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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Como posso experimentar Deus em mim?


Krishnamurti: Que entendemos por experiência? Que é o processo de experimentar? Quando é que dizemos: “tive uma experiência”? Dizemo-lo apenas quando reconhecemos a experiência, isto é, quando existe um experimentador separado da experiência. Isso significa que o nosso experimentar é um processo de reconhecimento e acumulação. Estou-me explicando bem?

Só posso experimentar quando há o reconhecimento da experiência, e reconhecimento é recordação, memória; e a memória é, obviamente, o centro do “eu”. Isto é, todo processo de reconhecimento e de acumulação de experiência é o “eu”, e o “eu” diz, então, “tive uma experiência”. O que é reconhecido e acumulado como experiência é a reação ao estímulo, a resposta ao desafio. Se não reconheço a resposta a um desafio, nenhuma experiência tenho. Certo, se vós me desafiais e eu não reconheço o sentido, o significado de vosso desafio, nem reconheço a minha resposta ao mesmo, como posso ter uma experiência? Só há experiência quando eu respondo a um desafio e reconheço a resposta.

Ora, o interrogante indaga: “Como posso experimentar Deus em mim?” Deus, a realidade, ou o quer que seja, é coisa susceptível de experimentar-se, de reconhecer-se, de modo que se possa dizer: “Tive um experiência de Deus”? Evidentemente, Deus é o desconhecido; Deus não pode ser conhecido. No momento em que o conheceis, já não é Deus: é algo autoprojetado, reconhecido, isto é, memória. É por isso que o crente nunca poderá conhecer Deus; e visto que a maioria de vós crê em Deus, jamais conhecereis a Deus, porque vossa própria crença vo-lo impede. Mas a descrença em Deus, que é outra forma de crença, impede também o descobrimento do desconhecido; porque toda crença é, obviamente, um processo da mente. A crença é o resultado do conhecido. Podeis crer no desconhecido, mas tal crença nasceu do conhecido, é parte do conhecido, que é memória. A memória diz: “Não conheço Deus, Ele algo desconhecido”. Por essa maneira a memória cria o desconhecido, e passa a crer nele como um meio de experimentar o desconhecido.

Deus pode ser objeto de crença? Os sacerdotes, os pregadores, os organizadores de religiões, os bispos, os cardeais, o carniceiro, o aviador que lança bombas — todos dizem “Deus está comigo”. O homem que ganha dinheiro, o homem que explora outros, o homem que acumula riquezas e edifica templos ou igrejas, diz que Deus é seu companheiro. Todas essas pessoas crêem em Deus; e sem dúvida sua crença é simples forma de auto-expansão, é um conceito próprio. É claro que tais pessoas, aquelas que acreditam nos dogmas organizados, que têm condicionado a mente de acordo com um determinado padrão chamado religião, nunca podem conhecer a realidade final.

Para que o desconhecido venha à existência, a mente precisa estar completamente vazia; não pode haver o experimentar da realidade, porque o experimentador é o “eu”, com todas as suas lembranças acumuladas, tanto conscientes como inconscientes. O “eu”, que é o resíduo de tudo isso, diz: “Estou experimentando”; mas aquilo que ele pôde experimentar é apenas a sua própria projeção. O “eu” não pode experimentar o desconhecido; só lhe é possível experimentar o conhecido, o que foi projetado de si mesmo, a coisa em que crê ou que espera, e que é criação do pensamento como reação do passado. Uma mente em tais condições, decerto, é incapaz de ficar de todo vazia e, por conseguinte, nunca pode ser livre. Só uma mente livre pode conhecer “o que é” — essa coisa indescritível, que não pode ser expressa em palavras para ser reconhecida por vós ou por mim. Descrevê-la significa cultivo da memória; significa verbalizá-la, situá-la no tempo, e o que é do tempo nunca pode ser o atemporal.

O que importa, pois, não é o que credes ou o que descredes, nem quais sejam as vossas atividades, mas, sim, o compreender processo integral, o conteúdo total de vós mesmo; e significa isso estar cônscio momento por momento, sem senso de acumulação. Quando a mente está de todo tranqüila, quieta, sem senso de aceitação ou rejeição, para a aquisição ou a acumulação, quando existe esse estado de tranqüilidade, no qual o experimentador não existe — só então sentimos aquilo a que podemos chamar Deus, — a palavra não tem importância. E há, nesse momento, um estado de criação, que não é expressão do “eu”.

Krishnamurti - 11 de junho de 1950 – Do livro: Porque não te satisfaz a Vida?
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill