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sábado, 21 de setembro de 2013

Como libertar o pensador dos seus pensamentos?

Krishnamurti: Que é pensamento? Pensamento é reação a uma condição, o que significa que o pensamento é a reação da memória; e como pode a memória, que representa o passado, criar o eterno?

Auditório: Não dizemos que a memória o cria, porque a memória é uma coisa privada de lucidez.

K: Ela é inconsciente, subconsciente, surge por si mesma, involuntariamente. Estamos agora procurando averiguar o que entendemos por pensamento. Para compreenderem esta pergunta, não consultem um dicionário, consultem a si mesmos. Que entendem por pensar? Quando dizem que estão pensando, que estão realmente fazendo? Estão reagindo. Estão reagindo através da memória do passado de vocês. Ora, que é memória? É experiência, é a acumulação da experiência de ontem, quer coletiva, quer individual. A experiência de ontem é memória. Quando nos lembramos de uma experiência? Por certo, só quando ela não se completou. Tenho uma experiência, e esta experiência fica incompleta, inacabada, e deixa marca. Essa marca eu chamo memória, e a memória reage a um novo estímulo. Essa reação da memória a uma estímulo é chamada pensar.

Auditório: Mas onde fica impressa a marca?

K: No “eu”. Final de contas, o “eu”, o “meu”, é o resultado de todas as lembranças, coletivas, raciais, individuais, etc. Esse feixe de lembranças é o “eu”, e esse “eu”, com sua memória, reage. Essa reação é chamada pensamento.

Auditório: Por que essas lembranças se reúnem em feixe?

K: Através da identificação. Reúno todas as coisas numa bolsa, consciente ou inconscientemente.

Auditório: Há então uma bolsa separada da memória.

K: A memória é a bolsa.

Auditório: Por que as lembranças se mantêm coesas?

K: Porque são incompletas?

Auditório: Mas as lembranças não têm existência, permanecem em estado de inércia, a não ser que exista alguém que as suscite.

K: Em outras palavras, aquele que se lembra é diferente da memória? Aquele que se lembra e a memória são duas faces da mesma moeda. Sem a memória não existe o que se lembra, e sem o que se lembra não existe memória.

Auditório: Porque persistimos em separar o percepiente da percepção, o que se lembra da memória? Não está aí a raiz da nossa dificuldade?

K: Nós o separamos, porque o que se lembra, o experimentador, o pensador, se torna permanente pela separação. As lembranças são obviamente transitórias; por isso o que se lembra, o experimentador, a mente se separa, porque deseja permanência. A mente que faz esforço, que luta, que escolhe, que é disciplinada, não pode evidentemente encontrar o real; porque, como dissemos, por esse mesmo esforço ela se projeta e sustenta o pensador. Pois bem, como libertar o pensador dos seus pensamentos? É isso o que estamos discutindo. Porque, o que quer que ele pense, tem de ser resultado do passado e, por conseguinte, ele cria deus, cria a verdade, com a memória, e isso, evidentemente, não é o real. Em outras palavras, a mente se move sem cessar do conhecido para o conhecido. Quando a memória funciona, a mente só pode mover-se dentro do campo do conhecido; e, movendo-se dentro do campo do conhecido, nunca poderá conhecer o desconhecido. Nosso problema, portanto, é de como libertar a mente do conhecido. Todo esforço para nos libertarmos do conhecido é prejudicial, porque o esforço vem do conhecido. Todo esforço, portanto, deve cessar. Já tentaram permanecer sem esforço? Se compreendo que todo esforço é fútil, que todo esforço constitui uma projeção adicional da mente, do “eu”, do pensador, se percebo a verdade disso, que acontece? Se percebo muito distintamente, numa garrafa, o rótulo “veneno”, não toco nela. Não há esforço algum para não sermos atraídos por ela. Identicamente — e aí está a maior dificuldade — se compreendo que todo esforço de minha parte é prejudicial, se percebo a verdade disso, fico livre do esforço. Qualquer esforço de nossa parte é prejudicial, mas não temos certeza disso, porque queremos um resultado, porque visamos uma realização — e essa é a nossa dificuldade. Por esta razão ficamos a lutar, a lutar, a lutar. Mas Deus, a verdade, não é um resultado, uma recompensa, um fim. Ele deve vir a nós, por certo, pois não podemos ir a ele. Se fazemos um esforço por alcança-lo, isso significa que buscamos um resultado, uma consecução. Mas, para que venha a verdade, precisa um homem estar passivamente consciente. O percebimento passivo é um estado no qual não existe esforço; significa perceber sem julgar, sem escolher, não em algum sentido determinado, mas em todos os sentidos; significa estarmos conscientes de nossas ações, nossos pensamentos, nossas reações relativas, sem escolha, sem condenação, sem identificação ou negação, para que a mente comece a compreender cada pensamento e cada ação, sem julgamento. Isso suscita outra questão: pode haver compreensão sem pensamento?

Auditório: Pode, de certo, se somos indiferentes a uma coisa qualquer.

K: Senhor, a indiferença é uma forma de julgamento. Uma mente embotada, uma mente indiferente, não é lúcida. Perceber sem julgamento, saber exatamente o que está ocorrendo, é lucidez. É vão, portanto, procurar Deus ou a verdade sem estarmos lúcidos agora, no presente imediato. É muito mais fácil irmos a um templo, mas isso constitui uma fuga para o domínio da especulação. Para compreendermos a realidade, precisamos conhece-la diretamente, e a realidade, evidentemente, não está no tempo e no espaço; ela está no presente, e o presente é o nosso próprio pensamento, a nossa própria ação,

Jiddu Krishnamurti — Novo acesso à vida – 4 de julho de 1948   

 
 
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill