Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Como se pode controlar o pensamento?

Que entendemos por pensamento? O pensador é diferente do pensamento? O que medita é diferente da sua meditação? O observador está separado d coisa observada? A qualidade é diferente da pessoa? Assim, antes que possa ser controlado o pensamento, qualquer que ele seja, devemos compreender o processo de pensar e aquele que pensa, e verificar se constituem dois processos separados, ou se são um processo unitário.

O pensador existe quando deixa de pensar? Quando não há pensamentos existe pensador? Evidentemente, se não temos pensamentos, não há pensador. Por que então a separação entre pensador e pensamento? Na maioria de nós existe esta separação. Por quê? É uma coisa real, verdadeira, ou se trata de coisa meramente fictícia, criada pela mente?

(...) Não estão crentes de que os seus pensamentos são separados de vocês? Esta pergunta implica — não é verdade? — que há o que controla e há a coisa controlada, o observador e a coisa observada. Pois bem, sabemos se esse processo é um fato real, isto é, se há observador e coisa observada, controlador e coisa controlada? É real esta separação? Só é real no sentido de que nós a aceitamos. Mas não é uma armadilha da mente?(...) Quase todos vocês acreditam que o pensador é separado, o “eu” superior, “Atman”, o observador, que domina o “eu” inferior, etc. Por que existe esta separação? Esta separação não está também dentro dos domínios da mente? Quando dizem que o pensador é o “Atman”, o observador, e que os pensamentos estão separados dele, isto de certo também está no campo mental. Ora, o fato não é que a mente, o pensador, se separou dos seus pensamentos para dar permanência a si mesma? Porque assim o pensador pode sempre modificar os seus pensamentos, dar-lhes nova uma moldura, enquanto ele se conserva separado, dando assim permanência a si mesmo. Mas, sem o pensamento, não existe o pensador. Pode separar-se dos seus pensamentos, mas se deixa de pensar, deixa também de existir, não é verdade? Assim, esta separação do pensador dos seus pensamentos é uma armadilha do pensador para dar segurança e permanência a si próprio. Isto é, a mente percebe que os pensamentos são transitórios e adota, por esse motivo, a astuciosa armadilha de dizer que ela é o pensador, independente dos seus pensamentos, que ela é o “Atman”, o observador, separado da ação, do pensamento. No entanto, se observarem o processo com muita atenção, pondo de lado todo conhecimento de vocês adquirido de outros, por maiores que sejam esses outros, verão que o observador é a coisa observada, que o pensador é o pensamento. Não há pensador separado do pensamento; por mais ampla, por mais profunda e extensa que seja a separação, a muralha por ele edificada entre si e os seus pensamentos, o pensador fica sempre dentro do campo do seu pensar. Por conseguinte, o pensador é o pensamento; e assim, quando perguntam, “como se pode controlar o pensamento?” vocês fazem a pergunta errada. Quando o pensador começa a controlar os seus pensamentos, ele o faz apenas para dar continuidade a si próprio, ou porque acha que os seus pensamentos lhe são dolorosos demais. Deseja, por isso, modificar os seus pensamentos, ficando ele permanente, atrás da cortina de palavras e pensamentos. Uma vez que admitam isso, que é um fato verdadeiro, as suas disciplinas, suas buscas do superior, as suas meditações, os seus controles, tudo se desfaz em nada. Isto é, se quiserem olhar para o fato evidente de que o pensador é o pensamento e se ficarem perfeitamente cônscios desse fato, então não mais pensarão em termos de dominar, modificar, controlar ou canalizar os seus pensamentos. Então o pensamento se torna importante e não o pensador. O que tem peso então não é o controlador, nem a maneira de controlar, mas o pensamento, que é a coisa controlada, se torna importante por si mesmo. A compreensão do processo do pensamento é o começo da meditação, que é autoconhecimento. Sem autoconhecimento não há meditação; e a meditação do coração é compreensão. Se querem compreender, não devem estar ligados a crença alguma. (...) só podem estar livres quando percebem a verdade sobre a falsidade da crença de que o pensador é separado dos seus pensamentos. Isto é, quando se percebe a verdade acerca do falso, ficamos livres do falso. Por muito tempo temos admitido a ideia de que o o pensador é separado dos pensamentos; e vemos agora que a separação é falsa. Percebendo a verdade acerca do falso, vocês ficam livres do falso, com tudo o que ele implica — disciplinar, controlar, dirigir, canalizar o pensamento, o colocar o pensamento num determinado molde de ação. Quando estamos fazendo essas coisas estamos ainda dando importância ao pensador; e por isso o pensador e o pensamento continuam separados, o que é falso. Mas se percebem essa falsidade desfaz-se a separação e resta apenas o pensamento. Podem então investigar o pensamento, a mente então é apenas a máquina do processo do pensamento, e o pensante não está separado do pensamento.

Ora bem, a mente é o aparelho que registra, que experimenta, e, portanto, a mente é memória, memória sensorial; porque a mente é resultado dos sentidos. Logo, o pensamento, que é produto da mente, é sensorial; sem dúvida o pensamento é resultado da sensação. A mente é o aparelho que registra, que acumula, a consciência que experimenta, que dá nome, que registra. Isto é, a mente experimenta, depois dá nome à experiência, como agradável ou desagradável, e depois a registra, guarda-a no arquivo que é a memória. Essa memória atende a um novo estímulo. Cada estímulo é sempre novo, e a memória, que é um mero registro do passado, atende ao novo. Esse encontro do novo com o velho é chamado experiência. Ora, a memória não têm vida, por si. Ela só tem vida, só é vitalizada quando vai ao encontro do novo. Por conseguinte, o novo está sempre dando vida ao velho. Isto é, quando a memória atende ao estímulo, que é sempre novo, ela se verifica, se fortalece com essa experiência. Examinem a própria memória de vocês, e verão que ela não tem vida, por si; mas quando a memória se encontra com o novo e traduz o novo de acordo com o seu condicionamento, ela é então revitalizada. Assim, a memória só tem vida quando se encontra com o novo, revitalizando-se e fortalecendo-se continuamente. Essa revivificação da memória se chamar pensar.

(...)Vemos, pois, que o pensar é sempre reação condicionada, que o pensar é processo de reação a estímulo. O desafio é sempre novo; mas o pensar, que é uma reação derivada da memória, é sempre velho, revitalizado.(...) Por isso, o pensar nunca pode ser criador, porque é sempre reação da memória. (...) Só quando atendemos o novo como novo, temos o viver criador. A mente é a máquina que registra, que acumula lembranças; e enquanto a memória continuar a ser revitalizada pelo desafio, subsistirá o processo de pensamento. Mas se cada pensamento for observado, sentido, examinado integralmente, e perfeitamente compreendido, verão então como a memória começa a extinguir-se. Estamos falando da memória psicológica, não da memória fatual.(...) Acompanhar até o fim um pensamento ou sentimento, é dificílimo; porque quando queremos acompanhar um pensamento até o fim, outros pensamentos se insinuam. E ficamos a dar voltas, correndo atrás de pensamentos sucessivos, inutilmente, por causa da rapidez do pensamento.(...) Quando se acompanha cada pensamento até o fim, e a mente fica despida da memória, ela se torna tranquila, sem problema nenhum. Por quê? Porque o criador de problemas, que é a memória, desapareceu; e nessa tranquilidade, que é absoluta, desponta a realidade. (...) Quando o pensador se separa dos seus pensamentos e procura controla-los, está caminhando para a ilusão; ao passo que perceber a verdade no falso nos liberta do falso. Resta então apenas o pensamento e quando há compreensão perfeita do pensamento, vem a tranquilidade. Nessa tranquilidade há criação; isto é, quando a mente deixa de criar, há a criação que está fora do tempo, que é imensurável, que é o real.

Jiddu Krishnamurti — 7 de março de 1948 — Da insatisfação à felicidade

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill