quando o agitador, o pensador para. Para acabar com o pensador, todos os pensamentos que ele arquiteta devem acabar. De nada adianta construir uma barreira, uma resistência contra o pensamento, porque os pensamentos é que devem acabar.
Quando a mente está quieta, a realidade, o indescritível, se concretiza. Você não pode convidá-la. Para convidá-la, você precisa conhecê-la e o conhecido não é o real. De forma que a mente precisa ser simples, livre de crenças, de ideações. E, quando há quietude, quando não existe nem desejo, nem ansiedade, quando a mente está absolutamente tranquila, dentro de uma tranquilidade que não é induzida, então, a realidade chega.  E essa verdade, essa realidade, é o único agente transformador; é o único fator que acarreta uma revolução radical, fundamental na existência, em nossa vida diária. E encontrar essa realidade não é procurá-la, mas entender os fatores que agitam a mente, que perturbam a própria mente. Então a mente se torna simples, quieta, tranquila. Nessa tranquilidade o não-conhecido, o incognoscível se concretiza. E, quando isso acontece, é uma benção. 
Krishnamurti — Bombaim, 8/02/1948 — Collected Works of J. Krishnamurti

(...)


Interrogante: Fale-nos de Deus. 
Krishnamurti: Em vez de eu lhes dizer o que é Deus, vamos ver se vocês podem conceber esse estado maravilhoso, não no amanhã ou num futuro distante, mas agora, neste momento que estamos aqui tranquilamente reunidos. Claro que isso é muito mais importante. Mas, para descobrir deus, todas as crenças devem ser abolidas. A mente que poderia descobrir o que é a verdade, não pode acreditar na verdade, não pode formular teorias ou hipóteses a respeito de Deus. Por favor, prestem atenção. Vocês formulam hipóteses, vocês têm crenças, vocês têm dogmas, estão chios de conjecturas. Pelo fato de terem lido este ou aquele livro a respeito do que é a verdade ou do que é Deus, suas mentes estão espantosamente inquietas. Uma mente cheia de conhecimentos é inquieta; é intranquila, está apenas sobrecarregada e carga pura e simples não é sinal de uma mente tranquila. Quando a mente está cheia de crenças, acreditando ou não se Deus existe, ela está sobrecarregada e uma mente sobrecarregada não pode jamais descobrir o que é a verdade. Para descobrir a verdade, a mente precisa estar livre, livre de rituais, de crenças, de dogmas, de conhecimento e de experiência. Somente então ela poderá compreender o que é a verdade. Pelo fato de tal mente estar quieta, ela não mais realiza o movimento de entrar ou o movimento de sair, que é o movimento do desejo. Ela não possui desejos reprimidos, o que é energia. pelo contrário, para que a mente esteja quieta é preciso haver uma grande quantidade de energia; mas não pode haver pleno desenvolvimento ou abundância de energia se existir qualquer forma de movimento para fora e, por conseguinte, de movimento para dentro. Quando tudo isso tiver serenado, a mente se aquietará.
Eu não estou tentando hipnotizá-los para que vocês fiquem quietos, para que vocês se calem. Vocês mesmo precisam reconhecer a importância de abandonar, de afastar sem esforço, sem resistência, todo o acúmulo de séculos, de supertições, de conhecimentos, de crenças; precisam reconhecer que qualquer forma de carga torna a mente inquieta, dissipa energia. Para a mente estar quieta é preciso haver energia em abundância, e essa energia precisa estar tranquila. E se vocês chegarem realmente a esse estado no qual não existe esforço, então constatarão que a energia, estando imóvel, possui seu próprio movimento, o qual não resulta das pressões ou compulsões sociais. Pelo fato de a mente possuir uma energia abundante, imóvel e silenciosa, a própria mente se transforma naquilo que é sublime. Não existe experimentador do sublime: não existe alguém que diga "eu experimentei a realidade". Enquanto houver um experimentador, a realidade não pode existir, porque o experimentador equivale ao movimento de angariar experiência e de acabar com a experiência. De forma que é preciso que o experimentador deixe totalmente de existir.
Atentem simplesmente a isto. Não façam nenhum esforço, apenas compreendam que o experimentador tem de chegar ao fim. É preciso que ocorra a cessação total de todo esse movimento e isso demanda, não a supressão da energia, mas uma energia espantosa. Quando a mente estiver completamente quieta, calada, isto é, quando a energia não estiver sendo nem dissipada nem distorcida por obra da disciplina, essa energia se transformará em amor e o real não estará apartado da própria energia.

Krishnamurti — Bombaim, 27/02/1955 — Collected Works of J. Krishnamurti
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill