Para observar, não deve haver
condenação, nem justificação, nem aceitação. Então, começo a aprender. Aprender
não é acumulação. Então, eu observo. Observo para ver o que sou; não o que eu
gostaria de ser, porém, o que sou realmente. Não estou aflito, não digo:
"Como é terrível isso que sou!" Sou ASSIM. Não o condeno, nem o
aceito. Observo. Vejo as tendências de meu pensar, o padrão de meu pensar, de
meu sentir, vejo meus motivos, temores, ansiedades.
Quem é o observador? Isto não é
filosofia profunda; é uma coisa comum, de todos os dias. Quem é o observador?
Quem é o EU que diz "Eu olho"? O EU que olha as experiências,
condenações, observações, conhecimentos etc. Ele é o CENTRO, o observador. Ele
se separa da coisa observada. Ele diz: "Estou observando o meu medo, a
minha 'culpa', o meu desespero". Mas, o observador é a coisa observada. Se
não fosse, não reconheceria o seu desespero.
Sei o que é desespero, o que é
solidão, e essa memória permanece. Na próxima vez que ele aparece, digo que é
uma coisa diferente de mim. A divisão em observador e coisa observada gera um
conflito, e saio então por uma tangente, procuro descobrir uma maneira de
resolver esse conflito. Mas, o fato é que o observador é a coisa observada. Isso
não é um conceito intelectual, porém, um fato. Quando o observador é a coisa
observada, então aprender é AGIR. Não aprendo, para depois agir. Mas essa ação
só se verifica quando o observador é o objeto observado. Essa ação é a negação
do que FOI, do processo mecânico.
JK – A importância da
transformação