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quinta-feira, 5 de abril de 2018

O bem-aventurado estado de “não saber”


O bem-aventurado estado de “não saber”

É um fato muito evidente que os entes humanos necessitam de algo para adorar. Vós e eu e muitos outros desejamos ter algo sagrado nas nossas vidas, e por isso frequentamos os templos, as mesquitas, as igrejas, ou temos outros símbolos, imagens, ideias, a que veneramos. Esta necessidade de adorar parece muito premente, porque queremos ser levados para fora de nós mesmos, para algo que seja mais amplo, mais profundo, mais permanente; e, assim, começamos a inventar Mestres, instrutores, divindades celestiais ou terrenas, criamos símbolos vários, a Cruz, o Crescente, etc. Ou se nenhuma dessas coisas nos dá satisfação, começamos a especular sobre o que existe além da mente, sustentando que lá se acha algo que é sagrado e a que se deve adorar. É o que acontece, na nossa, existência de cada dia, e disso, penso, quase todos estamos bem apercebidos. Há sempre esse esforço dentro do campo do conhecido, do campo da mente, da memória, e nunca parecemos capazes de nos desvencilhar e achar algo que não seja fabricado pela mente.

Assim, pois, desejo, nesta manhã, investigar se existe algo realmente sagrado, algo imensurável, impossível de ser sondado pela mente. Para tanto, necessita-se, sem, dúvida, de uma revolução no nosso pensar, nos nossos valores. Não me refiro à revolução econômica, ou social, que só revela falta de madureza; tal revolução poderá ter efeitos superficiais nas nossas vidas, mas, fundamentalmente, não é a revolução verdadeira. Refiro-me à revolução que se realiza pelo autoconhecimento — não o conhecimento superficial, alcançado mediante um exame do pensamento, à superfície da mente, mas o autoconhecimento que alcança os recessos mais profundos da mente.

Sem dúvida, uma das nossas maiores dificuldades reside no fato de que todo nosso esforço se limita à esfera do reconhecimento. Parecemos funcionar unicamente dentro dos limites das coisas que somos capazes de reconhecer, isto é, dentro da esfera da memória. E há possibilidade de a mente ultrapassar essa esfera? A memória, evidentemente, é necessária, num certo nível. Preciso lembrar-me do caminho de minha casa. Se me fazeis uma pergunta a respeito de uma coisa com que estou, bem familiarizado, minha, resposta é imediata.

Se me permitis sugeri-lo, tende a bondade de observar a vossa mente, enquanto estou falando; pois, como desejo examinar esta questão com certa profundeza, se ficardes apenas a seguir a explicação verbal, sem a aplicardes imediatamente, tal explicação não terá significado algum. Se enquanto escutais, estais dizendo: “Refletirei sobre isto amanhã, ou depois da reunião” — as palavras ir-se-ão, e a explicação nenhum valor terá. Mas se derdes atenção completa ao que estou dizendo e fordes capazes de aplicá-lo — o que significa estar apercebido dos próprios mecanismos intelectuais e emocionais — vereis então que o que estou dizendo tem significação, imediatamente.

Como disse, há uma reação instantânea diante de qualquer coisa que se conhece intimamente; quando se vos faz uma pergunta sobre assunto bem conhecido, respondeis prontamente, a reação é imediata. E se vos perguntam a respeito de uma questão com que não estais bem familiarizado, que acontece? Começais a rebuscar nos arquivos da memória, procurais recordar-vos do que lestes ou pensastes a respeito da questão, rememorar a vossa própria experiência. Quer dizer, voltais ao passado, para examinar certas lembranças que adquiristes; porque o que se chama “saber” é essencialmente memória. Mas se vos perguntam sobre uma questão que ignorais completamente, a respeito da qual não tenhais registro algum na memória, e sois capaz de responder honestamente que não sabeis, então esse estado de “não saber” é o primeiro passo da verdadeira investigação do desconhecido.

Isto é, tecnicamente, temo-nos desenvolvido extraordinariamente, tornamo-nos habilíssimos em trabalhos mecânicos. Nas escolas aprendemos técnicas variadas — montar motores, reparar estradas, construir aeroplanos, etc. — e tudo isso é apenas cultivo da memória. Com esta mesma mentalidade queremos encontrar algo que transcende a mente e, assim, praticamos uma disciplina, seguimos um sistema ou pertencemos a alguma estúpida organização religiosa — pois todas as organizações dessa ordem são essencialmente estúpidas, por mais satisfatórias e consoladoras que sejam, temporariamente.

Ora bem, se pudermos examinar juntos esta questão — e acho-o possível, se lhe dermos a necessária atenção — terei muito gosto em investigar convosco se a mente é capaz de abandonar sua memória psicológica, de desistir de buscar nas coisas conhecidas aquilo que está oculto. Pois não é isso o que fazemos, quando estamos a buscar? Estamos a procurar, na esfera do conhecido, uma coisa que desconhecemos. Quando buscamos a felicidade, a paz, Deus, o Amor, etc., sempre o fazemos dentro da esfera do conhecido, porque a memória já nos insinuou, sugeriu, uma certa coisa, e temos fé nessa coisa. Nossa busca, portanto, se processa sempre na esfera do conhecido. E, mesmo na ciência, é só quando a mente deixa de examinar o conhecido, que é possível surgir algo novo. Mas a cessação dessa busca no conhecido, não resulta de determinação, ação voluntária. O dizer-se: “Não darei mais atenção ao conhecido, para ficar aberto ao desconhecido”, é uma coisa completamente infantil, sem significação nenhuma. Porque, então, a mente se põe a inventar, a especular, a experimentar coisas absurdas. A libertação da mente, do conhecido, só é possível pelo autoconhecimento, pela revolução que se realiza quando se compreende todos os dias o significado do ''eu”. Não se pode compreender o significado do “eu” se há acumulação de memória, e com a ajuda dela queremos compreender o “eu”. Entendeis?

Pensamos compreender as coisas mediante acumulação de conhecimentos, mediante comparação. Positivamente, por essa maneira nada se compreende. Se comparais uma coisa com outra, sois absorvido por essa ocupação. Só se pode compreender uma coisa quando lhe aplicamos toda a nossa atenção, e qualquer forma de comparação ou avaliação é uma distração.

O autoconhecimento, pois, não é acumulativo, e acho muito importante compreender isso. Se o autoconhecimento fosse acumulativo, então seria puramente mecânico, uma coisa semelhante à ciência do médico, que aprendeu uma técnica e passa toda a vida a especializar-se numa certa parte do corpo. Um cirurgião pode ser um excelente mecânico na sua cirurgia, porque aprendeu a técnica respectiva; tem conhecimento do ofício e talento para ele, e a experiência que vai acumulando lhe é muito útil. Mas não estamos falando a respeito de uma tal experiência cumulativa. Pelo contrário, qualquer forma de conhecimento cumulativo destrói todas as possibilidades de novos descobrimentos; mas, depois de feito o descobrimento, talvez se possa fazer uso da técnica cumulativa.

Sem dúvida, o que estou dizendo é muito simples. Se uma pessoa é capaz de estudar, de observar a si mesma, começa a descobrir como a memória cumulativa atua sobre todas as coisas que vê; fica a pessoa, continuamente, a avaliar, a rejeitar ou aceitar, condenar ou justificar, e, nessas condições, a sua experiência fica sempre restrita ao campo do conhecido, do condicionado.

Mas, sem a memória cumulativa, como diretriz, muitos de nós nos sentimos perdidos, cheios de medo, e por consequência incapacitados para observar a nós mesmos tais como somos. Sempre que há esse mecanismo de acumulação, que é cultivo da memória, a observação que fazemos de nós mesmos se torna muito superficial. A memória é útil para dirigir-nos, para melhorarmos a nós mesmos, mas no automelhoramento nunca pode haver uma revolução, uma transformação fundamental. Só quando se extingue completamente a ideia de automelhoramento — mas não pela volição — existe a possibilidade de surgir algo transcendental, algo completamente novo.

Assim, sendo, quer-me parecer que, enquanto não compreendermos o mecanismo do pensar, a compreensão puramente intelectual terá muito pouco valor. Que é pensar? Pensar é reação da memória, não? Se vos pergunto onde morais, vossa reação é imediata, pois é uma coisa com que estais perfeitamente familiarizado; reconheceis prontamente a casa, o nome da rua, etc. Esta é uma das formas de pensar. Se vos faço uma pergunta um pouco mais complicada, a vossa mente hesita; durante esta hesitação, está a remexer na sua vasta coleção de lembranças, nos registros do passado, em busca da resposta adequada. Esta é outra forma de pensar. Se vos faço uma pergunta mais complicada ainda, a vossa mente se torna confusa, perturbada; e como não gosta de perturbações, ela tenta por várias maneiras achar uma resposta — o que também é uma forma de pensar. Espero que estejais acompanhando bem esta explicação. E se vos pergunto a respeito de algo muito vasto e profundo, como, por exemplo, se sabeis o que é a Verdade, o que é Deus, o que é o Amor, então a vossa mente apela para o testemunho de outros; que supostamente experimentaram tais coisas, e começais a citar os seus ditos — a repetir. Finalmente, se vos faço reconhecer a futilidade de repetir o que outros dizem, de depender do testemunho de outros, que pode ser até muito absurdo, então, sem dúvida, sois forçado a dizer “Não sei".

Ora bem, se pudermos realmente atingir esse estado de “não saber”, isso denotará um extraordinário senso de humildade; não há, aí, a arrogância do saber, a resposta presunçosa, que visa a causar impressão. Quando sois capaz de dizer “não sei” — e muito poucas pessoas são capazes de tal — então, nesse estado, desaparece todo o temor, uma vez que terminou a atividade de reconhecimento, o rebuscar na memória; já não há busca nenhuma no campo do conhecido. É então que surge a coisa extraordinária. Se tendes seguido até aqui o que estou dizendo — não apenas verbalmente, mas experimentando de fato, vereis que quando sois capaz de dizer “não sei”, desapareceu todo o condicionamento. E qual é então o estado da mente? Compreendeis o que estou dizendo? Estou-me fazendo claro? Muito importa prestar atenção a este assunto, se tendes verdadeiro interesse.

Como sabeis, nós buscamos algo permanente — permanente em relação ao tempo, uma coisa perdurável, imperecível. Vemos que todas as coisas que nos cercam são transitórias, fluidas, que nascem, definham e morrem, e nossa busca visa sempre a algo que perdure sempre, dentro da esfera do conhecido. Mas o que é verdadeiramente sagrado transcende a medida do tempo, não é encontrável no terreno do conhecido. O conhecido opera apenas em função do pensamento, que é reação da memória ao desafio. Se percebo essa coisa e desejo descobrir como pôr fim ao pensamento, que devo fazer? O que tenho de fazer, por certo, é estar apercebido, pelo autoconhecimento, de todo o mecanismo do meu pensar. Devo perceber que todo pensamento, por mais sutil e elevado ou por mais ignóbil e estúpido, tem suas raízes no conhecido, na memória. Se percebo isso com muita clareza, então a mente, ao ver-se em presença de um problema imenso, é capaz de dizer “Não sei” — porque não tem resposta alguma, guardada na memória. Então, todas as respostas do Buda, do Cristo, dos Mestres, dos gurus, nada significam; porque, se alguma coisa significam, esta significação provém da coleção de lembranças que constituem o meu condicionamento.

Se, pois, percebo a verdade de tudo isso, e ponho de parte, decididamente, todas as respostas, o que só posso fazer quando possuo essa imensa humildade do “não saber”, qual é então o estado da mente? Qual o estado da mente que diz “Não sei se há Deus, se existe o Amor” — isto é, da mente que nenhuma resposta tem, tirada da memória? Por favor, não respondais a esta pergunta já, para vós mesmos, porque se assim fizerdes a resposta será apenas o reconhecimento do que pensais que Esse estado deve ser ou não deve ser. Se dizeis “É um estado de negação”, nesse caso o estais comparando com algo que já sabeis e, por conseguinte, é inexistente, em vós, o estado de “não saber”.

Estou investigando este problema em voz alta, para que possais segui-lo mediante a observação de vossa pró­pria mente. O estado em que a mente diz “não sei”, não é de negação. Nele, a mente desistiu, de todo, de buscar, de fazer qualquer movimento, já que percebeu que todo movimento partido do conhecido, para a coisa a que ela chama “o desconhecido”, nada mais é do que uma “projeção” do conhecido. Assim, pois, a mente que é capaz de dizer “não sei”, acha-se no único estado em que é possível descobrir alguma coisa. Mas o homem que diz “Sei”, o homem que estuda todas as variedades da experiência humana, cuja mente está carregada de conhecimentos, de um saber enciclopédico, poderá esse homem, em algum tempo, experimentar algo que não é acumulável? Ele verá que isso é dificílimo. Quando a mente afasta de si todo o saber que adquiriu, quando para ela não existem nem Budas, nem Cristos, nem Mestres, nem instrutores, religiões, citações; quando está absolutamente só, não contaminada o que significa que cessou o movimento do conhecido — é só então que se apresenta a possibilidade de uma revolução tremenda, uma transformação fundamental. Essa transformação é obviamente necessária; e só aqueles poucos — vós, ou eu, ou X — que fizeram nascer em si mesmos esta revolução, são capazes de criar um mundo novo, e não os idealistas, ou intelectuais, os homens de imenso saber, ou aqueles, que estão a praticar boas obras; não serão estes os que criarão o novo Mundo. Eles são só reformadores. O homem religioso é aquele que não pertence, a religião nenhuma, nenhuma nação, nenhuma raça, aquele que interiormente está completamente só, num estado de “não saber”; e para ele é que está reservada a bênção do sagrado.­

Krishnamurti, 20 de agosto de 1955
Realização sem esforço
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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A libertação não ocorre pela mente consciente

Fundamentalmente, o nosso problema é o de operar uma revolução em nossa maneira de pensar, psicologicamente, basicamente. Tal transformação não pode ser efetuada por esforço consciente, porquanto, como disse, a mente consciente se constrói em torno da tradição, de experiências produzidas pela ação condicionada. Assim sendo, enquanto a mente está sempre a imaginar e a conceber planos, para agir de acordo com eles, sob coerção, mediante ajustamento e imitação, é incapaz de encontrar uma solução para todos os nossos problemas. Ensinaram-nos desde a infância a cultivar a memória. A memória é essencial, num determinado nível de nossa existência; entretanto, a memória não fornece a verdadeira solução de nenhum problema; ela é tão-somente capaz de traduzir o problema em conformidade com sua própria condição, sua própria experiência. Se, como hinduísta, experimentam uma coisa, vocês a traduzem de acordo com a mente condicionada de vocês; ou, se são comunistas, receberão a experiência ou a traduzirão segundo as definições do materialismo dialético ou coisa semelhante. Nessas condições, nunca recebem a experiência com a mente não-condicionada; e a mente condicionada, ao criar um padrão, uma norma de ação, cria mais problemas, maiores sofrimentos e desgraça. É isso que cumpre reconhecer. Acho muito importante perceber que o esforço interior, sob qualquer forma, é sempre imitativo; esforço significa imitação, ajustamento; e por meio do ajustamento não há possibilidade de transformação radical.[...] Mas, há possibilidade de libertação, no nível inconsciente, desde que eu seja capaz de ouvir sem traduzir nem interpretar a verdade relativa ao que me é dito. Podem averiguá-lo, experimentando-o em si mesmos. 

Senhores, não estamos numa reunião de discussão. Esta reunião não comporta discussões. 

Temos aqui um problema dificílimo; há séculos e séculos a mente está cultivando a memória, e ela é o único instrumento de que dispomos. E temos feito uso desse instrumento para resolver os nossos problemas. Endeusamos o intelecto (não entendam, todavia, que devemos nos tornar sentimentais, ou devotos, ou desordenados). É muito difícil perceber que os problemas não podem ter solução por intermédio da mente, por intermédio do "processo" do pensamento, uma vez que o pensamento é sempre condicionado. Não há liberdade de pensamento, visto que o pensamento, que é memória, que é o resultado de várias experiências passadas, é condicionado, limitado; e esse pensamento, quando aplicado a resolver os nossos problemas, só pode aumentá-los e acrescentar-lhes novos problemas. Posso perceber a verdade a respeito do pensamento condicionado e deixar que ocorra uma revolução no nível inconsciente? Porque, no nível inconsciente, não há limitação, não há ajustamento, uma vez que lá, a mente não interfere, buscando resultado; lá a mente não se esforça; não recalca, não procura tornar-se alguma coisa; lá, ela está apenas presente. A mente pode compreender o que é a Verdade. A Verdade não é o processo de análise, nem a simples observação de conhecimento. Mas a Verdade só pode ser compreendida no nível inconsciente, com a mente muito tranquila, não interferindo, não traduzindo. Se percebermos isso fundamentalmente, veremos que há, aí, uma transformação radical da nossa maneira de pensar. Entretanto, como disse, a mente foi exercitada para interferir, para buscar sempre, ativamente, um resultado. É só no nível inconsciente que se pode encontrar o Amor. E só o Amor é capaz de efetuar uma revolução. 

Jiddu Krishnamurti em, Autoconhecimento — Base da Sabedoria

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Sobre a mente não feita pelo homem

"O que é um ser humano? E qual a relação entre essa mente, QUE NÃO É FEITA PELO HOMEM, e a mente feita pelo homem? Não sei se fui claro."

"Vamos deixar bem claro este ponto. Vivemos em um mundo feito pelo homem; a mente foi feita pelo homem; nós somos o resultado de mentes feitas pelo homem, bem como nossos cérebros, com todas as suas respostas e tudo o mais... Condicionado pelo homem... Agora, pode esta mente descondicionar-se de forma tão completa que chega ao ponto de não ser mais feita pelo homem? Eis a questão — vamos mantê-la neste nível simples. Pode a mente, feita pelo homem — tal como é agora — pode ela ir até este ponto, libertar-se de si mesma, e de forma tão completa?"

"A consciência, geral e particular, É FEITA PELO HOMEM. E, através da lógica e da razão, podemos ver as limitações. A mente, então, terá avançado muito. E, então, ela chega a um ponto em que diz: 'Tudo isto pode ser varrido DE UMA SÓ VEZ, DE UM SÓ GOLPE, com um movimento?' E esse movimento é a descoberta, o movimento da descoberta. Está ainda na mente. Mas NÃO É MAIS FRUTO DAQUELA CONSCIÊNCIA."

"Estará essa mente livre da mente feita pelo homem?... Não se trata de uma ilusão, porque ela enxerga a mensuração como ilusão; ela conhece a natureza das ilusões e sabe que onde há desejo deve haver ilusões. E que as ilusões devem criar limitação, e assim por diante. Ela não só já compreendeu; ELA JÁ ULTRAPASSOU ISSO... Está livre do desejo. Essa é a natureza. Eu não quero afirmar isso de forma tão brutal. Livre do desejo... está repleta de energia, e então essa mente, que não é mais geral ou particular e, portanto, NÃO É MAIS LIMITADA — a limitação foi quebrada com a descoberta — não é mais a mente condicionada. Então, o que é essa mente? Estando consciente de que ela não continua mais presa de uma ilusão."

"Existirá uma mente que não seja feita pelo homem? E, se existir, qual a sua relação com a mente feita pelo homem? Isto é muito difícil. O senhor vê, todo tipo de afirmação, todo tipo de declaração verbal não pode ser a mente NÃO FEITA pelo homem. Certo? Daí perguntamos se existe uma mente que não seja feita pelo homem. E acredito que só há sentido em se fazer esta pergunta quando a outra mente, quando as limitações estiverem varridas; caso contrário, SERIA APENAS UMA PERGUNTA TOLA... Seria uma perda de tempo. Quero dizer: isso se tornaria teórico, sem sentido. (seria parte da estrutura feita pelo homem)"

"Existirá uma mente não feita pelo homem e, se existir, qual a sua relação com a mente feita pelo homem? Bem, mas, em primeiro lugar, existe uma mente assim? É CLARO QUE EXISTE. É CLARO, senhor. Sem ser dogmático ou pessoal, AFIRMO QUE EXISTE. Mas não é Deus. (porque Deus é parte da estrutura feita pelo homem)... Que produziu o caos no mundo. Então, ELA EXISTE." 

"A mente feita pelo homem não tem relação com a mente não feita pelo homem; mas aquela [a mente não feita pelo homem] tem uma relação com esta [a mente feita pelo homem]. 
— Krishnamurti

quarta-feira, 30 de julho de 2014

O que entendemos por iluminação?

Há uma qualidade totalmente diferente de ser, que vem com o não-pensamento: nem bom, nem mau, simplesmente um estado de não-pensamento. Você simplesmente observa, você simplesmente permanece consciente, mas não pensa. E, se algum pensamento surgir... SURGIRÁ, porque os pensamentos NÃO SÃO SEUS, estão flutuando no ar. Em derredor, há uma esfera-de-percepção, uma esfera-de-pensamento. Como existe o ar, existe o pensamento em torno de você, e ele vai penetrando por sua própria vontade. Só deixará de fazer isso, assim que você se tornar mais receptivo. Se você se tornar mais e mais receptivo, o pensamento simplesmente desaparece, desfaz-se, porque a percepção é uma energia maior que o pensamento. 

A percepção é como fogo para o pensamento. É algo como quando uma lâmpada é acesa, em sua casa, e a escuridão não pode entrar. Você apaga a luz e, num momento, a escuridão penetra — vem de toda parte, sem a menor demora. Se há uma luz acesa na casa, a escuridão não pode entrar. Os pensamentos são como a escuridão: só entram, se não houver luz lá dentro. A percepção é o fogo: você se torna mais receptivo e os pensamentos entrarão cada vez menos. 

Se você se tornar REALMENTE INTEGRADO com a sua percepção, os pensamentos não penetrarão absolutamente em você: você se tornará uma fortaleza inexpugnável, nada é capaz de penetrá-la. NÃO porque você a tenha fechado, lembre-se, você está inteiramente aberto. Apenas a própria energia da percepção é que tornou-se sua fortaleza. E, se os pensamentos não podem entrar, virão e passarão ao seu lado. Você verá que eles surgem, mas, simplesmente, no momento em que se aproximarem de você, se desviarão. Então você pode ir a qualquer lugar, então você pode ir para o próprio inferno — nada poderá lhe afetar. Isso é o que entendemos por iluminação. 

O S H O — Tantra: a Suprema Compreensão

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill