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terça-feira, 11 de novembro de 2014

O eterno novo

Meditação é a ação do silêncio. Nós agimos com base em opinião, conclusão, conhecimento, ou com fins especulativos. Daí resulta inevitavelmente, na ação, a contradição entre o que é e o que "deveria ser" ou "foi". Tal ação, baseada no passado, no conhecimento, é mecânica; pode ser susceptível de ajustamento ou modificação, mas suas raízes estão no passado. E, assim, sobre o presente paira sempre a sombra do passado. Nas relações, essa ação provém da imagem, do símbolo, da conclusão; as relações são, conseqüentemente, um produto do passado, são memória, e não uma coisa viva. Do meio desse barulho, dessa desordem e confusão, procedem atividades que se fragmentam em padrões de cultura, comunidades, instituições sociais e dogmas religiosos. A revolução que institui uma nova ordem social pode-se dar a aparência de uma coisa verdadeiramente nova, mas, uma vez que vai do conhecido para o conhecido, tal revolução não representa uma verdadeira mudança. Só se torna possível a mudança com a negação do conhecido; a ação não obedece então a nenhum padrão, já que se origina de uma inteligência que constantemente se renova.
Inteligência não é discernimento e julgamento ou avaliação critica. Inteligência é ver o que é. O que é está constantemente a mudar e, se o ver está ancorado no passado, cessa a inteligência do "ver". É então o peso morto da memória que dita a ação, e não a inteligência da percepção. Meditação é ver tudo isso num relance. E, para ver, é necessário silêncio. Desse silêncio procede uma ação completamente diferente das atividades do pensamento.

A mente humana está fortemente condicionada pela cultura em que vive - suas tradições, suas condições econômicas, e principalmente sua propaganda religiosa. Essa mente, que com tanta energia se recusa a tornar-se escrava de um ditador ou da tirania do Estado, sujeita-se à tirania da Igreja ou da Mesquita, ou de dogmas psiquiátricos, os mais novos e mais em moda. Com muito engenho — vendo por este mundo tantos males irremediáveis - inventa um novo Espírito Santo ou um novo Atman, que logo se torna a imagem destinada a ser adorada.
A mente, que tantas devastações já causou pelo mundo, tem, no fundo, medo de si própria. Percebendo claramente o caráter materialista da ciência, suas conquistas e seu crescente domínio do espírito, trata de criar uma nova filosofia; as filosofias de ontem cedem o terreno a novas teorias, mas os problemas básicos do homem continuam sem solução.
Em meio à enorme confusão causada pela guerra, a discórdia, o extremo egoísmo, avulta o momentoso problema da morte. As religiões, tanto as mais velhas como as mais novas, condicionaram o homem a certos dogmas, esperanças e crenças que lhe oferecem uma "solução pronta" desse problema; mas a morte não é um problema solucionável pelo pensamento, pelo intelecto; ela é um fato  um fato incontornável.
E necessário morrer, para se descobrir o que é a morte, e disso o homem parece incapaz, porque teme morrer para tudo o que conhece, para suas mais íntimas e arraigadas esperanças e visões.
Não existe realmente amanhã, mas há muitos amanhãs entre o presente da vida e o futuro da morte. Nesse intervalo vive o homem, medroso e ansioso, mas sempre com os olhos postos naquilo que é inevitável. Não deseja, sequer, falar a seu respeito e adorna o túmulo com as coisas que conhece.
Largar tudo o que se sabe - não apenas determinadas formas de conhecimento, mas todo o saber  é morrer. Chamar o futuro  a morte  para estendê-lo sobre o dia de hoje, é o morrer total; já não há, então, intervalo entre a vida e a morte. Então a morte é o viver, e o viver é morte.
Ninguém se mostra disposto a tanto. Todavia, o homem está sempre a buscar o novo  segurando numa das mãos o velho e com a outra a tatear no desconhecido, em busca do novo. Por isso se torna inevitável o conflito da dualidade  "eu" e "não-eu", observador e coisa observada, o fato e o que "deveria ser".
Cessa de todo essa confusão no momento em que termina o conhecido. Esse terminar é morte. A morte não é uma ideia, um símbolo, porém urna realidade terrível, e não podemos evitá-la agarrando-nos às coisas de hoje, que são coisas de ontem, nem adorando o símbolo da esperança.
Temos de morrer para a morte; só então nasce a inocência, só então surge o eterno novo.
O amor é sempre novo, e a lembrança do amor é a morte do amor.
Krishnamurte em, A Outra Margem do Caminho de J. Krishnamurti - ICK - 1972
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill