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terça-feira, 16 de julho de 2013

Por que somos como flor sem perfume?

O que acontece quando um homem se esforça para se tornar virtuoso, quando se disciplina para ser bondoso, eficiente, considerado, atencioso, quando procura não magoar os outros, quando consome suas energias tentando estabelecer a ordem, lutando para ser bom? Seus esforços só o levam à respeitabilidade, causadora da mediocridade mental; esse homem, por conseguinte, não é virtuoso. Você já olhou atentamente uma flor? Como é admiravelmente simétrica, com todas as suas pétalas; há nela, também, singular delicadeza, perfume, encanto. Ora, quando um homem tenta ser ordenado, sua vida poderá ser muito precisa, muito regular, mas perdeu aquele predicado de delicadeza que só pode nascer quando, como na flor, não há esforço algum. Nosso problema, pois, é sermos precisos, claros e sem limitações.

Veja, o esforço para ser ordeiro, cuidadoso, tem forte influência limitante. Se procuro deliberadamente colocar em ordem o meu quarto, se tenho a preocupação de colocar cada coisa em seu lugar, se estou sempre prestando atenção a mim mesmo, onde ponho o pé, etc., o que acontece? Torno-me “insuportável” para mim próprio e para os outros. É, com efeito, uma pessoa cansativa aquela que está sempre procurando ser alguma coisa, cujos pensamentos são metodicamente “arrumados”, que escolhe um pensamento em preferência a outro. Essa pessoa poderá ser muito ordeira, muito clara, poderá empregar as palavras com precisão, ser muito atenta e atenciosa, mas perdeu a criadora alegria de viver.

Qual é, pois, o problema? Como ter essa criadora alegria de viver, ser sem limitações no sentir, amplo no pensar, e ao mesmo tempo preciso, claro, ordenado no viver? Creio que a maioria de nós não é assim, porque nunca sentimos nada intensamente, nunca aplicamos completamente a coisa alguma nosso coração e nossa mente. Lembro-me de ter certa vez observado dois esquilos vermelhos, de caudas longas e bastas, e graciosas, perseguirem-se para cima e para baixo de uma alta árvore, durante dez minutos, sem pararem um só instante — pela simples alegria de viver! Mas você e eu nunca conheceremos essa alegria, se não sentirmos as coisas profundamente, se não houver paixão em nossa vida — paixão, não para nos tornarmos “beneméritos” ou realizarmos uma certa reforma, mas paixão no sentido de sentirmos as coisas com toda a força; e só teremos essa paixão vital quando houver uma revolução total em nosso pensar, em todo o nosso ser.

Você já notou como somos poucos os que temos profundo sentimento a respeito de alguma coisa? Alguma vez você se rebela contra seus mestres, contra seus pais, não apenas por não gostar de alguma coisa, mas por ter um profundo e ardente sentimento de que não deseja fazer certas coisas? Se você sente, profunda e ardentemente, em relação alguma coisa, verá que esse próprio sentimento, de maneira singular, traz uma nova ordem à sua vida.

Ordem, afinamento, clareza no pensar, não são em si muito importantes, mas tornam-se importantes para o homem que é sensível, que sente profundamente, que se acha num estado de perpétua revolução interior. Se você sente intensamente a sorte do infeliz, do mendigo que recebe a poeira no rosto quando passa o carro do milionário, se você é altamente receptivo, sensível a todas as coisas, então essa própria sensibilidade traz ordem, virtude; e considero muito importante que tanto o educador como o estudante compreendam isso.

Neste país, infelizmente, como no resto do mundo, somos tão indiferentes que não temos sentimento profundo por coisa alguma. Os mais de nós somos intelectuais — intelectuais, no sentido superficial de sermos muito hábeis, cheios de palavras e de teorias sobre o que é correto e o que é incorreto, sobre como se deve pensar, o que se deve fazer. Mentalmente, somos altamente desenvolvidos, mas, interiormente, há muito pouca substância ou valia: e é essa substância interior que produz a ação correta, que não é ação segundo uma ideia.

Eis porque você deve ter sentimentos muito fortes — sentimentos de paixão, de cólera — para os observar, para “brincar” com eles, e descobrir a verdade que encerram. Porque, se você se limitar a reprimi-los, se disser: “Não devo me encolerizar, não devo me apaixonar, porque é errôneo — verá que sua mente irá se fechando gradualmente numa ideia e, consequentemente, se tornará muito superficial. Você pode ser imensamente talentoso, possuir um saber enciclopédico, mas, se não houver a vitalidade do sentimento intenso e profundo, sua inteligência será como flor sem perfume.

É muito importante que você compreenda todas essas coisas enquanto é jovem, porque, assim, quando crescer, será verdadeiro revolucionário — revolucionário, não de acordo com uma certa ideologia, teoria ou livro, porém, revolucionário no sentido total da palavra, de ponta a ponta, como entes humanos completos, tão completos que não restará um só ponto contaminado pelo “velho”. Sua mente será então fresca, “inocente” e, portanto, altamente capaz de criação. Se você não alcançar a significação de tudo isso, sua vida se tornará muito sem sal, porque você será esmagado pela sociedade, por sua mulher ou marido, por teorias, por organizações religiosas ou políticas. Por isso é que é tão importante que você seja educado corretamente — o que significa que deve ter mestres capazes de lhe ajudar a romper a crosta da chamada civilização, para que você não seja um mero autômato, porém, um indivíduo com uma canção dentro de si mesmo e, por conseguinte, um ente humano feliz e criador.

Krishnamurti — A cultura e o problema humano  

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill