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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Indícios que pressagiam a vinda da Graça


Não é preciso que façamos qualquer gesto exterior de renúncia ao mundo — embora o destino talvez o ordene — a fim de chegar a esse ponto de total auto-sujeição. Pois não somos instados a nos render a um determinado assunto ou pessoa, MAS NO SENTIDO PESSOAL INTERIOR QUE NOS MANTÊM CATIVOS. Esse SENTIDO DO EGO não pode ser banido por nenhuma força nossa, da mesma forma pela qual um homem não pode erguer-se com a ajuda dos cordões dos próprios sapatos. Conquanto durante a fase adiantada todo o objetivo do nosso esforço dirija-se para o ESVAZIAMENTO DA MENTE DE TODOS OS SEUS PENSAMENTOS e para possibilitar ao incontestável Eu Superior responder á nossa pergunta, não devemos, contudo, imaginar que seremos capazes de parar de pensar à custa dos nossos próprios esforços. O pensamento só cessará quando um poder superior se impuser a ele. Tal poder pertence ao Eu Superior e, assim sendo, aquilo que realmente fazemos é CONVIDAR, ROGAR e PERMITIR ao Eu Superior que torne o turbulento intelecto silencioso e calmo. O que pode ser feito é PREPARAR o caminho e REMOVER os obstáculos ao advento de um Poder Maior, que não é senão a Graça do Eu Superior. A Graça é o guardião do tempo. É a comunicação da Graça, essa manifestação de uma autoridade maior do que a nossa, que acaba por EXTINGUIR A NOSSA VINCULAÇÃO COM O EGO e dar-nos a inimaginável paz da liberação. Talvez haja uma grande distância a percorrer até chegar a esse ponto, mas isso não nos deve impedir de fazer a tentativa. "Muitos são chamados, mas poucos são escolhidos" são as palavras do Mestre Cristão, embora a mera manifestação de interesses ligados a este caminho possa ser um sinal de que a pessoa se inclua entre aqueles poucos felizardos. E mesmo que esse ponto elevado não seja atingido, OS ESFORÇOS JAMAIS SERÃO DESPERDIÇADOS. Um pouco de paz, um pouco de iluminação com certeza serão conseguidos em troca. 

A atuação desse poder da Graça é misteriosa. O nosso dever é PREPARAR AS CONDIÇÕES ADEQUADAS, a atmosfera conveniente dentro da qual o Eu Superior possa conceder sua revelação, pois não somos capazes de prever o momento exato em que tal revelação irá ocorrer, mesmo depois de preparada as condições. 

A Graça é considerada como um movimento definido do ser interior do aspirante, um movimento que tende a apossar-se dele e introvertê-lo ainda mais. A GRAÇA É SEMPRE EXPERIMENTADA COMO UMA MANIFESTAÇÃO INTERIOR À REGIÃO DO CORAÇÃO. 

Ela surge no interior do aspirante com tal força e se apossa de tal forma dos seus sentimentos e pensamentos que ele não apenas percebe ser inútil qualquer resistência como também não sente nenhuma inclinação a resistir, pois sua consciência está como que sob efeito de um encantamento. Tudo começa com a sensação de que algo SE ESTÁ DERRETENDO DENTRO DO CORAÇÃO. A seguir acontece uma revolução de todos os primitivos pontos de vista acerca da vida, durante a qual o orgulho, o preconceito, as ideias arraigadas, os desejos e as aversões são todos atirados a um canto e desaparecem por algum tempo. O desfecho é uma maior ou menor RENDIÇÃO DO EGO AO DIVINO GOVERNANTE recém-aparecido. Esta experiência poderá repetir-se amiúde ou não voltar a acontecer por muito tempo. Se se der a primeira hipótese, então o aspirante é um homem de sorte e o progresso da sua iluminação será deveras rápido; espantosas transformações irão ocorrer em sua vida, até que ele chegue a uma REVELAÇÃO não mesmo certa, precisa e definitiva do que sublime. A Graça poderá baixar tão apenas por cinco minutos, como poderá também persistir durante cinco horas. Nesta eventualidade o aspirante será um grande felizardo e, em consequência, passará por uma grande modificação. Foi através dessas generosas manifestações da Graça que ocorreram notáveis conversões na história religiosa da humanidade, tanto no Leste como no Oeste. 

Há indícios que pressagiam a vinda da Graça. O principal dentre eles é um forte desejo de luz espiritual que mais e mais toma CONTA DO CORAÇÃO, que atormenta o homem com frequência e que faz o resto parecer insatisfatório. A vida comum parece tornar-se insípida, estúpida, oca, mecânica e opressiva. A rotina diária torna-se espectral e despropositada. Quando essa aspiração intensa transforma-se como que numa poderosa corrente na vida emocional de um homem, ele poderá começar a pensar então que a sua gratificação não está muito distante. E quanto maior a intensidade do desejo, maior será a manifestação da Graça concedida. 

Entre os arautos da vinda da Graça encontra-se logo a seguir o ato de chorar, seja em virtude da ausência dessa luz espiritual, seja em virtude de alguma palavra, acontecimento, pessoa ou retrato que recorde a existência do Eu Superior. Tal pranto nem sempre será visível e exterior; poderá ocorrer SILENCIOSAMENTE NO FUNDO DO CORAÇÃO. Quando, porém, as lágrimas fizerem a sua aparição, não deveremos lhes resistir, mas ceder à sua pungente emoção, até mesmo ao ponto de derramá-las com frequência, tanto quanto o permitam as circunstâncias externas. ESSAS LÁGRIMAS SÃO ALIADOS DE VALOR NA CAUSA DO ASPIRANTE; ELAS TRAZEM CONSIGO UMA MISTERIOSA INFLUÊNCIA QUE TENDE A DISSOLVER AS DURAS INCRUSTAÇÕES CONSTITUÍDAS PELO EGO QUE BARRAM A ENTRADA DA GRAÇA. Através de sua ajuda suave porém poderosa muita coisa é conseguida, às vezes tanto quanto seria conseguido através do esforço da meditação. 

Por essa razão recebamos de braços abertos essas visitantes, quando elas vierem e choremos franca e deliberadamente se nos for possível estar a sós, ou silenciosa e ocultamente se for o caso, permitindo desta forma que as nossas deficiências auto-engendradas desapareçam. Tais anseios e tal pranto para serem eficazes deverão abalar o aspirante até as profundezas do seu ser. Na verdade, as lágrimas devem decorrer de uma compulsão interior. Somente aquele que sabe como chorar pelo mais Alto e como abster-se de chorar pelos desenganos mundanos está apto a conhecer a Verdade. 

Outros sintomas também poderão manifestar-se; o aspirante poderá ter um único e profético sonho, o qual será capaz de traduzir intuitivamente como uma mensagem do Eu Superior. Tal sonho será extraordinariamente vívido e inesquecível. Ademais, poderá ocorrer alguma modificação nas circunstâncias da sua vida terrena ou até mesmo alguma crise nos seus negócios indicando que é chegada a hora — ou que chegará dentro em breve — de mudar-se para novas vizinhanças, portadoras de novas influências. Desta e de outras maneiras, bem como em função dos seus sentimentos interiores, poderá o aspirante saber que se aproxima um período de luz espiritual. 

Um canal importante através do qual a Graça poderá atuar quando, finalmente, vier, é aquele que a ligue com alguma atividade externa do homem. Não raro a separação ou a morte de uma pessoa muito querida acarreta tal coisa, e como consequência do intenso sofrimento resultante, a vida do aspirante poderá receber uma orientação inteiramente nova em que a Graça poderá vir como uma espécie de compensação pela perda sofrida. A princípio ele terá contudo que passar por TODAS AS FASES DA AGONIA da sua perda e quando, por fim, a Graça começar a bafejá-lo, o aspirante irá descobrindo gradualmente que é capaz de suportar a dor com resignação. Já não terá um fardo a esmagá-lo, pois perceberá que o desaparecimento da outra pessoa da sua vida encerra um significado espiritual. O sacrifício que lhe foi imposto poderá fazer nascer em sua alma, primeiro um sentimento de resignação e depois a aceitação da vontade de Deus, o que afinal lhe trará a compensação da paz interior. O próprio ato da aceitação transferirá para Deus o seu ônus e em boa parte o libertará de novos sofrimentos nesse sentido. O sofrimento numa forma tão aguda poderá em última instância ser o arauto de uma serenidade compensadora ainda por vir. Não devemos, contudo, imaginar a partir disto que a Graça sempre nos magoa onde somos mais passíveis de nos magoar. Ela pode vir sem o concurso de um arauto tão pouco auspicioso. 

A outra forma humana através da qual a Graça pode vir inicialmente a um aspirante é a de um sábio ou iniciado — ou mesmo um discípulo especial de qualquer um destes — que via de regra poderá ser usado como um instrumento adequado para transmiti-la. Mas isto supõe alguns fatores incomuns, e tais homens raramente surgem no nosso caminho neste século vinte, embora alguns iniciados autopromividos continuem a enganar aos outros ou a si mesmos. 

Paul Brunton - A Busca do Eu Superior

quinta-feira, 18 de maio de 2017

O desconhecimento místico da maioria

O fato é que a maioria das pessoas não está familiarizada com o ponto de vista místico, está desinformada sobre os ensinamentos místicos e não se sente atraída pelas práticas místicas. Isso, em parte, se deve a que existem poucos místicos no mundo e à ausência de suficiente informação confiável sobre misticismo; em outra parte, porque as tendências predominantes na maioria das pessoas são materialistas e pelos valores que consideram como os mais importantes serem sensuais.

Assim, prevalece o desprezo ao misticismo entre aqueles que nem sabem o que de fato ele significa.

Enquanto os seres humanos não vierem a conhecer e sentir seu ser real – que existe dentro do ser de Deus – a fricção e a hostilidade prevalecerão entre eles.

Visivelmente está ausente a beleza em suas mentes, em suas atitudes e em seus lares; a verdade não é uma ideia cuja descoberta seria excitante para eles; a bondade é tida como certa, mas só em um nível burguês comum.

Todas as suas ideias sobre a verdade estão limitadas pelas ilusões, falsidades, feiuras e fraquezas que limitam e sustentam suas próprias mentes.

A maioria das pessoas vive na superfície de suas consciências sem terem conhecimento do grande Poder e Inteligência que as sustenta.

Todos aqueles que estão demasiado imersos em atividades externas ao ponto de não terem nenhuma vida interna, morrem antes mesmo de estarem mortos.

Em um extremo, estão aqueles que permanecem cativos à convenção; em outro, os que se regozijam em ridicularizar a opinião pública.

A atitude comum considera aquilo que está além da compreensão humana como algo que não lhes concerne.

Todas essas pessoas procuram fugir das responsabilidades próprias ao tentarem encontrar alguém mais que tome as decisões por elas e que seja o responsável pelos resultados subsequentes; alguém que possam se ocultar por trás, diante dos estresses do mundo, e cuja proteção as permita evitar a necessidade de pensar, de terem vontade própria e de viverem suas experiências por elas mesmas.

Não existe um propósito interno, nenhuma significância espiritual e nenhum objeto de valor real em suas vidas. Elas passam através dos anos na direção de coisa alguma. Movem-se de uma ação a outra sem terem qualquer consistência ou princípio. Tateiam através da vida como se fossem jogadores em um jogo de cabra-cega. Ou não sabem como conduzir suas vidas ou falham ao conduzi-la na direção errada. Elas necessitam de ajuda, de orientação e de terem uma direção em suas vidas. Contudo, o conselho que não é solicitado não é bem-vindo.

Sua necessidade é a de ideias definitivas e revigorantes que as liberem da extenuante perplexidade e de uma fé iluminadora que as permita viver nesse mundo de sombras.

Mas, para isso, seus interesses não deveriam girar somente ao redor de si mesmas ou ao redor de seus interesses ampliados representados pela família.

terça-feira, 28 de março de 2017

A limitação do pensamento

A humanidade está descobrindo que não pode resolver seus problemas antigos de forma habitual. A maneira lógica de fazer isso será a de tentar um novo caminho. Numa era de intelecto e religião materialistas, como a nossa, esse novo caminho consistirá em se voltar para um intelecto e religião espiritualizados. O primeiro passo a ser dado pelo intelecto será o da humildade e o primeiro passo do sentimento religioso o da obediência. O intelecto deverá se recolher autoconstrito através da oração constante ao Poder Superior; o sentimento religioso deverá obedecer, com sinceridade e honestidade, às advertências dadas pelos grandes profetas. O intelecto não mais deverá continuar a enganar a si mesmo e o sentimento religioso não mais a enganar a Deus.

O intelecto deverá ficar confuso e exausto pela sua própria atividade de busca do Eu Superior, mesmo desesperado por reconhecer que não possui nenhuma possível chance de chegar a conhecer a verdade através de seus próprios procedimentos autodestrutivos; que está se movendo em círculos, dando mais e mais voltas, e que, por fim, terá de abandonar todos os seus esforços. Nesse ponto, uma grande oportunidade espera o aspirante; mas é aqui que também muitos saem pela tangente e perdem a oportunidade. Ou consideram a busca como fútil e ilusória, perdendo qualquer interesse por ela, ou se abrigam em uma organização hierárquica religiosa que impõe dogmas e exige submissão completa à sua regra e autoridade.

A não ser que o pensamento intelectual compreenda suas próprias limitações e saiba quando parar suas atividades, ele não levará o ser humano à verdade e o enganará. Entretanto, quando estiver predisposto a negar a si mesmo, no momento certo para isso, permitirá assim que surja o pensamento intuitivo, o qual o levará ainda mais próximo ao seu objetivo.

Um mesmo indivíduo, em diferentes fases de sua vida, poderá sustentar pontos de vista diferentes. Será irrealista exigir que todos devam ser consistentes em relação a isso por todo o curso de suas vidas.

Kant viu como a mente forma suas ideias sob condições definidas e limitadas, como ela não pode evitar fazer isso e como essas ideias são meramente o melhor que a mente poderá produzir sob tais condições – de forma alguma as mais verdadeiras.

Quão poucos estão, verdadeira e sinceramente, buscando estabelecer a verdade; quão muitos, por outro lado, querem chegar a vitórias. Eles poderão assinalar os erros nas conclusões, opiniões e crenças dos outros, mas estão cegos aos próprios erros.

Limitar suas ideias àquelas existentes ao meio ambiente, no qual aconteceu de ele ter nascido, é uma falha comum.

Muitos aspirantes não chegam a realizar que se movem a maior parte do tempo, no domínio de suas próprias ideias pessoais e não necessariamente no domínio da verdade integral.

A situação pode ser assim sumarizada: se a atividade do pensamento estiver direcionada para objetos externos e inspirada pelo desejo de obter ou possuir eles, ela prenderá o indivíduo à sua ignorância espiritual. Se, entretanto, estiver direcionada a Deus, ou à sua alma divina, e inspirada pelo desejo de alcançar a Ele ou a ela, então ela o conduzirá a intuições espirituais.

sexta-feira, 24 de março de 2017

O mundo precisa que te transformes

Quando somos colocados face a face com as consequências de nossas más ações, gostaríamos de evitar o sofrimento ou, pelo menos, de diminuí-lo. É impossível dizer com alguma precisão até onde isso pode ser feito, pois depende em parte da Graça Divina, mas em parte também depende de nós mesmos. Podemos ajudar a modificar e ás vezes até eliminar essas más consequências, se colocamos em movimento certas influências opostas. Primeiro, temos de levar profundamente a sério as lições das nossas más ações. Não devemos culpar ninguém e nada fora de nós mesmos pelas nossas fraquezas morais e pelas nossas enfermidades mentais, e não nos devemos conceder a chance de enganar a nós mesmos. Temos de sentir todas as aflições do remorso e pensamentos constantes de arrependimento. Segundo, se pretendemos ser perdoados, temos de perdoar aos outros os pecados que cometeram contra nós. Isso quer dizer que precisamos não ter maus sentimentos contra ninguém, seja quem for ou a respeito do que for. Terceiro, temos de constantemente pensar e agir ao longo da linha que indica uma direção oposta à nossa má ação. Quarto, devemos fazer a promessa, com um voto sagrado, de TENTAR nunca mais praticar essa má ação. Se realmente tencionamos cumprir essa promessa, nós a traremos com frequência à mente e à memória, e assim a renovaremos e a manteremos nova e viva. Tanto o pensamento, na proposição anterior, quanto a promessa, nesta proposição, têm de ser fortes tanto quanto possível. Quinto, se necessário for, e se quisermos fazê-lo, podemos orar ao Eu Superior pela ajuda da sua Graça e perdão nesse assunto; mas não devemos recorrer a essa oração normalmente. Ela só deve ser feita sob a instigação de uma profunda inspiração interior e sob a pressão de uma difícil situação exterior.

Em relação ao mundo exterior, não podemos satisfazer a esperança vã de guiar toda a humanidade para fora do caos em que agora se encontra, pois ela se recusará a seguir a luz que nos está guiando. Iludida pela sua natureza inferior, cega pelas suas tradições ocas e convenções hipócritas, indiferente à ainda pequena voz silenciosa da verdade apenas porque a voz da inverdade clama de modo mais impressivo através dos milhares de autofalantes investidos de interesses escusos, a raça humana continuará a debater-se de maneira confusa e a sofrer desnecessariamente. Mas aqui e ali há indivíduos que, apesar disso, saudarão a luz que trazemos. Por causa deles, temos de manter a tocha no alto, pacientemente.

ORAÇÃO AO MUNDO

Nesta época de confusão e ansiedade, de luta e preocupação, é nosso dever sagrado lembrarmos a nossa dependência de Ti, ó real Governante do mundo!

Compreendemos que a escuridão do mundo de hoje existe porque muitos esqueceram a dependência de Ti.

Aqueles cujas posições de poder ou influência, os colocaram nos conselhos das nações precisam, em sua séria responsabilidade, da ajuda da comunhão Contigo e do benefício de Tua orientação como nunca antes, para que não se desviem, caindo no erro e na fraqueza.

Por isso oraremos diariamente por eles e por nós, em minutos de devoção pessoal ou de meditação silenciosa, para que todos possam recobrar o sentimento de Tua presença. Confessaremos frequentemente nossas imperfeições e faltas, mas prometemos lutar para melhorar e enobrecer nossas vidas. Esforçar-nos-emos para deitar fora todo o pensamento mau e crença materialista. 

Nossa necessidade de Tua misericórdia e graça é enorme. Mostra-nos o modo de consegui-las, ó Pai Infinito de todos os seres, Pai cujo amor é o nosso último recurso.

Até certo ponto, você é o que você pensa

Nossas vidas externas, até certo ponto, refletem o estado de nossas mentes. Muitas das provas que temos de passar se dissolveriam se encarássemos a nós mesmos e removêssemos as características negativas existentes em nossas mentes.

A habilidade em perseverar durante um período negro em nossas vidas, quando as frustrações e humilhações da privação são insuportáveis, poderá transformar a fortuna de toda a nossa vida para melhor.

Nenhum animal, exceto o homem, vive em constante medo, pois nenhum deles vive tanto no passado, presente e futuro como o faz o ser humano. 

Tão logo sucumbimos aos sentimentos de desalento, desesperança e impotência estamos condenados. Tão logo triunfamos sobre eles estamos salvos.

Tenha cuidado com os seus pensamentos, porque quando mantidos por longo tempo e sentidos fortemente podem refletir-se em situações externas ou personificar-se em outros seres humanos que entram em sua vida. Mas eles por si mesmos e desprovidos de atos físicos não podem formar o padrão completo da sua vida; somente o adepto iluminado pode fazer isso. Pois outros fatores também estão contribuindo, tal como a vontade de Deus – isto é, a necessidade evolutiva, ou a Ideia do Mundo.

Se você INTEIRAMENTE vive em amor e harmonia consigo mesmo e com todos os outros, se persistentemente rejeita todas as ideias contrárias e aparências negativas, então esse amor e essa harmonia têm de se manifestar EXTERNAMENTE no seu ambiente. 

Os estados da mente não são somente resultados das condições físicas; são também uma força criativa que contribui para essas condições. Ela é tanto uma causa oculta como uma evidente consequência. 

Os estados mentais e condições emocionais, que são fortemente mantidos pela pessoa, se relacionarão aos eventos, ambientes e situações que, subsequentemente, se formarão ao redor dela.

Ela poderá reagir às experiências de vida e ao curso dos eventos seja com seu lado animal de sua natureza seja com seu lado espiritual. A escolha é dela.

O que acontece conosco é uma auditoria contínua do que somos. 

De forma misteriosa, essas forças do destino respondem às nossas necessidades internas assim como refletem nosso estado interno.

À proporção que seu trabalho interno faz com que haja uma mudança na sua atitude, na sua visão de vida e, em especial, na sua consciência, também uma correspondente mudança nas suas condições externas virão, dentro de certo tempo.

Cada ser humano responde ao que lhe circunda e aos seus contatos, experiências e fortunas através de sua maneira pessoal de resposta. “Assim como você é, assim será o mundo,” assinalou Ramana Maharshi no nosso primeiro contato.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Há um meio para superar a mente?

Ramana Maharshi: Não existe uma entidade chamada mente. Por causa do aparecimento dos pensamentos conjecturamos que deve haver alguma coisa da qual eles tenham começado. Essa coisa denominamos a "Mente". Quando sondamos para ver o que é aquilo, não encontramos nada igual a isso. Após ela ter desvanecido, encontraremos a paz eterna. As faculdades de raciocínio ou  de discernimento são meros nomes. Sejam o ego, a mente ou o intelecto, é tudo igual. De quem é a mente? De quem é o intelecto? Do ego. O ego é real? Não. Confundimos o ego e o chamamos de intelecto ou mente. (...)

Paul Brunton: Como fazer parar a mente?

Ramana: Quer um ladrão pegar um ladrão? Quer a mente encontrar a si própria? A mente não pode buscar a mente. Você andava ignorando o que é Real e guardou na mente aquilo que é irreal, inclusive procurando saber o que ela é. Existia a mente enquanto você dormia? Não. Não existia. Agora ela está aqui. Por isso é impermanente. Pode a mente ser encontrada por você? A mente não é você. Por ter pensado ser a mente, por isso me pergunta de que modo examiná-la. Se ela estivesse aí agora, poderia ser examinada. Mas ela não está. Compreenda esta verdade através da busca. A busca da irrealidade é inútil. Portanto, vá procurar a Realidade, ou seja, o SER. Esse é o meio para superar a mente. Existe só uma cosia Real. As outras são meras aparências.  Diversidade não é a Natureza d'Aquela. Estamos lendo as letras impressas no papel, contudo, ignoramos qual é a substância (background) dele. O mesmo se dá com você, que absorve as manifestações da mente e não toma conhecimento do fundo (background) delas. De quem é a culpa? 

A essência da mente é apenas conhecimento, ou a conscientização. Quando o ego, seja por que meio for, dominar a mente, ela funcionará como razoamento, pensamento abstrato ou faculdade sensorial. A Mente Cósmica, não sendo limitada ao ego e não tendo nada separado dela, permanece pura Consciência. É isso que a Bíblia entende por "EU SOU O QUE SOU". 

A Imortalidade Consciente


Sucesso é ficar livre do desânimo criado por pensamentos

Paul Brunton: O estado de inconsciência está perto daquele Infinito ser?

Ramana Maharshi: Somente a Consciência existe. Quem conhece o SER, nada mais tem a fazer daí em diante, pois o Infinito Poder fará todas as demais ações que possam ser-lhe necessárias através Dele. O homem não tem mais pensamentos. 

Durante a meditação, que está sendo dirigida para o SER, os pensamentos agora morrem automaticamente. A meditação pode ser dirigida aos diferentes objetos, mas quando estiver dirigida para o verdadeiro SER, significa estar fixada no mais alto objeto, ou melhor, o Sujeito. 

Os pensamentos são os nossos inimigos. estando livres de pensamentos, ficamos no estado de bem-aventurança naturalmente. O vácuo entre os dois pensamentos é o nosso verdadeiro estado, este é o real SER. Afaste os pensamentos! esteja vazio deles, fique no estado perpétuo de não pensar. Então, passará a ser conscientemente Auto-Existente. Pensamentos, desejos e todas as qualidades são alienígenas à nossa verdadeira natureza. O Ocidente pode homenagear o home por ser grande pensador. Mas o que ele é? A verdadeira grandeza, pois, está em ficar livre de pensamentos! A verdadeira resposta à pergunta "Que sou eu?", não vem em pensamentos. Pois então, todos os pensamentos cessam — mesmo o próprio pensador desaparece. 

Sejamos em nossa natureza! Assim, precisaremos buscar algo mais? Quando conhecermos a nós mesmos, os pensamentos e desejos não mais irão nos incomodar. Esse não é o nosso verdadeiro estado. Não temos de ir em busca de nossos próprios seres, e sim, simplesmente SER nós mesmos. Isto para sermos como verdadeiramente somos — livres de pensamentos e do egoísmo.

Para alcançar a Auto-Realização, os meios são:

(a) a mente deve estar afastadas de seus objetos, a percepção objetiva do mundo deve cessar;
(b) as operações internas da mente também devem terminar;
(c) assim, a mente deve se submeter e continuar a despersonalizar-se a fim de perder sua índole finalmente;
(d) deve continuar a ficar no puro auto-conhecimento.

Silêncio é a fala interminável. Palavras impedem a fala silente.

Pensamentos são as predisposições acumuladas de inúmeros nascimentos anteriores. O aniquilamento deles deve tornar-se o nosso objetivo. Estar livre deles significa Pureza. O homem fica desanimado por misturar o ser consciente com o corpo inanimado; este desânimo deve cessar. O sempre-presente SER não precisa de esforços para se revelar. Mas antes o desânimo deve ser desarraigado.

Paul Brunton: Então, os pensamentos não são reais? 

Ramana: Isso mesmo. Quando a cânfora queima, não deixa resíduos. A mente é como a cânfora. Quando se tiver absorvido no SER, não deixará o menor vestígio do ego. É a Realização. 

A mente está abarrotada de pensamentos, embora tenha sua origem na Consciência ou SER. Os pensamentos não são reais; a única realidade é o SER. 

O eternamente paciente fundo (background) livre de pensamentos e cuja expansão também é destituída de pensamentos é o SER. A Mente, em sua pureza, é SER. 

O que você chama de mente é uma ilusão. Surge depois do "eu-pensamento" surgir. A mente é apenas um mero feixe de pensamentos. Os pensamentos têm sua raiz no "pensamento-eu".(...) Isso que está além do ego é a CONSCIÊNCIA, o SER.(...) Reconheça isso!

A Imortalidade Consciente

Largue os pensamentos e simplesmente seja!

Ramana: Largue os pensamentos e simplesmente seja! Apenas seja! São os pensamentos, os únicos que geral obstáculos. São eles que dificultam. Encontre a quem os pensamentos ocorrem; tanto quanto você pensar que o falso existe, fará com que ele se mostre assim, mas, encontrando de onde ele surge, logo desaparecerá. Os que descobriram a Grande Verdade fizeram isso no profundo silêncio do SER. 

Paul Brunton: A dificuldade está em manter o estado sem pensamento e, forçosamente, ainda pensando em obrigações. 

Ramana: O pensador é você mesmo. Deixe a ação se ajeitar de acordo. Por que ligar-se às dificuldades? Quando você sai à rua, levanta os pés automaticamente e anda, sem pensar sobre isso. Assim, aos poucos, o estado se torna automático; pense, quando a necessidade surgir e deixe-a desaparecer por sua própria conta. A intuição trabalha quando o pensador não tem pensamentos, guiado pela intuição. Aqueles que fizeram grandes descobertas, fizeram-nas não quando ansiosos nelas pensaram, mas em silêncio, pela intuição. 

A atividade mental cessa com a resposta à pergunta dirigida a si próprio. Mesmo quando você está pensando em Deus, ainda é uma atividade e tem que abandoná-la. A pergunta do autoconhecimento (que sou eu?) mergulha em Deus e então cessa todo pensar sobre Ele. 

A auto-realização consiste em fazer cessar os pensamentos, inclusive toda a atividade mental. Os pensamentos são como borbulhas na superfície do Mar (SER). 

O falso ego se relaciona com os objetos; só o Sujeito é Realidade. O mundo é o único que é percebido pelo reflexo da luz da mente.  A lua brilha refletindo a luz do Sol. Ao pôr do sol, a lua é útil para que os objetos possam ser vistos. De madrugada ninguém precisa de lua, embora seja visível no céu. Assim é com a mente e Coração. A mente serve para perceber os objetos. 

O intelecto é um instrumento do SER, que o usa para medir a variedade. O SER o acompanha. Como poderiam surgir as manifestações do intelecto sem as suas sementes — existindo? 

(...) A mais valiosa coisa no oceano jaz no fundo dele. A pérola é tão pequena, uma coisa de tanto valor e de tão difícil acesso! Semelhante ao SER é como uma pérola preciosa, mas, para achá-lo, deve-se mergulhar bem fundo no silêncio, toda vez mais e mais fundo até que seja encontrado. 

A Imortalidade Consciente

sábado, 16 de novembro de 2013

Descobrindo o misterioso ser no âmago do coração

A Verdade só pode ser realizada na calma e quietude. 

Se realmente nada existisse além desta branca tranquilidade, deste impasse mental , deste analítico beco sem saída e vazio total, não haveria nem poderia haver nenhuma resposta à vossa indagação. A mente inquieta jamais poderia ser aplacada. Vosso coração indagador estaria sempre insatisfeito; o vazio permanece sempre vazio. Mas os homens receberam uma resposta, a divina resposta do Super-eu. O que eles receberam, também vós podeis receber. 

Nesta etapa, quando a intuição vos manda renunciar a vosso intelecto e vos ordena colocar de lado vossos pensamentos; quando vos ensina que a acumulação de pensamentos constitui um véu que vos tapa a realidade espiritual — então surgirá ali uma grande luta, durante a qual uma parte de vosso corpo parecerá retalhada em pedaços. O intelecto, até aqui o guia venerado e de toda confiança, até aqui dominante em vossas práticas, se acha agora prestes a ficar deserto. Consequentemente, o intelecto declara guerra aberta contra o novo invasor e está determinado a não ceder seu lugar no trono sem uma severa luta. Nesta altura, é difícil verdes vosso caminho e constantemente oscilais entre a alvorescente intuição e o resistente intelecto, esforçando-vos por manter o terreno familiar e todavia permitir que se opere o inevitável crescimento. 

Esta experiência não pode ser evitada, e portanto deve ser aceita. O que se pode fazer, no entanto, é reconhecer a natureza real da luta e determinar-se a aliar-se ao poder superior, que enviou o seu embaixador silencioso. Deveis compreender que o caminho do humilde sacrifício intelectual e do reconhecimento mental é agora o caminho da sabedoria, e agir consequentemente. 

A primeira visita que vos fará o Super-eu, será de maneira humilde. Não sabeis como, nem porque, nem donde ele vem. Da primeira tênue intrusão dificilmente vos apercebereis, porém, gradualmente, ele se fará sentir. Será algo tão suave, tão delicado, que, a não ser que estejais livre de todos os preconceitos, vos inclinareis a reprimi-lo. Precisais estar totalmente vazio e oco, pronto para aceitar o que vier a vós. Esta santa influência pairará sobre vós, vos cobrirá e inundará. Isto significa que o vazio da matéria e da mente está sendo enchido. 

A meta final diante de vós é manter a mente numa condição inteiramente livre de pensamentos, sem cair em sono, nem perder a consciência, ou degenerar em mediunismo psíquico. Se o primordial pensamento do "eu" é assegurado, aquietado, sujeitado, ele é eliminado, pois subsiste por si; só existe em virtude da luz divina da consciência do Super-eu que o informa. Com a anulação deste simples pensamento, todos os inumeráveis pensamentos do ego pessoal que até aqui pulularam ao seu redor, são vistos como uma ilusão, considerando que o sentido de "EU SOU", o sentido do ser que o informa, não existe.

"Como se há de conhecê-lo?" Conhecê-lo é sê-lo. Tudo o mais do mundo se pode conhecer por outras vias, indiretamente mas esta é uma coisa que se deve conhecer tornando-se ela própria. 

Nesta etapa de um tal tornar-se, o próprio "eu" que parecia ser o centro de vossa existência, a última raiz de vossa natureza inteira, dissolve-se, dilui-se em seus próprios fundamentos. O ego pessoal desaparece, sua limitações são despedaçadas qual uma rocha pelo carvalho em crescimento, e é substituído por um sentido de existência que possui a eterna duração. Com essa mudança sentis um extraordinário sentido de alívio, como se todos os interesses da personalidade, suas alegrias e cuidados, suas esperanças e temores fossem apenas um fardo que até aqui havia sido carregado cegamente, , mas é agora alijado. É esta experiência estranha e superior que transmuta o homem em sua própria natureza mais profunda, na base de seu eu. Está também entre as mais elevadas experiências franqueadas à raça humana enquanto ela permanecer humana, pois além dela se estendem os caminhos que conduzem ao reino dos anjos e dos deuses. 

A verdadeira individualidade do homem é a mesma em todos: sagrada, divina, imortal. Nesse mundo elevado a que ela pertence, nada existe alto nem baixo, pois todos ali partilham da mesma sublimidade como gotas disseminadas no único oceano. 

Permanecer sem pensamentos é realmente uma conquista maravilhosa, e à medida que descobris suas possibilidades deveis prolongar esses momentos tão fugazes e tão preciosos, quando a mente, o "eu", retorna à sua fonte, ao seu divino elemento primordial. 

Para a meditação deste tipo psico-espiritual não há um período fixo ou formal. Deveis guiar-vos por vossos sentimentos. Quando o viveis intensamente, podeis levar uma meia hora completa. Mas haverá períodos em que estareis cansados de análises. Nessas ocasiões não é aconselhável prolongá-la além de alguns minutos. Por fim, quando estiverdes suficientemente estabelecidos no domínio do pensamento e na compreensão da análise, não precisareis nem mesmo empregá-la em vossa meditação. Podeis começar por afirmar brevemente, porém com a maior clareza de percepção, que não sois o corpo, não sois o intelecto, mas sois pura percepção.

Daí começais vossa meditação, pela qual conheceis o eu como realmente é, clarificado, limpo de emoções e pensamentos que realmente não lhe pertencem, e então descobris o ser misterioso no âmago de vosso coração

O homem não está encadeado ao eu finito, mas julga estar. Esta suposição se baseia numa ilusão. A ilusão de que os cinco sentidos são os agentes conscientes funcionando na vida do homem, e que, portanto, o mundo que constatam é um mundo sólido de máxima realidade. Os sentidos o enganam, e ele se engana a si próprio. Quando clamar por sua liberdade, ele a encontrará. Ele necessita alimentar esses pensamentos redentores, libertadores, ou jamais começará a descobrir-se, a buscar o seu eu real, ilimitado. 

Assim, em última análise, está claro que era a mente que se envolvia na matéria. É a mente que pode de novo libertar o homem. Não se faz isso correndo para os mosteiros ou montanhas e passando sua existência ali; faz-se USANDO A MENTE PARA INVESTIGAR SUAS PRÓPRIAS OPERAÇÕES.

Paul Brunton — A Realidade Interna

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Reflexões sobre a prática da Quietude

Há um silêncio que nasce da ignorância e outro que nasce do conhecimento — do conhecimento místico. A interpretação correta só vem através da faculdade intuitiva, e não através do intelecto. 

Essa quietude é a parte divina de todo ser humano. Ao deixar de procurá-la, o indivíduo deixa de tirar o máximo de proveito de suas possibilidades. Se, procurando, ele a perde no caminho, isso acontece orque ela é um VAZIO: simplesmente não há nada lá! Isso quer dizer: não há coisa alguma, nem mesmo coisas mentais, ou seja, pensamentos.

O espírito (Divino) NÃO é a quietude, mas é encontrado pelos seres humanos que estão na CONDIÇÃO PRÉVIA de quietude. A quietude é a reação humana DELES à presença do Divino, presença que entra no seu campo de consciência.

A Quietude é não só uma Compreensão ou um INSIGHT da mente, mas também uma Experiência do Ser. Todo movimento ou vibração pára.

Não é fácil traduzir esse silêncio sagrado de modo a tornar-se compreensível, descrever um conteúdo onde não há forma, ascender de uma tão profunda quanto a de Atlântida, hoje submersa, e falar abertamente sobre isso em linguagem familiar e inteligível; mas é preciso tentar. 

À medida que o centro de um indivíduo se desloca para uma profundidade maior de ser, a paz de espírito torna-se cada vez mais uma companheira constante. Isso, por sua vez, influencia o modo com que ele lida com suas atividades mundanas. A impaciência e a estupidez desaparecem; e a ira e a malignidade são disciplinadas; a falta de coragem em situações adversas é controlada, e a tensão quando ele está sob pressão é diminuída.

A verdade jaz escondida no silêncio. Revele-a, e a falsidade irá insinuar-se nela, fazendo murchar a imagem dourada. A comunicação através da fala ou da escrita não era necessária. A verdade pode ser escrita ou falada, divulgada em sermões ou publicada, mas a sua mais duradoura expressão e comunicação é transmitida, através do mais profundo silêncio, para a natureza mais profunda do homem.

A razão por que essa iniciação na quietude — iniciação sem imagens, interior e silenciosa — é AFINAL tão mais poderosa, é que atinge o próprio homem, ao passo que todos os outros tipos de iniciação atingem apenas seus instrumentos, veículos ou corpos.

Quando os pensamentos e desejos pessoais do ego são desnudados, eis que nos vemos tal como éramos no nosso primeiro estado e tal como seremos no último. Somos, então, apenas o Ser Real, na sua quietude e solidão Divinas. Quando o homem atinge temporariamente essa condição sublime, ele deixa de pensar, pois a sua mente se emudece com a paz celestial. 

Não importa quão escuro ou tortuoso seja o passado, quão miserável seja o emaranhado que o indivíduo tenha feito de sua vida, essa paz inefável tudo apaga. Dentro desse abraço angélico não se conhecem erros, não se sente a miséria, não se relembra o pecado. Uma profunda purificação toma posse do coração e da mente. 

Nessa profunda quietude, na qual todo traço do eu pessoal se dissolve, ocorre a verdadeira crucificação do ego. Esse é o real sentido da crucificação, como a ela se era submetido nas antigas iniciações do templo do Mistério e como a ela foi submetido Jesus. A morte subentendida é mental, e não física. 

Aquele que alcança essa bela serenidade está remido da miséria dos desejos frustrados, está curado das feridas das lembranças amargas, está liberado da carga das lutas terrenas. Ele criou um centro invulnerável e secreto dentro de si mesmo, um jardim do espírito que não pode ser tocado nem pelos sofrimentos, nem pelas alegrias do mundo. Ele encontrou uma transcendental unicidade da mente.

Só é capaz de formular seu PRÓPRIO pensamento, sem influência de outros, aquele que se treinou para entrar na Quietude, onde sozinho, é capaz de transcender todo o pensamento.

A Verdade que conduz um homem à liberação de todas as ilusões e escravidões é percebida nas profundezas mais interiores do seu ser, lá onde ele está completamente isolado de todos os outros homens. O homem que atingiu esse conhecimento encontra-se numa solidão sublime. É pouco provável que se afaste dela com a intenção de iluminar seus semelhantes, já que eles estão acostumados à escuridão e já que se sentem tão à vontade dentro dela. Ele só sairá dessa solidão se alguma outra força de compaixão, propulsora, surgir dentro dele e o levar a fazê-lo. 

Se o aspirante conseguiu manter a mente de certo modo calma e vazia, seu próximo passo é encontrar o centro de si mesmo. Não basta alcançar a paz de espírito. O aspirante precisa penetrar o Real ainda mais profundamente, e conseguir a alegria do coração. 

Se a mente pode atingir um estado do fique livre de suas próprias ideias, projeções e desejos, ela pode atingir a verdadeira felicidade. Aquele belo estado no qual a mente se reconhece PELO QUE ELA É, no qual toda atividade é aquietada, com exceção apenas da atividade da consciência, e assim mesmo de uma consciência sem um objeto — esse é o coração da experiência. Essa é a solidão suprema, à qual todos os seres humanos estão destinados.

Paul Brunton — Idéias em Perspectiva

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Pode-se persuadir os que não querem ouvir?

Quando, numa noite pré-histórica não escrita, o ser pensante ergueu a cabeça pela primeira vez e contemplou no alto a imensidade ilimitada do céu coalhado de estrelas, seu primeiro pensamento não havia de ter sido outro senão o primeiro pensamento que penetra na mente do homem de nosso século vinte, ao contemplar a abóbada sob a qual ele vive e se move, amofina-se e galanteia.

“Qual é o significado disso?”

A dificuldade em achar-se a resposta a esta pergunta é tanta e tão profunda que ainda hoje o nossos maiores cientistas devem inclinar suas cabeças, em humilde ignorância, pois todas as suas vitórias em conhecimentos pouco mais fizeram até agora do que roçar a superfície deste problema.

As profundeza de tal problema seriam inescrutáveis, se dependêssemos apenas do intelecto humano. Jamais podem ser sondadas sem a ajuda de revelação superior.

Em consequência, fiz uma ampla pesquisa. Meus estudos abrangeram livros empilhados nas prateleiras de pequenas bibliotecas; incluíram conversações íntimas e prolongadas discussões com os mestres do conhecimento do Oriente, e finalmente estudei com os melhores de todo os tutores: as experiências pessoais de primeira mão. Finalmente, os fados me colocaram os pés em estranhas viagens a terras cujas esbeltas palmeiras me chamaram com suas esticadas folhas e me convidaram, como a todos os homens convidam, para atar de novo os vínculos que submetem a Deus a relutante alma humana. Poucos ocidentais tiveram o tempo e o treinamento, a vontade e o dinheiro, que requerem estas pesquisas; e assim eu procurei fazer para eles o que eles não puderam fazer para si mesmos; procurei recuperar da obscuridade de épocas desvanecidas alguns segredos que o mundo hoje necessita. Repetidamente eu permaneci sob os céus orientais completamente marchetado de estrelas  ou quando caminhava sozinho solitário em meio silêncio misterioso das florestas ameaçadoras, e era assaltado por um ultrapotente sentimento do estranho paradoxo da vida humana. Eu seguia uma única trilha no estudo dos hábitos e sabedoria do Oriente, e ainda mais ao procurar equacionar em bases científicas as misteriosas façanhas e doutrinas dos iogues e faquires.

Meus assentamentos de aventuras espirituais sob aqueles ardentes sóis orientais foram transladados em forma literária. Procurei revelar ao homem comum quão profundas fontes espirituais e quão deslumbrantes poderes psicológicos podem encontrar-se em seu interior, ainda que tivesse sido compelido a reservar para mais tarde a inscrição de minhas divinas experiências e os meus melhores pensamentos. Minha reticência neste ponto é devida às limitações da sociedade que me circunda, da civilização em que nasci. Queria dirigir-me ao homem de experiências rotineiras, ainda que as minhas houvessem sido extraordinárias. Quando o vi, em minhas andanças pelo mundo, notei que ele elaborava penosamente, por si, uma compreensão do significado da vida, que poderia ser adquirida por menor preço. Eu queria dizer-lhe isso, e persuadi-lo a dar um propósito vivo à sua vida, remover as apavorantes incertezas que são a característica predominante em nossa época. Mas, ah! Cada uma dessas veze me lembrava a pergunta do grego Sócrates a Glauco: “Pretendes dizer que podes persuadir os que não querem ouvir?”

O homem de experiências comuns encara estas filosofias abstratas, estas verdades complexas, e práticas austeras, como matérias de pouco interesse e nenhum benefício. A experiência me tem explicado, melhor do que a fala alertadora de meus Guias, por que a maioria dos videntes reserva para os poucos os seus mais recônditos segredos. Quem quer que escreva de assuntos tão extraordinários como os que escolhi para a minha pena, escreve sob grande desvantagem. Não ousa ignorar as misteriosas experiências que lhe formam a medula e o cerne; provavelmente não lhe darão crédito se as apresentar tal qual elas ocorreram; encontra a maior dificuldade em descrever ocorrências psicológicas que não tem significação para os intelectos meramente materialistas. E com referência ao supremo atingimento, parece às vezes um empreendimento desesperador tentar alguém desvelar um estado inefável e inatingível do ser por meio de palavras e frases frias, pois metade desta experiência altamente iridescente* desaparece entre o cérebro e o papel durante a descrição.

Por fim, se ele for prudente, terminará por escrever para uns poucos. Depois, se os demais começarem a compreender e a acolher, ele poderá contentar-se; se ocorrer o contrário, que nuca se desaponte. Mas os números não importam. Não interessam pessoas inertes. São apenas a humanidade a granel. Sempre em toda a parte, tudo o que é valioso é feito e descoberto pelos poucos. “Ela acreditou em mim quando ninguém mais queria acreditar”, disse Maomé de sua esposa Kadijah. Durante três anos ele encontrou apenas treze seguidores. Todavia, sua doutrina se espalhou depois entre milhões. Estas ideias são novas apenas para o Ocidente moderno, pois no antigo Oriente eram ensinadas e compreendidas há milhares de anos.

O destino decidiu que a resposta aos meus livros fosse marcadamente encorajadora. Bem compreendido, isto não é uma mensagem destinada só aos poucos; seus benefícios não se destinam apenas aos iogues e santos; destinam-se a todos nós, a quem quer que queira ser o que Deus pretendeu que ele fosse.

Muito se engana quem quer que imagine que estas páginas lhe ofereçam meras abstrações e ideias faltas de valor prático. Em resposta, só posso dizer que elas tratam realmente de coisas que são vitais para os seres humanos, porque são fundamentais para a vida. Convenientemente compreendidas, estas “abstrações” ajudarão os homens a viver com mais sucesso. Descobri que elas imprimem mais força em minha própria vontade, orientação em minha mente, paz em meu coração, e veracidade em minha alma. E se algumas coisas parecem ser realmente sutis, deve defender-me respondendo que em minha tentativa de dar explicações de estados d ser comumente inarticulados, fiz o melhor possível. E quem quer que se esforce para traduzir em ações as ideias desta técnica psicológica, encontrará o prêmio numa existência equilibrada, paz interna e energia espiritual.

Assim, fui sendo forçado, pouco a pouco, a percorrer um caminho que antes nunca intentara trilhar: o caminho de escrever contos para minhas próprias obras e de explicar minhas próprias explicações. Em suma, inconscientemente me tornei cada vez mais tutor e cada vez menos um buscador. E conquanto ainda me atenha estritamente à minha fixada atitude de completa independência, reclamando absoluta liberdade de todos os que cruzaram meu caminho e prazerosamente lhes concedendo a mesma liberdade que lhes solicito, recusando-me a aceitar qualquer pedestal ou posição de seguidor, de organização ou culto, não obstante jamais pude resistir a numerosas solicitações que me chegaram pedindo mais esclarecimentos. E assim acudi ao chamado que me induziu a juntar estas páginas a uma vida bastante ocupada. Devo tornar claro que não me arvoro em instrutor, que não faço nenhuma exigência pessoal quanto ao meu próprio estado espiritual, e que apenas escrevo para proporcionar amistosamente a informação e auxílio que eu puder, como qualquer caminhante poderia tê-lo feito.

Não desejo convencer outros, mas simplesmente irradiar o que de verdadeiro encontrei; aos outros cabe apanhá-lo ou não, segundo o desejarem. Devem vir a mim por sua livre vontade, e não porque eu deseje proceder como um missionário para com eles. Não procuro converter, muito menos compelir, mas mostrar aos outros o que eles, também, podem encontrar dentro de si mesmos. Francamente, não me tornei consciente de possuir qualquer missão para este mundo, mas a única que eu cuidaria de empreender, houvessem os deuses me outorgado tal habilidade, seria a de tornar os homens perceptivos do valor de sua própria alma. Ademais, esta liberdade pessoal não deixa de ter um peculiar valor intrínseco. Por ser independente de todas as sujeições e por não obedecer a nenhuma autoridade que não seja o meu próprio monitor interno, eu posso livremente dar-me ao luxo de expor verdades que no passado foram egoisticamente veladas ou insensatamente distorcidas. Quero que minhas verdades doam. Quero que elas sejam ousadas, não por minha causa somente, mas também pela de meus leitores. Quero alimentar minha pena com destemidos pensamentos, que roçarão a pele dos apáticos de pensamento. Não me interessa agradar uma classe particular, uma seita especial, ou qualquer grupo auto-admirador. Nada significa para mim a aprovação destas pessoas.

Paul Brunton — A Realidade Interna — Ed. Pensamento       
* Que reflete as cores do arco-íris    
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill