A autopiedade é a raiz de todo sofrimento
Esta manhã talvez possamos deixar de lado os nossos problemas — problemas econômicos, problemas atinentes a nossas relações pessoais, problemas de doença, e também os mais importantes que nos rodeiam, de ordem nacional e internacional: a guerra, a fome, as revoltas populares, etc. Não queremos fugir deles, mas se pudermos pô-los de parte, por esta manhã, pelo menos, talvez possamos capacitar-nos para considerá-los de maneira diferente com a mente mais fresca, percebimento mais penetrante — e, assim, atacá-los de maneira nova, com maior vigor e clareza.
A mim me parece que só o amor pode produzir a revolução correta, e que qualquer outra forma de revolução — isto é, revolução baseada em teorias econômicas, em ideologias sociais, etc. só pode acarretar mais desordem, mais confusão e aflição. Não há esperança de resolvermos o básico problema humano mediante reformas e reorganizações parciais. Só quando há um grande amor podemos ter uma visão total e, por conseguinte, uma ação plena, em vez dessa atividade fragmentária, parcial, que atualmente chamamos revolução, e que a nada conduz.
Hoje desejo falar sobre uma coisa que abarca a totalidade da vida — algo que não é fragmentário, porém constitui um acesso total à existência humana; e, para podermos entrar com certa profundeza nesta matéria, devemos libertar-nos de todas as teorias, e crenças, e dogmas. Em geral, aramos sem cessar o solo da mente, mas parece que nunca semeamos; analisamos, examinamos, “desmontamos” as coisas, mas não compreendemos o movimento da vida.
Pois bem; penso haver três coisas que devemos compreender profundamente, para podermos sentir o movimento total da vida. São elas: o tempo, o sofrimento e a morte. Compreender o tempo, compreender o pleno significado do sofrimento, e “viver com a morte” — tudo isso exige a clareza do amor. O amor não é uma teoria, e tampouco um ideal. Ou uma pessoa ama, ou não ama. Ele não pode ser ensinado. Não podeis tomar lições para aprender a amar, nem nenhum método existe mediante cuja prática diária chegueis a saber o que é o amor. Mas, eu acho que se pode chegar ao amor, natural, fácil, espontaneamente, quando se compreende realmente o significado do tempo, a extraordinária profundeza do sofrimento, e a pureza que vem com a morte. Assim, talvez possamos considerar — realmente, e não teórica ou abstratamente — a natureza do tempo, a natureza ou estrutura do sofrimento, e essa coisa extraordinária que chamamos “a morte”. Essas três coisas não são separadas. Se compreendermos o que é o tempo, compreenderemos o que é a morte, bem como o que é o sofrimento. Mas, se considerarmos o tempo como coisa separada do sofrimento e da morte, e tentarmos ocupar-nos dele isoladamente, nosso acesso será então fragmentário e, por conseguinte, nunca perceberemos a maravilhosa beleza e a vitalidade do amor.
Vamos, pois, tratar do tempo, não como abstração, porém como coisa real — sendo o tempo duração, a continuidade da existência. Há o tempo cronológico, horas e dias que se estendem a milhões de anos; e foi o tempo cronológico que produziu a mente com a qual funcionamos. A mente é um resultado do tempo como continuidade da existência, e o seu aperfeiçoamento ou polimento através dessa continuidade chama-se progresso. Tempo é também a duração psicológica criada pelo pensar como um meio de preenchimento. Servimo-nos do tempo para progredir, preencher-nos, “vir a ser”, produzir um certo resultado. De ordinário, o tempo é para nós uma escada que leva a alguma coisa de maior importância — ao desenvolvimento de certas faculdades, ao aperfeiçoamento de determinada técnica, à realização de um fim, de um objetivo, louvável ou não; assim, julgamos que o tempo é necessário para a compreensão do verdadeiro, de Deus, daquilo que excede todo o esforço humano.
Em regra, considera-se o tempo como o período de duração entre o momento presente e um certo momento no futuro, quando teremos realizado nossos alvos; e desse tempo nos servimos para cultivar o caráter, livrar-nos de um certo hábito, desenvolvermos um músculo ou a visão das coisas. Há dois mil anos a mente cristã vem sendo condicionada para crer num Salvador, no inferno, no céu, e, no Oriente, idêntico condicionamento se verifica há muito mais tempo. Pensamos que o tempo é necessário para tudo o que temos de fazer ou compreender, e, por conseguinte, ele se torna uma carga, uma barreira ao percebimento real; impede-nos de ver imediatamente a verdade relativa a qualquer coisa, porque pensamos que para isso o tempo é necessário. Dizemos “amanhã, ou daqui a anos, compreenderei essa coisa com extraordinária clareza”. No momento em que admitimos o tempo, estamos cultivando a indolência, aquela peculiar preguiça que nos impede de ver prontamente a coisa tal como é.
Supomos que necessitamos de tempo para romper o condicionamento que a sociedade — com suas religiões organizadas, seus códigos de moralidade, seus dogmas, sua arrogância e seu espírito de competição — nos impôs. Pensamos em termos de tempo, porque o pensamento é produto do tempo. O pensamento é reação da memória — sendo memória o fundo que foi acumulado, herdado, adquirido pela raça, pela comunidade, pelo grupo, pela família, e pelo indivíduo. Esse fundo é produto do mecanismo aditivo da mente, e sua acumulação levou tempo. Para a maioria das pessoas, a mente é memória, e sempre que há um desafio, uma exigência, é a memória que “responde”. Sua “resposta” é como a “resposta” do cérebro eletrônico, que funciona por associação. E sendo a reação da memória, o pensamento é, por sua própria natureza, produto do tempo e o criador do tempo.
Notai que o que estou dizendo não é uma teoria, uma coisa em que deveis refletir. Sobre ela não precisais refletir, porém, antes vê-la, porque assim é. Não vou entrar nos seus complicados pormenores, mas já vos apontei os fatos essenciais, e vós os vedes ou não os vedes. Se me estais seguindo, não apenas no sentido verbal, discursivo ou analítico, porém vendo realmente que assim é, percebereis como é enganador o tempo; e a questão é então — se o tempo pode parar. Se somos capazes de ver todo o mecanismo de nossa própria atividade — ver sua profundeza, sua superficialidade, sua beleza, sua fealdade — não amanhã, porém imediatamente, então esse próprio percebimento é a ação que destrói o tempo.
Se não compreendermos o tempo, não compreenderemos o sofrimento. Eles não são, como procuramos torná-los, duas coisas diferentes. Exercer um cargo, estar com a família, gerar prole — não são incidentes separados, isolados. Pelo contrário, estão profunda e intimamente relacionados; não podemos perceber essa extraordinária intimidade de relação sem a sensibilidade oriunda do amor.
Para compreender o sofrimento, devemos, com efeito, compreender a natureza do tempo e a estrutura do pensamento. O tempo tem de parar, porque, do contrário, ficaremos meramente repetindo as informações que temos acumulado, exatamente como um cérebro eletrônico. A menos que o tempo termine — o que significa o fim do pensamento — haverá mais repetição, ajustamento, modificação contínua. Nunca existirá nada novo. Somos cérebros eletrônicos “glorificados” — um pouco mais independentes, talvez, mas sempre máquinas, em nossa maneira de funcionar.
Assim, para compreender a natureza do sofrimento e como ele pode terminar, temos de compreender o pensamento. Os dois não existem separadamente. Ao compreender-se o tempo, atinge-se o pensamento; e a compreensão do pensamento é a extinção do tempo e, por conseguinte, o término do sofrimento. Se isto está perfeitamente claro, podemos então olhar o sofrimento e, não, adorá-lo, como o fazem os cristãos. O que não compreendemos, adoramos ou destruímos. Colocamo-lo num templo, numa igreja, ou num “canto escuro” da mente, onde lhe rendemos um culto de temor; ou desprezamo-lo e repudiamo-lo; ou fugimos. Mas aqui não estamos fazendo nada disso. Vemos que há milênios o homem luta com o problema do sofrimento, sem ter podido resolvê-lo até agora; assim, deixou-se calejar por ele, aceitou-o, considerando-o uma parte inevitável da vida.
Ora, o mero aceitar do sofrimento não só é insensato, mas também concorre para embotar-nos. Faz a mente insensível, brutal, superficial, e a vida, por conseguinte, se torna falsa, um mero mecanismo de trabalho e de recreação. Leva o homem uma existência movimentada, como negociante, cientista, artista, sentimentalista, como pessoa dita religiosa, etc. Mas, para compreendermos o sofrimento e dele nos libertarmos, temos de compreender o tempo e, por conseguinte, o pensamento. Não se pode negar o sofrimento ou fugir dele, recorrendo a distrações, a igrejas, a crenças organizadas; tampouco devemos aceitá-lo e divinizá-lo; e, para se evitar isso, requer-se muita atenção, que é energia.
O sofrimento está enraizado na autopiedade. Para o compreendermos, cumpre extinguir essa autopiedade. Não sei se já observastes como tendes pena de vós mesmo ao dizerdes; “Estou sozinho no mundo!” — Havendo autopiedade, está preparado o solo em que o sofrimento lançará suas raízes. Ainda que justifiqueis a autopiedade, ainda que a racionalizeis, que procureis poli-la, revesti-la com ideias, ela continuará existente, minando-vos profundamente. Assim, para que o homem possa compreender o penar, deverá livrar-se dessa brutal e egocêntrica trivialidade que é a pena de si mesmo. Podeis sentir autopiedade por motivo de doença, pela morte de um ente querido, ou por não vos terdes realizado e, por conseguinte, vos sentirdes frustrado; mas, independentemente de sua causa, a autopiedade é a raiz do sofrimento. E, uma vez livre desse sentimento, podereis encarar o sofrer sem lhe renderdes culto, sem dele fugir, ou sem lhe dardes uma significação sublime, espiritual, como, por exemplo, dizendo que deveis penar para achar Deus — o que é puro contrassenso. Só a mente embrutecida, estúpida, se conforma com a amargura. Por conseguinte, não devemos aceitá-la, em nenhuma forma, nem rejeitá-la. Ao libertar-vos da autopiedade, vos despojais de toda a sentimentalidade e emocionalismo que ela suscitou, e estareis pronto para olhar o sofrimento com total atenção.
Espero que o estejais fazendo, junto comigo, nesta viagem, e não aceitando apenas verbalmente os dizeres do orador. Tende cuidado com a passiva aceitação do sofrimento, a racionalização dele, as escusas, a autopiedade, a sentimentalidade, a atitude emocional ante o amargor, porquanto tudo isso é dissipação de energia. Para compreenderdes o sofrimento, deveis aplicar-lhe toda a atenção, e nesta atenção não há lugar para escusas, para sentimento, racionalização, não há lugar para nenhuma espécie de comiseração própria.
Suponho estar sendo bem claro ao ressaltar a necessidade de darmos inteira atenção ao sofrimento. Nessa atenção, não há esforço para resolvê-lo ou compreendê-lo. A pessoa só está olhando, observando. Todo esforço para compreender, racionalizar ou fugir, impede aquele estado imparcial de completa atenção, no qual pode ser compreendida essa coisa chamada sofrimento.
Não estamos analisando, nem investigando analiticamente o sofrimento com o intuito de dele nos livrarmos, pois isso é apenas mais uma artimanha mental. A mente que o analisa supõe tê-lo compreendido e que está liberta. Puro contrassenso. Podeis libertar-vos de determinada forma de sofrimento; mas ele ressurgirá de outra maneira. Estamos falando do sofrimento em sua totalidade, o sofrimento em si, seja vosso, seja meu ou de outro qualquer ente humano.
Como disse, para se compreender o sofrimento é necessário compreender o tempo e o pensamento. Requer-se um percebimento não seletivo de todas as formas de fuga, de toda a autopiedade, de todas as verbalizações, de modo que a mente se aquiete diante de uma coisa que deve ser compreendida. Não há então divisão entre o observador e a coisa observada. Não há aquele que — como observador, como pensador — observa o sofrimento; só há o estado de sofrimento. Esse “estado de sofrimento”, não-dividido, é necessário, porque, quando olhais o sofrimento como observador, criais o conflito que embrutece a mente e dissipa a energia e, por conseguinte, não há atenção.
Quando a mente compreende a natureza do tempo e do pensamento, quando desarraigou a autopiedade, a sentimentalidade, o emocionalismo, etc., então o pensamento — que criou toda essa complexidade — termina, e o tempo já não existe; assim, ficais direta e intimamente em contato com essa coisa a que chamais sofrimento. O sofrimento só se conserva ao fugirmos dele, ao desejarmos evitá-lo ou divinizá-lo. Mas, quando não houver nada disso, porque a mente estará em direto contato com o sofrimento e, por conseguinte, completamente silenciosa em relação a ele, descobrireis, então, que ela dele se libertou. Desde que estejamos em direto contato com o penar, este fato, por si só, dissolve todos os fatores que o produzem, inerentes ao tempo e ao pensamento. E, assim, cessa de todo o sofrer.
Como, agora, compreender essa coisa que chamamos “a morte”, e que tanto nos assusta? O homem tem criado muitas maneiras tortuosas de considerar a morte — divinizando-a, negando-a, apegando-se a inumeráveis crenças, etc. Mas, para compreender a morte, deveis por certo considerá-la de maneira nova; porque em verdade nada sabeis a respeito da morte, sabeis? Podeis ter visto pessoas morrerem e ter observado em vós mesmo ou em outro a aproximação da velhice, com a concomitante deterioração. Sabeis que há o findar da vida física, por velhice, acidente, doença, assassínio ou suicídio, mas não conheceis a morte como conheceis o sexo, a fome, a crueldade, a brutalidade. Ignorais o que é morrer e, enquanto não o souberdes, a morte nenhuma significação terá. O que temeis é uma abstração, algo que não conheceis. Desconhecendo a plenitude da morte, ou o que ela implica, a mente tem-lhe medo — medo do pensamento, e não do fato que ela desconhece.
Vejamos isso com certa profundeza.
Se morrêsseis repentinamente, não teríeis tempo para pensar na morte e temê-la. Mas, há um intervalo entre agora e o momento em que se apresentará a morte, e durante esse intervalo tendes bastante tempo para vos preocupar e para racionalizar. Desejais “transportar” para a próxima vida — se há uma próxima vida — todas as ansiedades e desejos e conhecimentos que tendes acumulado, e, assim, inventais teorias ou credes numa certa espécie de imortalidade. Considerais a morte algo separado da vida. A morte está lá e vós aqui, ocupado em viver — em guiar vosso carro, em ter relações sexuais, em alimentar-se, em exercer vossa atividade, acumular conhecimentos, etc. Não desejais, morrer porque ainda não concluístes o livro que estais escrevendo, ou porque ainda não sabeis tocar violino com “virtuosidade”. Por isso, separais a vida da morte, dizendo: “Agora compreenderei a vida, e oportunamente compreenderei a morte”. Mas, as duas não estão separadas — e eis o que importa compreender em primeiro lugar. A vida e a morte constituem um todo, estão intimamente relacionadas, e não podeis isolar uma delas e procurar compreendê-la separadamente da outra. Isso é o que em regra fazemos. Dividimos a vida em compartimentos estanques. Se sois economista, então a ciência econômica é tudo o que vos interessa, e nada sabeis acerca do resto. Se sois médico especialista de nariz e garganta ou do coração, viveis anos seguidos neste limitado campo de conhecimento e, quando morreis, este é o vosso céu.
Como disse, considerar a vida fragmentariamente é viver em constante confusão, contradição, aflição. Tendes de ver a totalidade da vida; e só se pode ver essa totalidade quando há afeição, quando há amor. O amor é a única revolução que produzirá a ordem. É inútil adquirir constantes conhecimentos de Matemática, Medicina, História, Economia, e depois reunir todos esses fragmentos; isso não resolverá coisa alguma. Sem o amor, a revolução só conduz ao endeusamento do Estado ou à adoração de uma imagem, ou a inumeráveis e tirânicas perversões, e à destruição do homem. Do mesmo modo, quando a mente, medrosa que é, põe a morte à distância, separando-a do viver diário, tal separação só serve para gerar mais medo, mais ansiedade, e uma multiplicidade de teorias a respeito da morte. Para se compreender a morte, é necessário compreender a vida. Mas a vida não é continuidade do pensamento, continuidade essa responsável por todas as nossas aflições.
Assim, pode a mente trazer a morte, da distância em que se acha, para o imediato (o agora)? Entendeis? A morte, com efeito, não se acha em nenhum lugar remoto: ela está aqui e agora. Está presente quando falamos, quando nos divertimos, quando escutamos, quando nos dirigimos ao escritório. Está aqui a cada instante da vida, exatamente como o amor. Percebendo-se esse fato, deixa de haver medo à morte. Tememos, não o desconhecido, porém a perda do conhecido. Tememos perder nossa família, ficar só, sem companheiros; tememos a dor da solidão, ficar privado das experiências, dos haveres acumulados. É o conhecido que temos medo de largar. O conhecido é memória — memória a que nos apegamos. Mas a memória é apenas uma coisa mecânica — como os computadores o provam sobejamente.
Para compreendermos a beleza e a extraordinária natureza da morte, precisamos livrar-nos do conhecido. No morrer para o conhecido, está o começo da compreensão da morte, porque a mente então se torna fresca, nova, e nenhum medo existe; por conseguinte, pode-se entrar naquele estado que se chama “a morte”. Assim, do começo até o fim, a vida e a morte são inseparáveis. O sábio compreende o tempo, o pensamento e o sofrimento, e só ele é capaz de compreender a morte. A mente que morre a cada instante, que não armazena experiência, é imaculada e, por conseguinte, se acha num perene estado de amor.
Desejais fazer perguntas a este respeito, para entrarmos em mais pormenores?
PERGUNTA: Qual a diferença entre o vosso pensar e o pensamento cristão sobre o amor?
KRISHNAMURTI: Sinto não poder dizê-lo. Eu não penso no amor. Não se pode pensar no amor; se o fazeis, não se trata de amor. Como deveis saber, há enorme diferença entre o sexo, e o pensamento a respeito do sexo, que estimula a sensação. A mente que se ocupa da mera satisfação sexual, que pensa no sexo, que se excita por meio de imagens, de figuras, de pensamentos, é de qualidade destrutiva. Já “a outra coisa” (o amor) difere muito: sentimo-la sem a interferência do pensamento. Analogamente, não se pode pensar a respeito do amor, de acordo com o padrão de nossa memória ou conforme o que tendes ouvido dizer: que ele é bom, profano, sagrado, etc. Porque esse pensar não é amor. O amor não é cristão nem hinduísta, não é oriental nem ocidental, não é vosso nem meu. Só quando uma pessoa se liberta de todas essas ideias de nacionalidade, raça, religião, etc. — só então saberá o que é amar.
Vede, estive falando nesta manhã acerca da morte, a fim de bem a compreenderdes — não apenas enquanto estais aqui, neste pavilhão, mas durante a nossa vida — e por conseguinte ficardes livre do sofrimento, livre do medo, e saberdes realmente o que significa morrer. Se agora, e nos dias vindouros, vossa mente não continuar vigilante, ilesa, sã, então o mero escutar de palavras será completamente fútil. Mas, se vos achais profundamente atento, ciente de vossos pensamentos e sentimentos; se não estais interpretando o que diz o orador, porém observando realmente, por vós mesmo, enquanto ele vai descrevendo e penetrando o problema, então, após sairdes daqui, vivereis — não só com exultação, mas também com a morte e o amor.
Krishnamurti, Saanen, 28 de julho de 1964,
A mente sem medo