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sábado, 14 de setembro de 2013

Por que temos medo de morrer?

Todos nós, velhos e moços, tememos a morte. Assim, racionalizamo-la, aceitamo-la como coisa inevitável, conformando-nos com ela, ou esquecemo-la; porém, ela está sempre presente. Ou, ainda, criamos crenças, a fim de fugir ao fato, crença na reencarnação, na ressurreição, etc. O pensamento, a seu turno, teme o fim que a morte lhe dará. Não só o organismo, mas toda a estrutura psicológica criada pelo pensamento está fadada a acabar não preenchida e a desejar mais alguns anos de vida para fazer isto ou aquilo, para corrigir o que foi e transformá-lo no que “deveria ser”.

Consciente ou inconscientemente sabemos que a morte significa a cessação do pensamento, ou disso que pensamos ser “pensamento”; a cessação do EU, embora este esteja sempre a inventar estruturas e esperanças. Morremos por doença, velhice, acidente, ou deliberadamente pomos fim à nossa vida, vendo que é tão fútil e tediosa, com sua insuportável rotina. Não vemos na vida, nenhum significado, nenhuma felicidade. Com efeito, se o observarmos bem, mal podemos descobrir em nosso viver alguma significação. Seguimos vivendo, dia por dia, com nossa rotina, nosso tédio, a repetição de nossos prazeres e dores e tudo o mais que constitui a nossa existência sem sensibilidade e sem significação. Ao percebermos isso, procuramos dar significado à vida  inventamos uma significação: Deus, atividades elevadoras, preenchimento, escrever livros, fazer isto e mais aquilo — a atividade incessante desse macaco que é o EU.

Temos medo de morrer. Para pormos fim ao medo da morte, temos de entrar em contato com a morte, não com a imagem que o pensamento criou a respeito da morte, porém devemos sentir realmente aquele estado. De outro modo, o medo não tem fim, porque a palavra “morte” gera medo e não gostamos de pronunciá-la. Podemos, como entes equilibrados, normais, capazes de raciocinar claramente, de pensar e observar objetivamente, entrar totalmente em contato com o fato? O organismo, pelo constante desgaste, ou por doença, terá de, afinal, morrer. Se somos pessoas equilibradas, desejamos descobrir o que significa a morte. Não é esse um desejo mórbido, porquanto é bem possível que, pelo morrer, compreendamos o viver. Nosso viver atual é tortura, infinita agitação, contradição e, por conseguinte, conflito, aflição e confusão. Ir todos os dias para o trabalho, a repetição de prazeres e concomitantes dores, o tatear, as incertezas — isso é o que chamamos “viver”. Já nos habituamos a essa espécie de vida. Aceitamo-la, com ela envelhecemos e morremos.

Para descobrirmos o que é viver, e também descobrir o que é morrer, precisamos entrar em contato com a morte, isto é, temos de finalizar, todos os dias, tudo o que conhecemos. Temos de destruir a imagem que formamos a respeito de nós mesmos, de nossa família, de nossos conhecidos, a imagem que formamos por meio do prazer, por meio de nossas relações com a sociedade; temos de destruir tudo. É isso o que de fato vai suceder quando a morte chegar. Saberemos então o que significa morrer e, também, o que significa viver, porque morreremos então para todas as aflições, todos os conflitos, todas as lutas. Só no morrer há uma coisa nova. Nunca haverá nada novo enquanto o tempo existir. O novo só pode vir quando o tempo finda, o tempo, que é duração. O tempo, tal como o conhecemos, é ontem, hoje e amanhã. Nessa corrente do tempo estamos a debater-nos, tentando, dentro dela, resolver os nossos problemas.

O problema só poderá ser resolvido quando o tempo terminar — o tempo como ontem, hoje e amanhã. Temos de morrer para a memória, para as ofensas, para todas as imagens que formamos com o presente — imagens relativas a nós mesmos, aos outros, ou ao mundo. Entra-se então em direto contato com a realidade, a qual tanto é o viver como o morrer e na qual não existe medo nenhum. Essa realidade só pode verificar-se na total inação — na inação em que o pensamento, tendo compreendido o lugar que lhe compete, nenhuma existência tem numa diferente dimensão.

Jiddu Krishnamurti — Encontro com o eterno

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill