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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Relato sobre o estado de consciência elevado e ampliado

Como a transformação de meu estado de consciência é a particularidade mais importante de minha experiência, aquela sobre a qual desejaria chamar a atenção, devido à extensão incalculável de seus resultados, é necessário que eu me estenda um pouco mais sobre esta modificação extraordinária, que durante muito tempo considerei como uma anomalia ou uma ilusão.

O estado de consciência elevado e ampliado, permeado por uma indizível felicidade de ordem supraterrestre, o qual experimentei quando da primeira manifestação da serpente de fogo em mim, era um fenômeno interior, de natureza subjetiva, indicando uma expansão do campo de consciência, ou do eu conhecedor, sem forma, Invisível e infinitamente sutil. Em o observador dentro do corpo, sempre além de qualquer exame, impossível de definir ou descrever. A partir da unidade de consciência que eu era originalmente, dominada pelo ego, e à qual eu estava habituado desde a infância, eu me expandia repentinamente em um círculo de consciência resplandecente, que se alargava cada vez mais, até que um máximo fosse atingido: o “eu” continuava a ser o que sempre fora, mas em lugar de uma unidade constrangedora, limitadora, ele próprio estava agora cercado de uma esfera de consciência luminosa de grandes dimensões. À falta de melhor comparação, eu diria que de minúsculo clarão que era, a consciência em mim se tornara um vasto lago de luz irradiante; o “eu”, completamente imerso nesse lago, tinha ao mesmo tempo pleno conhecimento do volume beatificamente resplandecente da consciência ao redor, tanto próxima quanto longínqua. Para ser mais preciso, havia a consciência do "eu" ao mesmo tempo que um campo de consciência de vasta expansão, existindo simultaneamente, distintos e, no entanto, sendo apenas um.

Este fenômeno notável, indelevelmente impresso em minha memória, tão real que dele me recordo da mesma maneira que quando ele se produziu, não tornou a se repetir em todo o seu esplendor original senão muito tempo depois. Durante as semanas e os meses penosos que se seguiram, não houve nenhuma semelhança entre minha experiência inicial e as condições mentais extremamente perturbadas que vivi, com exceção do fato de que eu estava dolorosamente consciente de que ocorrera uma expansão, de uma maneira ou de outra, produzida naquilo que constitua a área de minha consciência, e que ela estava sujeita com freqüência a contrações parciais.

Quando de minha vinda para Jammu, eu havia recobrado meu equilíbrio mental e, ao cabo de pouco tempo, fui plenamente restituído a mim mesmo, com todos os meus traços individuais e as minhas particularidades. Mas a incontestável modificação em minha faculdade cognitiva – que eu havia notado depois de certo tempo e que me era constantemente lembrada quando contemplava um objeto exterior ou uma imagem mental interior – não sofreu nenhuma mudança. O único fato novo é que, à medida que o tempo passava, o círculo luminoso em minha cabeça se tornava cada vez maior, em graus imperceptíveis, com um aumento correspondente à expansão da consciência. Não havia dúvida alguma de que agora olhava o universo com a ajuda de uma superfície mental notavelmente ampliada, e que, por conseguinte, a imagem do mundo que eu percebia era refletida por uma superfície maior que aquela que provem meu espírito durante todos os anos desde minha infância até o momento de minha visão extática. A capacidade da esfera de minha consciência, sem dúvida alguma, havia aumentado, pois eu não podia me equivocar a respeito de um fato que eu constatava continuamente durante o estado desperto.

O fenômeno era tão estranho e tão fora do comum que estava convencido de que seria inútil buscar o exemplo de um caso análogo, mesmo se a insólita transformação fosse devida à ação do despertar da kundatini e não a uma singular anomalia que afetasse apenas a mim. Compreendendo também a futilidade de querer revelar a outrem essa evolução inteiramente fora do comum e mau dita, eu a conservava estritamente em segredo, e não disse nada, mesmo àqueles que me eram intimamente próximos. Como meu estado físico e mental não me causava mais nenhum mal estar, com exceção do fato de que apresentava essa inexplicável particularidade, deixei pouco a pouco de me preocupar com ele.

Conforme já expliquei ... nos estados iniciais de minha experiência dir-se-ia que observava o mundo através de uma bruma mental, ou, para ser mais claro, como se uma fina camada de poeira, extremamente fina, estivesse suspensa entre mim e os objetos percebidos. Não era um defeito ótico, pois minha visão estava mais penetrante do que nunca e a bruma parecia envolver não os objetos sensoriais, mas os órgãos perceptivos. A poeira estava sobre o espelho consciente que refletia a imagem dos objetos. Dir-se-ia que os objetos percebidos eram vistos através de um meio esbranquiçado, que os fazia parecer como se uma película uniforme e muito fina de pó de giz os cobrisse, sem baralhar nem de leve seu contorno, nem velar a cor normal própria de cada um. Essa película estava suspensa entre mim e o céu, os galhos e as folhas das árvores, a grama verde, as casas, as ruas pavimentadas, as roupas e os rostos das pessoas, emprestando a todos uma aparência esbranquiçada; era exatamente como se o centro de consciência em mim – que interpretava as impressões sensoriais – operasse agora através de um meio branco, que necessitava ser ainda mais refinado e purificado para se tornar de todo transparente.

Tal como no fenômeno de ampliação das imagens visuais, eu estava totalmente desorientado e não encontrava uma explicação satisfatória para a aparência esbranquiçada dos objetos percebidos. Nenhuma mudança de tempo, lugar ou condições atmosférica exercia qualquer efeito sobre casa transformação. Ela era tão evidente à luz das lâmpadas quanto ao sol, tão sensível sob a clara luz da manhã quanto sob o crepúsculo. De fato, a mudança era interior e não era afetada pelas variações de influências externas. Perplexo e permanecendo calado, continuei passando os dias e as noites em Jammu a ocupar-me de meus deveres e a aplicar-me às minhas tarefas como faziam todos os outros. A única razão plausível que eu podia entrever naquela mudança em minha faculdade cognitiva era esta: o princípio que anima o corpo e reside nele, agora fazia funcionar esse mecanismo através de um meio vital modificado; este conduzia a uma modificação na qualidade e no comportamento das correntes nervosas que comandam as funções dos órgãos, assim como na qualidade das impressões sensoriais e de sua interpretação pelo espírito observador. Mas tudo o que acontecera e que ainda acontecia era de tal forma despido de precedentes e inacreditável, que eu me sentia mais à vontade em mim mesmo, tratando tudo aquilo como uma anomalia, do que considerando o como um crescimento natural governado por leis biológicas – o que ao final viria a se confirmar.

Desta maneira, preso de dúvidas e inquietude, eu continuava a passar meu tempo em diversas atividades, até certo dia ensolarado em que estava a caminho de meu escritório: eu olhava ao acaso a fachada do Palácio Rajgarh, no qual estão instaladas as repartições do governo, e passeava o olhar pelo céu, pelo telhado e pela parte superior dos edifícios. A princípio olhava de relance, displicentemente; depois, tocado por alguma coisa estranha em sua aparência, com maior atenção, incapaz de desviar meu olhar; por último cravado no lugar, eu fixava com espanto aquele espetáculo, incapaz de acreditar no que meus olhos testemunhavam. Olhava uma cena que me era familiar antes de minha experiência maior e durante os últimos meses, mas o que eu via agora era tão extraordinário que fiquei completamente paralisado pela surpresa. Contemplava uma cena que não pertencia a este mundo mas a algum reino feérico: a fachada do edifício, antiga, degradada pelo tempo, sem ornamentação e banal, e a abóbada do céu acima dela, banhada pela viva luz do sol, estavam ambas iluminadas por um brilhante clarão prateado que lhes conferia uma beleza e um fausto gloriosos, e criava um efeito maravilhoso de sombras e claridade, impossível de se descrever. Ofuscado, encantado, voltei meus olhos para outras direções, para ser de novo fascinado pelo reflexo prateado que transfigurava todas as coisas. Certamente, eu era a testemunha de uma nova fase de minha transformação. O resplendor que percebia de todos os lados e em todos os objetos não emanava deles mas devia ser, sem nenhuma dúvida, a projeção de minha própria luminosidade interior.

Pandit Gopi Krishna. Koundalini, L’Enegie évolutrice en l’homme, Courrier du Livre, Paris, 1978. 

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill