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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Transformação sem esforço

Reunião feita pelo Paltalk em 03-09-2012.
Para participar, acesse:


Pensamos ser necessário o conflito, o esforço, para se operar a transformação. Tal esforço, muito evidentemente, supõe disciplinamento, controle, constante exercício, o ajustamento da pessoa ao que deveria ser. Estamos, na maioria, acostumados com essa maneira de pensar, e sobre ela se fundam as nossas atividades, a nossa perspectiva, e os nossos valores. O que deveria ser, o ideal, assumiu uma extraordinária predominância em nossas vidas. Para mim é totalmente errônea uma tal maneira de pensar, e uma vez que vos achais aqui para conhecer o que eu tenho para dizer-vos, tende a bondade de escutá-lo, sem o rejeitardes.
            No meu entender, só é possível transformação radical quando não há esforço, quando a mente não está tentando tornar-se alguma coisa, não está tentando ser virtuosa — o que não significa que não o deva ser. Enquanto há esforço para se alcançar a virtude, está havendo continuidade do “eu”, pois é ele que se está esforçando para ser virtuoso, o que, afinal, é meramente outra forma de condicionamento, uma modificação de o que é. Nesse processo está contida esta outra questão: Quem é que faz o esforço e qual o objetivo a que visa esse esforço. O objetivo, evidentemente, é o automelhoramento. Mas, enquanto fizermos qualquer esforço para melhorarmos a nós mesmos, não haverá virtude. Isto é, enquanto houver ideais de qualquer espécie, temos de fazer esforços para nos adaptarmos, nos ajustarmos a um dado ideal, ou nos tornarmos esse ideal. Se sou violento e tenho o ideal da não-violência, existe em mim um conflito, uma luta entre o que é e o que deveria ser. Esta luta, este conflito, é um estado de violência e não um estado de liberdade, de isenção de violência.
            Ora bem, posso olhar para o que é — o estado de violência — sem fazer do seu oposto um ideal? Neste caso, de certo, só me interessa a violência e não a maneira de me tornar não-violento, porque o próprio processo de me tornar não-violento é uma forma de violência. Posso, pois, encarar a violência, sem nenhum desejo de transformá-la num outro estado? Tende a bondade de seguir-me com paciência, até o fim. Posso considerar o estado a que chamo “violência”, ou avidez, ou inveja, ou seja o que for, sem tentar modificá-lo ou mudá-lo? Posso considerá-lo sem reação alguma, sem avaliá-lo, sem lhe dar nome algum?
            Estais prestando atenção? Tende a bondade de “experimentar” o que estou dizendo, para verdes a coisa diretamente, agora, e não quando voltardes para casa.
            Se uma pessoa é violenta, pode considerar esse estado a que deu o nome de “violência”, sem condená-lo? O “não condenar” é um processo extraordinariamente complexo, porque a própria verbalização do sentimento, a própria palavra “violência” é condenatória. E pode-se olhar esse sentimento, esse estado que denominamos “violência”, sem lhe dar nome algum? Quando não lhe damos nome, que está acontecendo? A mente é toda constituída de palavras, não é verdade? Todo pensar é um processo de verbalização. E quando não se dá nome a esse sentimento, quando não lhe aplicamos o termo “violência”, não está ocorrendo uma revolução extraordinária, na atenção que estamos dando ao sentimento?
            Consideremos o assunto de outra maneira. A mente divide a si mesma em violência e não-violência, de modo que há dois supostos estados: o estado que ela deseja alcançar, e o estado que é. Está, aí, a funcionar um pro cesso dualista, e, no meu sentir, só é possível a transformação radical quando cessa completamente esse processo dualista, isto é, quando a totalidade da consciência, da mente, pode dar atenção completa a “o que é”. E a mente não pode dar essa atenção completa se há qualquer tendência de condenação, qualquer desejo de modificar o que é, qualquer forma de distração, verbalizar, dar nome. Quando é completa a atenção, vereis que essa atenção, em si, é “o bom”, e “o bom” não é o esforço que se faz para transformar o que é noutra coisa diferente.
            Isto talvez seja uma explicação muito complicada de um fato que é muito simples. Enquanto a mente tem o desejo de transformação, qualquer transformação que conseguir será apenas uma “continuidade modificada” de “o que é”, porquanto a mente não pode conceber a transformação total. Só pode haver transformação total quando a mente presta atenção total a “o que é”, e a atenção não pode ser completa se há qualquer forma de verbalização, condenação, justificação ou avaliação.

Krishnamurti – AUSTRÁLIA E HOLANDA - 1955
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill