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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Meditação é um estado de atenção livre dos limites temporais

O sol fora tragado pela imensas nuvens de cor detrás dos Montes Romanos; esparramadas no céu, o seu intenso fulgor embeleza aquela paisagem esplêndida que nem mesmo os postes telegráficos ou a interminável fileira de prédios conseguiam ofuscar. Anoitecia e o carro seguia seu caminho*.

A ausência do contorno das montanhas, invisíveis à noite, transfigurava aquela paisagem. Ver com o pensamento e ver sem o pensamento são duas coisas distintas. Ao contemplarmos, com o pensamento, aquelas árvores ao longo da estrada e os edifícios do lado oposto aos campos assolados pela seca, o cérebro permanecia acorrentado ao tempo, à experiência e à memória. Neste processo, a incessante atividade do pensamento embota o cérebro, tornando-o incapaz de renovar-se. Sua ação mostra-se inadequada e repetitiva por força do eterno mecanismo de reação ao desafio. O ato de ver com o pensar mantém o cérebro prisioneiro do hábito e do reconhecimento. Dominado pelo cansaço e pela apatia, ele passa a atuar nos estreitos limites de sua própria criação. O cérebro atinge a liberdade quando o pensamento está ausente, o que não significa desequilíbrio ou loucura. Ausente o pensamento, resta apenas o estado de pura observação, livre do processo mecânico de reconhecer e comparar, justificar e condenar. Esse modo de ver desconhece a fadiga, pois destrói os processos mecânicos do pensar condicionado pelo tempo. O repouso absoluto renova a mente, torna-a apta a responder ao desafio sem reagir, a viver sem deteriorar, a morrer livre da tortura dos problemas. Ver sem o pensamento é ver sem  a interferência do tempo, do conhecimento e do conflito. A liberdade de ver está fora do âmbito da reação, sempre presa a um motivo. A indiferença, o alheamento ou o desinteresse não resultam da observação livre de reação. Ver sem o mecanismo do pensamento é ver sem restrições, de maneira imparcial, livre de qualquer barreira, porém, apto a distinguir entre os diversos elementos que compõem o mundo em que vivemos. Existe uma diferença entre uma árvore e uma casa. Ver sem o pensamento não significa um cérebro adormecido. Ao contrário, é justamente quando ele está completamente despertado, atento, livre de atrito e dor. A meditação brota do estado de atenção, sem limites temporais.

30 de setembro de 1961
* A caminho de Circeo, cidade situada na costa italiana, entre Roma e Nápoles 


  
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill