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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Existe separação entre o viver e o morrer?

É verdadeiramente interessante observar o funcionamento de nosso próprio pensar, observar essa reação que chamamos pensar. De onde ela nasce? Obviamente da memória. Existe um começo do pensamento?... "Posso descobrir o começo do pensamento, isto é, o começo da memória?" — pois se vocês não tivessem memória não teriam o pensamento. Qual é o começo do pensamento, e tem ele alguma importância? O pensamento tem para nós extraordinária importância. Quanto mais inteligente, e sagaz, e sutil, tanto melhor sabemos expressá-lo. Vocês sabem quantas ideias, racionais ou não, enchem os livros dos intelectuais, teólogos ou não teólogos — de Santo Tomás, ou de Sankara, ou dos intelectuais do Extremo Oriente. Quer no campo sectário, religioso, quer no campo não religioso, encheram-se milhares de livros de ideias e nós veneramos esses livros e essas ideias, que são para nós de tremenda importância. Estamos fortemente condicionados. E, aqui, quando falamos sobre ideias, as estamos atacando nas próprias raízes, e não simplesmente umas poucas ideias insignificantes; estamos atacando todas as formulações de ideias.

Para nós, o pensar — ideias, ideais — o analisar, o apresentar dialeticamente opiniões, etc. se tornou extraordinariamente importante. E, aqui, estamos questionando todo esse edifício — inclusive o edifício da Igreja, com todos os seus dogmas e crenças, suas fórmulas de Deus, da Virgem Maria e do salvador. O mundo cristão e o mundo asiático têm, cada um deles, sua estrutura própria, seu próprio edifício, seus próprios andaimes para alcançar os Deuses, e quando falamos sobre o pensamento como ideia e tempo, estamos questionando tudo isso.

Como entes humanos que têm de viver nesta sociedade monstruosa e horrível, com suas brutalidades, seus "pecados" e ansiedades, seus temores e guerras e desesperos — estamos nos interrogando: "Pode isso acabar?" — não como esperança, porém como fato? Pode a mente tornar-se vigorosa, nova e inocente, para que possa olhar esta existência e criar um mundo totalmente diferente?

Como vemos, separamos a ação da ideia e, para nós, as ideias se tornam muito mais importantes do que a ação. Mas, as ideias estão sempre no passado e a ação sempre no presente. Como esse presente vivo nos assusta, o passado e as ideias se tornam importantíssimos, e por isso há a morte.

Um dos fatores da vida é a morte. Temos medo do viver, da velhice, da doença, da dor e do sofrimento, que conhecemos desde o momento de nascermos até o momento de morrermos. Isto é o que chamamos viver. E temos medo também de algo que desconhecemos, e que chamamos morte. Esse campo, todo inteiro, é nossa vida.

Vê-se como o pensamento cria o medo... Temos, pois, medo da vida e medo da morte, do conhecido e do desconhecido, e esse medo é gerado pelo pensamento. Acumulei experiência, alcancei um certo posto, uma certa posição, adquiri um certo saber que me dá vitalidade, energia, impulso. Esse ímpeto (momentum) do pensamento me sustenta e tenho medo de perdê-lo. A todo aquele que ameaça meu triunfo, meu êxito, meu pedestal, eu detesto, odeio, sou seu inimigo. Ora isso é bem óbvio. Vocês não sabem, quando em seus negócios, ou em suas atividades de instrutor, alguém lhes supera, não sabem como sentem medo, hostilidade? Continuam a falar em Deus, em vida espiritual, etc., mas no coração de vocês há veneno. Vocês têm medo de perder suas posições, e também sentem medo de outra coisa muito mais temível que há de vir  a morte. Pensam, pois, na morte e, nela pensando, estão criando aquele intervalo entre o viver e aquilo que chamam "morte". Isso é bastante simples. As coisas que sabem, os prazeres, as alegrias, os divertimentos, o conhecimento, a experiência, os triunfos, os desesperos, os conflitos, os domínios, suas casas, suas famílias, suas insignificantes nações — a tudo isso estão ferozmente apegados, porque é só o que possuem. Pelo pensar nessas coisas, criam um intervalo entre o que pensam, como ideia, ser duradouro, e o fato real.

O pensamento gera, por meio do tempo, não só o medo de viver, senão também o medo da morte, e porque a morte é algo que desconhecem, o pensamento diz: "Adiemo-la, evitemo-la, mantenhamo-la o mais distante possível, não pensemos nela". Mas vocês pensam nela, Quando dizem "não quero pensar nela", nela já pensaram. Vocês têm idealizado maneiras de fugirem dela e sabem evitá-la por vários meios — igrejas, deuses, salvadores, a ressurreição e a ideia de que existe um EU permanente, eterno, que a Índia, que a Ásia inventou. Isto é, o pensamento afirmou-nos muito sutilmente que, em vocês, em mim, existe uma realidade que existirá eternamente — mas isso, uma vez que é "coisa pensada", não é o real. O pensamento criou a ideia de um EU eterno — alma, Atman, — a fim de encontrar a segurança, a esperança, mas toda coisa criada pelo pensamento já é de "segunda mão", porque o pensamento é sempre velho. Tememos a morte, porque a temos adiado. Assim, deparamo-nos com o problema de como transcender essa coisa chamada viver e a coisa chamada morte. Existe real separação entre as duas? Compreendem? Viver intensamente significa, decerto, morrer para todas as coisas de ontem — todos os prazeres, conhecimentos, opiniões, juízos, nossos estúpidos e insignificantes sucessos; morrer para tudo isso; morrer para a família, para as nossas conquistas, que só tem produzido caos no mundo e tamanho conflito em nós mesmos. Pois esse morrer cria uma intensidade, um estado mental em que o passado deixou de existir, e o futuro, na figura da morte, extinguiu-se. Assim, viver é morrer; não podem viver se não há morrer. Mas, a maioria de nós sente medo porque deseja segurança, deseja a continuidade da aflição que conhecemos, da doença, da dor, do prazer, da ansiedade. Porque evitamos e repelimos a morte (o pensamento repele a morte), há o medo ao conhecido e o medo ao desconhecido. Quando não existe intervalo entre a morte e o viver, sabe-se então o que significa o morrer, morrer para tudo o que temos. Torna-se então a mente sobremodo juvenil e ardorosa, vigilante e inocente. Quando morremos para os milhares de dias passados — então viver é morrer. Só nesse estado o tempo cessa, e o pensamento só funciona onde dele necessitamos e em nenhum outro nível, em nenhum outro caso, em nenhuma outra de nossas pretensões.

Jiddu krishnamurti — Como viver neste mundo


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill