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terça-feira, 10 de setembro de 2013

É possível perceber a coisa em seu todo, imediatamente?

Observar uma coisa objetiva é bastante simples. Mas, observar o que está se passando interiormente, em nós, observar nossa violência, nosso sofrimento, com clara atenção, já não é tão simples. Tal atenção, tal observação, nega totalmente qualquer espécie de inclinação ou tendência pessoal ou de compulsão por parte da sociedade; é como observar o movimento de um rio. Sentado na margem do rio, você pode observar o seu fluir, ver tudo. Mas você, que está sentado na margem, e o movimento do rio, são duas coisas diferentes; você é o observador, e o movimento do rio é a coisa observada. Mas, quando você está dentro d'água — e não sentado na margem — você faz parte desse movimento e não há nenhum observador. Do mesmo modo, observe a violência e o sofrimento, não como observador a observar uma coisa, porém sem espaço entre observador e coisa observada. Isso faz parte da investigação total, da meditação sobre a vida.

(...)É possível perceber a coisa em seu todo, imediatamente? — não intelectualmente, porque se ela é formulada como um problema intelectual não se encontra nenhuma solução e a pessoa acaba se suicidando de fato ou inventando alguma teoria, uma crença, um dogma, um conceito e a ele se escravizando — o que é também uma forma de suicídio; ou voltando às velhas religiões, tornando-se católico, protestante, hinduísta, seguidor do Zen, etc.

A questão, pois, é se há possibilidade de ver a coisa em seu todo imediatamente, e com esse ato de ver colocar-lhe fim.(...) Ninguém pode responder esta pergunta senão você mesmo — isto é, quando a ela responde sem depender de nenhuma autoridade, de quaisquer conceitos intelectuais ou emocionais, quaisquer formas ou ideologias. Mas, como dissemos, isso exige muita seriedade e séria observação — observação quando está sentado no ônibus, de tudo que o cerca; observação daquilo que está diante de você mesmo, movendo-se, transformando-se; observação, sem motivo algum, de todas as coisas como são. O que é tem muito mais importância do que o que deveria ser. Como resultado desse zelo, dessa atenção, talvez venhamos a saber o que é amar.

(...) Assim, observar significa: observar sem a interferência de nosso fundo. Entendem? Todo o nosso ser, que está a olhar, é o nosso fundo — cristão, francês, intelectual. Pela observação, descobre-se esse fundo; e observá-lo sem nenhuma escolha, nenhuma inclinação, é uma disciplina tremenda — não a absurda disciplina do ajustamento, de imitação. Essa observação torna a mente sobremodo ativa, sobremodo sensível.

(...) Você já esteve alguma vez diretamente em contato com alguma coisa, uma árvore, uma flor, um ente humano; diretamente, e não através da imagem? Quando você olha uma árvore, no parque, há sempre o observador e a coisa observada: você está a observar a árvore, e há espaço entre o observador e a coisa observada. Estar em contato direto (você pode tocar a árvore, mas isso não é contato, nem o é você se identificar com a árvore; não se trata disso, que é uma outra espécie de ginástica mental) — estar em contato direto é coisa de todo diferente, é não ter espaço algum. É o que se verifica quando se tomam certas drogas  — LSD, etc. — o espaço desaparece. Mas essa é uma espécie inteiramente diferente, pois aquele que espaço volta, obrigando a pessoa a repetir a droga, etc., e o resultado é que ela fica a deteriorar-se, a cansar-se cada vez mais da droga e a obter efeitos cada vez menores. Mas quando a pessoa é capaz de observar sem o observador, quer dizer, sem o fundo, sem conceitos ideológicos, sem a memória, o espaço desaparece então totalmente, entre as pessoas, e nesse estado talvez não haja medo, porém uma coisa chamada (podemos servir-nos da palavra "verbalmente") amor.

(...) É o pensamento que cria o intervalo de tempo gerador da desordem. Ver uma coisa com toda a clareza, na ausência do pensamento, é ver imediatamente; não há intervalo de tempo: ver é agir. Para ver muito claramente, sem nenhuma confusão, deve a mente estar em perfeito silêncio. Se desejo ver-lhes, compreender-lhes, minha mente deve deter o seu tagarelar, está visto. Naquele estado de incessante monólogo, de tagarelice mental, não é possível ver coisa alguma claramente. Só quando a mente está quieta, é possível ver com clareza; mas não se pode silenciar a mente mediante coerção, disciplina.

Só vem a quietação da mente quando se percebem todas as implicações do medo, da autoridade, do tempo e da separação entre o observador e a coisa observada; quando se percebe a estrutura total. Para ver a estrutura total, é óbvio que a mente deve estar quieta; precisamos aprender a olhar — não só as coisas mais complexas, mas também uma árvore, uma flor, uma nuvem — sem nenhum movimento do pensamento; olhar simplesmente.

Penso que muitos daqueles que tomam drogas fazem-no para eliminar a separação entre o observador e a coisa observada, a fim de experimentar aquele estado peculiar; mas, como ele é provocado artificialmente, as pessoas ficam em condições mais deploráveis do que nunca. A droga lhes proporciona, momentaneamente, uma nova sensibilidade; quimicamente produz uma alteração temporária na estrutura das células cerebrais. Nesse estado as coisas são experimentadas com muita clareza, com muita intimidade; não há separação alguma, devido à total ausência do pensamento, na forma do EU, com todas as suas memórias. Quanto mais e experimenta dessa maneira, tanto mais desejadas se tornam as drogas, para as pessoas poderem manter-se naquele estado.

(...) Quando compreendemos integralmente a natureza do tempo e do pensamento, deles nos desembaraçamos, não há então nenhuma necessidade de buscar o significado da vida. Há, então, um estado completamente diferente, não produzido pelo pensamento, estado que naturalmente não se pode explicar por meio de palavras. Quanto mais o explicamos por meio de palavras, tanto menos significativo ele se torna. Mas, quando realmente o encontramos a mercê da observação, esse estado mental, decerto, é a mente libertada. Nada tem que ver com qualquer crença organizada, qualquer dogma.  

Jiddu Krishnamurti — A essência da maturidade — ICK

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill