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sábado, 12 de janeiro de 2013

Sobre a Meditação

Para meditar, no sentido mais profundo da palavra, temos de ser íntegros, morais.

Não se trata da moralidade de um padrão, de uma prática, ou da ordem social, mas sim da moralidade que brota naturalmente, inevitavelmente, suavemente, quando começamos a compreender-nos a nós próprios, quando estamos atentos aos nossos pensamentos e sentimentos, às nossas atividades, desejos, ambições, etc. — atentos sem qualquer escolha, observando apenas.

Dessa observação nasce a ação correta, que não tem nada a ver com conformismo ou com uma ação de acordo com um ideal.

Então, quando isso existe profundamente em nós, com a sua beleza e austeridade na qual não há nenhuma rigidez — rigidez só existe quando há esforço — quando tivermos observado todos os sistemas, todos os métodos, todas as promessas e olhado para eles objetivamente, sem gostar ou não-gostar, então podemos recusar tudo isso completamente, para que a mente fique liberta do passado; então podemos prosseguir na descoberta do que é meditação.

Assim, perguntamos: Pode a totalidade da mente — que inclui o cérebro — ficar quieta? Muitas pessoas têm feito essa pergunta — pessoas verdadeiramente sérias — mas não conseguiram achar-lhe a resposta. Recorreram a artifícios, pois lhes disseram que a mente pode quietar-se mediante a repetição de palavras. Já experimentastes isto: recitar "ave-marias' ou aquelas palavras sânscritas que certas pessoas trazem da Índia — mantras; repetir certas palavras para quietar a mente? Não importa qual seja a palavra, mas deve ser recitada com ritmo: coca-cola, qualquer palavra — repeti-a muitas vezes, e vereis como a mente se torna quieta. Mas essa mente aquietada está embotada; não é uma mente sensível, vigilante, ativa, viva, apaixonada, "intensa". A mente embotada, embora diga: "Tive experiências extraordinárias, transcendentais", está enganando a si própria.

A solução, portanto, não se encontra na repetição de palavras, nem no forçar a mente; muitos artifícios já têm sido impostos à mente a fim de aquietá-la. Entretanto, sabemos em nosso íntimo que, se a mente está quieta, não há mais nada que fazer, porque existe então a verdadeira percepção.

Como pode a mente — inclusive o cérebro — ficar completamente quieta? Recomendam alguns respirar adequadamente, tomando profundas inspirações, para oxigenar mais o sangue. A mente vulgar, limitada, pode — à força de respirarmos muito profundamente, dia após dia — tornar-se
quieta; mas continua a ser o que é: vulgar e limitada.(...)

Que cumpre então fazer? Quem faz esta pergunta? Vê-se muito claramente que nossa vida está em desordem, tanto interior como exteriormente; e a ordem, entretanto, é necessária, e deve ser tão perfeita como a ordem matemática; mas a ordem só pode ser estabelecida pela observação da desordem, e não pelo ajustar-nos a um plano de ordem, conforme um outro a concebe ou nós mesmos a concebemos. Do ver, do estar cônscio da desordem, resulta a ordem. Vê-se também que a mente deve tornar-se sobremodo quieta, sensível, vigilante, livre de todo e qualquer hábito, físico ou psicológico.

Como conseguir isso? Quem faz esta pergunta? É a mente "tagarela" que a faz, a mente que possui tantos conhecimentos? Aprendeu ela uma coisa nova, ou seja que "só posso ver muito claramente quando estou quieto e, por conseguinte, tenho de ficar quieto"?

Digo, então: "Como posso tornar-me quieto?" — Ora, essa pergunta é essencialmente errônea; no momento em que se pergunta "como", está-se em busca de um sistema e, portanto, destruindo a própria coisa que se quer investigar, ou seja: Como pode a mente tornar-se completamente quieta — não mecanicamente, não forçada, obrigada a tornar-se quieta?

A mente que está quieta, sem ter sido forçada a quietar-se, é sobremodo ativa, sensível, desperta. Mas, quando se pergunta "como", cria-se a separação entre o observador e a coisa observada. Ao compreendermos que não há método, nem sistema, nem mantra, nem instrutor, nem nada; neste mundo, que possa ajudar-nos a quietar-nos; quando percebemos a verdade de que só a mente quieta vê - a mente fica tranquila.

Ora bem, a natureza do silêncio tem grande importância. A mente limitada pode aquietar-se em seu reduzido espaço; esse reduzido espaço, com sua limitada quietação, é a coisa mais morta que pode existir; vós o sabeis. Mas, a mente que tem um espaço sem limites, mais aquela quietude, aquele silêncio, e nenhum centro — como "eu", como "observador" - essa mente é muito diferente.

Naquele silêncio não existe nenhum observador. Essa qualidade de silêncio dispõe de um vasto espaço; é um silêncio sem limites e intensamente ativo. A atividade desse silêncio é toda diferente da atividade egocêntrica. Se a mente chegou tão longe, então, talvez, aquilo que o homem vem buscando há tantos séculos — Deus, a Verdade, o Imensurável, "o que não tem nome", o Eterno — se apresentará, sem ter sido chamado. Bem-aventurado esse homem: para ele existe a Verdade e o êxtase.

Krishnamurti em O Vôo da Águia
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill