Consciente ou inconscientemente nos recusamos a ver a essencialidade de estar passivamente consciente porque de fato não queremos deixar nossos problemas; pois o que seríamos sem eles? Nós antes nos prenderíamos a algo que conhecemos, embora doloroso, do que nos arriscaríamos na busca de algo que quem sabe aonde nos levaria. Com os problemas, pelo menos, estamos familiarizados; mas o pensamento de ir ao encalço do causador deles, não sabendo aonde nos levará, cria em nós medo e estupidez. A mente estaria perdida sem o aborrecimento dos problemas; ela se alimenta de problemas, sejam eles problemas do mundo ou da cozinha, políticos ou pessoais, religiosos ou ideológicos assim, nossos problemas nos fazem limitados e insignificantes. Uma mente que está consumida pelos problemas do mundo é tão insignificante quanto a mente que se preocupa com o progresso espiritual que está fazendo. Os problemas sobrecarregam a mente com medo, pois problemas reforçam o ego, o “eu” e o “meu”. Sem problemas, sem aquisições e fracassos, o ego não existe.
J. Krishnamurti- Commentaries on Living, Series I, Chapter 49, Problems and Escapes.