Não sabemos o que é o amor.
Conhecemos o prazer; conhecemos a luxúria, o gozo que se deriva dela e a fugaz
felicidade envolta pelo pensamento, pela dor. Não sabemos o que significa “amar”.
O amor não é uma recordação. O amor não é uma palavra, não é a continuidade de
uma coisa que nos tem dado prazer. Podemos estar relacionados, podemos dizer: “Amo
minha esposa”, mas não amamos. Se você ama a sua esposa, não há ciúme, não há
dominação, não há apego.
Não sabemos o que é o amor,
porque não sabemos o que é a beleza, a beleza de um por de sol, o choro de um
menino, o veloz movimento de um pássaro que cruza o céu, todas as requintadas cores
de um crepúsculo. Não nos damos conta de nada, somos insensíveis a tudo isso;
portanto, somos insensíveis a vida.
Krishnamurti – Obras Completas,
Volume XIV, Bombai, 23 de fevereiro de 1964