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sábado, 2 de novembro de 2013

Rompendo o padrão da atividade egocentralizada


KRISHNAMURTI: Gostaria de fazer uma pergunta que poderá nos conduzir a algo: o que é preciso para o homem transformar-se profunda, fundamental e radicalmente? Ele tem passado por crise após crise, tem sofrido inúmeros choques, tem atravessado todos os tipos de infortúnios, de guerras, de sofrimentos pessoais, e assim por diante. Tem tido um pouco de afeição, um pouco de alegria, mas tudo isso não parece mudá-lo. O que fará com que um ser humano abandone o caminho que está seguindo, e siga uma direção completamente diferente? Esse é um dos nossos maiores problemas, você não acha? Por quê? Se estivermos preocupados, como deveríamos estar, com a humanidade, com todas as coisas que estão acontecendo, qual será a ação correta para levar o homem a mudar de direção? Essa pergunta é válida? Tem algum significado?

DAVID BOHM: Bem, a não ser que possamos perceber essa ação, ela não terá muito significado.

K: A pergunta tem algum significado?

DB: Significa, indiretamente, procurar saber o que está segurando as pessoas.

K: Sim, isso é a mesma coisa.

DB: Se pudéssemos descobrir o que está mantendo as pessoas no seu rumo atual...

K: Será o condicionamento básico do homem, essa ação e essa atitude tremendamente egotistas, que não leva a nada? Parece mudar, parece produzir, mas o centro permanece o mesmo. Talvez isso possa não se enquadrar no contexto do nosso diálogo dos últimos dois ou três dias, mas julguei que talvez pudéssemos começar assim.

DB: Você tem alguma noção do que está segurando as pessoas? Tem idéia do que realmente poderia mudá-las?

K: Creio que sim.

DB: O que é então?

K: O que está causando o bloqueio? Poderíamos nos aproximar através do condicionamento ambiental, do exterior para o interior, e descobrir o interior a partir das atividades externas do homem? E depois descobrir que o exterior representa o interior, que é o mesmo movimento, e em seguida transcendê-lo para verificar o que é? Poderíamos fazer isso?

DB: O que você está querendo dizer com exterior? Está se referindo às condições sociais?

K: Ao condicionamento social, ao condicionamento religioso, à educação, à pobreza, às riquezas, ao clima, à alimentação; ao exterior. Isso pode condicionar a mente numa certa direção, mas quando examinamos isso mais a fundo, percebemos que o condicionamento psicológico também procede um pouco do exterior.

DB: É verdade que todo o conjunto de relações de uma pessoa afetará o modo como ela pensa, mas isso não explica porque o condicionamento é tão rígido, e porque ele se mantém.

K: É isso também que estou querendo saber.

DB: Sim. Se fosse apenas um condicionamento externo, poderíamos esperar que ele se alterasse mais facilmente. Por exemplo, poderíamos ter condições exteriores diferentes.

K: Eles tentaram tudo isso.

DB: Sim, toda a crença do comunismo era que com uma nova sociedade haveria um novo homem. Mas isso não aconteceu! Acho que há fundamentalmente alguma coisa no interior que se mantém, que resiste à mudança.

K: O que é isso? Será que essa pergunta nos levará a algum lugar?

DB: A não ser que nós efetivamente a esclareçamos, ela não nos levará a lugar algum.

K: Creio que poderíamos descobrir, se nos dedicássemos a isso. Estou apenas querendo saber se vale a pena fazer essa pergunta, e se ela está relacionada com o que estávamos discutindo. Ou será que devemos abordar outra coisa que tenha relação com o que falamos antes?

DB: Bem, acho que estivemos falando a respeito de fazermos o tempo chegar ao fim, de terminarmos com a transformação. Falamos também sobre entrarmos em contato com a base através da total racionalidade; mas agora poderíamos dizer que a mente não é racional.

K: Sim, dissemos que o homem é basicamente irracional.

DB: Isso talvez faça parte do bloqueio. Se fôssemos completamente racionais, chegaríamos necessariamente a essa base, não é verdade?

K: Sim. Estávamos falando outro dia a respeito da eliminação do tempo. Os cientistas, através da investigação da matéria, querem descobrir esse ponto. As chamadas pessoas religiosas têm se empenhado em descobrir — não apenas verbalmente — se o tempo pode parar. Nós entramos um pouco nisso, e chegamos à conclusão de que é possível que um ser humano que escute, consiga encontrar, através da visão intuitiva, o final do tempo. Pois a visão intuitiva não é memória. Memória é tempo, memória é experiência, conhecimento, armazenados no cérebro, e assim por diante. Enquanto ela estiver funcionando, não existirá qualquer possibilidade de termos qualquer visão intuitiva com relação a alguma coisa. Estou me referindo à visão intuitiva total e não à parcial. O artista, o cientista, o músico, todos eles têm visões intuitivas parciais e, portanto, ainda estão vinculados ao tempo.

É possível termos uma visão intuitiva total, o que representa o fim do "mim", porque o "mim" é o tempo? O "mim", meu ego, minha resistência, minhas mágoas, tudo isso. Esse "mim" pode acabar? É somente quando ele acaba que ocorre a visão intuitiva total; foi isso que descobrimos.

Depois abordamos a pergunta: é possível a um ser humano eliminar completamente toda essa estrutura do "mim"? Respondemos que sim e nos aprofundamos mais no assunto. Muito poucas pessoas prestarão atenção a isso porque é por demais aterrorizante. Surge então a pergunta: se o "mim" terminar, o que encontraremos? Apenas o vazio? Não há interesse nisso; mas se estivermos investigando sem qualquer sentimento de recompensa ou de punição, então existirá alguma coisa. Dizemos que tal coisa é o vazio total, que é energia e silêncio. Bem, isso soa bonito, mas não tem qualquer significado para um homem comum que seja sério e que queira ir além disso, além de si mesmo. Fomos ainda mais adiante e perguntamos:
existe alguma coisa além disso tudo? E dissemos que há.

DB: A base.

K: A base. Será que o começo dessa investigação é escutar? Será que eu, como um ser humano, abandonarei completamente minha atividade egocêntrica? O que fará com que eu me afaste dela? O que fará com que um ser humano se afaste dessa atividade destrutiva e autocentrada? Se ele se afastar devido à recompensa ou ao castigo, isso representará apenas outro pensamento, outro motivo. Portanto, descartemos isso. O que fará, então, com que os seres humanos renunciem — se eu puder usar essa palavra — renunciem completamente a ela sem qualquer motivo?

Jiddu Krishnamurti e David Bohm - A Eliminação do Tempo Psicológico


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill