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terça-feira, 28 de agosto de 2012

A alegria de viver


Já alguma vez cogitasses no por que muitas pessoas, ao se tornarem mais velhas, parecem perder toda a alegria de viver? No momento, a maioria de vós, que sois jovens, é relativamente feliz; tendes vossos pequenos problemas, vossas preocupações sobre os exames, mas, apesar dessas perturbações, há, em vossa vida, uma verdade?  Há uma espontânea e natural aceitação da vida, uma visão das coisas despreocupada e feliz. Mas, por que razão, ao nos tornarmos mais velhos, parecemos perder aquele ditoso pressentimento de algo transcendental, algo de mais significativo? Por que tantos de nós, ao alcançarmos a chamada maturidade, nos tornamos embotados, insensíveis à alegria, à beleza, ao céu sereno e às maravilhas da terra?
Quando urna pessoa faz a si própria esta pergunta, muitas explicações acodem-lhe ao espírito. Ternos muito interesse em nós mesmos - esta é unia delas. Lutamos para nos tornarmos alguém, para alcançarmos e conservarmos uma certa posição; temos filhos e outras responsabilidades, e ternos de ganhar dinheiro. Todas essas coisas que se agitam em nosso interior não tardam a deprimir-nos, e perdemos assim a alegria de viver. Vede os rostos dos mais velhos, de vosso círculo de conhecimentos, tristes que são, em maioria, e gastos, adoentados, reservados, alheados, não raro neuróticos, sem um sorriso. Não perguntais a vós mesmos por que são assim?  E mesmo quando indagamos o porquê disso, a maioria de nós parece satisfazer-se com meras explicações.
Ontem de tarde vi um barco que subia o rio, de velas pandas, impelido pelo vento oeste.  Era um barco grande e transportava pesada carga de lenha destinada à cidade. O sol se punha e a embarcação, desenhada contra o céu, mostrava singular beleza. O barqueiro só tinha de guiá-la; nenhum esforço era necessário, pois o vento fazia todo o trabalho. Analogamente, se cada um de nós compreendesse o problema da luta e do conflito, penso que poderíamos viver sem esforço, felizes, de rosto sorridente.
Para mim, é o esforço que nos destrói, esse lutar em que despendemos quase todos os momentos de nossa vida, Se observardes, ao redor de vós, as pessoas mais velhas, podereis ver que para quase todos a vida é uma série de batalhas consigo mesmos, com suas mulheres ou maridos, com seu próximo, com a sociedade; e essa luta incessante dissipa energia. O homem que vive alegre, verdadeiramente feliz, está livre de todo esforço. Viver sem esforço não significa tornar-se estagnado, embotado, estúpido; ao contrário, só os homens sensatos, altamente inteligentes, estão verdadeiramente livres do esforço e da luta.
Mas, quando ouvimos falar em viver sem esforço, queremos viver assim, desejamos alcançar um estado em que não haja luta nem conflito; tornamo-lo, pois, esse estado, nosso alvo, nosso ideal, e por ele lutamos; e desde esse momento perdemos a alegria de viver.  Estamos de novo empenhados em esforço, luta. O objeto da luta varia, mas toda luta é essencialmente a mesma. Um luta pela promoção de reformas sociais, ou para achar Deus, ou para criar melhores relações no lar ou com o próximo; outro senta-se à margem do Ganges ou se prostra devotamente aos pés de um guru - etc. etc.  Tudo isso representa esforço, luta. O importante, por conseguinte, não é o objeto da luta, porém, sim, compreender a própria luta.
Ora, é possível a mente não apenas perceber ocasionalmente que não está a lutar, porém estar a todas as horas completamente livre de esforço, de modo que possa descobrir um estado de alegria em que não haja nenhuma idéia de superioridade e inferioridade?
O caso é que a mente se sente inferior e por esta razão luta para “vir a ser” alguma coisa, ou conciliar seus vários desejos contraditórios. Mas, não estejamos a dar explicações sobre por que a mente tanto luta. Todo homem que pensa sabe por que há luta, interior e exteriormente. Nossa inveja, avidez, ambição, nosso espírito de competição, que nos impele à mais impiedosa eficiência - são obviamente estes os fatores que nos fazem lutar, no mundo atual ou no mundo do futuro. Por tanto, não temos necessidade de estudar livros de psicologia para sabermos por que lutamos; e o que certamente, tem importância é que descubramos se a mente pode ficar totalmente livre de luta.
Afinal de contas, quando lutamos, o conflito é entre o que somos e o que deveríamos ou desejamos ser. Pois bem; sem se procurarem explicações, pode-se compreender todo esse processo de luta, de modo que ele termine? Como aquele barco levado pelo vento, pode a mente existir sem luta? A questão é esta, sem dúvida, é não como alcançar um estado em que não haja luta. O próprio esforço para alcançar tal estado é, em si, um processo de luta e, por conseguinte, aquele estado nunca pode ser alcançado. Mas, se observardes, momento por momento, como a mente se deixa colher nesse torvelinho de incessante luta - se observardes simplesmente o fato, sem tentar alterá-lo, sem impor à mente um certo estado que chamais “de paz” - vereis que, espontaneamente, a mente deixará de lutar; e nesse estado ela é capaz de aprender infinitamente. Aprender já não é, então, mero processo de acumular conhecimentos, porém de descobrimento de extraordinárias riquezas existentes além do alcance da mente; e para a mente que faz tal descobrimento, há grande alegria.
Observai a vós mesmo, para verdes como lutais da manhã à noite, e como vossa energia se dissipa nessa luta. Se tratardes apenas de explicar por que lutais, ficareis perdido numa floresta de explicações e a luta prosseguirá; mas se, ao contrário, observardes vossa mente, com serenidade e sem dardes explicações; se deixardes simplesmente que vossa mente esteja cônscia de sua própria luta, vereis que muito depressa surgirá um estado no qual       nenhuma luta haverá, um estado de extraordinária vigilância. Nessa vigilância, não há idéia de “superior” e “inferior”, não     há homem importante nem homem insignificante, não há guru. Todos esses absurdos desapareceram, por que a mente está inteiramente desperta; e a mente de todo desperta está cheia de alegria...
...Afinal de contas, que é “contentamento” e o que é “descontentamento”? “Descontentamento” é a luta pela consecução de mais, e o “contentamento” a cessação dessa luta; mas, não se chega ao contentamento, se se não compreende todo o “processo” relativo ao mais, e por que razão a mente o exige.
Se sois mal sucedido num exame, por exemplo, tereis de repeti-lo, não é verdade? Os exames, em qualquer circunstância, são uma coisa sumamente deplorável, porquanto nada representam de significativo, já que não revelaria o verdadeiro valor de vossa inteligência. Passar num exame é, em grande parte, um “golpe” de memória ou, também, de sorte; mas, vós lutais para passardes em vossos exames e, quando sois mal sucedidos, perseverais nessa luta. O mesmo “processo” se verifica diariamente, na vida da maioria de nós. Estamos lutando por alguma coisa e nunca nos detivemos para investigar se essa coisa é digna de lutarmos por ela. Nunca perguntamos a nós mesmos se ela merece nossos esforços e, portanto, ainda não descobrimos que não os merece e que devemos contrariar a opinião de nossos pais, da sociedade, de todos os mestres e gurus. É só quando temos compreendido inteiramente o significado do mais, que deixamos de pensar em termos de fracasso e de êxito.
Temos sempre medo de falhar, de cometer erros, não só nos exames, mas também na vida.  Cometer um erro é coisa terrível, porque seremos criticados, censurados, por causa dele. Mas, afinal, por que não se devem cometer erros?  Toda gente, neste mundo, não vive cometendo erros? E o mundo sairia da horrível confusão em que se encontra, se vós e eu nunca cometêssemos um erro? Se tendes medo de cometer erros, nunca aprendereis coisa alguma. Os mais velhos estão continuamente cometendo erros, mas não querem que vós os cometais e, com isso vos sufocam toda a iniciativa. Por quê?  Porque temem que, pelo observar e investigar todas as coisas, pelo experimentar e errar, acabeis descobrindo algo por vós mesmo e trateis de emancipar-vos da autoridade de vossos pais, da sociedade, da tradição. É por essa razão que vos acenam com o ideal do êxito; e o êxito, como deveis ter notado, sempre se traduz em termos de respeitabilidade. O próprio santo, em seus progressos para a chamada perfeição espiritual, tem de tornar-se respeitável, porque, do contrário, não encontrará “aceitação”, não terá seguidores.
Estamos, pois, sempre pensando em termos de êxito, em termos de mais; e o mais é encarecido pela sociedade respeitável. Por outras palavras, a sociedade estabeleceu, com todo o esmero, um certo padrão, pelo qual mede o vosso sucesso ou o vosso insucesso. Mas, se amais uma coisa e a fazeis com todo o vosso ser, então já não vos importa o êxito nem o fracasso. Nenhum homem inteligente se importa com isso. Mas, infelizmente, são raros os homens inteligentes, e ninguém vos aponta essas coisas. Tudo o que importa ao homem inteligente é perceber os fatos e compreender o problema - e isso não significa pensar em termos de êxito ou de fracasso. Só quando não amamos o que fazemos, pensamos nesses termos.

Krishnamurti
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill