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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Como funcionava a mente de Krishnamurti (por ele mesmo)

O interrogante deseja saber como a minha mente funciona. Se posso estender-me um pouco a esse respeito, eu o mostrarei. Não há um centro de onde ela opera, não há memória de onde ela reage. Há a lembrança do caminho que acabo de tomar, do caminho no qual vivo, há o reconhecimento de pessoas, incidentes; mas não há processo de acumulação, não há processo mecânico de gradual acumulação do qual procede a reação. Se eu desconhecesse o uso do inglês ou de outra língua qualquer, não estaria em condições de falar. A comunicação no nível verbal é necessária, para que possamos entender-nos; mas o que se diz, como é dito, e de onde é dito, isso é que tem importância. Ora, quando se faz uma pergunta, se a resposta parte de uma mente que acumulou experiências e lembranças, essa resposta é então mera reação e não é, portanto, raciocínio; mas quando não existe acumulação, o que significa que não existe reação, não há frustração, nem esforço, nem luta. O “processo” de acumulação, o centro acumulador, assemelha-se a uma árvore de raízes profundas, dentro de um curso d’água, a juntar dejetos em redor de si; e o pensamento, sentado no alto dessa árvore, imagina que está pensando, vivendo. A mente assim só está acumulando; e a mente que acumula, sejam conhecimentos, seja dinheiro ou experiência, não está vivendo, evidentemente. Só quando a mente se move, quando fluí, há o viver. O interrogante deseja saber como se chega à sabedoria e como ela se cultiva. Não se pode chegar à sabedoria; pode-se cultivar o saber, o cabedal intelectual, mas a sabedoria não é cultivável, porque não é coisa que se possa acumular. No momento em que começamos a acumular, o que temos é mera informação, mero conhecimento, que não é sabedoria. A entidade que cultiva sabedoria faz ainda parte do pensamento, e o pensamento é uma mera reação de estímulos. O pensamento, por conseguinte, é, tão só, a acumulação de memória, de experiência, de conhecimento, e, nessas condições, o pensamento não pode encontrar a sabedoria. Só na cessação do pensar há sabedoria; e a cessação do pensar só ocorre ao terminar o processo de acumulação, o que significa reconhecimento do “eu” e do “meu”. Enquanto a mente funciona na esfera do “eu” e do “meu”, que é apenas reação, não haverá sabedoria. Enquanto falo, estou consciente das palavras que pronuncio, mas não estou reagindo à pergunta de um centro. Para se descobrir a verdade de uma questão, de um problema, o processo do pensar, que é mecânico, e que conhecemos, tem de parar. Significa isso, por conseguinte, que há necessidade de completo silêncio interior, e só então conhecerão aquela ação criadora que não é mecânica, que não é mera reação. O silêncio, pois, é o começo da sabedoria. Veja, senhor, isto é bastante simples. Quando você tem um problema, sua primeira reação é pensar a respeito e resistir-lhe, aceita-lo ou livrar-se dele por meio de explicações — não é assim? Observe a si mesmo, e verá. Tome qualquer problema que surgir, e verá que a reação imediata é resistir-lhe ou aceita-lo; ou, se não faz nenhuma destas duas coisas, você o justifica ou o afasta com explicações. Assim, quando se faz uma pergunta, sua mente é logo colocada em movimento, como uma máquina; reage prontamente. Mas se quiser resolver o problema, sua reação imediata será o silêncio e não o pensar. Quando esta pergunta foi feita, minha reação foi o silêncio; e, estando em silêncio, vi logo que onde há acumulação não pode haver sabedoria. Sabedoria é espontaneidade, e não pode haver espontaneidade ou liberdade, enquanto há acumulação de saber, de memória. Assim, o homem de experiência não pode ser sábio nem um homem simples; mas o homem que está livre do processo de acumulação é sábio, sabe o que é silêncio; e tudo o que procede desse silêncio é verdadeiro. Esse silêncio não é coisa cultivável; não há nenhum meio, nenhum caminho que a ele conduza, não há “como”. O perguntar “como?” implica cultivo, não passa de uma reação do desejo de acumular silêncio. Mas ao compreender todo o processo de acumulação, que é o processo do pensar você conhecerá então aquele silêncio de onde brota a ação que não é reação; e pode-se viver nesse silêncio a todas as horas, pois não é um dom, uma capacidade — nada tem que ver com capacidade. Ele só vem a existência quando observamos com atenção cada reação, cada pensamento, cada sentimento, quando estamos conscientes do fato, sem explicação, sem resistência, sem aceitação ou justificação; e ao perceber o fato com toda a clareza, sem o obstáculo de barreiras e cortinas, então a própria percepção do fato dissolve o fato, e a mente fica tranquila. Só quando a mente está tranquila, sem fazer esforço algum para estar tranquila, só então ela é livre. Senhor, só a mente livre é sábia, e para ser livre, a mente tem de ser silenciosa.


Jiddu Krishnamurti — O que estamos buscando? 
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill