O poder do pensamento concentrado, aplicado à vida cotidiana, é amplamente reconhecido. Não há, pois, necessidade de provas ou explicações especiais. mas o homem comum não usa convenientemente nem mesmo uma fração desse poder. Se o leitor discordasse disso, gostaria que me explicasse, ou, melhor, explicasse a si próprio, se sabe por que está pensando de certo modo particular e não de outro, por que os pensamentos lhe surgem na mente, "convidados" ou não, e se é capaz de prever em que estará pensando ao cabo de alguns instantes. Pode de fato fechar a mente, segundo sua vontade, a um pensamento que o importune? De onde vêm os pensamentos?
Se estas perguntas ficarem sem resposta, teremos de reconhecer que não somos senhores de nossa mente. Um dos principais objetivos deste estudo é pôr fim a essa condição indesejável.
Controlar uma máquina significa ser capaz de pô-la em ação, modificar sua velocidade e, finalmente, fazê-la parar quando necessário. E isso é exatamente o que se exige da mente disciplinada.
O verdadeiro poder de concentração não é apenas a habilidade de dirigir e manter, por alguns minutos, toda a atenção focalizada exclusivamente sobre, por exemplo, a cabeça de um alfinete, e sim a capacidade de fazer parar a máquina pensante e observá-la enquanto parada. O artista sente-se seguro de que suas mãos lhe obedecem e executam exatamente o movimento exigido. Por isso nem sequer pensa no assunto e trabalha sem preocupar-se, sabendo que as mãos, em dado momento, farão precisamente o que ele deseja. Sob tais condições, as mãos e os órgãos, trabalhando convenientemente, constituem uma unidade harmoniosa, capaz de funcionar em sua própria esfera de ação.
Suponhamos que uma parte de seu corpo se recuse a obedecer os impulsos emitidos do cérebro, o centro de controle. Poer exemplo: em vez de apanhar um copo de água, quando você está com sede, sua mão acende um cigarro ou então recusa-se a mover-se. Você certamente concluirá que ela é de pouca utilidade.
Observemos mais de perto as funções de nossa mente-cérebro. Você é capaz de afirmar, com plena certeza, que pensa sempre quando quer e só no que realmente quer e que, portanto, sabe onde os pensamentos surgem à luz de sua consciência? Poderá impedir a entrada dos pensamentos ou limitar sua duração na mente pelo tempo que desejar? Se for capaz de analisar o processo do pensamento, a resposta será negativa.
Assim, pode parecer que o homem comum não é bom artífice porque não consegue controlar seu instrumento principal: a mente e os pensamentos. Passa a vida usando e aceitando algo que se origina além do alcance da compreensão.
Mouni Sadhu
Mouni Sadhu