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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O ciúme e o amor são opostos polares

O ciúme é uma das áreas em que mais prevalece a ignorância psicológica com relação a nós mesmos, com relação aos outros e, particularmente com relação aos relacionamentos.

As pessoas acham que sabem o que é amor; elas não sabem. E esse mal-entendido sobre o amor provoca ciúme. As pessoas acham que "amor" é uma espécie de monopólio, de possessividade, sem entender um simples fato da vida: no momento que possui um ser humano você mata essa pessoa.

A vida não pode ser possuída. Você não pode prendê-la nas mãos. Se quiser tê-la, terá de ficar de mãos abertas. Mas a coisa vem sendo deturpada há séculos; essa ideia se impregnou tanto em nós que não conseguimos separar o amor do ciúme. Eles se tornaram quase a mesma energia.

Por exemplo, você sente ciúme se o seu namorado sai com outra garota. Isso perturba você agora, mas eu gostaria de lhe dizer que se não sentir ciúme você se sentirá pior ainda, pois achará que não o ama, pois se o amasse sentiria ciúme. O ciúme e o amor viraram uma miscelânea.

Na verdade, eles são opostos polares. A mente que sente ciúme não é capaz de amar e vice-versa: a mente que é amorosa não é capaz de sentir ciúme. Qual é a dificuldade? Você tem de olhar para isso como se não fosse problema seu; só assim vai conseguir se distanciar um pouco e divisar o quadro todo.

O sentimento de ciúme é um efeito secundário do casamento. No mundo dos animais, dos pássaros, não existe ciúme. De vez em quando acontece uma briga por causa de um objeto de amor, mas urna briga é mil vezes melhor do que ter ciúmes, muito mais natural do que cair nas garras do ciúme e queimar o coração com as próprias mãos.

O casamento é uma instituição inventada, não é natural; por isso a natureza não deu a você uma mente que se adapte ao casamento. Mas a sociedade acha necessário que exista um tipo de contrato legal entre dois amantes, porque o amor propriamente dito é fantasia. Não é algo confiável; hoje ele existe, amanhã não existe mais.

Você quer segurança amanhã, a vida inteira. Agora você é jovem, mas logo ficará velho e gostaria que sua mulher, seu marido, continuasse ao seu lado na velhice, na doença. Mas, para tanto, é preciso firmar alguns compromissos, e sempre que se firma um compromisso surgem problemas.

O casamento provocava suspeitas. O marido vivia desconfiado, perguntando-se se a criança nascida era mesmo dele ou não. O problema é que o pai não tinha como afirmar que o filho era dele. Só a mãe sabia.

Como o pai nunca podia afirmar com absoluta convicção, ele foi erigindo muros e mais muros em torno da mulher — essa era a única possibilidade, a única alternativa — para afastá-la do resto da humanidade. Não para instruí-la, porque a educação dá asas às pessoas, possibilita-lhes pensamentos, faz com que sejam capazes de se revoltar, por isso não havia educação para as mulheres.

Nenhuma educação religiosa para as mulheres, porque a religião produz santos e, numa sociedade há tantos séculos dominada pelo sexo masculino, o homem não podia admitir que uma mulher fosse mais elevada e virtuosa do que ele.

O homem começou a cortar pela raiz qualquer possibilidade de que a mulher se desenvolvesse. Ela era só uma fábrica de fazer filhos. Não era considerada em pé de igualdade em nenhuma cultura deste planeta.

No mundo todo, a mulher tem sido reprimida. Quanto mais reprimida, mais a energia feminina vai se tornando amarga. E, como ela não tem liberdade nenhuma e o homem tem total liberdade, todas as emoções, sentimentos e pensamentos reprimidos — toda a sua individualidade volta-se para um fenômeno de ciúme.

Ela tem um medo constante de que o marido a abandone, que saia com outra mulher, que possa se interessar por outra. Ele poderia abandoná-la e ela não tem estudo, não é capaz de garantir o próprio sustento. Ela tem sido levada a viver de maneira que não tenha condições de enfrentar o mundo lá fora; ela tem ouvido desde a infância que ela é fraca.

Segundo as escrituras indianas, na infância, é o pai quem deve proteger a filha; na juventude, o marido deverá protegê-la; e na velhice, quem fará isso será o filho dela. Ela tem de ser protegida desde o berço até o túmulo. Ela não pode se revoltar contra essa sociedade masculina chauvinista; tudo o que pode fazer é continuar encontrando falhas, que fatalmente acontecerão. Na maioria dos casos ela não está errada; ela está certa.

Sempre que um homem se apaixona por outra mulher, algo dentro dele muda com relação à esposa. Eles passam a ser estranhos, não há mais nenhuma ligação. Ela foi mutilada, escravizada e agora é abandonada. Toda a vida dela é urna vida de agonia e, dessa agonia, brota o ciúme.

O ciúme é a raiva dos fracos — de alguém que não pode fazer nada a não ser fervilhar interiormente, que gostaria de incendiar o mundo todo, mas não pode fazer nada a não ser chorar e gritar e ter ataques de cólera. Essa situação continuará assim até que o casamento se torne uma peça de museu.

Agora já não há mais necessidade de casamento. Talvez ele tenha sido útil no passado, talvez não tenha, mas era só uma desculpa para escravizar as mulheres. As coisas poderiam ter sido de outro jeito, mas não há por que perpetuar o passado. Certo ou errado, urna coisa o passado tem de bom: ele não existe mais!

No que se refere ao presente e ao futuro, o casamento é absolutamente irrelevante, incoerente com relação à evolução humana e contraditório no que concerne a todos os valores que mais apreciamos: a liberdade, o amor e a alegria.

Como o homem queria que a mulher ficasse totalmente aprisionada, ele escreveu escrituras religiosas que a fizeram temer o inferno e cobiçar o céu — isso se ela seguir as regras. Essas regras existem para as mulheres, não para os homens.

Agora isso está tão claro que fazer com que as mulheres continuem vivendo nessa situação nociva de ciúme é algo que prejudica a saúde psicológica delas. E a saúde psicológica das mulheres influencia a saúde psicológica de toda a humanidade. A mulher tem de se tornar um indivíduo independente.

A dissolução do casamento será o acontecimento mais importante e festivo da face da Terra, e ninguém está impedindo você de viver com a sua mulher ou com o seu marido a vida inteira se de fato amá-lo(a). O fim do casamento simplesmente devolve a você a sua individualidade. Agora ninguém mais o possui. Você não vai mais fazer amor com um homem só porque ele é o seu marido e tem direito de exigir isso.

Na minha visão, se uma mulher faz amor com um homem porque é obrigada a isso, trata-se de prostituição — não é varejo, é atacado!

O varejo é melhor, você tem possibilidade de troca. Essa prostituição por atacado que acontece no casamento é perigosa, você não tem direito de troca. E, especialmente no primeiro casamento, você deveria ter chance de trocar, pois ainda é um amador.

Alguns casamentos a mais tornariam você mais maduro; talvez então você conseguisse encontrar o parceiro certo. E quando digo parceiro certo não estou me referindo à pessoa que "foi feita para você". Nenhuma mulher foi feita para determinado homem e nenhum homem foi feito para uma determinada mulher.

Quando digo parceiro certo quero dizer que, se você teve chance de compreender alguns relacionamentos, se já travou alguns, saberá que tipo de coisa criará situações infelizes entre vocês e que situações criarão urna vida de paz, amor e alegria.

Viver com várias pessoas diferentes é uma educação absolutamente indispensável para uma vida correta no que diz respeito ao amor. Você deveria primeiro se graduar travando alguns relacionamentos. Na faculdade, na universidade, você deveria passar por alguns relacionamentos. E não deveria ter pressa para decidir— não há necessidade, o mundo é grande, e cada pessoa tem uma qualidade e beleza especiais.

Quando você vive alguns relacionamentos, começa a ter consciência do tipo de mulher, do tipo de homem que pode ser seu amigo — não um mestre, não um escravo. E a amizade não precisa de casamento, porque a amizade é algo muito mais elevado.

Se sente ciúme, é porque você herdou esse sentimento. Você terá de mudar muitas coisas, não porque estou dizendo para mudá-las, mas porque você compreende que uma mudança drástica é necessária.

Por exemplo, disseminou-se pelo mundo inteiro a ideia de que o marido às vezes saí com outra mulher, ou que a esposa às vezes sai com outro homem, e que isso é algo que destrói o casamento. Isso não é verdade.

Pelo contrário, se todos os casais tiverem os fins de semana livres, isso deixará o relacionamento entre eles ainda mais forre — porque o casamento não está tolhendo a liberdade deles e ambos entendem a necessidade que o parceiro tem de variar um pouco. Essa é uma necessidade humana.

Os padres e os moralistas e os puritanos primeiro decidem qual é o ideal. Criam lindos ideais e depois impõem esses ideais sobre você. Eles querem que todos sejam idealistas. Há dez mil anos temos vivido sob a sombra escura e melancólica do idealismo.

Eu sou realista. Não tenho nenhum ideal. Para mim, entender a realidade e viver de acordo com ela são a única maneira de um homem ou de uma mulher inteligente viver.

Segundo o meu entendimento, se o casamento não fosse unta coisa imposta, tão rígida, mas fosse flexível, só uma amizade... de modo que a mulher pudesse dizer a você que encontrou um belo rapaz e vai passar o fim de semana com ele — "E se estiver interessado eu posso trazê-lo contigo, pois você também vai ficar encantado com ele".

E o marido pudesse dizer, tão como um hipócrita, mas como um autêntico ser humano, que "A alegria de minha esposa, a felicidade dela é a minha felicidade. Divirta-se, pois sei que, assim que você voltar, depois de sentir esse novo amor revigorante, você também se sentirá remoçada. Um novo amor fará você recuperar a sua juventude. Vá este fim de semana e no próximo eu farei o meu programa também".

Isso é amizade. E. quando eles chegarem em casa, poderão conversar a respeito do tipo de homem que encontrou, como ele se portou, contar que não foi tão bom assim... E ele pode contar a ela sobre a mulher com quem esteve... A sua casa é um refúgio. Você pode sair lá fora de vez em quando, para ver o céu, livre e selvagem, e voltar, pois o seu parceiro estará sempre à sua espera — não para brigar, mas para dividir com você as suas aventuras.

Só é preciso um pouco de entendimento. Não tem nada a ver com moralidade, trata-se apenas de um comportamento um pouco mais inteligente.

Você sabe perfeitamente bem que, por mais belo que seja um homem ou urna mulher, mais cedo ou mais tarde ele(a) vai começar a lhe dar nos nervos. A mesma geografia, a mesma topografia, a mesma paisagem... A mente humana não foi feita para a monotonia; nem foi feita para a monogamia.

É absolutamente natural buscar variedade. E isso não é contra o amor. Na verdade, quanto mais você conhece outra mulher, mais apreciará a sua própria mulher; o seu entendimento ficará maior. A sua experiência ficará mais rica. Quanto mais conhecer alguns homens, mais capaz você será de entender o seu próprio marido. A ideia de ciúme vai desaparecer — vocês dois são livres, e não estão escondendo nada um do outro.

Para os amigos nós contamos tudo, principalmente os momentos de maior beleza — momentos de amor, momentos de poesia, momentos de música. E esses momentos devem ser compartilhados. Desse modo a sua vida ficará cada vez mais rica. Vocês podem ficar tão sintonizados que passarão a vida inteira juntos, mas sem casamento.

O ciúme continuará a existir enquanto o casamento continuar sendo o alicerce básico da sociedade. Basta dar ao homem, com sinceridade, liberdade absoluta. E dizer-lhe que ele não precisa esconder nada: "Esconder as coisas para mim é um insulto. Isso significa que você não confia em mim".

E o mesmo acontece com o homem, que pode dizer à esposa: "Você é tão independente quanto eu. Estamos juntos para sermos felizes, estamos juntos para termos mais felicidade ainda. E faremos qualquer coisa um pelo outro, mas não vamos servir de carcereiros para quem amamos".

Dar liberdade é uma alegria, ter liberdade é uma alegria. Você pode ter a mesma alegria, mas vai transformar toda a energia em sofrimento, em ciúme, em brigas, num esforço contínuo para manter o outro sob o seu jugo.

E é fácil: se você entender a si mesmo, será capaz de entender o seu parceiro também. Você não sonha com outras pessoas? Na verdade, ver o seu próprio marido ou mulher nos sonhos é um fenômeno raro. As pessoas nunca vêem os cônjuges nos sonhos, elas já os vêem por tempo suficiente quando estão acordadas! Ora, mas nem mesmo à noite, nem mesmo nos sonhos, vamos ter liberdade?

Não, nos seus sonhos você tem a mulher do vizinho, o marido da vizinha. Você precisa entender que, por algum motivo, nós criamos urna sociedade equivocada, urna sociedade que não está de acordo com a natureza humana. O desejo de variar é uma qualidade essencial em qualquer pessoa inteligente.

Osho, em "Saúde Emocional: Transforme o Medo, a Raiva e o Ciúme em Energia Criativa"
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill