O amor não é da mente, mas, posto
que temos cultivado a mente, usamos essa palavra amor para abarcar o campo
que pertence a mente. Por certo, o amor não tem nada a ver com a mente, não é
um produto desta; o amor é completamente independente de cálculos e
pensamentos. Quando não há amor, então temos a estrutura do matrimônio como
instituição que se tornou uma necessidade. Quando há amor, o sexo não é um
problema; é a falta de amor o que converte o sexo num problema. Não o sabem? Quando
amam profundamente de verdade a alguém — não com o amor da mente, senão com o
do coração — compartilham com essa pessoa, ele ou ela, tudo o que tem, não só o
corpo, senão tudo. Na dificuldade lhe pedem ajuda, e ela lhe ajuda. Não há
divisão entre o homem e a mulher quando amamos alguém, porém, quando não
conhecemos esse amor, há um problema sexual. Nós conhecemos tão só o amor do
cérebro; esse amor foi produzido pelo pensamento, e um produto do pensamento
segue sendo pensamento, não amor.
Krishnamurti – Obras Completas,
Volume V, Poona, Índia, 19 de setembro de 1948