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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O pensamento não pode resolver o problema do sofrimento

Por favor, não aceitem nem rejeitem o que está dizendo. Temos de ver o fato, e, quando o vemos muito claramente, não há aceitação e nem rejeição. Ele é o que é. A questão não é de “como colocar fim ao sofrimento”, ou “em que casos o pensamento deve funcionar e em que caso não deve funcionar”. Quando se compreende com muita clareza todo o movimento do pensamento, como ele opera, todos os fatores implicados, numa palavra, o mecanismo do pensamento, a origem do pensar e do pensamento — começa-se a perceber que o problema do tempo é realmente este: se o tempo, como pensamento, pode terminar. De outro modo, o sofrimento nunca terá fim: continuaremos, por mais dois milhões de anos, ou além, a aceitar, a fugir, a viver uma vida agitada, insegura, incerta.

Pode-se deter o tempo (psicológico)? Devemos primeiro perceber que a mente, o cérebro, o movimento do pensar — tudo está funcionando no tempo, e é tempo. Devemos perceber que o tempo é um movimento, uma corrente, que dividimos em ontem, hoje, amanhã. Temos de perceber esse movimento como um todo e dispensar-lhe toda a nossa atenção. A atenção implica completa cessação do esforço, aplicação do espírito à questão, ao que se está dizendo — nada aceitando, porém aplicando completamente a atenção, sem esforço algum. Não se pode prestar atenção mediante determinação. Se dizemos: “Quero prestar atenção”, toda nossa energia se dissipa no esforço para estarmos atentos. Prestar atenção não requer concentração, porque concentração significa exclusão. No esforço para concentrar-nos, estamos excluindo, erguendo barreiras, resistências; estamos nos forçando, ao passo que na atenção não há divisão, pois o intelecto, os nervos e tudo o mais está funcionando no mais alto nível. Nessa atenção não há observador.

Se aplicam a atenção de vocês a alguma coisa — uma flor, uma árvore — observando-a atentamente, completamente, não há separação entre observador e o objeto observado. Se se olha uma flor completa e atentamente, sem lhe dar nome, sem “gostar” ou “não gostar” — se se observa completamente, com todo o ser, não há observador e, por conseguinte, não há tempo. O observador é resultado do tempo. É o observador que diz “gosto” e “não gosto”; “isto me apraz” e “isso não me apraz”; “isto é vantajoso”, “isto não é vantajoso”; “tenho de conservar os meus prazeres, embora acarretem mais dores, mais ansiedades, mais sofrimento”. O prazer gera invariavelmente sofrimento e dor. A própria natureza do observador é o censor, que está sempre a escolher o prazer. Tudo ele olha desse ponto de vista e, por conseguinte, nunca está atento.

E necessário estar atento ao fluir do tempo, e nunca dizer: “Conservarei esta parte do tempo que me tem dado prazer, satisfação, a lembrança de algo que outrora me deleitou”. Necessita-se de uma atenção total, completamente isenta de sentimento e emoção. Na maioria dos casos, o sofrimento é autopiedade, e a autopiedade é um absoluto desperdício de tempo em excessos emocionais. Não tem nenhum valor. O que tem valor é o fato, e não a autocomiseração que experimentamos porque não podemos alterá-lo. A autopiedade gera ansiedade emocional, sentimentalismo, etc. Quando ocorre a morte de alguém que amamos, esse fato contém sempre o veneno da autopiedade. A autopiedade assume muitas formas  — o pesar pela ausência daquele que morreu, etc. etc. Mas, onde há sofrimento, não há amor. Onde há ciúme, não há amor. Intelectualmente, todos sabemos disso, entretanto continuamos pelo mesmo caminho que gera sofrimento.

Estar atento significa compreender a divisão do tempo em passado, presente e futuro — “Eu fui”, “Eu não devo”, “Eu farei”. Se percebermos claramente esse “processo” do tempo, veremos que o tempo terminará de todo. Experimentem-no! Para o fazermos, prática e não teoricamente, para percebermos o fato, devemos conhecer o passado.

(...) Para compreender tudo isso, temos de prestar-lhe atenção. Quando escutamos atentamente, completamente, o que está dizendo, não há “entidade que escuta”. Quando olhamos uma coisa de maneira completa, não há nenhuma entidade entendida como “aquele que está olhando”. O censor, o observador só se torna existente quando se põe em movimento o processo de pensar.

Ao apresentar-se o sofrer, deem-lhe toda a atenção, sem cuidar de fugir, nem de justificar, nem de encontrar alguma razão para ele. Todos sabemos porque sofremos. Sofremos porque não podemos achar emprego, ou porque nosso filho perdeu a razão ou se tornou “moderno”, ou porque não temos capacidade, e os outros têm. Todos conhecemos as razões do sofrimento, mas só é possível colocar-lhe fim se consideramos em sua inteireza o processo do tempo, que é pensamento. Se dermos essa atenção completa, veremos que, absolutamente, não há mais pensamento e, por conseguinte, não há tempo.

Quando alguém de quem gostamos ou que amamos nos abandona ou morre, passado o choque, “respondemos” a esse fato com reações de nossa solidão, de nossa autopiedade, do tempo que nos faltou para fazer isto ou aquilo, do que poderia ter sido e não foi. Isso é dissipação de energia. Se, passado o choque, prestarmos inteira atenção a esse sofrimento, sem nos arredarmos em nenhuma direção, veremos que ele terá fim, não num futuro distante, porém, imediatamente. Só a mente que não se acha anuviada pelo sofrimento conhecerá o amor. A meditação não é algo que se consegue com esforço, algo que se tem de praticar, de aprender, porém, sim, é aquela atenção — atenção para tudo, da coisa mais insignificante à mais profunda. Se assim fizerem, verão, por si mesmos, que se apresentará um silêncio que não é do tempo, que não é do pensamento. Ao alcançarem algo que não é construído pelo pensamento, verão que esse algo não é, em absoluto, tempo.


Jiddu Krishnamurti – Encontro com o eterno  

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill