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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Existe ou não um "processo" para a verdade?


Como o Eu Superior de uma pessoa que tenta buscar a Auto-realização na verdade É ELA MESMA, como inexiste algo superior, ou além dela que deva ser alcançado, e como a Auto-realização é a compreensão da própria natureza, aquele que busca a Libertação percebe, sem qualquer dúvida ou má interpretação, sua verdadeira natureza distinguindo o eterno do transitório, jamais desviando-se de seu estado natural. A isto se chama a prática do conhecimento. É a investigação que leva á Autocompreensão.

Esse caminho da investigação serve apenas para as almas que estão prontas. As outras devem seguir métodos diferentes, segundo o estágio de suas mentes.

Ramana Maharshi

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A transformação e a suprema felicidade fora do tempo


A transformação não está no futuro, nunca pode dar-se no futuro, ela só pode dar-se agora, de momento em momento. Mas, o que entendemos por transformação? Ora, é muito simples: é ver o falso como falso, o verdadeiro como verdadeiro. É ver a verdade que está contida no falso, e ver o falso naquilo que se aceitou como verdade. Ver o falso como falso, e o verdadeiro como verdadeiro, é transformação. Porque, no momento em que você vê claramente uma coisa como verdadeira, essa verdade liberta. Ao ver que uma coisa é falsa, essa coisa falsa se desvanece. Senhor, ao ver que as cerimônias são puras e vãs repetições, ao perceber a verdade que há nisso, e não o justificar, dá-se uma transformação — não é verdade? — porque você ficou livre de mais uma prisão. Ao ver que a distinção de classe é coisa falsa, que ela cria conflito, sofrimento, divisão entre as pessoas — ao perceber essa verdade, ela própria o liberta. A percepção da dessa mesma verdade é transformação, não é? E como estamos rodeados de coisas falsas, a percepção da falsidade, momento por momento, é transformação. A verdade não é acumulativa. Ela está presente momento por momento. O que é acumulativo, o que se acumula, é a memória, e pela memória nunca se pode achar a verdade; porque a memória é produto do tempo — do passado, do presente e do futuro. O tempo, que é continuidade, nunca pode achar o que é eterno; a eternidade não é continuidade. O que tem duração não é eterno. A eternidade está no momento presente. A eternidade está no agora. O agora não é reflexo do passado, através do presente, rumo ao futuro. 

A mente desejo de transformação futura, ou que visa à transformação como resultado final, nunca poderá achar a verdade. Porque a verdade é uma coisa que deve vir momento por momento, que precisa sempre ser descoberta de novo; e, naturalmente, não pode haver descobrimento mediante acumulação. Como é possível você descobrir o que é novo, com a carga do que é velho? É só pelo desaparecimento dessa carga que se descobre o novo. Assim, pois, para descobrir-se o novo, o eterno, no presente, momento por momento, necessita-se de uma mente extraordinariamente alerta, uma mente que não visa a um resultado, uma mente não interessada em "vir a ser". A mente empenhada em "vir a ser" não conhecerá jamais a perfeita e suprema felicidade do contentamento que é pura satisfação, não o contentamento derivado da consecução de um resultado, mas o contentamento que se manifesta quando a mente percebe a verdade no "que é", e o falso no "que é". A percepção dessa verdade é de cada momento; e essa percepção é retardada pela "verbalização" do momento. 

Assim, pois, a transformação não é um resultado final. A transformação não é um resultado. Todo resultado implica resíduo, implica uma causa e um efeito. Onde há causalidade, há necessariamente efeito. O efeito é meramente o resultado do seu desejo de ser transformado. Quando você deseja ser transformado, você está pensando em "vir a ser", e aquilo que está no "vir a ser", nunca poderá conhecer o que é o ser. A verdade é o ser, momento por momento; e a felicidade que tem continuidade não é a felicidade. A felicidade é aquele estado que está fora do tempo. Esse estado atemporal só pode manifestar-se quando há extraordinária insatisfação — não a insatisfação que descobriu uma via de fuga, mas a insatisfação que não tem saída alguma, que não tem possibilidade de fuga, que já não busca preenchimento. Só então, em tal estado de suprema insatisfação, pode despontar a Realidade. Essa realidade não pode comprar-se, vender-se, repetir-se, e não pode ser colhida nos livros. Ela tem de ser achada momento por momento, no sorriso, na lágrima, sob a folha morta, nos pensamentos erradios, na plenitude do amor. Porque o amor não é diferente da verdade. O amor é aquele estado no qual o processo do pensamento, como tempo, desapareceu de todo. E onde está o amor, há transformação. Sem amor, nada significa a revolução, porque em tal caso a revolução é só destruição, decomposição, desgraça cada vez maior e cada vez mais geral. Onde há amor há revolução, porque o amor é transformação, momento por momento. 

Jiddu Krishnamurti, 20 de fevereiro de 1949 - O Que Te Fará Feliz?

domingo, 10 de novembro de 2013

Como podemos libertar-nos imediatamente do medo? - Parte 1

A menos que um homem esteja plenamente satisfeito comas coisas como são ou estão — satisfeito consigo mesmo, com a situação mundial e com a geral aflição e confusão humana — a menos que esteja satisfeito com tudo isso, tem de perguntar a si próprio se o ente humano tem alguma possibilidade de mudar completamente, de realizar em si mesmo uma transformação graças à qual sua mente e todo o seu ser se tornem totalmente novos, inocentes, cheios de vigor e vitalidade. É necessário fazermos a nós mesmos esta pergunta, sem entrarmos em conflito com o mundo nem com nós mesmos, porque estar em conflito interior é pouco produtivo. O que nos dá compreensão, profundeza é fazermos a nós mesmos a interrogação correta; e fazer uma pergunta é bastante difícil, porque, em geral, quando a fazemos, desejamos uma resposta satisfatória, agradável, e por essa razão as nossas perguntas produzem invariavelmente um estado estático, no qual a mente não pode funcionar em plena liberdade. 

Devemos, pois, interrogar-nos sobre se o ente humano tem possibilidade de mudar, não apenas superficialmente, porém, também profundamente, porque superficialmente estamos sempre mudando. Exteriormente, estamos sendo influenciados por novas invenções, pelo computador, pela automação, pela "explosão demográfica" e pela necessidade de bem-estar econômico, de um modo de vida satisfatório. Essas influências, com efeito, produzem certas alterações superficiais. Mas, que acontece quando, ultrapassando essa esfera, percebemos como é fácil sermos influenciados? Pois, de fato, somos influenciados pelo clima, pela alimentação, pelas roupas que usamos, pela sociedade, pela cultura ou civilização em que vivemos; essas coisas superficiais influem em nosso caráter, nossa perspectiva, nossos pensamentos. Mas, se procurarmos transcendê-las e — sem nos refugiarmos em mosteiros, no isolamento, nos dogmas, crenças e ritos que oferecem as igrejas e várias religiões — perguntarmos a nós se é possível operarmos em nosso interior uma mudança radical, talvez então possamos examinar juntos esta questão e descobrir, individualmente, o inteiro conteúdo e significado da palavra "mudança", e se de fato há possibilidade de mudança radical.

O mero descontentamento ocasiona revolta contra a sociedade. Revolta é reação; e toda ação, toda impugnação profunda, fundamental, se originária de reação, só pode produzir uma nova série de reações e nunca uma compreensão total. É necessário, pois, prestarmos bastante atenção ao nosso descontentamento. Porque a maioria de nós vive descontentes, é bem fácil satisfazer-nos; e essa satisfação é também uma reação. Assim, vamos "rolando" de satisfação em satisfação, pensando que isso é mudança.

(...) Mas, é bem provável que a maioria não desejamos ardentemente uma tal revolução, porquanto estamos satisfeitos com as coisas como são; achamos preferível colocar alguns remendos em nossas relações, cobrir as coisas de maneira que não tenhamos maiores tribulações, ansiedades, disputas; e buscamos também refúgio em nossas crenças. E assim é que, em geral, não desejamos nenhuma revolução fundamental em nós mesmos. Mas, devo dizer que  necessitamos dessa revolução — revolução que não seja reação, uma transformação não idêntica a uma transação em que são previamente calculados todos os riscos.

Tecnologicamente, o mundo está fazendo progressos fantásticos; estão-se verificando extraordinárias mudanças, de incalculável alcance. Uma nova sociedade poderá surgir como resultado delas, mas, como entes humanos, continuaremos mais ou menos os mesmos, ainda que um pouco mais requintados, um pouco mais habilidosos, um pouco mais ajustados; mas não teremos resolvido nossos sofrimentos, e nunca terá fim nossa solidão, nosso medo, nossa incompreensão do ente humano. Em geral, temos propensão a escolher o caminho mais fácil, a satisfazer-nos facilmente e, por isso, nunca se nos apresenta a questão relativa à possibilidade de mudança fundamental.

Agora, que a estou propondo-vos, ou ela se vos torna uma questão pessoal e, portanto, uma questão íntima, de vital importância, ou meramente a aceitais como coisa exterior a vós. Quando sentis fome, ninguém vos precisa dizer. Sabeis, por vós mesmos, que estais com fome. De modo idêntico, quando vos inquiris se é possível operar aquela transformação radical, esta pergunta é vossa, e não minha. Torna-se o vosso problema, e não um problema imposto por outrem. Tratando-se, pois, de vosso problema pessoal, humano, podeis considerá-lo de maneira bem diferente da maneira como considerais uma questão proposta por outrem.

Por ceto, toda mudança exige ordem. Vem-nos atualmente num estado de desordem, e para sair da desordem necessita-se de ordem: ordem social, ordem interior, e ordem em nossos valores, nossa perspectiva das coisas. Dessa forma, mudar, no sentido em que estamos empregando a palavra, significa estar livre para estabelecer a ordem. Mas a sociedade não deseja essa liberdade, porque acha que a liberdade supõe desordem. Por isso existe a condição, por ela imposta ao indivíduo humano, de não fugir da estrutura psicológica da sociedade. A sociedade teme que a liberdade acarrete desordem, porque está satisfeita em viver nessa desordem a que chama "ordem"; por conseguinte, é incapaz dessa experiência, dessa revolução total. Só o indivíduo humano é capaz de experimentar e realizar, por seus próprios meios, a revolução total, que é a ordem.

Assim, quando emprego a palavra "mudança", entendo: "mudança da desordem para a ordem"; porque, como entes humanos, não nos achamos em ordem. Estamos em conflito, somos dignos de dó, confusos, ambiciosos, ávidos, invejosos — tal é a estrutura do ser humano.Temos medo, pavor, de tantas coisas; e alterar inteiramente essa estrutura de medo, significa promover a ordem. A ordem, portanto, não é produto de revolta, porque a revolta contra a sociedade é uma reação que só produzirá uma série de ações dentro dos limites da estrutura social, e, como acontece com o comunismo ou qualquer outra espécie de reação, volta-se, com o tempo, ao ponto de partida.

Refiro-me àquela mudança que não é reação — reação contra a sociedade, contra a ordem convencional, porém, antes, um "processo" de compreensão da estrutura da desordem; essa compreensão cria ordem, que é uma revolução radical.

(...) Mudança, dizemos, exige tempo. Sou isto, e para operar uma mudança em mim próprio, ou seja para vir a tornar-me aquilo, é necessário tempo, não é assim? Isto é muito simples. Eu sou o que sou, com todas as minhas aflições, minhas ansiedades, temores, desesperos, esperanças, e desejo mudar, "colocar tudo em ordem", e isso exige tempo. Existe o medo e, para nos livrarmos dele, achamos necessário o tempo. Sinto medo, e para dominá-lo, ou compreendê-lo, ou livrar-me dele, necessito do tempo. Isto é perfeitamente óbvio; pelo menos, é o que pensamos.

Ora, que é o tempo? Vede, por favor, que não o estamos considerando filosoficamente, como uma ideia, uma noção necessária; mas, cada um pode observar e compreender por si próprio essa coisa.

Consideremos o medo. Temos medo de tantas coisas, além do medo fundamental da morte. Mas há também o medo da opinião pública, medo de perder o emprego, medo de ser dominado — um complexo conjunto de temores. Pode-se ver, pode-se perceber que o medo engendra todas as maneiras possíveis de fugir, e que é gerador de escuridão, da incerteza, da ansiedade. E, assim, a mente, tornando-se confusa, incerta, trata de fugir, dada a sua incapacidade para resolver esta questão do medo. Recorre aos dogmas, à bebida, ao sexo — a numerosos e diferentes modos de fuga.

Ora, para uma pessoa ficar totalmente livre do medo, em todos os níveis de sua consciência e não apenas superficialmente, porém completamente, terá de compreender a natureza, a estrutura, o significado do medo; e esse processo de compreensão, pensamos, requer tempo. Escutai isso, por favor! Digo: "Tenho medo, e quero descobrir a causa do medo." Trato, pois, de investigar a causa do medo". Trato, pois, de investigar a causa do temor, de analisá-lo, ou consulto um analista, ou recorro a qualquer outro meio de fuga ao medo. Tudo isso exige tempo, não? Digo: "Não estou livre do temor, mas dele me livrarei com o tempo".

O tempo, pois, significa um movimento, uma mudança do que é para o que deveria ser. Tenho medo, mas um dia estarei livre dele; por conseguinte, o tempo é necessário a nos livrarmos do medo — é, pelo menos, o que pensamos. A mudança do que é para o que deveria ser exige tempo. O tempo, por conseguinte, implica o esforço que se faz, nesse intervalo, entre o que é e o que deveria ser. Não gosto do medo, e vou me esforçar para compreendê-lo, analisá-lo, dissecá-lo, ou para descobrir a causa, ou dele fugir inteiramente. Tudo isso é esforço; e ao esforço já estais habituados. Vemo-nos sempre num conflito entre o que é e o que deveria ser. O que eu deveria ser é uma ideia, uma coisa fictícia, não é o que sou, o fato. O que sou só pode ser modificado quando compreendo a desordem que o tempo cria. Entendeis? Quando tenho medo, isto é um fato: estou com medo. Se introduzo o elemento tempo, dou ao que é uma continuidade que gera desordem. Está claro?

Vede, estamos condicionados para pensar que o tempo é necessário, que é necessário um "processo" gradual para podermos operar qualquer mudança em nós mesmos. Por exemplo, todos desejamos preencher-nos de diferentes maneiras — como artistas... de qualquer uma de dez maneiras diferentes; queremos preencher-nos, e, nesse preenchimento, que implica tempo, encontra-se o sofrimento, a ansiedade, o medo. Desejo ser aquilo, mas não sou aquilo.

A questão, pois, é esta: É possível o ente humano mudar sem nenhuma interferência do tempo? libertar-se imediata e totalmente do temor? Como de pronto não posso livrar-me do medo, preciso do elemento duração, e isso significa que ele continuará a existente; e onde há continuidade do medo, aí há desordem.

Assim, posso libertar-me do medo, de maneira completa, neste mesmo instante? Se permito ao medo subsistir, estarei sempre a criar desordem; vê-se, por conseguinte, que o tempo é um elemento de desordem, e não um meio de nos libertarmos definitivamente do medo. Não há, pois, nenhum processo gradual de libertação do temor, assim como não há nenhum processo gradual de libertação do veneno do nacionalismo. Se tendes o nacionalismo, mas dizeis que com o tempo teremos a fraternidade humana, no intervalo haverá guerras, haverá ódios, haverá sofrimento, existirá a horrível divisão entre os homens; o tempo, por conseguinte, estará criando desordem.

Assim, se nos servimos do tempo como meio de promover a transformação radical, estamos promovendo a desordem e não a ordem. E, se compreendermos isso, não apenas verbalmente, se vemos, aí, a verdade, o fato, esse próprio descobrimento é então, em si mesmo, uma revolução; pois estamos habituados a contar com o tempo.

(...) Mas, por que razão nos servimos do tempo, no sentido em que o estamos entendendo? Por que admitimos a continuidade do medo? Por que? Não respondais, por favor; e, também, não é esta uma pergunta retórica. Provavelmente, nunca perguntamos a nós mesmos por que permitimos a existência do medo, por um só dia, por um só minuto sequer, já que sabemos quanto dano, quanto ódio, quantas mentiras, quanta hipocrisia, quanta confusão e conflito ele cria. Provavelmente o aceitamos porque com ele já nos acostumamos, e porque não conhecemos outra maneira de nos libertarmos dele, a não ser o "processo gradativo". Pelo menos, julgamos que esse processo gradual seja um meio de nos livrarmos do medo. Mas, pode-se agora perceber que, havendo duração do medo, nesse período há ódio, confusão, esforço, sofrimento. Aceitamo-lo, tão-somente, porque a ele estamos condicionados. Assim, perguntamos a nós mesmos: É possível, sem se permitir a interferência do tempo, olhar o pensamento, olhar o medo, e compreender-lhe a natureza — não seus sintomas, suas diferentes manifestações ou suas causas, porém o medo em si?

Ora, que é o medo? Muito importa compreender isso, porque em geral tetemos; não apenas num nível superficial de nossa consciência, mas, profundamente, temos medo. Há várias formas de medo, e não temos a necessidade de examinarmos todas; mas, todo temor é produto das relações. O medo tem causa, não vem à existência espontaneamente e pensamos que, compreendendo-lhe a causa, ficaremos livre dele; mas isso nunca será possível. Sabeis por que tememos. Provavelmente já refletistes a respeito do medo, o considerastes bem e conheceis a causa que o faz surgir; mas, embora conheçais a causa, não estais livres do sintoma. Vê-se, pois, que o mero descobrir da causa não liberta necessariamente do medo; e tampouco a análise nos liberta do temor. A análise, por sua vez, requer tempo.

Então, como de pronto podemos libertar-nos do medo? Esta é, com efeito, uma pergunta tremenda. E só podemos fazê-la a nós mesmos quando compreendemos o que está implicado no processo gradativo do tempo.

Como podemos libertar-nos imediatamente do medo? Quando emprego a palavra "como", não quero sugerir uma investigação a fim de achar um processo; porque processo, método, sistema, supõe o tempo e, por conseguinte, desordem. Mas, é possível libertar-nos do medo imediatamente?

(continua)

Jiddu Krishnamurti — O descobrimento do amor


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O pensamento não pode resolver o problema do sofrimento

Por favor, não aceitem nem rejeitem o que está dizendo. Temos de ver o fato, e, quando o vemos muito claramente, não há aceitação e nem rejeição. Ele é o que é. A questão não é de “como colocar fim ao sofrimento”, ou “em que casos o pensamento deve funcionar e em que caso não deve funcionar”. Quando se compreende com muita clareza todo o movimento do pensamento, como ele opera, todos os fatores implicados, numa palavra, o mecanismo do pensamento, a origem do pensar e do pensamento — começa-se a perceber que o problema do tempo é realmente este: se o tempo, como pensamento, pode terminar. De outro modo, o sofrimento nunca terá fim: continuaremos, por mais dois milhões de anos, ou além, a aceitar, a fugir, a viver uma vida agitada, insegura, incerta.

Pode-se deter o tempo (psicológico)? Devemos primeiro perceber que a mente, o cérebro, o movimento do pensar — tudo está funcionando no tempo, e é tempo. Devemos perceber que o tempo é um movimento, uma corrente, que dividimos em ontem, hoje, amanhã. Temos de perceber esse movimento como um todo e dispensar-lhe toda a nossa atenção. A atenção implica completa cessação do esforço, aplicação do espírito à questão, ao que se está dizendo — nada aceitando, porém aplicando completamente a atenção, sem esforço algum. Não se pode prestar atenção mediante determinação. Se dizemos: “Quero prestar atenção”, toda nossa energia se dissipa no esforço para estarmos atentos. Prestar atenção não requer concentração, porque concentração significa exclusão. No esforço para concentrar-nos, estamos excluindo, erguendo barreiras, resistências; estamos nos forçando, ao passo que na atenção não há divisão, pois o intelecto, os nervos e tudo o mais está funcionando no mais alto nível. Nessa atenção não há observador.

Se aplicam a atenção de vocês a alguma coisa — uma flor, uma árvore — observando-a atentamente, completamente, não há separação entre observador e o objeto observado. Se se olha uma flor completa e atentamente, sem lhe dar nome, sem “gostar” ou “não gostar” — se se observa completamente, com todo o ser, não há observador e, por conseguinte, não há tempo. O observador é resultado do tempo. É o observador que diz “gosto” e “não gosto”; “isto me apraz” e “isso não me apraz”; “isto é vantajoso”, “isto não é vantajoso”; “tenho de conservar os meus prazeres, embora acarretem mais dores, mais ansiedades, mais sofrimento”. O prazer gera invariavelmente sofrimento e dor. A própria natureza do observador é o censor, que está sempre a escolher o prazer. Tudo ele olha desse ponto de vista e, por conseguinte, nunca está atento.

E necessário estar atento ao fluir do tempo, e nunca dizer: “Conservarei esta parte do tempo que me tem dado prazer, satisfação, a lembrança de algo que outrora me deleitou”. Necessita-se de uma atenção total, completamente isenta de sentimento e emoção. Na maioria dos casos, o sofrimento é autopiedade, e a autopiedade é um absoluto desperdício de tempo em excessos emocionais. Não tem nenhum valor. O que tem valor é o fato, e não a autocomiseração que experimentamos porque não podemos alterá-lo. A autopiedade gera ansiedade emocional, sentimentalismo, etc. Quando ocorre a morte de alguém que amamos, esse fato contém sempre o veneno da autopiedade. A autopiedade assume muitas formas  — o pesar pela ausência daquele que morreu, etc. etc. Mas, onde há sofrimento, não há amor. Onde há ciúme, não há amor. Intelectualmente, todos sabemos disso, entretanto continuamos pelo mesmo caminho que gera sofrimento.

Estar atento significa compreender a divisão do tempo em passado, presente e futuro — “Eu fui”, “Eu não devo”, “Eu farei”. Se percebermos claramente esse “processo” do tempo, veremos que o tempo terminará de todo. Experimentem-no! Para o fazermos, prática e não teoricamente, para percebermos o fato, devemos conhecer o passado.

(...) Para compreender tudo isso, temos de prestar-lhe atenção. Quando escutamos atentamente, completamente, o que está dizendo, não há “entidade que escuta”. Quando olhamos uma coisa de maneira completa, não há nenhuma entidade entendida como “aquele que está olhando”. O censor, o observador só se torna existente quando se põe em movimento o processo de pensar.

Ao apresentar-se o sofrer, deem-lhe toda a atenção, sem cuidar de fugir, nem de justificar, nem de encontrar alguma razão para ele. Todos sabemos porque sofremos. Sofremos porque não podemos achar emprego, ou porque nosso filho perdeu a razão ou se tornou “moderno”, ou porque não temos capacidade, e os outros têm. Todos conhecemos as razões do sofrimento, mas só é possível colocar-lhe fim se consideramos em sua inteireza o processo do tempo, que é pensamento. Se dermos essa atenção completa, veremos que, absolutamente, não há mais pensamento e, por conseguinte, não há tempo.

Quando alguém de quem gostamos ou que amamos nos abandona ou morre, passado o choque, “respondemos” a esse fato com reações de nossa solidão, de nossa autopiedade, do tempo que nos faltou para fazer isto ou aquilo, do que poderia ter sido e não foi. Isso é dissipação de energia. Se, passado o choque, prestarmos inteira atenção a esse sofrimento, sem nos arredarmos em nenhuma direção, veremos que ele terá fim, não num futuro distante, porém, imediatamente. Só a mente que não se acha anuviada pelo sofrimento conhecerá o amor. A meditação não é algo que se consegue com esforço, algo que se tem de praticar, de aprender, porém, sim, é aquela atenção — atenção para tudo, da coisa mais insignificante à mais profunda. Se assim fizerem, verão, por si mesmos, que se apresentará um silêncio que não é do tempo, que não é do pensamento. Ao alcançarem algo que não é construído pelo pensamento, verão que esse algo não é, em absoluto, tempo.


Jiddu Krishnamurti – Encontro com o eterno  

terça-feira, 23 de abril de 2013

A armadilha do túnel do tempo psicológico

Visto que o sofrimento é pensamento, e o pensamento tempo, deveis compreender o tempo. Há o tempo do relógio — ontem, hoje e amanhã. O sol se põe e o sol nasce — o fenômeno físico. O ônibus sai a uma certa hora, e o trem parte na hora marcada; é esse o tempo do relógio, o tempo cronológico. Mas, existe outro “tempo”? Fazei a vós mesmo esta pergunta: “Há outro tempo, além do tempo cronológico?” Há: o tempo compreendido como duração, separado do tempo cronológico, do tempo do relógio. Há duração, a continuidade da existência — eu fui, eu sou, eu serei. As memórias, as experiências, as diferentes ansiedades, temores, esperanças — tudo isso está na esfera do tempo entendido como “passado”. E esse passado, que é psicológico, que é memória, essa carga de ontem, com todas as suas experiências, eu a estou transportando hoje; a memória a está transportando hoje, memória essa que está identificada, pelo pensamento, como “Eu”. Se não houvesse memória, se não houvesse identificação com aquela memória de que nasce o pensamento, não haveria nenhum “centro”, ou seja “Eu”, a transportar aquela carga de dia para dia.

Temos, pois, o tempo marcado pelo relógio. E há o tempo psicológico; mas este tempo é válido? É o tempo verdadeiro? O tempo não é o intervalo existente entre ações? Quando há ação espontânea, real, não há, com efeito, tempo. Estais esquecidos do passado, do presente e do futuro, quando estais vivendo naquele estado de ação. Mas, quando a ação procede do passado, introduzistes o tempo na ação. Mas, quando a ação procede do passado, introduzistes o tempo na ação. Isto exige muita atenção de vossa parte, porque estamos tratando de um problema sumamente complexo, relativo à ação dentro do campo do tempo e à ação fora do campo do tempo; não se trata de teorias, não se trata do que está dito no Gita ou no Upanishads.

(...) O que o orador está fazendo é levar o tempo a uma “crise”. Pois estamos habituados a servir-nos do tempo como meio de fuga. Ou, também, nos temos servido do tempo como o “presente único”, “o agora”, tratando de tirar da vida o melhor proveito, agora — com todos os seus desesperos, agonias, ansiedades, temores, esperanças, alegrias. Dizemos: “Só temos poucos anos de vida, e vivamos com tudo o que a vida oferece, tirando dela o melhor partido”. É o que fazemos, e o mesmo tem feito todos os filósofos. E todos os que tem inventado teorias têm, também, um medo imenso da morte.

Estamos, pois, examinando o tempo. Dissemos que o tempo é o intervalo existente entre ações. A mente que está em ação pode existir sem o tempo. Prestai atenção, por favor. A mente que está em ação com uma ideia, um motivo, uma finalidade, uma fórmula, está enredada no tempo; sua ação, por conseguinte, não se completa e, portanto, dá continuidade ao tempo. Como sabeis, o tempo, para nós, é não só a duração psicológica, mas também a continuidade da existência. Serei isto futuramente — amanhã ou no próximo ano. Esse “ser futuramente” está condicionado não só ao ambiente, à sociedade, mas também à reação a tal condicionamento, tal sociedade — reação que consiste em dizer: “Serei isto e o alcançarei futuramente”. Quando uma pessoa diz: “Se hoje não sou feliz, se não sou rico interiormente, profunda, ampla, abundantemente rico, eu o serei” — essa pessoa está na armadilha do tempo.  O homem que pensa que será alguma coisa e se está esforçando para alcançar o que será, para esse homem a maior aflição é o tempo.

É possível a mente achar-se sempre em ação, diretamente, espontânea e livremente, de modo que nunca tenha um momento de tempo? Porque o tempo é pensamento periférico. Todo pensar é periférico, marginal — todo. Pensamento é reação da memória, da experiência, do conhecimento, acumulados; daí procede o pensamento, a reação ao passado. O pensamento jamais pode ser original. Podeis usar palavras, que pertencem ao passado, expressar o original, mas o original não pertence ao tempo. Por conseguinte, para descobrir o original deve a mente estar inteiramente livre do tempo — do tempo psicológico; da duração; da ideia de “serei”, “alcançarei”, “tornar-me-ei”.

O funcionário, o pobre coitado que, por quarenta anos seguidos, tem de dirigir-se todos os dias a seu escritório, de trem subterrâneo, de ônibus, em transportes repletos de passageiros, malcheirosos, sujos — só pode nutrir a esperança de um dia tornar-se “Gerente”. A mulher o incita, a sociedade o impele, o compele a ser alguma coisa neste mundo, dono de uma casa maior, com mais conforto, mais satisfações. Todos necessitam de satisfação, de conforto físico. E, hoje em dia, cientificamente, é perfeitamente possível proporcioná-lo a todos os entes humanos. Mas isso não se verifica porque somos muito estúpidos: separamo-nos em nacionalidades; somos bairristas, estamos separados por línguas diferentes, etc., etc. Eis o nosso único empecilho.

Assim como o bancário deseja tornar-se gerente do banco, e o gerente aspira a ser diretor, assim como o vigário aspira a ser o arcebispo, assim como o sanyasi deseja “vir a ser”, alcançar, no final de tudo, isto ou aquilo — assim também nós adotamos perante a vida a mesma atitude. Abeiramo-nos do viver de cada dia com a ideia de realização e, assim, psicologicamente, abeiramo-nos da vida, dizendo “devo ser bom”, “devo fazer isto”, “devo vir a ser...” É a mesma mentalidade, a mesma ambição; portanto, introduzimos o tempo em nosso viver. Nunca questionamos o tempo. Nunca dizemos: “É mesmo assim? Daqui a dez anos, serei feliz, serei inteligente, vigilante, imensamente rico interiormente, e então só uma coisa existirá?” Nunca questionamos o tempo; aceitamo-lo, como temos aceitado tudo o mais: cegamente, estupidamente, sem pensar, sem raciocinar.

Por isso eu digo que o tempo é veneno, que o tempo é um perigo contra o qual deveis estar sumamente precavidos, perigo tão vivo como um tigre. Deveis estar consciente, a cada minuto, de que o tempo é um veneno mortal, uma cosia fictícia. Estais vivendo hoje; e não podeis viver hoje, de modo completo, com riqueza, plenitude, com extraordinária sensibilidade à beleza, à graça, se vindes com toda a carga de ontem. É preciso, pois, examinar a questão da memória. Memória, conhecimento, experiência, todo o acúmulo de dados científicos e técnicos, são da maior importância quando se trata de executar um trabalho material. Nas coisas de que necessitamos para viver, a memória deve funcionar com o máximo de eficiência, qual um cérebro eletrônico. Este é capaz das coisas mais extraordinárias: pintar, escrever poemas, traduzir, e até dirigir uma orquestra. Mas, esse cérebro eletrônico só pode funcionar com os dados que lhe são fornecidos, por associação, etc. E quando se faz uma pergunta ao cérebro eletrônico, devem-se usar termos precisos; senão, ele não responderá. Por isso mesmo, há hoje todo um conjunto de cientistas empenhados em investigar a questão da ação na linguagem; mas não é este o assunto que nos interessa no momento.

Como já sabemos, a maioria de nós traz o passado para o presente, e o presente se torna mecânico. Se observardes vossa própria vida, vereis quanto é mecânica! Funcionais tal qual uma máquina, como uma imitação perfeita do cérebro eletrônico. Porque aceitastes o tempo e com ele vos acostumastes. Ora, há uma vida fora do tempo, quando se compreende o passado, que é só memória e nada mais.

A memória, na forma de conhecimento, de acumulação de experiência, de coisas que o homem vem juntando a milhões de anos — a memória é o passado, consciente ou inconsciente; nela estão depositadas todas as tradições. E com tudo isso vindes para o presente, para o agora e, por conseguinte, não estais, em absoluto, vivendo. Estais “vivendo” com as lembranças, as cinzas frias de ontem. Observai a vós mesmo. Com essas cinzas frias da memória, inventais o amanhã: um dia, serei não-violento; hoje sou violento, mas irei limando esta minha “grata” violência e, um dia, hei de ser livre, não-violento. Que infantilidade! É uma ideia que aceitastes e, portanto, não podeis despreza-la. E há homens que dizem tais absurdos! E os tratais como grandes homens; porque estais aprisionados no tempo, tal como eles. Esses homens não vos estão libertando, fazendo-vos enfrentar o fato — o tempo — isto é, trazer para o presente o passado inteiro e levá-lo a uma “crise”.

Sabeis o que sucede quando vos vede numa crise — numa crise real, não uma crise inventada, uma crise verbal, de ideias e teorias? Quando vos vedes, de fato, em presença de uma crise, que vos exige atenção integral e “atenção integral” significa: atenção com vossa mente, vossos olhos, vossos ouvidos, vosso coração, vossos nervos, com todo o vosso ser — sabeis o que acontece? Não existe, então, o passado; não há então ninguém para dizer-vos o que deveis fazer; e, então, dessa extraordinária atenção, vem a espontaneidade; e, nesse estado, não existe o tempo. Mas, no momento em que começais a pensar a respeito da crise, no momento em que começais a pensar, todo o passado entra em ação. O pensamento é a reação do passado — associação, etc. E verifica-se, nesse momento, o começo do tempo e do sofrimento.

Por conseguinte, quando a mente não se acha verdadeiramente num estado de ação, porém, num estado de inação, daí vem mais inação, que é do tempo. Há duas espécies de inação: a inação gerada pelo tempo, e a inação que é o estado total da mente que se vê em presença de uma tremenda crise. Com o enfrentar uma crise tremenda, a mente se torna completamente inativa, quer dizer, livre de todo pensamento; e dessa inação vem ação; esta é a única ação importante, e não a outra.

Assim, pois, cumpre compreender a natureza do tempo e o significado do tempo. Com a palavra “compreender” quero dizer “ter vivido” com a coisa, tê-la penetrado; não ter aceito nenhuma teoria nem explicação verbal; não ter fugido por meio do passado, porém ter perquirido, de fato, o fenômeno do tempo psicológico. Fazendo-o, levais o tempo a uma “crise”; essa crise vos torna então sobremaneira atento e, por conseguinte, a mente fica num estado de ação. Fica atuando sempre, porque já se livrou daquele estado de “passado e futuro” — do tempo. E nesse estado, em que a mente não está interessada no passado nem no futuro, tem o presente uma diversa significação. Isso não é teoria, e não se trata de um estado de desespero. Por conseguinte, a cessação do sofrimento é a cessação do pensamento, e a cessação do pensamento é o começo da sabedoria. A cessação do sofrimento é sabedoria.

Krishnamurti – Bombaim, 23 de fevereiro de 1964
O Despertar da Sensibilidade — ICK
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill