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domingo, 15 de setembro de 2013

O importante estado de prontificação do EU

Interrogante: Qual a entidade que tem o poder de observar a mente?

Krishnamurti: Senhor, se antes de tudo percebermos que o observador é a coisa observada — uma das coisas mais extraordinárias, uma vez percebida — então, nesse estado de atenção, não há observador e nem coisa observada. Eu me explico.

Olhe para aquele carvalho; olhe-o REALMENTE. Você é o observador, e o carvalho a coisa observada. Há um espaço entre você e o objeto — a árvore. Nesse intervalo ou espaço está o tempo — o tempo de que se precisa para ver o objeto. O objeto é sempre estático; e o que é estático — quando observado — é tempo.

Pois bem; o observador está a observar a árvore. Naquele intervalo, naquele espaço, criam-se as ideias de toda espécie: "Aquela árvore é um carvalho", "Gosto", "Não gosto", "Quem me dera tê-la em meu jardim", "Preferia que ela fosse 'isto' ou 'aquilo'" — dúzias de coisas diferentes, que me impedem de ver realmente o fato — a árvore — vê-la em sua totalidade; porque minha atenção é desviada pelas palavras, pelo nome, pelos conhecimentos botânicos que tenho a respeito da árvore. Essa distração me impede de olhar realmente a árvore. Quando já não estamos a dar nome, quando o pensamento já não funciona na forma de conhecimento relativo à arvore, há então algum espaço entre você e a árvore? Então — se você penetrar e observar profundamente tudo isso — verá que o observador é a coisa observada — o que não significa que o observador se identifica com a árvore. É bem de ver que a identificação do observador com a árvore é uma coisa perfeitamente absurda. O observador não se torna a árvore.

Interrogante: Você não observa o vácuo?

Krishnamurti: Meu caro senhor, examine isso; examine; não pergunte nada. Examine o fato. Olhe aquela flor. Alguma vez já olhou uma flor? Ou apenas a olha, lhe dá um nome, e passa adiante? Ou diz "Que bela! Vou cheirá-la"? Tudo isso são ações que lhe distraem e lhe impedem de olhar a flor. Assim também os entes humanos que se conhecem e nunca se olham, têm respectivas imagens um do outro, e essas imagens é que estão em relação entre si. O observar claramente uma coisa — e muito poucos o fazem — não exige esforço algum: estar-se tranquilamente sentado, numa tarde, quando se dispõe de tempo e de folga, e olhar uma flor, olhar a si próprio, olhar o movimento dos próprios pensamentos e sentimentos e reações; estar simplesmente a observar, sem escolha — isso é o começo do autoconhecimento. E sem esse autoconhecimento, ver-se-á o homem num estado de perpétua confusão e aflição. Quando o observador é a coisa observada — isso só se torna possível quando há atenção total, e não atenção fragmentária. Essa atenção pode durar um segundo ou um minuto; mas, o desejo de mantê-la torna-a desatenção.

Perguntar o que é o observador, qual o estado da mente quando não há observador, quando o observador é o objeto observado, formular em palavras o que é aquele estado, é negá-lo. Uma pessoa não pode comunicar algo que outra não conhece, não descobriu. E ao fazer-se tal comunicação (que é impossível), logo se quereria alcançar aquela coisa, dir-se-ia: "Ensine-me o método de alcançá-la" — e estar-se-ia no caminho errado.

Interrogante: Senhor, o que me impede de ver a árvore é o EU, e percebo que tenho de dispor-me a renunciar o EU, abandoná-lo, soltá-lo, antes de poder ver a árvore. Não é isso o que diz?

Krishnamurti: Qual é a entidade que vai renunciar?

Interrogante: O EU.

Krishnamurti: Senhor, o EU não pode renunciar a si próprio. O que pode fazer é só ficar quieto; mas, não poderá ficar quieto, sem a compreensão da inteira estrutura e significado de si próprio. Ou se compreende essa estrutura e significado total e imediatamente, ou não se compreende em absoluto. Esse é o único caminho; não há outro caminho. Se você disser "Eu me exercitarei e gradualmente farei que o EU morra" — se assim fizer, cairá numa armadilha diferente, que é o mesmo EU.

Interrogante: Se observo uma árvore na maneira como você descreveu, isto é, de modo que o observador seja a coisa observada, a árvore continua existente.

Krishnamurti: É claro, senhor.

Interrogante: Se observo o medo da mesma maneira, ele não continuará também existente?

Krishnamurti: Não. Veja, em primeiro lugar, que eu não desejo me livrar do medo, porém, compreendê-lo. Para compreender uma coisa devo ter interesse nela; tenho de amá-la; tenho de cuidá-la, e se digo "Preciso libertar-me dela", essa é a maneira mais insensata de agir. Porque eu tenho de compreender a natureza do medo; e, para compreendê-la, tenho de olhar o medo; mas não posso olhá-lo se digo que preciso, que desejo libertar-me dele, ou recalcá-lo ou sublimá-lo. Tenho de olhá-lo realmente, pôr-me em contato com ele, não através de uma palavra, porém diretamente em contato com o fato, com o que realmente É.


Jiddu Krishnamurti — A importância da Transformação

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill