Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

Mostrando postagens com marcador concentração. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador concentração. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Meditação não é concentração, mas relaxamento

As meditações podem estar erradas. Por exemplo, qualquer meditação que leve você a uma concentração profunda está errada. Você ficará cada vez mais fechado, em vez de se abrir. Se estreitar a sua consciência, concentrar-se em algo e excluir o todo da existência, focando em uma única coisa, isso só irá criar mais tensão. Daí a palavra “atenção”. Nesse contexto ela significa “a-tensão”. O próprio sentido da palavra concentração passa uma idéia de tensão.

A concentração tem os seus usos, mas não é o mesmo que meditação. No trabalho científico, na pesquisa científica, no laboratório, você precisa de concentração. Precisa se concentrar em uma questão e excluir todo o resto, a ponto de mal se dar conta do mundo fora do seu campo de interesse. O seu mundo é exclusivamente a questão em que você está concentrado. É por isso que os cientistas se tornam pessoas ausentes, distantes. As pessoas que se concentram muito acabam se tornando distantes porque não sabem permanecer abertas ao mundo como um todo.

Outro dia eu li uma anedota.
- Eu trouxe uma rã que acabei de coletar da lagoa - disse o cientista, professor de zoologia, sorrindo para sua turma. - Primeiro vamos estudar a aparência externa dela e depois dissecá-la.
O professor desembrulhou cuidadosamente o pacote que trazia e dentro havia um sanduíche de presunto muito bem preparado. O professor olhou para o sanduíche com surpresa.
- Estranho! - exclamou. - Eu me lembro claramente de ter comido o meu almoço.

Isso costuma acontecer com os cientistas. Eles se tornam introvertidos por terem o costume de se concentrar, de estreitar a mente. É claro que estreitar a mente tem o seu proveito: ela se torna mais penetrante, fica afiada como uma agulha; ela atinge exatamente o ponto desejado, mas perde toda a vida que a rodeia.

O Buda não é um homem de concentração, é um homem de percepção. Ele não tenta estreitar a consciência - pelo contrário, tenta eliminar todas as barreiras para ficar inteiramente disponível para a existência. Observe... A existência é simultânea. Enquanto falo, o ruído do trânsito pode ser ouvido. O trem, os pássaros, o vento que sopra entre as árvores - neste momento converge o todo da existência. Você me escuta, eu falo com você e milhões de coisas estão acontecendo - isso é imensamente enriquecedor.

A concentração torna você focado a um custo muito grande: 90% da vida é descartada. Se estiver resolvendo um problema matemático, não pode escutar os pássaros, pois será uma distração. As crianças que brincam por perto, os cachorros latindo na rua, tudo será uma distração.

Por causa da concentração, as pessoas tentam fugir da vida: sobem o Himalaia, refugiam-se em uma caverna, permanecem isoladas para poder se concentrar em Deus. Mas Deus não é um objeto, Deus é esse todo, o conjunto da existência, este momento. Deus é a totalidade. É por isso que a ciência jamais poderá conhecer Deus. O método básico da ciência é a concentração e, por causa desse método, a ciência nunca chegará a conhecer Deus.

Então, o que fazer? Repetir um mantra, ao fazer a meditação transcendental, não vai ajudar. A meditação transcendental tornou-se muito importante nos Estados Unidos por causa da visão objetiva, por causa da mente científica - é a única meditação em que o trabalho científico pode ser feito.

É exatamente concentração e não meditação, portanto é compreensível para mentes científicas. Nas universidades, nos laboratórios científicos, em trabalhos de pesquisa psicológica, muito se tem estudado a meditação transcendental, porque ela não é uma meditação. É um método de concentração. Ela pode ser classificada na mesma categoria da concentração científica: há uma ligação entre as duas. Mas não tem nada a ver com meditação.

A meditação é tão vasta, tão imensamente infinita, que não possibilita nenhum tipo de pesquisa científica. Só se um homem se tornar compaixão poderemos saber se ele conseguiu ou não. As ondas alfa não serão de muita ajuda porque elas pertencem à mente e a meditação não é da mente, é alguma coisa além.

Portanto, deixe-me dizer algumas coisas básicas. Em primeiro lugar, meditação não é concentração, mas relaxamento - basta relaxar dentro de si mesmo. Quanto mais você relaxa, mais se sente aberto, vulnerável, e menos rígido. Você fica mais flexível e, de repente, a existência começa a penetrar em você. Você não é mais como uma pedra, agora tem aberturas.

Relaxamento significa permitir-se entrar em um estado em que não se faz nada, porque, se algo estiver sendo feito, a tensão continuará. É um estado de não-fazer: simplesmente relaxar e apreciar a sensação de relaxamento. Relaxe sozinho, feche os olhos e escute tudo o que está acontecendo ao seu redor. Não procure sentir nada como uma distração. No momento em que você sentir que algo é uma distração, estará negando Deus.

Nesse momento Deus veio a você como um pássaro - não o negue. Ele bateu à sua porta como um pássaro. No momento seguinte veio como um cachorro latindo, ou como uma criança chorando e se lamentando, ou como um louco rindo. Não negue, não rejeite: aceite, porque, se você negar, ficará tenso. Todas as negações criam tensão, por isso aceite.

Se quiser relaxar, a única maneira é aceitar. Aceite tudo o que está acontecendo ao seu redor, deixe que se torne um todo orgânico. Tudo está relacionado, quer você saiba disso ou não. Esses pássaros, essas árvores, esse céu, esse sol, essa terra, você, eu - tudo está relacionado. É uma unidade orgânica.

Se o sol desaparecer, as árvores desaparecerão; se as árvores desaparecerem, os pássaros desaparecerão; se os pássaros e as árvores desaparecerem, você não poderá estar aqui. É a ecologia. Tudo está profundamente relacionado entre si.

Portanto, não negue nada, porque, no momento em que negar, estará negando alguma coisa em si mesmo. Se negar esses pássaros cantando, então alguma coisa em você também será negada.

Quando você relaxa, aceita; a aceitação da existência é a única maneira de relaxar. Se as coisas pequenas o perturbam, então é a sua atitude que o está perturbando. Sente em silêncio; escute tudo o que está acontecendo ao seu redor e relaxe. Aceite, relaxe e de repente sentirá a imensa energia que surge dentro de você.

E quando eu digo observe, não tente observar, caso contrário ficará tenso novamente e começará a se concentrar. Relaxe, permaneça relaxado, com o corpo solto, e olhe... O que mais pode fazer? Você está aí, não há nada a fazer, tudo foi aceito, não há nada a ser negado, rejeitado. Não há luta, briga ou conflito. Você simplesmente observa. Lembre-se: apenas observe.

Osho, em "Meditação: A Primeira e Última Liberdade"

domingo, 4 de maio de 2014

Por que não experimentamos a Beatitude, o Êxtase da Vida?

Ensinamos uma criança a focalizar a mente — a concentrar-se — porque, sem concentração, ela não pode enfrentar a vida. A vida exige isso: a mente deve ter capacidade para concentrar-se. Mas, desde o momento em que a mente se torna capaz de concentrar-se, torna-se, também, menos perceptiva. A percepção significa mente consciente, mas não focalizada. A percepção é consciência de tudo quanto está acontecendo. 

Concentração é uma escolha. Exclui tudo, menos o objeto da concentração. Produz estreitamento. Se você está caminhando por uma rua, terá de estreitar sua consciência para poder caminhar. Habitualmente não lhe é possível estar consciente de tudo o que está acontecendo, porque se você estiver consciente de tudo o que está acontecendo, não estará focalizado. Assim, a concentração é uma necessidade. A concentração da mente é uma necessidade para que possamos viver — sobreviver, existir. Por isso é que toda cultura, a seu modo, tenta estreitar a mente da criança. 

Crianças, tais como são, jamais focalizam. Sua consciência está aberta para todas as sensações. Cada sensação penetra em sua consciência. E quanta coisa chega! Por isso é tão vacilante, tão instável. A mente não-condicionada de uma criança é um fluxo — um fluxo de sensações — mas não lhe seria possível sobreviver com este tipo de mente. Ela deve aprender como estreitar a mente, como se concentrar. 

Do momento em que você estreita sua mente torna-se particularmente consciente de uma coisa, e, simultaneamente, inconsciente de muitas outras coisas. Quanto mais estreita for a mente, mais sucesso haverá. Você se torna um especialista, você se torna um perito, mas a coisa toda consistirá em você saber mais e mais sobre menos e menos.

O estreitamente é uma necessidade existencial. Ninguém é responsável por isso. Assim como a vida existe, ele deve existir. Mas não é o bastante; só o ser utilitário não é o bastante. Por isso, quando você se torna utilitário e a consciência é estreitada, estará negando à sua mente muito daquilo de que ela é capaz. Você não está usando sua mente total. Está usando apenas uma pequena parte dela. E o remanescente — a porção maior — irá tornar-se inconsciente. 

Na verdade, não há fronteira entre o consciente e o inconsciente. Não há duas mentes. "Mente consciente" refere-se àquela porção da mente que tem sido usada no processo de estreitamento. "Mente inconsciente" refere-se àquela porção que tem sido negligenciada, ignorada, fechada. Isso cria uma divisão, uma brecha. A porção maior da sua mente torna-se alheia a você. Você se torna alienado de seu próprio eu, torna-se um estranho à sua própria totalidade. 

Uma pequena parte está sendo identificada como o seu eu, e o resto é perdido. Mas a parte inconsciente, remanescente, está sempre ali, como potencialidade sem uso, como possibilidade sem uso, como aventura não-vivida. Essa mente inconsciente (esse potencial, essa mente sem uso) estará sempre em luta contra a mente consciente. Por isso é que existe sempre um conflito interior. Todos estão em conflito por causa dessa fenda entre o inconsciente e o consciente. Mas só se o potencial, o inconsciente, estiver livre para florescer, é que você poderá sentir a beatitude da existência... Não há outra maneira. 

Se a porção maior de suas potencialidades permanecer irrealizada, sua vida será uma frustração. Por isso é que quanto mais utilitária é uma pessoa, menos realizada é, menos beatitude conhece. Quanto mais utilitária é a abordagem — quanto mais a pessoa está na vida dos negócios — menos estará vivendo, menos será tomada pelo êxtase. A parte da mente, que não pode ser útil no mundo utilitário, foi desprezada.

A vida utilitária é necessária, mas com grande custo. Você perdeu a festividade da vida. A vida torna-se uma festividade, uma celebração, se todas as suas potencialidades florescerem. Então, a vida é uma solenidade. Por isso é que eu sempre digo que religião significa vida transformada em celebração. A dimensão da religião é a dimensão do festivo, do não-utilitário. 

A mente utilitária não deve ser tomada como se fosse o todo. O remanescente... a maior parte... a mente inteira... não deveria ser sacrificada. A mente utilitária não deve se tornar um fim. Terá que permanecer ali, mas como um meio. A outra — a remanescente, a maior, a potencial — deve tornar-se o fim. Isso é o que eu chamo uma abordagem religiosa. 

Com uma abordagem não-religiosa, a mente dos negócios (a utilitária) torna-se o fim. Quando tal coisa acontece, não há possibilidade de a mente inconsciente realizar seu potencial. A mente inconsciente será desprezada. Se a utilitária se torna um fim, isso significa que o servo está representando o papel do senhor. 

A inteligência, o estreitamento da mente, é uma forma de sobrevivência, mas não de vida. Sobrevivência não é vida. Sobrevivência é uma necessidade — mas o fim terá de ser, sempre, um florescimento do potencial, de tudo quanto foi criado para você. Se você for completamente realizado, se nada permanecer sob a forma de semente, se tudo se faz realidade, se você florescer, então e só então você poderá sentir a beatitude, o êxtase da vida.

A parte de você que foi desprezada, a parte inconsciente, pode tornar-se ativa e criativa, só se você acrescentar uma nova dimensão à sua vida — a dimensão do festivo, a dimensão da jovialidade. Assim, a meditação não é um trabalho, é um divertimento. Rezar não é um negócio, é um divertimento. A meditação não é algo que se faz para chegar a atingir um alvo (paz, beatitude...) mas algo a ser gozado como um fim em si mesmo.

O S H O — Meditação: A Arte do Êxtase

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill