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sábado, 28 de setembro de 2013

Quem é a entidade que vive com medo e o observa?

Será possível para a mente viver no presente, de forma completa e total? Só uma mente assim não tem medo. Mas, para compreender isso, você precisa compreender a estrutura do pensamento, das recordações, do tempo. E ao compreender isso — compreender não de modo intelectual, ou verbal, mas de verdade, com o coração, com a mente, com as entranhas — você ficará livre do medo; a mente, então, poderá usar o pensamento sem criar o medo. 

O pensamento, assim como a memória é, sem dúvida, necessário para a nossa vida diária. Ele é o único instrumento de que dispomos para a comunicação, para trabalhar no nosso emprego, e assim por diante. O pensamento é a resposta à memória, memória essa que foi acumulada através da experiência, do conhecimento, da tradição e do tempo. E é a partir dos antecedentes dessa memória que reagimos, e essa reação é o pensamento. Assim, o pensamento é essencial é essencial em certos níveis, mas quando o pensamento se projeta psicologicamente como futuro ou passado, criando tanto o medo quanto o prazer, a mente fica embotada e, como consequência inevitável, vem a inação. 

Então, pergunto a mim mesmo: "Por que, por que, por que fico pensando sobre o futuro e o passado em termos de prazer ou dor, sabendo que esses pensamentos criam o medo? Não será possível para o pensamento, parar, psicologicamente, pois, caso contrário, o medo jamais terá fim?"

Uma das funções do pensamento é a de ficar ocupado o tempo todo com alguma coisa. A maioria de nós deseja ter a mente sempre ocupada de modo que não possamos ver-nos como de fato somos. Temos medo de ser vazios. Temos medo de olhar nossos medos. 

(...) Vivemos uma vida de fragmentação e só podemos olhar esse medo através do fragmentário processo do pensamento. Todo o processo do mecanismo do pensamento é o de quebrar tudo em fragmentos: amo você, odeio você; você é meu inimigo, você é meu amigo; minhas idiossincrasias e tendências peculiares, meu trabalho, minha posição, meus prestígio, minha mulher, meu filho, o meu país e o seu país, o meu Deus e o seu Deus — tudo isso é a fragmentação do pensamento. E esse pensamento olha o estado total do medo, ou tenta olhar para ele, e o reduz a fragmentos. Portanto, vemos que a mente pode olhar para esse medo como um todo apenas quando não há nenhum movimento do pensamento. 

Você é capaz de observar o medo sem nenhuma opinião, sem nenhuma interferência do conhecimento que você acumulou acerca dele? Se não puder, isso significa que o que você observa é o passado, não o medo; se você puder, você, então, estará observando o medo pela primeira vez sem a interferência do passado. 

Você só pode observar quando a sua mente está quieta, da mesma forma como só pode ouvir o que uma pessoa diz quando a sua mente não está conversando consigo mesma, ocupada com seu diálogo interior acerca de seus próprios problemas e ansiedades. Será que você pode, dessa mesma forma, olhar o seu medo sem tentar resolvê-lo, sem fazer surgir o seu oposto, a coragem — na verdade, olhar para ele e não tentar fugir dele? Quando você diz: "Preciso controlá-lo, preciso me livrar dele, preciso compreendê-lo", você está tentando fugir dele. 

(...) Viver com algo vivo como o medo requer da mente e do coração uma extraordinária sutileza e que não tenham preconceitos, podendo assim acompanhar cada movimento do medo. Então, se você o observa e convive com ele — e isso não leva um dia inteiro, talvez baste um minuto ou um segundo para conhecer toda a natureza do medo — se você vive com isso por inteiro, será inevitável a pergunta: "Quem é a entidade que vive com medo? Quem é que observa o medo, que observa todos os movimentos das diversas formas de medo, da mesma forma como você percebe o fato central do medo? Será o observador uma entidade morta, um ente estático, que acumulou grande quantidade de sabedoria e informações acerca de si mesmo; será essa entidade quem observa e vive com o impulso do medo? O observador é o passado, ou ele será algo vivo?" Qual a sua resposta? Não responda para mim, responda para você mesmo. Será você, o observador, uma entidade morta a observar algo cheio de vida ou será você um organismo vivo a observar algo também cheio de vida? Porque no observador existem os dois estados. 

O observador é o censor que não deseja o medo; o observador é a totalidade de todas as suas experiências acerca do medo. O observador, então, é distinto daquilo que ele chama de medo; há um espaço entre eles; ele tenta sempre superar isso ou fugir disso e vem daí a permanente batalha entre ele mesmo e o medo — batalha essa que é um enorme desperdício de energia. 

Como pode ver, você aprende que o observador é um mero amontoado de ideias e recordações sem nenhuma substância ou validade, mas que o medo é uma realidade e que você tenta compreender um fato com uma abstração, o que, evidentemente, não conseguirá fazer. Mas, na verdade, será o observador que diz: "Eu tenho medo", distinto do que é observado, ou seja, do medo? O observador É o medo e, quando isso é compreendido, não há mais a dissipação de energia no esforço de ficar livre do medo, e desaparece o intervalo de tempo-espaço entre o observador e o observado. Quando você faz parte do medo, que não é separado dele — que você é o medo — não é possível, então, fazer nada a respeito; e o medo, como um todo, chega ao fim.   

Jiddu Krishnamurti — Liberte-se do Passado

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill