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domingo, 7 de julho de 2013

Pode haver contato entre um homem livre e outro aprisionado?

Pode haver relações enquanto há separação, divisão? Pode haver relações com outrem, quando não há contato, não apenas físico, mas também em todos os níveis do nosso ser? Podemos estar segurando a mão de uma pessoa e dela estar a mil léguas de distância, absortos em nossos próprios pensamentos e problemas. Podemos nos achar num grupo e ao mesmo tempo estar dolorosamente sós. Assim, perguntamos: pode haver alguma espécie de relação com a árvore, a flor, o ente humano, ou com o céu e o belo pôr do sol, quando a mente, com suas atividades, está se se isolando a si própria?(...) cada um vive dentro de sua própria teia, você na sua, a outra pessoa na dela. Haverá alguma possibilidade de nos libertarmos dessa teia? Essa teia, essa mortalha, esse invólucro, é a palavra? Constitui-se esse invólucro de seu interesse em si mesmo e do interesse da outra pessoa em si própria, de seus desejos, opostos aos dela? Essa cápsula é o passado? É tudo isso junto, você não acha? Não é uma coisa que a mente está levando, porém um feixe inteiro. Você leva a sua própria carga, e o outro a sua. Podemos, em algum tempo, largar essas cargas, a fim de que a mente se encontre com a mente, o coração com o coração? Eis a questão real, você não acha?

(...) Você pode se identificar com aquele aldeão ou com aquela chamejante buganvília — sendo isso um truque mental para simular a unidade. A identificação com alguma coisa é um dos estados mais hipócritas que há. Identificar-se com uma nação, com uma crença e, contudo, continuar só, é uma das maneiras favoritas de enganar a solidão. Ou, tão completamente você se identifica com sua crença, que você é a crença; e esse é um estado neurótico. Ora, coloquemos de lado esse impulso para nos identificar com uma pessoa, ideia ou coisa. Assim, não há harmonia, unidade, amor. A outra questão, portanto, é esta: Você pode se libertar do invólucro, de maneira que ele deixe de existir? Só então haveria possibilidade de contato total. Como podemos nos libertar desse invólucro? Esse “como” não significa método, porém, antes uma indagação que poderá nos abrir a porta.

(...) Rasgamos o invólucro pedaço por pedaço ou o rompemos e dele saímos imediatamente? Se o rasgamos pedaço por pedaço — como certos analistas dizem fazer — esse trabalho nunca terá fim. Não é por meio do tempo que se pode destruir essa separação.(...) Não é você o próprio invólucro?(...) O próprio movimento para você penetrar no outro invólucro, ou estender-se para fora do seu, é determinado por seu próprio invólucro: você é o invólucro. Você é, portanto, o observador do invólucro e é também o próprio invólucro. Nesse caso, você é o observador e a coisa observada; o mesmo é ele — e nisso ficamos. E você tenta alcança-lo e ele tenta alcança-lo. É possível isso? Você é a ilha cercada pelo mar, e ele também é a ilha cercada pelo mar. Veja que você é tanto a ilha como o mar; não há separação entre ambos; você é a terra inteira com o mar. Por conseguinte, não há divisão em “a ilha” e “o mar”. A outra pessoa não vê isso. Ele é a ilha cercada pelo mar; tenta alcançar você, ou você, se é bastante desatinado, tenta alcança-lo. Isso é possível? Como pode haver contato entre um homem livre e outro que está aprisionado? Visto que você é o observador e a coisa observada, você é o inteiro movimento da terra e do mar. Mas, a outra pessoa, que não compreende isso, continua a ser a ilha cercada de água. Ele tenta alcançar você, mas nunca consegue, porque mantém o seu estado isolado. Só depois de deixa-lo e, como você, estar aberto ao movimento do céu, da terra e do mar, poderá haver contato. Aquele que vê que a barreira é ele próprio, não terá mais nenhuma barreira. Por conseguinte, ele, em si próprio, não é separado. O outro não percebeu que ele próprio é a barreira e, por isso, mantém a crença na sua separação. Como pode esse homem alcançar o outro? Impossível.

(...) Há o espaço entre isso que a mente chama o invólucro por ela criado, e ela própria. Há espaço entre o ideal e a ação. Nesses diferentes fragmentos de espaço entre o observador e a coisa observada, ou entre as diferentes coisas que ele observa, acham-se todo o conflito e luta, e todos os problemas da vida. Há separação entre o meu invólucro e o invólucro de outrem. Nesse espaço está toda a nossa existência, todas as nossas relações e nossa luta.

(...) O que é espaço? Há espaço entre você e seu invólucro, espaço entre o outro e o seu invólucro, e há espaço entre os dois invólucros. Todos esses espaço se deparam ao observador. De que são feitos eles? Como se tornam existentes? Qual a qualidade e natureza desses espaços divididos? Se pudéssemos remover esses espaços fragmentários, o que aconteceria? (...) Quando esse espaço desaparece de fato — não verbal ou intelectualmente, porém desaparece realmente, há completa harmonia, união entre você e o outro. Nessa harmonia, você e ele deixam de existir e há apenas aquele vasto espaço que jamais pode ser fragmentado. A limitada estrutura da mente deixa de existir, porque a mente é fragmentação.

(...) Certifique-nos de que ambos compreendemos a mesma coisa quando empregamos a palavra “espaço”. Há o espaço físico entre pessoas e coisas, e há o espaço psicológico entre pessoas e coisas. E há também o espaço entre a ideia e o real. Tudo isso, pois, o físico e o psicológico, é espaço, mais ou menos limitado e definido. Não estamos agora tratando do espaço físico. Estamos falando do espaço psicológico existente entre pessoas e o espaço psicológico existente no próprio ente humano, em seus pensamentos e atividades. Como se torna existente esse espaço? Ele é fictício, ilusório, ou é real? Sinta-o, fique consciente dele, certifique-se de que não tem dele apenas uma imagem mental, lembrando-se de que a descrição nunca é a coisa. Certifique-se de que você sabe do que estamos falando. Fique bem consciente de que esse limitado espaço, essa divisão, existe em você; não se afaste daí, se não o compreender. Ora, como se torna existente esse espaço?(...) Não explique nada, vá penetrando cuidadosamente. Estamos perguntando como esse espaço se tornou existente. Não apresente nenhuma explicação ou causa, porém “fique” com esse espaço, e sinta-o. Então, a causa e a descrição terá pouquíssima significação e nenhum valor. Esse espaço se tornou existente por causa do pensamento, que é o “eu”, e da palavra, que é a divisão. O próprio pensamento é essa distância, essa divisão. Está sempre a se fragmentar e a criar divisão. O pensamento sempre divide em fragmentos aquilo que ele observa no espaço — em você e eu, seu e meu, eu e meus pensamentos, etc. Esse espaço que o pensamento criou entre as coisas que observa, se tornou real; e é esse espaço que se separa. Procura então o pensamento lançar uma ponte sobre essa separação, iludindo dessa maneira a si próprio, na esperança de alcançar a unidade.

(...) Percebendo-se a verdade sobre a natureza do pensamento e de suas atividades, o pensamento se torna quieto. Com o pensamento quieto — não, colocado quieto — existe espaço?(...) A mente se acha agora em perfeita harmonia, não fragmentada; o espaço limitado deixou de existir, e só há espaço. Quando a mente está de todo quieta, há a vastidão do espaço e do silêncio... Esse silêncio é bem-aventurança.

Krishnamurti — A Luz que não se apaga

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill