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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Sobre a recusa de compreender o que é

Pergunta: Qual a diferença entre a rendição à vontade de Deus e o que você diz a respeito da aceitação do que é?

Krishnamurti: Há, por certo, enorme diferença, não? Render-se à vontade de Deus, supõe prévio conhecimento da vontade de Deus. Não se submetem a uma coisa que não conhecem. Se vocês conhecem a realidade, não podem a ela se renderem; vocês deixam de existir; não há rendição a uma vontade superior. Se vocês se rendem a uma vontade superior, essa vontade superior é uma projeção de si mesmos, visto que o real não pode ser conhecido através do conhecido. Ele só pode vir à existência, quando o conhecido deixou de existir. O conhecido é criação da mente, porque o pensamento é resultado do conhecido, do passado, e o pensamento só pode criar o que conhece. Por conseguinte, o que ele conhece não é o eterno. Eis por que, quando vocês se rendem à vontade de Deus, vocês estão se rendendo às suas próprias projeções; isso só pode ser agradável, confortador, mas não é o real.

A compreensão do que é, exige processo diferente; talvez a palavra processo não seja adequada, mas o que quero dizer é o seguinte: é muito mais difícil compreender o que é, exige mais inteligência, mais percebimento do que a mera aceitação de uma ideia, a mera submissão a uma ideia. A compreensão do que é não requer esforço; esforço é distração. Para compreender uma coisa, para compreender o que é, vocês não podem ser distraídos, não é verdade? Se desejo compreender o que dizem, não posso estar ouvindo música, ouvindo barulho de gente lá fora, tenho de dar-lhes toda a minha atenção. Assim, é extraordinariamente difícil e árduo estar cônscio do que é, porque o nosso próprio pensar se torna uma distração. Nós não queremos compreender o que é. Olhamos o que é através dos óculos do preconceito, da censura ou da identificação, e é muito difícil tiramos esses óculos, para olhar o que é. Por certo, o que é é um fato, a verdade, e tudo o mais é fuga, não é verdade. Para compreendermos  o que é, tem de cessar o conflito da dualidade, porque a reação negativa de nos tornarmos uma coisa diferente do que é, é a negação do percebimento do que é. Se desejo compreender a arrogância, não devo passar ao oposto, não devo ser distraído pelo esforço de “vir a ser”, nem sequer pelo esforço de tentar compreender o que é. Se sou arrogante, que acontece? Se não dou nome à arrogância, ela se extingue; vale dizer que a solução está no próprio problema, e não longe dele.

Não se trata de aceitar o que é; não se aceita o que é; uma pessoa não aceita sua cor morena ou branca: trata-se de um fato. Só quando estamos tentando tornar-nos outra coisa, há o problema de aceitar. Quando reconheço um fato, ele deixa de ser importante; mas a mente que foi educada para fugir em múltiplas direções, é incapaz de compreender o que é. Sem compreender o que é, não se pode achar o que é real, e sem essa compreensão, a vida não tem significado, a vida é uma batalha constante, em que subsiste sempre a dor e o sofrimento. O real só pode ser compreendido quando se compreende o que é. O que é não pode ser compreendido, se há censura ou justificação. A mente que está sempre condenando ou identificando não pode compreender; só é capaz de compreender aquilo em cujo interior está aprisionada. A compreensão do que é, o percebimento do que é, revela profundezas extraordinárias, nas quais se encontra realidade, felicidade e alegria.

Jiddu Krishnamurti — A primeira e última liberdade   

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill